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Nesta edição vamos nos aprofundar, de forma mais prática, na manipulação de dados geográficos digitais. Para quem está perdido com o assunto, recomendamos a leitura das edições anteriores, onde explicamos os conceitos e diferenças entre os mapas tradicionais e os digitais, além de mostrar exemplos de plataformas de manipulação simples desses dados.

Os objetos, fenômenos e características da paisagem existentes na superfície da Terra são representados pela cartografia, necessariamente, através de dois tipos de dados: vetoriais e matriciais. Os dados vetoriais são os pontos, linhas e polígonos utilizados nas representações cartográficas. Podemos citar como exemplo os pontos cotados, as curvas de nível e os limites das unidades de conservação, respectivamente. Já os dados matriciais, também conhecidos como raster, são aqueles representados por uma matriz de linhas e colunas onde cada célula apresenta um valor numérico. Essas células são os famosos pixels que observamos ao dar zoom em imagens.

A magia da cartografia digital está justamente em combinar dados vetoriais e matriciais para realizar o planejamento e análise de áreas de interesse. Podemos, por exemplo, criar nossos próprios mapas para planejar e nos orientar nas atividades. Exemplos interessantes de cartas topográficas, não oficiais, mas muito úteis, podem ser encontradas no Blog Longo Curso (www.longocurso.com.br/cartas/home).

Vamos partir para algo mais prático? Imagine que você está se preparando para fazer a travessia dos Lençóis Maranhenses e começou a definir a rota que irá percorrer. O seu arquivo de referência para o planejamento é um tracklog disponibilizado por um amigo, mas após fazer o download e analisá-lo no Google Earth, você chega a conclusão que gostaria de fazer um trajeto diferente, visitando outros locais. Como você está responsável pela logística da travessia, seria interessante ter esse tracklog ajustado para a rota que você pretende percorrer, assim como, carregar no seu aparelho de GPS ou aplicativo, os pontos de interesse que irá visitar.

Esse tipo de análise é muito simples de ser realizada no Google Earth Pro. Após carregar o arquivo do tracklog (em formato .gpx ou .kmz) no programa, precisamos identificar qual dos sub-arquivos marca o caminho a ser percorrido (vetor do tipo linha). Os arquivos de linha são representados, no Google Earth, com o símbolo de três bolinhas interligadas por uma linha. Confirme se esse é o arquivo certo ligando/desligando o mesmo no menu à esquerda e observando o resultado no mapa.

Com o arquivo do seu trajeto identificado, partimos para as modificações a serem realizadas. Você pode fazer isso através de uma inspeção visual na imagem, apenas olhando por onde pretende caminhar, ou seguindo coordenadas de pontos que você eventualmente possua. Nesta prática, vamos imaginar que você queira modificar o seu trajeto para visitar algumas lagoas que disseram ser imperdíveis.

Para plotar as coordenadas no mapa, observar a localização das lagoas e definir o seu novo percurso iremos utilizar o botão de criação de marcadores. Identificado por um alfinete amarelo na porção superior da tela, o botão “Criar Marcador” abre uma caixa de diálogo para a inserção das coordenadas do ponto de interesse a ser criado. Também permite que seu nome seja modificado. É importante prestar atenção se as coordenadas que você possui estão no mesmo sistema de coordenadas configurado na sua versão do Google Earth. Caso não estejam, isso pode ser facilmente modificado na aba Ferramentas → Opções. Mas não se assuste! Sistema de coordenadas é papo para edições futuras do Sobre Mapas e Montanhas.

Outra opção é escolher os pontos diretamente através da observação da imagem de satélite. Nesse caso, basta arrastar o marcador para o local desejado, apenas clicando em seu ícone e o movimentando para o local de destino. Após criar todos os pontos a serem incluídos no novo trajeto, é hora de começar a traçar a rota a ser percorrida através do botão “Adicionar Caminho”, na parte superior da tela. Escolha um nome para esse trajeto e através de cliques na imagem vá definindo por onde sua rota irá seguir. Lembre-se que esse trajeto deve ser feito com cautela, observando as informações que você consegue extrair da imagem, pois você precisará percorrê-lo depois. Por último, na aba “Estilo/Cor” da janela de criação de caminhos, é possível alterar a cor e espessura do trajeto criado, facilitando sua visualização.

Com a rota definida e os pontos de interesse criados, basta salvar o arquivo e carregá-lo em seu aparelho de GPS ou aplicativo de preferência. Vale observar que o Google Earth trabalha em um sistema de organização por pastas, então é recomendável que você crie uma pasta para o seu projeto, uma subpasta para os pontos e outra para os trajetos. Os arquivos que você criou podem ser colocados dentro das respectivas pastas apenas arrastando-os para o local de destino no menu lateral esquerdo. Para salvar o arquivo final, basta clicar na pasta do seu projeto e , em seguida, na opção “Salvar Lugar Como”. Por fim, também recomendamos que você planeje uma atividade incrível e nos convide. Partiu?

Identificação do tipo de arquivo vetorial de linhas no Google Earth.

Destaque em vermelho para o botão "Adicionar Marcadores" e em azul para o botão "Adicionar Caminho" no Google Earth Pro.

Interface para criação de marcador no Google Earth Pro.

A linha em laranja representa o tracklog original. Em azul podemos observar o novo percurso definido, passando pelos pontos de interesse marcados (alfinetes amarelos).

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O projeto Sobre Mapas e Montanhas é publicado periodicamente nos boletins do Centro Excursionista Brasileiro - CEB e replicado aqui no AventureBox. Para acessar o boletim na íntegra, acesse: https://www.ceb.org.br/category/boletins/

Por Bruno Negreiros, Gabriel Lousada e Rafael Damiati.

4 Comentários
George Araujo 12/04/2021 18:45

Muito bom!

Sobre Mapas E Montanhas 13/04/2021 07:34

Obrigado George!!

Tata cabeleireiro 13/04/2021 09:18

Interessante

Sobre Mapas E Montanhas 13/04/2021 11:57

Valeu, Fernando. Esperamos estar contribuindo de alguma forma!

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Rio de Janeiro

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Apresentação e discussão de temas relevantes das geociências, suas tecnologias e áreas afins, no contexto do montanhismo. Por Bruno Negreiros, Gabriel Lousada e Rafael Damiati