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Prateleiras - Circuito Norte x Sul
Clássicos são clássicos. Mesmo que por caminhos diferentes.
Escalada Trekking HikingPico da Prateleiras.
Antigamente chamado de Molares. Sem dúvidas é uma das formações rochosas mais interessantes do Parque Nacional do Itatiaia. Blocos de rocha gigantes se unem em uma conformação de um quebra-cabeça gigante. Desafia para escolher caminho correto, tem passagens estreitas, tem "trepa-pedras", tem trechos de alta exposição que instigam a mente do aventureiro que pretende chegar ao seu cume. Prateleiras. Decifra-me ou te devoro!
A trilha para chegar em sua base a partir do abrigo Rebouças dura menos de 1 hora com aquele cenário modo jurássico tão familiar aos frequentadores do Itatiaia. É uma trilha tranquila, que começa a ganhar contornos de dificuldade no momento que os blocos da Prateleiras vão ficando cada vez mais perto e nós vamos tendo tempo de digerir tudo que já lemos a respeito dessa montanha.
Aproximação do maciço Prateleiras
Particularmente, já havia chegado em sua base duas vezes antes e abandonado a subida devido ao mau tempo e baixa visibilidade. Imagina se já é desafiador o suficiente com vista total... nesse dia o objetivo era outro: mirava a vizinha menos popular chamada Pedra Assentada (assunto para outro dia). O guia de escalada me propôs fazer Prateleiras. Refleti: por que não? Já estava há muito querendo fazer essa! Fomos!
Base de Prateleiras. Dia que o tempo não colaborou muito.
Outra surpresa: apimentar as coisas subindo pela face norte e descer pela via tradicional. Balancei um pouco, mas tudo bem. A parte boa era não encarar o famoso "pulo do gato" quase no cume. A não tão boa era encarar todo o resto que existia pela via norte, considerada bem mais desafiadora que a tradicional.
Zoom na subida pela face norte
A trilha para ascensão via face norte é igual à sul até a base do maciço, a partir disso começam as diferenças. E nessa parte já se faz necessário, ou conhecer técnicas básicas de escalada, ou contratar alguém que conheça. Equipamentos não são opcionais. Depois de fazer alguns trepa-pedras existe subida por paredões rochosos quase totalmente na vertical, que corda, um pouco de técnica e força nas pernas ajudam a ultrapassar. Pelas frestas por entre os blocos gigantes de rocha consegue-se subir apenas entrando em chaminé e içando o próprio corpo para cima (e claro, a mochila mais atrapalha do que ajuda, então é melhor ir leve), e então chega o momento do cavalinho.
Início da subida. Pouco tempo para tirar mais fotos que essas.
E ai as coisas podem desandar de vez. Além de ter uma dificuldade mais técnica ao comparar com o restante da subida, essa parte exige uma maior frieza psicológica e pouca margem para as coisas darem errado. Mas engana-se quem pensa que ao ultrapassar esse trecho tudo fica bem mais leve. Um último lance pela chaminé ainda exige mais um pouco da gente e a caminhada pela crista até chegar no cume também desafia os nervos. Tudo compensa com mais uma vista sensacional do Itatiaia e a sensação de quase dever cumprido.
Prateleiras: direto do cume
Quase, pois, mesmo descendo pela face sul, beeem mais simples, também traz suas complicações onde é bom não abaixar a guarda até pelo menos chegar na base novamente. Ainda está lá a descida por paredões que formam rampa bem íngreme em que qualquer descuido é game over. Está lá o famoso pulo do gato (mais simples na volta do que seria na ida), e continua lá as descidas por entre frestas, os trepa pedras e todos os desafios que os fãs desse clássico do Itatiaia já conhecem muito bem.
E segue de volta para base de Prateleiras. Dessa vez em outro ângulo.
E é clássico por um motivo bem claro. Prateleiras dificilmente passa despercebido.
E talvez nem tenha intenção de fazê-lo! Melhor decifrar do que ser devorado.
