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Ricardo Tavares 25/07/2020 19:51
    Expedição Oricó – a primeira expedição

    Expedição Oricó – a primeira expedição

    A primeira expedição do Ubatombo e um das mais maravilhosas.

    Canoagem

    Uma vez eu conversando com meu amigo de infância, Marcelo Carvalho, sobre uma possível compra de uma canoa canadense nova, ele não recomendou, pois este tipo de canoa era muito bandoleira (instável). Tempos depois, encontrei na OLX uma canoa canadense com um ótimo preço. Pensei comigo, vou comprar, caso não goste poderei vendê-la. Mesmo bandoleira, adorei a canoa.

    Conversando com outro amigo meu, Amário Júnior, citou que poderíamos fazer algo, como combinar uma pescaria ou conhecer um local de trecho de rio. Contei uma história a ele que tinha acontecido comigo. Uma vez, voltando de Ipiaú para Ubatã pedi carona para uma pessoa, ele perguntou se estava com pressa, pois tinha que entregar uma encomenda em uma fazenda, falei que não. Entramos em uma estrada vicinal onde nunca tinha ido. Vinte anos, passando pela mesma estrada, e não imagina que perto dali tem um lugar tão bonito.

    Essa foi uma ideia que poderíamos aplicar alguns trechos de rios que não conhecíamos. Tem um local que se chama A Cabana, no Rio Oricó, que se localiza entre as cidades de Ubatã e Ubaitaba. Nunca tinha ido acima daquele local. Propus a Júnior que realizássemos essa expedição, ele topou.

    No dia, chegamos bem cedo ao local. A canoa e caiaque chamou a atenção, incluindo o dono da “A Cabana”.

    – Podemos deixar os carros aqui?

    – Sim. Respondeu o dono do local.

    – Aí para cima tem local bloqueado?

    – Não, também não fui muito longe. É um local muito selvagem. Mas o que mais tem é sucuiuba (sucuri, anaconda).

    Demos risada, menos Alex Moreira, o terceiro integrante da equipe que fora convidado dias antes.

    Na subida do rio encontramos ribeirinhos, um cachorro e pescadores. Depois fazenda de gado e roça de cacau. A medida que fomos subindo o rio, menos traços de civilização encontrávamos. O primeiro desafio foi uma correnteza que tivemos que sair das embarcações para passar. No caso, passamos andando. Depois passamos remando por um túnel de árvores, ou seja, o rio embaixo e em cima árvores que deixavam aquele trecho bastante escuro em plena luz do dia. Dava a impressão que éramos os primeiros seres humanos a estar naquele local.

    Nosso objetivo, pesquisado pelo Google Earth, era chegar até uma cachoeira que se localizava a um pouco mais de seis quilômetros rio acima em relação a “A Cabana”. Chegamos em um ponto que tivemos que analisar o que íamos fazer, era uma correnteza, pelos lados não poderíamos ir, pois, era mata fechada. Andando também não dava, pois, era profundo. A única solução era enfrentar aquela correnteza remando, o que não seria fácil por ser forte e rápida. Ainda se adaptando a canoa, rema de um lado, rema do outro, para não deixar a canoa perder o seu rumo. Mesmo com dificuldade, vencemos a correnteza.

    Foi então que chegamos ao ponto mais bonito da expedição. Era um braço de rio que mais parecia um lago, com as margens uma bem afastada da outra. Árvores que pareciam tocar no céu, mata atlântica preservada e uma névoa completavam a paisagem. Cenário que parecia ter saído de um conto de fadas. Neste momento, Alex falou:

    –- Rapaz, não dá para voltar não?

    Expliquei, de novo, o objetivo da expedição. E falei:

    – Vamos subir mais um pouco.

    – Não! Quero voltar! Quero voltar! QUERO VOLTAR! QUERO VOLTAR! (já aos berros!).

    Notando a aflição do amigo, falei para ele: “Calma! Tudo bem! Vamos voltar!”.

    Esperamos Júnior chegar para voltarmos, pois o caiaque tem um arrasto maior na correnteza. Dos seis quilômetros até a cachoeira, só conseguimos rodar por volta de dois e meio. Mesmo assim, foi uma das experiências mais maravilhosa da minha vida. Nunca perguntei a Alex o porquê daquele escândalo. Imagino que expedições não são para todos. O ruim é que não cumprimos o nosso objetivo.

    Vou abrir um parêntese. E nada mais justo que falar da preservação que são os rios do sul e extremo sul da Bahia. Aqui na região, a cultura do cacau ajudou a preservar esses rios. Para quem não sabe, o cacau necessita de sombra e não pode se expor ao contato direto com a luz do sol. São plantas umbrófilas, e necessitam de ambiente de florestas para que essas árvores sirvam de cobertura. Assim, o cacau foi plantado usando a mata atlântica como proteção, isso preservou esse habitat. Vários locais, como Ubatã, Ubaitaba, Ibirapitanga, Itacaré, Barra do Rocha são exemplos de rios preservados justamente por esta iniciativa.

    A cachoeira tão almejada ficou para uma próxima expedição. Abaixo o registro dessa aventura no Youtube. Até a próxima!

    Expedição Oricó: https://www.youtube.com/watch?v=sRWzE6AB0sA&t=5s

    Ricardo Tavares
    Ricardo Tavares

    Publicado em 25/07/2020 19:51

    Realizada em 10/10/2015

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    Ricardo Tavares

    Ricardo Tavares

    Ubatã/Feira de Santana - Bahia

    Rox
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    Aventureiro, remador, piloto de motocross, esportista, pescador. escritor, planejador. entre outros.

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