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Caiçaras nas alturas - Pedra da Mina para principiantes
breve relato da ascensão ao cume da PM por estreantes no montanhismo
Montanhismo TrekkingApós longa e dedicada preparação, o grupo para subida da PM ficou assim composto: este que vos escreve (Rogério Alexandre), Rodrigo Molina, Mika Oil e Dani Souza. Partimos de Santos logo após o fim do expediente de sexta 10/5/2019 e, viajando sem pressa, todos confortavelmente massarocados na Lady fazendo paradas a cada hora para o alongar das pernas e o esticar das colunas desafortunadas que se revezavam no banco traseiro.
Na viagem era visível a ansiedade dos neófitos de montanha, buscando informações e procurando cotejar o que os aguardava com as experiências pregressas em diversas trilhas e pernadas, na Serra do Mar paulista principalmente. Procurei passar algumas informações, fazer parte dos alertas pertinentes quanto aos riscos que aguardavam à todos. Trabalhando com base na troca de experiências, conversamos sobre hipotermia, desidratação, ferimentos, possibilidade de encontrarmos animais selvagens ou vivenciarmos uma mudança de tempo durante a pernada. Para desanuviar um pouco o clima, contei a história da lenda tupi sobre a formação da Mantiqueira. Amantiquir, a Serra Que Chora, tem uma origem romântica, linda e triste.
Após a subida da serra, passamos pelo passo da Embaú, por cima do Túnel da Mantiqueira e paramos no posto para revisarmos as mochilas. Aproveitei para contar um pouco do que foi a luta revolucionária e desigual de 1932, que tanto sangue brasileiro cobrou naquelas plagas.
Criteriosamente, cortei tudo que fosse, minimamente, dispensável. Miojos, doces, roupas extras, isotônicos e refrigerantes, todo o “luxo” foi removido das cargueiras das meninas. Cavalheirismo às antigas ou receio de “perder” o fim de semana pelo fraquejar dos joelhos alheios? Nunca saberei dizer... mas até o pente da Dani foi deixado para trás já que havia uma escova na cargueira da Mika. Cargueiras que estavam, sem água, com 11, 12 quilos, “magicamente” passaram a pesar menos de 8 quilos. Para minha surpresa, viria a descobri depois que houve conluio para o contrabando de doces e roupas...
Vestidos para a pernada, com as lanternas de cabeça penduradas e as cargueiras preparadas, retomamos o caminho em direção a Passa Quatro, buscando a entrada à direita que dá acesso à Floresta Nacional de Passa Quatro. Pouco depois de deixar a rodovia, seguindo pela estradinha esburacada, viramos à esquerda e passamos a chacoalhar (a galera no banco traseiro da Lady ia sendo massageada a cada solavanco mais forte) em direção ao bairro rural do Paiolinho (ou Paiolzinho, em mapas mais antigos). Alcançado o bairro, seguimos em frente ganhando altitude a cada curva e pouco antes da meia noite estávamos na fazenda Serra Fina, onde deixaríamos o carro.
Ante o friozinho da noite, rapidamente nos paramentamos e iniciamos a trilha, subindo em silêncio de forma a não perturbar os moradores da fazenda além do inevitável. Passamos as cercas, e seguimos em passo forte, para aquecer os músculos e testar os pulmões. Fechando o cortejo eu observava o quanto o treinamento a que meus colegas de trilha haviam se dedicado mostrava bons resultados. Por diversas vezes, pensei em pedir um “mais devagar”, mas o orgulho (ou a falta de folego?) soava mais alto em meus pensamentos e calei. Felizmente, alguém pediu que reduzíssemos o ritmo e fizemos um rearranjo nas posições que me colocou à frente do grupo, após passarmos, com algum trabalho pelo trecho em que a trilha está bem suja e confusa. Marcamos o caminho para facilitar a volta com o colocar dos pedaços de isolante que encontramos na trilha e seguimos, quase em nível, pela encosta da colina, perdendo altitude devagar até alcançarmos os pequenos cursos de água que marcam o aproximar do único riacho que essa trilha cruza.
No atravessar, uma distração da Dani resultou em um tombo que, por pouco, não teve consequências mais graves. Para ela, o joelho dolorido seria lembrança viva do zelo que o caminhar na mata exige. Para nós, serviu para alertar dos riscos e perigos a que nos submetíamos. Para ocupar o pensamento do grupo e tornar a experiência mais rica, fiz questão de que nunca deixássemos a Mika no fim do grupo, pelo risco de um ataque de animal selvagem ao menos avantajado membro de nossa trupe. Onça, falei. Apesar de não ser provável um encontro desses, já vi rastros de felinos e fezes de carnívoros por diversas vezes.
Após cruzar o riacho, passamos am subir constante e pouco intenso até alcançar a clareira da Panela Vermelha, onde a trilha se divide em duas: seguindo em frente, caminha-se ao longo do Rio Verde em direção ao Três Estados, virando-se à direita, passa-se a subir pela encosta da colina, buscando seu ombro, para seguir até o “último ponto d’água”. Dali para cima, com o avançar do inverno e da estiagem que o acompanha no Suldeste, não se encontra mais água. Como eu havia passado pela PM havia poucos dias na “Travessia da Serra Fina Achados e Malucos”, tinha tranquilidade de que encontraríamos agua corrente na base da Pedra da Mina, de forma que coletei dois litros e orientei as meninas para subirem leves, sem água. O Rodrigo dividiu comigo a gentileza e colocou ?3? litros de água na cargueira. Pouco após as 3h da matina deixamos a agua e partimos em direção a base da Deus Me Livre, a primeira ladeira mais forte da caminhada.
Como a vegetação estava molhada pelo orvalho, os dois do nosso grupo que estavam sentindo mais o friozinho matinal, ou seja, a Mika e o Rodrigo, vestiram as capas para chuva e tomaram a frente, derrubando a maioria das gotas e permitindo que eu e a Dani nos molhássemos um pouco menos.
Chapinando pelas poças d’água da trilha, subimos buscando o totem que marca a virada à esquerda para atravessar o trecho de capim e charco antes da DML. Logo na partida, uma folha mais atrevida tratou de me privar da lente de contato esquerda. Dali para cima, subi mais no tato e no cheiro que no visual, dada a elevada miopia de que padeço.
Em pouco menos de meia hora após deixarmos o ponto de coleta d’água, nos encontramos na base da DML, iniciando o longo e lento subir que parece não ter fim. Pedi que a Mika tomasse a frente nesse trecho para lhe propiciar a experiência de ir “farejando” a trilha, interpretando as marcas que o passar dos grupos deixam, as marcações nas árvores, os totens.
Quando alcançamos o falso cume, foi gratificante observar em cada face, o oscilar entre o desânimo e a determinação. A luz das lanternas, lançada ladeira acima, brilhava nos refletivos mais próximos, antes de se perder na negritude da encosta que se erguia ameaçadora sobre nós. Após um breve descanso, retomamos a subida, com breves paradas para retomar o folego.
Pouco após as 4h30 alcançamos o alto da DML e passamos a seguir pelo sobe e desce da crista da serra, buscando a última descida pesada do dia, com o dia começando a clarear, para acessar o bosque ao pé da Misericórdia. Vencidos os trechos mais escorregadios e íngremes, atravessamos o colo desviando das moitas de capim e passamos, rápidos, pelo bosque e começamos a lenta ascensão da montanha. Procurávamos fazer paradas curtas para admirar a paisagem do dia que nascia, com o perfil das montanhas do 3 dia da travessia da SF, na sua versão clássica de 4 dias, 3 noites, se destacando contra o crescente avermelhar do horizonte.
Caminhando sem pressa pela crista da serra, aproveitava para apresentar aos neófitos as montanhas, descrever o caminho q se percorre na travessia, falar das dificuldades e alegrias que o trekking ali havia proporcionado. Procurava com isso disfarçar meu receio com a condição física da Myka... por razões que ainda desconhecíamos, ela estava extremamente assonada, “apagando” a cada parada pouco mais longa e acordando para caminhar, trôpega, serra acima. Havia comentado comigo mais cedo que sentia que estava para entrar naqueles dias... eu já havia presenciadouma montanhista sofrendo na travessia com a menstruação, mas os sintomas não batiam, e isso me preocupava.
Eu já vinha administrando a “entrega” da Myka ao sono desde a subida até o último ponto d’água, “prometendo” um cochilo quando o sol nascesse e o dia começasse a aquecer um pouco, pois pararmos nas partes com água antes do sol nascer exigiria montarmos acampamento para driblar o frio de 7C que nos rondava.
Mantendo a atenção no estado da Mika e acompanhando o progresso da Dani, pouco depois das 7h alcançamos o acampamento na base da PM e, como na sequência faríamos a subida pela fenda à esquerda com as cargueiras em seu maior peso, devido a água que coletaríamos para o resto do dia e para a pernoite, decidi fazer uma parada mais longa para tratarmos da Mika, que apresentava palidez e pulso rápido e fraco. Colocamos um isolante num ponto mais abrigado do vento e preparamos uma sopa para lhe aquecer e repor sais que estivessem a faltar. A Dani aproveitou para cochilar um pouco, depois de sobrepor à blusa com que subia, a segunda pele e o fleece. Por ter se colocado relativamente exposta ao vento, mesmo assim sentia frio; e eu, preocupado com a “maior gravidade” do estado da Mika, não me atentei em orientá-la a se abrigar. A sopa quente conseguiu trazer um pouco de cor ao rosto da Mika e o descansar por uma meia hora permitiu retornar à disposição ao grupo. Arrumamos as cargueiras sem muito capricho e partimos para coletar a água e, na sequência, a última subida do dia.
Como previsto, havia uma boa vazão de agua a escoar na base da PM e, em pouco tempo, estávamos com todas nossas garrafas abastecidas. Dispúnhamos de quase 4 l por cabeça, o que dava tranquilidade para a consumirmos na hidratação, na alimentação e na higiene. Subindo pela fenda na lateral esquerda da pedra, em pouco tempo alcançamos seu falso cume e com mais alguns minutos de caminhada, agora sob uma inclinação muito menos pronunciada, alcançamos o cume às 9h. Tratamos de escolher as melhores suítes, já que o cume era só nosso nesse momento. Escolhi uma na chegada ao cume, com um trecho de pedra que permite entrar e sair da barraca sem se preocupar com a entrada de terra na mesma. Por ficar em uma cota um pouco inferior ao cume e, ainda, desimpedida em direção ao leste, me permitiria ser acordado pelo nascer do sol e ainda aproveitá-lo de dentro da própria barraca, privilégio de poucos. Dado o sol que agora castigava, optei por não armar a barraca, usando o piso extra dela para montar uma tenda para me abrigar do sol, usando como estrutura os bastões de caminhada e a parede de pedra erguida para proteção contra o vento. Como resultado, tinha um sombreado bastante efetivo e ventilado, no qual posicionei o isolante e satisfeito com minha construção, fui me juntar às mais novas integrantes do seleto grupo de pessoas que alcançam o cume da PM sem precisar que outros auxiliem no carregar das tralhas. Detalhe: por conforto e ousadia, cada um de nós portava a própria barraca, ainda que quase todas fossem para duas pessoas.
No olhar de cada uma delas eu notava, o êxtase da conquista e superação, o espanto ante a beleza das montanhas e vales vistos por cima. A alegria de se estar acima das nuvens, por esforço próprio nunca me abandona, por mais vezes que eu suba, esse sentimento sempre me arrebata. Talvez seja por me sentir santificado, tipo um “anjo mesmo sem asas”, talvez por testemunhar a beleza da criação divina. Fizemos um lanche, diversas fotos, registramos o êxito da empreitada no livro de cume, e fomos descansar um pouco e dar curso ao sono que nos acompanhava. Conforme subíamos, cogitei fazermos de ataque, uma ida ao São João Batista e aos destroços do avião que colidiu contra a encosta, mas com o estado geral do grupo achei por bem pouparmos as forças e não ousarmos demais, de formas que ficamos apenas pelo cume da PM, alternando cochilos com longos períodos de contemplação.
Durante o dia, quase que totalmente ensolarado, tivemos períodos de tempo nublado e de nevoeiro, não sobre a PM, mas sobre as montanhas ao redor. Passaram por nós um grupo de 3 montanhistas que estavam cruzando a SF em um dia que, tendo partido da TL às 4h, alcançaram o cume da PM pouco antes das 12h. Caminhavam leves, com mochilas de ataque e muita disposição. O fato de já terem feito a travessia outras vezes lhes dava segurança por saber o que os esperava e o poderem aferir o progresso efetivo com o planejado. Pouco após a chegada deles, outro grupo, esse com 8 pessoas alcançou o cume. Esses estavam pesados, com grandes mochilas repletas de equipamentos. Faziam a travessia pela primeira vez, autoguiados, de forma que ficamos mais tempo trocando impressões e passando informações sobre o que ainda tinham que enfrentar. Pelo adiantado da hora, seria muito difícil eles alcançarem o bosque ao pé dos Três Estados, como haviam planejado. Haviam acampado na noite anterior no Maracanã e pretendiam fazer a travessia em 3 dias, terminando no domingo. A previsão de tempo ruim na segunda trazia algum desconforto, de forma que insisti para que madrugassem no domingo para evitar, dentro do possível, estarem na parte de crista quando da virada de tempo. Após o Três Estados ainda se caminha por algumas horas bastante exposto a raios e ventos. Fui muito enfático no zelo que o Cupim de Boi exige, haja vista a trilha passar muito próximo de profundos precipícios. Com visual claro, é fácil manter-se à esquerda, mas com a neblina encobrindo tudo ou com o anoitecer, não é tão tranquilo identificar esses pontos de maior exposição. Um deles, transportava um drone, que compensava o peso proporcionando belas fotos. Anotamos o instagram de um deles, brasil_jotaerre, para apreciar as imagens que fizeram e saber da conclusão da pernada.
Para o jantar, preparei um liofilizado de lasanha à bolonhesa, com queijo ralado na hora e vinho branco. Aproveitei o tempo de cocção da massa para picar o bacon levado, de forma a agilizar o preparo do café da manhã do dia seguinte. Apreciamos o pôr do sol, sentindo a temperatura cair em compasso como astro-rei. A lua em quarto crescente retardava o escurecer e, planejando levantar de madrugada para apreciar as estrelas, fomos dormir.
Acordei 3h da madrugada, vesti a segunda pele e o jaqueta, calcei as botas e saí da barraca para admirar as estrelas e o belo efeito das luzes das cidades no Vale do Paraíba. Dei uma volta pelo cume, observando se havia alguma luz se movendo na mata, nas regiões por onde passam as trilhas do Paiolinho e da travessia. Em função da claridade, a vista das estrelas e constelações estava menos encantadora do que noutras oportunidades e depois de algum tempo, retornei à barraca e ao saco de dormir. Verifiquei a temperatura, a carga do celular e do GPS e voltei a dormir.
Fui acordado pela alvorada, pouco depois das 5h30. Comecei a arrumar as coisas dentro da barraca, e faltando pouco menos de meia hora para que ele surgisse por detrás das Agulhas Negras, acordei os outros, já incitando-os a se preparem e curtirem a beleza do nascer do sol. Fizemos várias fotos e registros, com o sol nos aquecendo. Depois partimos para desmontar acampamento, preparar o café da manhã e arrumar as mochilas para a descida. Enquanto esperava o bacon fritar na manteiga, fui guardando as coisas. Observei que, numa próxima, trarei o bacon já frito, para reduzir peso e tornar o preparo da refeição mais célere. O preparo do bacon demandou muito mais tempo do que eu havia imaginado, o que não me agradou. Em seguida, coloquei os ovos e fui mexendo com a espátula de forma a garantir o seu cozimento. Quase no fim do preparo juntei ambos... apesar do trabalho, o sabor estava muito bom, dei umas garfadas e coloquei para a coletividade, enquanto desmontava o fogareiro e conferia se não deixava nada para trás.
Iniciamos a descida 7h22, pouco atrasados em relação ao que havíamos planejado, de fazê-lo às 7h. Com cuidado e sem pressa descemos a PM até sua base e viramos para esquerda, bordejando a encosta direita, subindo e descendo os pequenos “morros” que constituem a crista. Alcançamos o alto da Misericórdia e tocamos para baixo, com o sol já se fazendo sentir com mais intensidade. Visando distrair meus companheiros de trilha, passei a incitá-los a tomar a dianteira e identificar por onde passaríamos. A cara erro, trocávamos a pessoa que estava à frente, permitindo que outro buscasse o caminho. Foram vários os erros, cada um deles cometendo o engano em um momento ou conjuntura. Fiz questão de frisar de que a trilha correta margeava a borda direita da crista, por serem muitos os caminhos errados, quando se afasta desse referencial. Para alegria geral do grupo, o último e derradeiro erro seria meu, quando já estivéssemos quase no final da trilha.
Em pouco tempo, terminamos a descida, passamos pelo bosque ao pé da Misericórdia e passamos a subir, retomando a altitude perdida há pouco. Com novos enganos, dividimos o grupo e tive que esperar, à meia encosta, os amigos se aperceberem que seguiam na direção equivocada para, no grito, nos localizar e receber a orientação para corrigir o engano, retornando até a bifurcação desapercebida. Com o grupo reunido, terminamos a subida e seguimos subindo e descendo até alcançar o alto da Deus Me Livre. Fizemos uma curta parada e passamos a descer, sentindo menos os pulmões e mais os joelhos. Com desenvoltura fomos desescalando as passagens mais expostas e mantendo um bom ritmo, pouco após as 11h estávamos no último ponto d’água.
Procurando sair da região mais exposta ao sol e lembrando que haviam dito ter previsão de chuvas a partir das 10h, fizemos uma parada curta, reabastecendo minhas garrafas d’água e as do Rodrigo e tocamos para baixo, ansiosos por encontrar a Panela Vermelha, nosso próximo referencial. Esse trecho não conta com descidas muito íngremes, mas a extensão e a pouca variação de paisagem fazem com que se perceba ele como “muito longo”. Como sempre, eu desci dividindo a atenção entre olhar o caminho e procurar orquídeas. Encontrei poucas floridas, mesmo assim a procura cumpriu o papel de distração. Alcançamos a clareira da Panela Vermelha, viramos à esquerda e seguimos em busca dos dois cursos d’água que marcam o final da descida constante. Chegamos no primeiro deles, acumulando 4 h de descida, fizemos uma rápida parada para nos agruparmos e hidratarmos e tocamos em frente.
Em pouco tempo, alcançamos o segundo curso d’água, o de maior vazão de todo o caminho e ali fizemos uma parada mais prolongada, permitindo o retirar de mochilas e ficar um pouco com as pernas de molho na água gelada. A partir dali não haveria óbice em terminar a pernada, ainda que a chuva nos pegasse antes de alcançarmos o carro. Deixamos o riacho para trás e retomamos o caminhar, agora no trecho final. Sabendo que haveria um trecho de navegação mais confusa, com várias trilhas divergindo da trilha correta, procurei me manter a frente, à espera do momento de usar o GPS e atravessar de primeira. Apesar dessa preocupação, segui em frente onde deveria ter virado à esquerda e só percebi o engano quando a trilha passou a subir e observei à margem da trilha, arbustos cortados há pouco tempo. Quando fizemos a curva à esquerda, já estava bastante desconfortável com o caminho seguido, de forma que, o conferir o rumo no GPS, foi apenas uma questão de desencargo, já que aquela trilha poderia ter sido aberta exatamente para se evitar a região de navegação confusa. Avaliando o caminho que percorremos no sábado com o que havíamos feito até ali, não havia indicação de que a trilha que seguíamos se uniria à trilha usual, de forma que ordenei o retorno. Retornamos até o ponto em que deveríamos ter virado e a partir dali não houve necessidade de novas verificações, foi questão de seguir o trilho deixado pelas passadas anteriores.
Pouco antes das 13h22 alcançamos a saída da trilha, fizemos as fotos de praxe e trocamos congratulações mútuas. Pegamos a Lady e feita a arrumação possível para caber pessoas e cargueiras, tocamos para o posto de gasolina, onde pretendíamos fazer uma arrumação melhor antes de seguir viagem para Santos. No posto, fizemos uma breve arrumação, almoçamos e partimos para a longa volta. Chegamos em Santos pouco após as 20h.
PS: Conforme descemos no domingo, observamos a mudança de tempo, com o dia ensolarado da manhã dando lugar a ameaçadoras nuvens plúmbeas. Voltando para Santos, pegamos períodos de intensa chuvas, que se encaminhavam para as montanhas que havíamos deixado há algumas horas. A janela de tempo bom, prevista para terminar no entardecer de domingo, parecia se confirmar. Esperamos ansiosos por notícias deles, que só tivemos na terça, com a publicação de uma bela foto do nascer do sol.
Puxa vida! Subir a Pedra da MIna no meio do breu da noite deve ser uma aventura intensa. Bela história. Parabéns ao novatos! Abraço!
Muito feliz por fazer parte dessa experiência incrível com vocês! Que venha as próximas!