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Patricia R. C. Gailland 23/11/2015 16:56
    Surf em Nias [Sumatra / Indonésia]

    Surf em Nias [Sumatra / Indonésia]

    Primeira parte da viagem de um mês pela Indonésia. Começando muito bem, aliás...

    Surfe

    INDONÉSIA 2010 (Novembro/Dezembro de 2010 – By Paty e Rô)


    A trip foi toda perfeita, e embora Indonésia seja pra surfar, entramos totalmente no clima e mergulhamos em várias outras coisas que tem pra se fazer por lá. Tudo muda muito de uma ilha para a outra, e pra contar melhor, e quem sabe ajudar alguém que esteja planejando viajar pra lá, resolvi descrever a viagem em forma de um diário, fazendo os comentários conforme surge a oportunidade. Para que isso fosse possível anotei todas as informações que lembrava num caderninho de viagem, desde endereços, nomes de pessoas, telefones e preços das coisas. Vou escrever como Paty, em primeira pessoa pra perder menos tempo, mas o Rô vai ajudar bastante também. Esperamos ajudar alguém com isso, sem esquecer que as nossas referências são do ano de 2010. Boa viagem..

    INDONÉSIA PARTE I - NIAS

    Sorake Beach, Nias

    Lagundri Bay, Nias

    Nias (Pulau Nias) é demais, a onda é perfeita, o clima muito bom. É um lugar para quem surfa, pois é só o que se faz por lá. Quem vai e não surfa tem que pelo menos gostar do esporte e estar acompanhando alguém que pratica. É um pico internacionalmente conhecido. Asu e Bawa estão também muito próximos a Nias, mas não chegamos a conhecer.
    Nias tem uma população de 756.762 habitantes, e é a maior das 131 ilhas localizadas no norte da Sumatra. Gunungsitoli e Teluk Dalam são as duas cidades mais conhecidas de lá. Em Gunungsitoli está localizado o aeroporto por onde se chega vindo de Medan.

    Há alguns festivais culturais na ilha como as danças de guerra, e há muita música. A religião predominante é o protestantismo, mas há parte da população muçulmana e parte católica.

    As construções nas vilas de Nias têm arquitetura singular, e há alguma preocupação em fazer edificações que resistam a terremotos e tsunamis. Em 2004 um tsunami de ondas maiores do que 10 metros atingiu a ilha. Em 2005 foi um terremoto que gerou nova catástrofe. A paisagem da ilha depois do tsunami e do terremoto mudou bastante, expondo algumas áreas de corais que antes ficavam sob a água e também alagando áreas antes secas.

    Arroz secando em frente às casas

    É possível chegar a Nias por mar ou ar, mas imagino que por mar seja bem complicado. Quando se vai de avião, o vôo sai de Medan (Norte da Sumatra) para Gunungsitoli (Sul da Sumatra). No aeroporto ficam vários motoristas esperando os turistas, que na sua maioria são surfistas indo até a Sorake Beach, na Lagundri Bay. O valor cobrado pra levar até a pousada varia um pouco, de Rp 200.000,00 a Rp 400,000. (que seriam 20 a 40 dólares)

    Porto em Teluk Dalam Feira em Teluk Dalam


    O pico de Surf em Nias é a Sorake Beach, mas há algumas outras possibilidades, muito pouco divulgadas. A direita de Sorake é perfeita. Para chegar ao pico basta cair no Keyhole (área mais funda num determinado ponto do coral) e nadar para a esquerda, e com muita tranqüilidade se chega atrás das ondas. É só dropar, curtir, e quando sair da onda remar um pouco pra direita pra já entrar no canal e voltar pro pico.

    Key Hole

    Ro,Lagundri Bay

    Dia 11/11/2010


    Petrona Towers, Kuala Lumpur


    Peguei um avião da Qatar de madrugada indo para Kuala Lumpur pra encontrar o Rô que estava lá a trabalho. Não tive do que reclamar pois o avião é bom, com televisão individual com muitos filmes, inclusive bem atuais, joguinhos e todas as informações de vôo. A comida também é boa e tem duas opções sempre. Se quiser comer algo fora de hora também é possível. Comi até sorvete. Há uma escala em Doha, que no meu caso foi rápida. O Rô teve uma viagem um pouco mais cansativa, porque ele foi antes de mim, e a escala dele em Doha levou 8 horas. Ele pagou pra ficar numa salinha onde tem umas poltronas reclináveis e se pode dormir entre um vôo e outro.

    Cheguei em Kuala Lumpur na tarde do dia 12/11 com um pouco de atraso, peguei um taxi e fui até o hotel onde, por coincidência dei de cara com o Rô logo na porta, que já estava preocupado com o atraso e tinha ido ver na recepção do hotel se eu havia dado notícias. Fui pro quarto arrumar minhas coisas e descansar um pouco, pois o Rô voltaria a trabalhar mais um pouco e de noite já estava combinado um jantar com o pessoal da empresa.

    O meu celular da Vivo não pegava em Kuala Lumpur, assim como não funcionou em local nenhum durante a viagem. Eu tinha que ter ligado na operadora pra pedir pra funcionar, mas não deu tempo. Nossa viagem pra Indonésia teve apenas duas semanas de planejamento, e foi totalmente pra aproveitar a oportunidade.

    À noite me arrumei pra irmos jantar. Fomos num restaurante perto do hotel com a Janice (que trabalha com o Rô) e depois combinamos de ir com mais algumas pessoas num Lounge de onde se pode ver as Petrona Towers. Lindo o lugar e linda a vista. Era uma baladinha boa (e eu com minha calça jeans...) com meia luz, uma piscina no ambiente, Dj, adoramos mesmo. Ficamos conversando com o pessoal, bebemos um pouco (o que pra mim é muito) e fomos pro hotel não muito tarde, pois o dia seguinte seria corrido e cansativo.



    Dia 13/11/2010

    Saímos cedo do hotel depois de um café da manhã muito bom, e pegamos o primeiro avião do dia no aeroporto de vôos “internos” rumo a Medan. Esse vôo dura cerca de uma hora num avião pequeno porém bom.

    Chegando em Medan a impressão é de que estamos numa rodoviária. Ninguém respeita filas, nem idosos ou crianças, deficientes, mulheres, etc. Simplesmente eles se amontoam, e geralmente ficam encostando nas pessoas e até empurrando. Muita gente mal educada porém simpática. Não é por maldade e sim porque a cultura deles é assim, mas até então eu não tinha passado por isso. O vôo que tínhamos de Medan pra Gunungsitoli era bem próximo do horário marcado para a nossa aterrissagem em Medan, mas o atraso foi de uma hora e meia. Ficamos tentando descobrir informações no balcão da Cia Air Wings, mas era impossível. Ninguém sabia dizer a respeito de previsão para decolagem, e inventavam qualquer desculpa pra se livrar da gente. O medo era perder o transporte que já tínhamos agendado pela internet, que nos levaria do aeroporto até a pousada. O vôo Medan-Gunungsitoli parecia um ônibus fretado, mas foi bem e durou 50 minutos num avião com hélices.


    Chegamos a Nias no final da tarde. O aeroporto é minúsculo, sem nada de estrutura. O avião manobra na pequena pista depois de pousar e volta para o terminal. Chegar naquele aeroporto foi muito bom, pois podíamos ver que estávamos no lugar certo, mais próximo de sossego e natureza. O estresse foi feio quando fomos pegar as malas, pois obviamente não tinha esteiras, e sim um amontoado de gente numa sala onde as malas ficam separadas das pessoas por bancos de madeira, e você tem que implorar pra alguém ver o seu ticket no meio da multidão e entregar a sua mala. No empurra-empurra rolou até uma olhada feia do Rô pra um cara, mas acabou tudo bem.

    Quando um avião chega ali é um grande evento, e oportunidade de negócios pras pessoas, então um monte de motoristas entra no terminal oferecendo transporte, o que chega a ser chato. Por sorte já havíamos encontrado o nosso motorista da pousada e não precisamos pensar em nada e nem negociar preço. Tá certo que pagamos caro pois vimos gente oferecer por Rp 200.000,00 (US$20), o trecho que pagamos Rp 400.000,00 (US$ 40).A viagem de carro do aeroporto até Sorake Beach - Lagundri Bay leva cerca de três horas em uma estradinha bem louca no meio de vilas e coqueiros. Em alguns trechos há milhares de motinhos, e as pessoas andam no meio da estrada esburacada. O motorista buzina o tempo todo, o que pra nós era inaceitável. O inglês no início era difícil de entender, mas depois fomos nos acostumando e falávamos a vontade com qualquer pessoa vinda de qualquer lugar. Fomos ouvindo Nias Music o tempo todo, e depois o motorista (que era sobrinho do dono da pousada) deixou o pen drive com as músicas pra gente copiar.

    No meio do caminho pedimos pra parar num lugar pra comermos algo e usar um toilet. Que engraçado falar toilet ao se referir àquilo!! No restaurante onde paramos o banheiro era também aquele vaso no chão e sem descarga. Só piorava em relação ao do aeroporto de Medan por causa do limo no chão e o medo de escorregar e se sujar. As meninas que atendiam no balcão do restaurante olhavam curiosas pra gente o tempo todo, até que uma delas não resistiu na hora de pagarmos e veio mexer no meu cabelo. Isso foi só o começo, pois durante o resto da viagem foi assim o tempo todo. Não tinha muito o que comer lá, e o Rô pediu um noodles (tipo de miojo só que com a água) e eu só tomei um café. Horrível. Um monte de pó num copo com água quente. Eles não coam o café, então pra mim foi bizarro. Tomei porque era preciso. Aliás usei essa frase algumas vezes durante essa viagem.

    Seguimos viagem até umas 21 h quando chegamos no Keyhole Surf Camp. A pousada fica na frente da bancada de corais, e leva esse nome por ser ali o ponto que é usado pra entrar no mar, o keyhole. O dono é o Timmy, e ele sua família cuidam de tudo. No site (www.niaskeyholesurfcamp.com) ele lista uma série de serviços que oferece. Deixamos as coisas no nosso quarto e fomos pedir um jantar na pousada mesmo. Conversamos com dois caras que estavam assistindo uns DVDs de surf lá, e eles disseram que o swell estava pequeno porém tendendo a aumentar nos próximos dias. Comemos um frango com vegetais agridoce com arroz e fritas por Rp 45.000,00 por pessoa (US$ 4,5), que estava muito gostoso.

    Key Hole Surf Camp


    O quarto da pousada era simples e com ventilador de teto, mas com banheiro como o nosso. Fiquei sabendo que nas outras pousadas as vezes o banheiro era com o vaso no chão, no estilo deles. O chuveiro era aberto sem cortina e molhava tudo, e a água às vezes não tinha cheiro muito bom, por isso, a não ser para banho, usamos o tempo todo água de garrafa mesmo para escovar os dentes. Do meu lado a cama era colada na parede e havia uma janelona de vidro, que servia pra eu espiar durante a madrugada quando acordava com a chuva. Na primeira noite o Timmy chegou a nos passar algumas orientações sobre o que fazer caso houvesse alarme de tsunami.



    Dia 14/11/2010

    Perdemos o sono cedo (6:00 AM). Levantamos pra conhecer o visual e ficamos felizes com o que vimos. A entrada pro mar é na frente da pousada, e você vai remando até o pico só de direitas, chegando por trás sem um único joelhinho. Pedimos o café da manhã (Rp 47.000,00 – US$4,7 por 2 chocolates, 2 tostadas, 1 suco) e teve alguma confusão pois demoraram pra servir. Caímos um pouco mais tarde. Usando a botinha foi tranquilo passar o coral e chegar no ponto de onde a gente se joga para o mar. Sem botinha deve ser bem ruim.

    Terraço da pousada

    Chegando ao pico tinha uma galerinha já, mas bem simpática. Todo mundo cumprimenta já de longe, num clima bem legal. Tinha uns dois gringos, uns dois locais e três brasileiros além de nós. Conversamos bastante com todos eles e pegamos umas dicas. Demorei pra pegar a minha primeira onda, pois pros meus padrões o mar estava um pouco grande, mas dava pra ficar de boa só passando as ondas pela esquerda sem quebrar. Dei uma bobeada uma hora e fui arrastada e tomei três ondas na cabeça. Fui ficando sem fôlego e tinha que remar pra esquerda pra escapar mas não dava tempo. O Rô veio pra me acalmar mas depois percebi que eu exagerei no desespero por ser coral no fundo e pela responsabilidade de ser na Indonésia. Depois entrei numa onda perfeita, foi demais, deu pra sentir o gostinho. Saí atrás da onda e voltei pro pico. A minha próxima onda foi difícil pois fechou, mas não dei mole dessa vez e fui rapidinho pra esquerda.

    Pra sair do mar podíamos ir pela praia ou pelo keyhole. Escolhemos a segunda opção e foi tranquilo. Almoçamos na pousada. Comemos frango com arroz, purê de batatas e coca-cola (Rp 55.000,00 – US$ 5,5). A tarde dormimos e depois fomos surfar de novo. O Rô caiu pelo keyhole e eu acabei ficando pra fazer umas fotos. Tive medo de ficar escuro quando fôssemos sair e não enxergar o coral. Quando a luz estava acabando, fui sentar na escadinha da pousada e o André (um dos brasileiros que conhecemos) e alguns locais estavam lá. Ficamos conversando.

    Indicators

    Fomos jantar na pousada do Barriga, que é uma pousada no canto direito. Uns brasileiros há muitos anos deram esse apelido pra ele. Comemos bem mas era bem mais caro que na nossa pousada. Arroz, feijão, frango, espinafre, batata-frita e coca-cola. Rp 120mil para nós dois. Conversamos um pouco com o André, Cabeça, Thiago e Alan. O Alan é um local amigo deles que está fazendo fotos das quedas. Ele fez uma boa minha. Quem diria hein?!!?!?!!?Pegamos com eles algumas informações sobre Bali e Nusa Lembongan. Fomos embora dormir.

    Dia 15/11/2010


    Acordamos cedo de novo, tomamos café da manhã (Rp 47.000,00 – US$ 4,5) e fomos para o mar. Hoje eu caí pra ficar fazendo fotos com a máquina a prova d’água. Tinha um cara filmando do mar e eu me baseei um pouco nele para me posicionar, mas acabava ficando um pouco mais longe com medo de ser engolida pelas ondas. Fizemos boas fotos, e o mar hoje ajudou: ficou bem tubular e liso, permitindo várias fotos de tubos que eu vou passar pra galera. Só foi tenso mesmo na hora de sair, porque eu passei por trás das ondas pra chegar ao keyhole e as ondas quase me levaram pra frente. Tive que remar bem forte. Saí e fui fazer fotos de fora da água e o Rô voltou pra surfar com a prancha maior.

    Depois do almoço (Rp 90.000,00 – US$ 9,0) o Rô dormiu enquanto em mexia com as fotos. A tarde acabou não rolando outra queda, pois deu preguiça e estava chovendo. No final da tarde teve um por do sol maravilhoso, bem laranja. Fomos andar na praia e fazer umas fotos muito boas. A noite ficamos um pouco na pousada do Barriga com os caras e depois voltamos pra jantar na Keyhole. Comemos uma frango com curry, um fried chicken Rice e tomamos duas cocas por Rp 55.000,00 – US$ 5,5). Antes de dormir o André passou pra ver as fotos. Ele ouviu pela vila que estava em alerta de Tsunami. Reparei que os locais nem estão mesmo por aqui. Fiquei com medo e dormi mal. Choveu a noite toda.


    Dia 16/11/2010


    Acordamos cedo de novo mas não tinha onda (quase flat). Tomamos café e combinamos com o André de irmos até Teluk Dalam para conhecer e tentar pegar dinheiro no ATM. A máquina do dinheiro estava quebrada. Andamos por lá (jalam jalam como eles dizem aqui) e fomos ao supermercado. Na ida pegamos carona com a mulher da pousada do lado, e um monte de gente no carro. Ela ficou passando a mão nos meus pelos loiros do braço achando lindo. Que figura!

    Teluk Dalam é um caos de buzinas, sujeira, gente e bichos. Um monte de vendinhas na rua, tem um porto bagunçado e muita criança com uniforme de escola. Todo mundo cumprimenta a gente, eu principalmente chamo muito a atenção das pessoas por ser mulher e ter cabelo claro. As crianças se aglomeram em volta da gente.

    Pra voltar pra Sorake Beach pegamos um tipo de ônibus, que é um caminhãozinho aberto, que custa Rp 5.000,00 (US$ 0,5) por pessoa. É muito engraçada a reação das meninas que sobem no ônibus e vêm o André e o Rô. Elas ficam tímidas e com vergonha, achando os meninos bonitos. Tirei algumas fotos delas. O ônibus parou pras meninas descerem, depois parou pra deixar coisas na casa de uma mulher que trabalha para o governo e tem uma casa de alto nível. Conversamos um pouco com ela enquanto descarregavam ferros que ela havia encomendado. Na hora de ir embora ela disse que queria me adotar. Eu disse que ficaria se o Rô também ficasse, mas ela disse que não daria certo porque ela tem mais duas filhas. Saímos de lá e teve outra parada, dessa vez para o motorista tomar sorvete, e depois mais uma para outra entrega de encomenda.

    Minha pretendente a mãe adotiva!


    Depois de tudo isso chegamos a Sorake Beach. A tarde surfamos com o pessoal.


    Dia 17/11/2010


    Nessa madrugada eu dei vários pulos da cama. Choveu forte, e o barulho da chuva parecia o de uma onda gigante passando por baixo do terraço da pousada. Em um desses momentos até o Rô assustou e saímos os dois correndo pra olhar da sacada. Eu já fui com a certeza de que estava rolando um tsunami e minhas pernas ficaram moles. Vimos que era mesmo só uma chuva forte e voltamos pra dormir mais tranqüilos.

    Acordamos cedo pra tomar café da manhã e tentar ir pro Secret spot que havíamos combinado ontem com o pessoal. Parecia que não ia rolar, mas aí o Andre veio chamar. O Alan chegou com três motos. O Ro foi dirigindo uma delas e eu fui na garupa. Pagamos cerca de Rp 50.000,00 (US$ 5) pelo aluguel da moto e mais um pouco pra ter o Alan como guia e pela água de coco que tomamos na praia.

    De moto pela estrada de Nias

    A aventura é bem louca, e é uma verdadeira viagem, pois o caminho levou cerca de uma hora de moto sem capacete, num asfalto até melhor do que eu esperava, mas com cenas inusitadas. Entendemos que aqui todo mundo buzina, mas não é estresse e nem pra avisar que esta passando...é cumprimento mesmo! Passamos por gente andando o tempo todo na estrada, pontes de troncos ou praticamente ripas de madeira que as vezes nos faziam descer da moto pra passar, gansos atravessando enfileirados, gaiola de galo de briga no acostamento, uma mulher lavando roupa em uma das pistas usando o asfalto, porco atravessando, crianças desenhando na pista com pedaços de pedra. Também teve uma pista coberta por arroz secando apos a colheita. Claro que o tempo todo, enquanto íamos passando todos paravam para olhar e cumprimentar. Somos verdadeiros extraterrestres aqui. O visual era alucinante, com os arrozais dos dois lados em boa parte do caminho, e em outras partes as casas das vilas, em estilos próprios. Passamos por uma das vilas em que a casas são construídas como se imitando barcos. Bem legal. Foi uma hora de viagem na garupa do Rô, o que considerando que ainda por cima estávamos em Nias, Indonésia, pensando no tamanho dessa ilha e no quanto estamos amando esse lugar, deixou a aventura ainda melhor.

    Chegamos no Secret Spot, e logo começou a juntar gente em volta, na sua maioria criancinhas e algumas mulheres. Ficaram o tempo todo ali de curiosos, e é muito engraçado como eles não tem vergonha de encarar a gente.Foi todo mundo surfar e eu fiquei em cima do coral fazendo fotos. Tinha umas rochas muito loucas que depois eu subi, e dava pra fazer fotos mais do alto. O visual da praia, completamente deserta e virgem, de águas claras, era demais. As ondas que rolavam eram esquerdas, mas estavam um pouco mexidas. Ainda assim a galera curtiu bastante. Eu entrei no mar, mas só pra lavar a alma, e acabei não surfando. Na hora de sair do mar o Rô pegou uma direita muito boa, e se empolgou e não percebeu que ia sair em cima do coral. Quando acabou a onda ele estava deitado sobre o reef e acabou se ralando um pouco. Teve muita sorte porque não machucou tanto.

    Depois que todos saíram da água tomamos uma água de coco que um dos nativos trouxe. Eu achei na areia uma conchinha muito linda. Uma das menininhas viu a minha alegria por achar a concha e veio me trazer várias outras iguais. Dois minutos depois outras criancinhas e até uma mãe resolveram também me presentear com mais conchinhas...resultado: estou colecionando conchinhas como fazia quando era criança!


    Seguimos caminhando por alguns minutos sobre os corais do outro lado da praia pra chegar ate uma lagoinha que o Alan falou que tinha. Foi bem legal, tiramos várias fotos,mas o Rô torceu o joelho direito fazendo uma foto nos corais, o que deu uma série de problemas depois na continuação da trip.


    Chegamos na lagoinha, e ela era mesmo show...água transparente, funda, dentro dos corais, cheia de ouriços e peixinhos coloridos. Ficamos um tempão nadando ali. Depois voltamos para pegar as motinhos e seguir viagem de volta pra casa. Na subidona inicial o Rô não foi dirigindo, então ele foi de carona com o Alan e eu com o Thiago. O Cabeça parou a moto no final da subida,e por não poder continuar o Alan perdeu o equilíbrio e caiu. O Rô, que estava com ele, também caiu e eles foram parar no meio do mato. Depois de todos recuperados do susto e das risadas continuamos a viagem insana de moto pelas estradas de Nias sem capacete.

    Uma das pontes que atravessamos no caminho era de madeira em ripas e bem precária, a ponto de descer o carona da moto pro motorista poder passar. Quando chegamos nela havia um caminhão pronto para passar. Fomos antes pra não correr o risco da ponte quebrar e ficarmos presos. Depois ficamos assistindo o caminhão passar. Foi de uma vez, com muita coragem.
    Até os porcos que estavam dentro gritaram de desespero. Chegamos na pousada do barriga, devolvemos as motos e fomos pra Keyhole jantar. Vamos dormir bem hoje, com mais uma vez a alma lavada por um dia louco, cheio de aventuras e encantamento, em boa companhia.


    Dia 18/11/2010

    Hoje acordamos cedo, mas o joelho do Rô estava doendo muito e precisávamos buscar dinheiro, então resolvemos ir até Teluk Dalam. Mais uma vez pegamos o tal “ônibus"que fez um caminho mais longo passando pelas vilas. Conhecemos uns lugares diferentes, umas duas ou três vilas, inclusive uma delas com aquelas casas imitando barco. Em teluk Dalam não conseguimos tirar dinheiro, então passamos no supermercado e fomos embora. Ficamos de bobeira no quiosque na frente da praia por um tempo, que foi suficiente pra chegarem vários vendedores de bugigangas. Ficamos com dó e compramos uma estatueta pra ajudar um deles. Também compramos um CD de música de outro, que na verdade era um DVD de clip de Nias. Almoçamos na pousada do André e ficamos na preguiça por um bom tempo, fomos depois na pousada do Thiago e Cabeça e ficamos conversando, pegando dicas da viagem e vendo fotos. Quando voltamos pedimos pra Rosalina (uma local que oferece massagens) pra fazer uma massagem especial no joelho do Rô. Ela fez por mais de uma hora. Passou um tal óleo feito com folha de bananeira, mascou um negócio, cuspiu e passou no Rô, fez umas rezas, enfaixou e mandou ele voltar mais duas vezes.Jantamos no barriga (um pouco mais caro do que na nossa pousada, mas é bom variar um pouco) depois voltamos pra Keyhole. Chegando lá tinha um casal de japoneses amigos do Timmy, recém chegados. Conversamos um tempão com eles. Muito simpáticos. Ela surfa de bodyboard, portanto promete ser companhia pra mim. Dormimos tarde.


    Dia 19/11/2010

    Ficou uma chuvinha chata praticamente o dia todo e o swell não chegou. O casal de japoneses foi surfar e o Rô foi fazer umas fotos deles. Quando mostrou pros dois eles adoraram, agradeceram muito. O Rô gravou um CD pra eles com as fotos e um filminho que ele editou rapidinho. No final do dia eles chamaram a gente porque queriam dar um presente pra cada um. Ganhei um colete e o Rô ganhou um chapéu de surfar, que eram da coleção da Dove, a marca de surf wear que tem no Japão, da qual ele é dono. Ficamos batendo um papo com eles, e o Timmy também chegou pra conversar e eles contaram que o japonês (Tokura) foi um dos primeiros caras a surfar Nias. Mostraram o filme Storm Riders, onde inclusive eles aparecem numa barca pra Mentawai. Foi bem interessante.O Rô fez pela segunda vez o tratamento com a Rosalina, e disse estar se sentindo melhor. Ficou de novo enfaixado e ela pediu pra voltar amanhã.À noite chegou também um Italiano na pousada, e o André foi ficar lá com a gente além do sobrinho do Timmy, então o jantar foi bem agitado.


    Dia 20/11/2010

    Esse foi um outro dia de preguiça. O Rô não ia mesmo surfar por causa do problema do joelho, e pra piorar não tinha swell, então ele aproveitou pra ensinar um pouco de fotografia pra um menino de Nias que conhecemos através do André, que tem uns 11 anos e parece ser bem responsável, com uma cabeça boa. Foi engraçado que enquanto o Rô estava lá com o menino, o pessoal em volta não respeitava muito e nem queria saber se era uma aula ou não! Iam chegando, conversando, e teve até um cara que sentou do lado enquanto comia uma refeição com as mãos.

    Depois da aulinha o Santos (fotógrafo que eu conheci na água) veio trazer o filme do Rô pra gente ver. Ele queria cobrar pelo filme, mas não tinha muita coisa. Acabamos negociando trocar a filmagem por uma cerveja! Arrumamos nossas coisas e saímos atrás do melhor esquema pra ir pro aeroporto. Pesquisamos preço e tivemos uma oferta melhor na pousada ao lado do que no Timmy. Conversamos com ele e ele melhorou o preço (Rp 300.000,00 – US$30). Fomos com o esquema dele mesmo.


    Dia 21/11/2010

    Saímos da pousada as 3:30 h pra chegar umas 6:30 no aeroporto Gunung Sitoli de Nias. O motorista doido levou um amigo junto, e fomos ouvindo Nias music o caminho todo.

    O Aeroporto foi algo surreal. Não tinha ninguém, luzes apagadas, gente esperando do lado de fora. De repente acenderam umas luzes, não falaram nada, mas nós adivinhamos que era hora do check in. Fomos ao balcão, deixamos as bagagens e só mandaram a gente sentar num saguão. Víamos as pessoas passarem, e como ninguém vinha falar com a gente o Rô foi checar se deveríamos ficar mesmo ali, mas descobriu que precisávamos pagar a taxa de embarque e ficar em outro saguão. Fizemos isso, e logo depois embarcamos. Chegamos em Medan e a conexão (transfer) foi instantânea, descendo do ônibus, passando pelo saguão e entrando já em outro avião. Chegamos em Jakarta e fizemos uma conexão um pouco mias chatinha. O vôo atrasou, e ficamos andando naquele aeroporto cheio de pessoas fumando e não respeitando em nada as placas de proibido fumar. Eles até têm áreas de fumantes, que são umas jaulinhas de vidro separadas, mas ninguém respeita. Também, parece que todos em Jakarta são fumantes. Com o atraso, a companhia aérea deu aos passageiros um marmitex pra ser consumido ali mesmo no saguão do aeroporto. Como mais parece uma rodoviária, as pessoas comeram ali com a mão, sentadas no chão. Grotesco, mas nós também sentamos no chão. Mais um avião e chegamos em Bali...que alívio..mas agora começa o novo pesadelo. Bagagens chegando, tudo ok, menos as pranchas do Rô. Não chegaram no mesmo vôo, e precisaríamos esperar pelo próximo. Mas o motorista do Fat Yogi Hotel estava ali pra nos levar e não podia esperar. O funcionário do aeroporto se comprometeu em levar as pranchas pro Rô no hotel. Então fomos embora com o motorista.

    Comentários:

    - Keyhole Surf Camp é uma pousada simples (como todas em Nias, já que o Resort que havia por lá foi desativado após o Tsunami) mas que supre as necessidades de quem vai pra Nias surfar. A comida é boa, o dono e sua família nos atendem bem, o quarto é simples e pequeno, mas não acredito que nas outras pousadas seja muito diferente. O banheiro tem vaso sanitário de louça e como os ocidentais, o que não acontece em todos os lugares. A localização não podia ser melhor já que fica de frente pro local de onde se entra da bancada de corais para o mar. Pagamos Rp 100.000,00 / quarto / dia. Era preço de baixa temporada e sem o café da manhã incluso, mas é só lembrar que no café da manhã gastamos cerca de Rp 47.000,00 por dia pros dois, e fazer os cálculos. Cada almoço ou jantar pra duas pessoas custou entre Rp 50.000,00 (US$ 5) e Rp 90.000,00 (US$ 9). Eles oferecem também um pacote com tudo incluso, então é só ver o que é melhor. Não fizemos isso pois não tínhamos idéia de como seria a comida de lá.

    - Transporte do aeroporto de Gunungsitoli até Sorake Beach varia entre Rp250.000,00 (US$ 25) e Rp 400.000,00 (US$ 40).

    - Aluguel de moto cerca de Rp 50.000,00 (US$ 5) por dia





































    5 Comentários
    Renan Cavichi 23/11/2015 23:07

    Uauuuu que sonho! Demais a trip!

    Patricia R. C. Gailland 24/11/2015 08:38

    Sim Renan!!! Um sonho.... Preciso voltar!!

    Ruy Neto 26/11/2015 10:47

    Alucinante demais!!! :))!!!!!

    Gustavo Massola 06/12/2015 11:06

    O loco!!!!! Phoda!!

    Patricia R. C. Gailland 06/12/2015 13:16

    Muito Phoda mesmo esse lugar!! :)

    Patricia R. C. Gailland

    Patricia R. C. Gailland

    São Paulo / Brasil

    Rox
    327

    Se estiver pelo mundo estou feliz.

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