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Rogério Alexandre Francis 13/01/2020 18:08
    Perneando pelo Caparaó

    Perneando pelo Caparaó

    Breve relato da pernada de dezembro / 2019 pelas montanhas do Caparaó.

    Acampamento Montanhismo Trekking

    Transcaparaó de verão

    A proposta de caminhar por algumas das mais altas montanhas do país, em pleno verão era boa demais para se recusar, ainda que o final de 2019 vinha se mostrando com um clima bastante instável com raras janelas de tempo bom que durassem mais que dois dias. Sabedor do cuidado que o Adilson reserva a avaliação prévia do clima e do elevado nível técnico dos convidados, não hesitei muito em aderir a trupe.

    Dessa vez, a ideia era fazer caminhar curtas, quase que só turistando. Para compensar, faríamos a maioria das pernadas com as cargueira, acrescendo a segurança, de caso o tempo se fechasse cedo demais, podermos montar um acampamento provisório por algumas horas ou mesmo, uma pernoite inesperada. Seria peso extra, mas não pretendíamos facilitar. O Adilson relatou ter pego, em verões passados ali no caparaó máximas perto de 45° C e mínimas de 0° C. Verdadeiro clima de deserto, aliado a ventos que não encontram barreiras por muitas centenas de quilômetros ao redor. Andando nas cristas, poderíamos não ter acesso à agua, então arbitramos, com base no consumido durante o inverno, que a capacidade de armazenamento deveria ser de, pelo menos, quatro litros. Por prudência todos ficamos um pouco acima: eu com 4,5 litros e os outros na faixa dos 5 litros cada.

    As pernadas, leves, partiriam do Terreirão, com cargueira completa , subindo o Pico da Bandeira para ver o sol nascer e depois descendo para o Calçado, Calçado Mirim e Pico do Cristal e depois voltar sobre nossos passos até o Bandeira e finalmente até o Terreirão. Entre ir e vir, estimávamos 6 horas de caminhadas por dia.

    Arrumei a cargueira com bastante cuidado, pois a proposta era trilharmos muito com ela, então cada grama além do necessário seria arrastado montanha acima, por vários dias. Adicionalmente, essa pernada seria com o clima mais instável que nossa praxe, o que apontava escolher equipamentos robustos e leves. Repassei a arrumação da cargueira mais duas vezes, procurando otimizar todo o material, inclusive a parte de primeiros socorros e de alimentação. Com todo o zelo, sendo parcimonioso na alimentação e me permitindo apenas pequenos luxos, consegui montar uma mochila com pouco menos de 9 quilos, sem água. Levaria capacidade para 4,5 litros, o que, mesmo com o sol de verão apontava uma autonomia bem razoável. Meus colegas levariam, saberia depois, na faixa dos 20 quilos... bom, gordinho e sedentário como eu estava, não me arriscava a levar nada além do mínimo, e isso, já contanto com eventual socorro por parte deles caso meu fogareiro de combustível sólido não apresentasse uma performance minimamente satisfatória.

    Partiríamos de São Paulo, às 3:00 da madrugada do dia 26, de forma que fui dormir cedo no dia 25, ainda antes das 20:00. Ansioso acordei à 1:00 e, ainda antes das 02:00 já estava no ponto de encontro, aguardando o pessoal. O Rodrigo chegou pouco após as 03:00 e ficamos trocando impressões sobre o desafio que havíamos planejado. O Adilson e o Leonardo chegaram em seguida, e após abastecermos o carro, arrumamos as cargueiras, colocando a minha no banco traseiro, entre eu e o Rodrigo e pegamos estrada para Alto Caparaó. Para podermos entrar no parque ainda no dia 26, precisávamos chegar lá antes das 18 :00 e isso indicava que não poderíamos fazer muitas paradas na viagem. Acertamos de fazer uma última leitura do clima e das previsões em Alto Caparaó, antes de seguirmos para o parque.

    Chegamos em Alto Caparaó, pouco após as 15:00 e, fizemos uma breve parada para esticar as pernas, atualizar a previsão de tempo e fotos de “antes”. Em seguida seguimos para o parque, com as nuvens se acumulando por sobre nossas cabeças. Paramos o carro no estacionamento do Tronqueira e, assim que nos paramentamos para a trilha, São Pedro abriu as torneiras nas nuvens, molhando a tudo. Como não tínhamos perspectiva de pôr do sol, decidimos aguardar a chuva estiar um pouco antes de nos metermos trilha acima. Não seria uma longa pernada, seria apenas cerca de 1,5 hora de trilha, mas começar com chuva, não nego, dá uma esfriada nos ânimos.

    Com o estio da chuva, vestimos as cargueiras e partimos, lentos, à princípio enquanto os corpos se acostumavam à inevitabilidade dos esforços que os aguardavam e aos poucos acelerando conforme a respiração, ou melhor, o arfar, entrava em regime. Como era certo de que o anoitecer nos encontraria ainda na trilha, já portávamos as lanternas de fácil acesso. Quando estávamos nos aproximando do Terreirão, o relampejar começava a se tornar mais frequente e os trovões mais ameaçadores, de forma que apertamos o passo, buscando alcançar abrigo antes que a tempestade que ameaçava desabar, o fizesse sobre nós. Chegando no camping Terreirão, aproveitamos que a tempestade ainda estava na ameaça e fomos analisar onde montaríamos o acampamento. O Terreirão estava deserto, certamente com o tempo que estava se avizinhando, pessoas de bom senso haviam entendido por bem cancelarem as reservas ou apenas abandonar os planos. Mas, se ainda que por um breve momento, chegamos a ter qualquer dúvida do porquê ali estávamos, Ele, em Sua Infinita Sabedoria, tinha Suas razões. Com a chuva oscilando entre o parar e o continuar, optamos por bivacar na Casa de Pedra, em parte pela preguiça de montar acampamento, em parte para aproveitar a última oportunidade de termos um teto firme sobre nossas cabeças.

    Fizemos uma apurada verificação no interior, buscando qualquer indício da presença de animais (cobras, aranhas e escorpiões), bem como verificamos as goteiras que havia ali dentro. À esquerda, uma grande goteira era responsável por um acumulo de água numa lona que cobria o piso de madeira. No restante do abrigo, poucas marcas de goteiras apesar das pancadas de chuva que haviam caído nos últimos minutos. Dividimos os espaços, com o Adilson optando por armar a barraca na região dessa goteira e os três restantes a bivacar diretamente no piso. Uns quinze minutos depois, quando começávamos a preparar o jantar, vimos que chegava outro grupo no acampamento, com 5 pessoas. Perguntaram se havia espaço ainda na Casa de Pedra, e nós, supondo que estavam com barracas, respondemos que não. Como não escutamos mais as vozes deles, escolhemos o mais azarado para checar como estavam, descobrindo que haviam levado apenas um colchonete, um edredom e mudas de roupas. Era uma família, pai, mãe, filhos e sobrinha que haviam subido quase que totalmente despreparados para o clima que fazia. Como não tinham barraca, ou isolante, estavam apertados sobre o colchonete, no interior do banheiro feminino. Apesar de abrigado, o piso lá é de ladrilho e o espaço, bastante amplo, não permitia que o aquecessem com o calor dos corpos, já que também não dispunham de nenhuma forma aquecimento. Felizmente, a maior parte das roupas estavam maioria secas, apesar da forte chuva que haviam pego na subida, sem hesitar, oferecemos para que partilhasse do nosso abrigo improvisado, compartilhando o apertado bivaque que havíamos montado.

    Fizemos novo arranjo na Casa de Pedra, colocando o forro da barraca do Leonardo por sob o colchonete, intercalando as pernas nossas com as deles. Emprestei um cobertor de emergência, meias, luvas, gorro e segunda pele. O Rodrigo cedeu outro cobertor de emergência e mais alguma roupa. Apesar de insistirmos para que tomassem algo quente, sopa ou chá, não conseguimos que aceitassem. Fechamos bem a porta, de forma a permitir que os calores corporais dos nove aquecessem o ambiente durante a noite. O piso de madeira, elevado da terra molhada, e as grossas paredes de pedra nos traziam a esperança de que, dentro a temperatura não caísse tanto.

    Pouco após as 20 horas, todos arranjados como possível, tentamos dormir. Os planos dos nossos colegas de bivaque envolviam subir de madrugada para ver o sol nascer no cume do Bandeira. Dadas as condições do tempo, a experiência deles e o material de que dispunham, fomos muito assertivos em desaconselhar a tentativa, pois o risco era considerável. O tempo instável, a temperatura baixa e o vento forte, juntamente com o fato de que estariam sozinhos tanto na ida como na volta nos preocupavam. Digo “tentamos dormir”, porque eu acordaria algumas vezes durante a noite para verificar como estavam nossos colegas de acampamento. Pouco após as 2:00, meu relógio marcava 10º C, felizmente, todos passavam bem, apesar do frio. Haviam decidido acatar nossa sugestão e subir após o sol nascer, quando já estaria esquentando e as condições de visibilidade seriam melhores. Não nego que senti algum alívio com essa demonstração de bom senso. Cedi meu outro par de luvas e voltei a dormir.

    Como de hábito, acordei com a alvorada, pouco antes do dia nascer. Para não ficar perturbando quem ainda dormia, me troquei (vesti a roupa da véspera, quase seca, rsrs) e fui lá para fora apreciar o friozinho matinal. A diferença de estar abrigado é impressionante e, quanto menos agasalhado, mais perceptível. No interior da Casa de Pedra, era possível ficar de apenas de segunda pele e saco de dormir para 10ºC confortavelmente, até com calor eu diria. Ali fora, a banda tocava diferente... a temperatura fora do abrigo marcava 7ºC e as rajadas de vento derrubavam a temperatura sentida em alguns graus. Com o clarear do dia, meus colegas de acampamento foram acordando e aos poucos saindo do abrigo para apreciar o visual com o sol nascente. Depois de apreciar o dia nascido, nossos colegas de abrigo arrumaram as tralhas e iniciaram a subida para o Bandeira. Nos terminamos o café, arrumamos as cargueiras colocando o máximo de água e nos despedimos do Terreirão, com planos de retornar apenas ao final da tarde.

    Partimos do acampamento 8:45, com o peso das cargueiras se fazendo sentir. Aos poucos os ajustes efetuados começaram a se fazer sentir e. A partir disso, apenas as pernas reclamavam do esforço a que a submetíamos. A ascensão transcorreu célere, apesar das cargueiras, pois erámos motivados pelo incessante zumbir das mutucas que nos seguiam montanha acima. Ávidas pelo nosso sangue, tais feras aladas faziam com que as paradas para retomada de fôlego fossem abreviadas ao máximo. Alcançamos o Bandeira, curtimos um pouco o visual e descemos para o Calçado, depois descemos mais para o Calçado-Mirim e finalmente, nos encontramos aos pés do Cristal. Sem pressa, sentindo o peso das cargueiras a nos puxar para baixo, subimos ele e pouco antes das 11:00 alcançamos seu topo. Fizemos uma pausa para apreciar as paisagens, fizemos algumas fotos e petiscamos parte das guloseimas que levávamos. Depois retornamos ao Terreirão, por sobre nossos passos, pensando se repetiríamos a pernada no outro dia, rsrs.

    Como o tempo não estava tão aberto, para o segundo dia, decidimos sair mais cedo, de forma a aproveitar mais a janela de sol que se prometia para a manhã seguinte. Decidimos fazê-lo novamente com as cargueiras, pois isso nos dava a esperança de caso o tempo virasse precocemente, podermos nos abrigar minimamente. Foi outro dia puxado, com as cargueiras, ainda que mais leves pelo consumo dos alimentos, enganando bem nesse aspecto... parecia pesarem ainda mais, rsrs. No retorno, decidimos que o terceiro dia seria um passeio, sem as cargueiras e brincamos que sem elas, teríamos que nos segurar nas rochas para não subir correndo, kkkkk. Assim, entre risos e retomadas de fôlego, fomos nos aproximando do Terreirão, cansados, mas contentes por termos conseguido cumprir com que havíamos planejado.

    Descansamos uns minutos, enquanto aguardávamos o Léo e, em seguida, fomos montar acampamento. A ideia era partir bem cedo, a tempo de ver o sol nascer no Bandeira e depois esticar a pernada até o Cristal. Eu, já assegurei meu posto de desistente-raiz, informando que faria apenas a subida ao Bandeira e depois retornaria ao acampamento. Como eles levariam as tralhas de cozinha, me prontifiquei a subir com água extra e a descer com a cargueira do Adilson e todo o material que não fossem usar.
    A área de acampamento estava com umas 20 barracas no total, o que apontava que entre duas e três da madrugada teríamos bastante algazarra com o pessoal que iniciaria a subida até as três da madrugada. Muitas vezes, por desconhecer a velocidade que conseguem manter na subida, o pessoal opta pela “segurança” de chegar bem antes... como consequência “congelam” enquanto aguardam... pretendíamos evitar isso, então dosaríamos nossos passos ao longo da subida para chegar lá encima uns 15 minutos antes do nascer do sol.
    Combinamos de levantar às 3:00 e sair até 3:30, de forma que as mochilas de ataque, e no caso do Adilson, a cargueira, ficaram semi-prontas, faltando apenas colocar as coisas de última hora para estarmos em condições de partir. Com o nascer do Sol às 5:07, chegar lá em cima, 20 minutos antes do romper da aurora m, exigia que fizéssemos a subida em 1 hora e 17 minutos. Revisamos o planejamento, optando por iniciar 3:15, assim teríamos mais margem para imprevistos e descansos.

    Acordei, tratei de arrumar minha mochila de ataque, com dois litros de água, alguns petiscos, a segunda pele, o fleece e jaqueta pra chuva. Coloquei também o básico dos primeiros socorros, os cobertores de emergência e o saco de bivaque de emergência. Dada a pernada que estava prevista, apenas entre o Terreirão e o Bandeira, trajeto já palmilhado duas vezes nos últimos dias, era um bocado de prevenção ... mas, como dizia minha falecida vozinha, “quem não escuta ‘cuidado’, escuta ‘coitado’”... achei melhor manter quase todo o kit.

    Subimos aos poucos, aproveitando as pausas se retomada de fôlego para apreciar primeiro o céu estrelado, depois a alvorada que surgia por trás do Bandeira, compondo uma das visões q mais me agrada em montanha: a silhueta negra da serra contra a luz do dia nascente. Com o frescor matinal, o consumo d’água é baixíssimo, tomei uns três goles, se tanto, policiando contra a desidratação desapercebida. Como pretendia descer de volta ao Terreirão, quando meus. companheiros de trilha tocassem para o Cristal, bastaria uns 200 ml, para a volta. O Adilson seguiu na frente quase que toda a subida, mas faltando uns 400 metros para o cume, quando a caminhada dá lugar ao trecho em que as escalaminhadas são frequentes, tomei a frente e subi, a teimosia disputando com meus pulmões quem cedia primeiro.
    A teimosia venceu ... às 4:47 alcancei o cume e escolhi a lateral, na direção do Pedra Roxa para deixar estender o isolante e aguardar a chegada dos demais. O nascer do sol estava maravilhoso e como previsto depois, aqueles dias em que estivemos por lá haviam sido agraciados com as melhores janelas de clima do mês de dezembro. Apreciamos o nascer do sol, que despontou precisamente no horário previsto, fizemos algumas fotos e um bom café da manhã. O meu café foi mais espartano, já que optará por subir mais leve, pretendendo comer melhor quando descesse de volta ao Terreirão, enquanto aguardava meus companheiros. Depois de usar o fogareiro do Rodrigo para preparar dois pacotes de sopa instantânea de abóbora com carne seca, petisquei alguns pedaços de salame, provolone e bacon. Depois tentei ajudar no preparo das tapiocas do Rodrigo, já que eu não trouxera a pequena frigideira antiaderente, usando um pouco da gordura do bacon que eu trouxera. Funcionou razoavelmente bem, evitando que as tapiocas grudassem, mas a chama concentrada tornava difícil prepara-las sem queimar um pouco no centro.

    No meio do café da manhã, o Leonardo seguiu minha postura de desistente-raiz e abandonou a pernada até o Cristal. Com a possibilidade de que o tempo fechasse e prejudicasse a visibilidade, alternamos para um plano “B”: o Rodrigo e Adilson fariam a pernada, e eu e o Leonardo faríamos as fotos deles, pelo menos enquanto estivessem andando pelo Calçado. Eles fariam fotos nossas, no cume do Bandeira, a partir do Calçado... imaginávamos que as fotos ficariam ótimas, desde que a visibilidade permitisse. Combinamos sinais para indicar que a seção de foros estaria encerrada. Subi para a parte mais exposta do Bandeira para tomar um pouco de sol, enquanto eles terminavam o café. Acertei de descer a cargueira do Adilson com tudo o que não fosse ser levado para a pernada até o Cristal.

    Uns dez minutos depois, o pessoal subiu, com os últimos dois desistindo da pernada até o Cristal, dado que as aberturas das nuvens estavam diminuído muito. Passamos ao plano “C”, descer, desmontar acampamento sem pressa e seguir para o Tronqueira, onde pegaríamos o carro e iríamos começar a volta a São Paulo, almoçando bem e encontrando alguma pousada para pernoitar. Chegando no acampamento, “emprestei” um pouco de tapioca do Rodrigo e usando o fogareiro dele preparei duas crepiocas com ovo em pó e provolone.

    Arrumei a cargueira, deixando de fácil acesso as coisas que poderia usar, caso fizéssemos a parada para banho no Vale Encantado. Iniciamos a descida às 10:30, no contrafluxo das dezenas de pessoas que subiam, em bate e volta até o Bandeira. Com o tempo fechado a parada para banho foi suprimida e chegamos ao carro, ainda antes das 13:00 e partimos para Alto Caparaó, para almoçar. Encontramos um restaurante de comida caseira muito saborosa, com direito a suco de amora, em jarra, espetacular. O Adilson verificou que havia vaga na Pousada do Rui, em que ele já se hospedara e pouco após as 15:00 estávamos instalados. Tomei um banho (quente!) troquei a roupa e fui procurar farmácia com o Rodrigo. Farmácia, não precisávamos e nao achamos, mas comprei licor de jaboticaba, queijo e doce de leite. Encontramos uma cafeteria simpática e nos aboletamos para ler, compartilhar as fotos e apreciar a tranquilidade da cidadezinha.

    No outro dia, acordei como de hábito antes das 5:00 e fui bater perna enquanto o dia nascia. Descobri que Alto Caparaó tem muito mais a oferecer, além das montanhas... aliás, *muito mais* ainda seria eufemismo: ali está localizado o Observatório Astronômico Hodias Miranda, dando acesso apenas ao infinito do espaço e das suas belezas. De caráter particular, o observatório tem cúpula que rotacional 360°, telescópio MAEDE computadorizado com jogo de lentes apocromático. Fabricado na Califórnia, o telescópio e os acessórios dele foram instalados por Hodias, que de maneira empírica e autodidática projetou todo o sistema de periféricos como a cúpula e as escotilhas. Aprendeu astronomia sem cursar faculdade, estudando nos livros e na prática. Tinha verdadeira paixão em transmitir o conhecimento adquirido, fazendo a todos os que visitavam o observatório uma preleção de pouco mais de 30 minutos sobre as maravilhas que seriam vistas. Como perfeito, apenas Deus, lhe escapou a necessidade de perpetuar sua obra. Como humano, descobriu-se mortal quando uma apendicite aguda o levou às pressas ao pronto-socorro, de onde sairia apenas para a última morada.
    Que grandioso seria que Alto Caparaó, através de seus representantes no Executivo e Legislativo honrasse o filho pródigo e eternizasse seu ideal, encampando o observatório e assegurando o acesso ao conhecimento aos habitantes e turistas. Poderia ser um catalizador para a economia da cidade, somando visitantes ao turismo de montanha e talvez até emplacando uma marca diferenciada na cidade... algo do tipo “um café das estrelas”.

    Voltamos para SP, não sem antes, nos abastecermos de café e queijos na própria pousada. Fizemos ainda uma parada rápida na Casa do Mel e pouco após as 20:00 o Rodrigo me deixou na casa dos meus pais.

    2 Comentários
    Gabi E Marcos 13/01/2020 19:14

    Toppp

    Rogério Alexandre Francis

    Rogério Alexandre Francis

    Santos e SP

    Rox
    410

    Montanhista de FDS, engenheiro de formação, aficionado por historia, geografia e biologia. O cume não pode ser a maior alegria da pernada.

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    Mínimo Impacto
    Manifesto
    Rox

    Bruno Negreiros, Renan Cavichi e mais 444 pessoas apoiam o manifesto.