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Circuito Pai Pedro: Pai Pedro, Minador e Cruzes
Essa trilha percorre um trecho em torno do Açude Gargalheiras passando pela Serra do Pai Pedro, Minador e por último pela Serra das Cruzes.
TrekkingPRELÚDIO
Essa trilha percorre a pé um trecho em torno do Açude Gargalheiras passando pela Serra do Pai Pedro, Serra do Minador e por último pela Serra das Cruzes. Foi realizada em 2022 com um percurso em forma de circuito com duração de 3 dias com pernoites em acampamentos selvagens na Serra do Pai Pedro e na Serra do Minador, respectivamente. Também pode ser feita em dois dias com apenas uma pernoite no açude Gargalheiras.
Um belo trekking com mirantes tanto para o nascer como para o por do sol em todos os pontos de acampamento da trilha. Por ser dividida em 3 dias, no geral, a trilha tem esforço físico moderado, mas classifiquei a dificuldade técnica como difícil. Confira a seguir os detalhes de como fazê-la.
INFORMAÇÕES
- Tipo: Trekking independente e autossuficiente com planejamento do percurso e navegação realizados por conta própria
- Guia: Opcional;
- Distância: 20 Km;
- Ganho de elevação: 996 m;
- Pernoites: 2 pernoites em acampamento selvagem;
- Dias: 3 dias (primeiro dia começando na parte da tarde e o último dia terminando pela manhã);
- Melhor época: No período entre abril e julho. Também é possível fazer nos outros meses;
- Data e hora de início: 16 de setembro de 2022 às 15h;
- Tracklog: Wikiloc;
- Vídeo: YoutTube;
COMO CHEGAR
A cidade mais próxima do começo da trilha é Acari/RN. Por ser uma cidade bastante central na região do Seridó, bem como turística, ela possui várias opções de hospedagem e restaurantes. Outra opção mais próxima, seriam as pousadas no Povoado Gargalheiras, que é o local onde a trilha começa.
Como visto, a trilha está em forma de circuito, logo tem começo e fim no mesmo local onde deixamos o carro. Assim, o caminho não se repete e a logística de resgate é facilitada. Deixamos o carro em Andinho de Bulhões (contato no final), que também faz a travessia do açude até o início da trilha no sítio Carnaubinha. Passeio de canoa acabou sendo nosso tranfer na trilha para chegar até a 'cabeça' da trilha.
O CIRCUITO
Como dito anteriormente, a trilha começa e termina em Andinho de Bulhões, que faz a travessia de barco pelo açude até o local de subida da Serra do Pai Pedro. Para não ficar tão pesado, o percurso está dividido em duas pernoites. O acampamento da primeira noite fica próximo a um dos mirantes da Serra do Pai Pedro, sendo possível avistar a cidade de Currais Novos.
No dia seguinte (Dia 2), o percurso continua por cima da serra para então descer e sair por trás da Serra das Cruzes. Ainda nesse dia, a caminhada continua até a Serra do Minador, local de acampamento da segunda noite. No dia seguinte (Dia 3), a trilha vai até o topo da Serra das Cruzes e em seguida desce de volta a Andinho de Bulhões.
O percurso utilizado foi por trilhas já bem estabelecidas nas serras. Por ser um local bastante frequentado por trilheiros e moradores da região, as trilhas estavam abertas e bem demarcadas. Principalmente por ter sido feito na época da estiagem.
Apenas alguns pequenos trechos na parte de acesso aos mirantes do primeiro dia encontravam-se fechados, mas nada que atrapalhasse a caminhada. Quando for fazer, considere levar um facão principalmente na época das chuvas quando a trilha fica mais fechada por conta do mato.
O percurso possui algumas bifurcações importantes que levam a caminhos diferentes. Elas foram colocadas no percurso. Fique atento a elas!
O primeiro dia (DIA 1 - ANDINHO DE BULHÕES À SERRA DO PAI PEDRO) começa em Andinho de Bulhões, atravessa o açude de barco e sobe em direção aos mirantes na Serra do Pai Pedro.
No segundo dia (DIA 2 - SERRA DO PAI PEDRO À SERRA DO MINADOR), continua por cima da Serra do Pai Pedro e em seguida desce a serra em direção à Serra do Minador, onde acampamos para começar a volta do terceiro dia.
O terceiro dia (DIA 3 - SERRA DO MINADOR À ANDINHO DE BULHÕES) é basicamente a descida do Minador, em seguida a subida da Serra das Cruzes e por fim a volta para Andinho.
DIA 1 - ANDINHO DE BULHÕES À SERRA DO PAI PEDRO
Esse dia começa com a travessia do açude e termina no acampamento próximo a um dos mirantes da Serra do Pai Pedro. A trilha tem início em Andinho de Bulhões, onde deixamos o carro e nos preparamos para fazer a travessia do açude.
A travessia do Açude Gargalheiras é um atrativo a parte da trilha. O açude é formado pelo barramento das águas do Rio Acauã e foi construído na década de 1940 com o aproveitamento do gargalo entre as serras do Minador e a Serra do Pai Pedro. Da época da sua construção, acabou surgindo a comunidade Gargalheiras que foi na época uma pequena vila construída para os trabalhadores da barragem.
O combinado com Andinho foi ele deixar próximo a um dos pontos de subida da serra, localmente chamado de Serra do Pote. Esse acabou sendo meu primeiro transfer de 'barco' numa travessia. A Serra do Pote faz parte da Serra do Pai Pedro e é chamada assim pelos trilheiros e nativos por ter um poço de água em um lajedo. Além dessa subida, há também a subida para a Serra do Abreu, que é outro nome local que faz parte da mesma serra.
Esse dia tem cerca de 4 km até o ponto de acampamento. Mas não subestime a distância por ser a maior parte de subida. Como no caminho há um ponto de água, subi a serra usando apenas 1 litro de água e no ponto de água peguei mais água para usar no acampamento e no dia seguinte.
O ponto de água é chamado de pote por se tratar de uma cavidade na rocha de aproximadamente 2m de circunferência e uns 1,5m de profundidade. Moradores da região falam que ele nunca seca mesmo no período de seca. O poço é muito bem conservado e é fechado com pedras para evitar a sujeira e evaporação da água. Não desperdice água e colete adequadamente para evitar sujá-la.
A travessia do açude começou por volta das 15h, mas o ideal é sair um pouco mais cedo. Chegamos no pote durante o por do sol e ainda tinha um trecho de 1km até o ponto de acampamento nos mirantes da serra. Quando saímos de lá acabamos caminhando um tempo no escuro e usamos as lanternas.
Após a travessia do açude, a ideia é achar a trilha principal que é utilizada para a subida da serra. Ela fica à esquerda do ponto onde a canoa parou. A caminhada segue bem aberta até passar por uma cerca e continuar por entre umas trilhas de veredas. Devido a mudança do nível da água do açude, esse trecho está sempre sofrendo modificações.
Quando encontrar a trilha de subida pegue a direita e siga sempre subindo até encontrar a primeira bifurcação do primeiro dia. Na bifurcação pegue à esquerda para seguir direto para o pote e assim poupar tempo. À direita seguirá em direção à Serra do Abreu.
O setor do pote possui uma bela visão para o por do sol e você pode aproveitar enquanto pega água para usar no acampamento e no próximo dia. Um pouco depois do pote há um local para acampar, você pode usá-lo, caso esteja escuro e não se sinta seguro para seguir adiante e acampar no setor dos mirantes.
O acampamento utilizado fica num lajedo distante aproximadamente 1 km do pote. O local é pequeno e tem vaga somente para umas duas ou três barracas. Por ser uma área bastante exposta (sem barreiras para o vento), pegamos muito vento no dia que fomos.
A ideia desse local é ficar mais próximo aos mirantes e pegar o nascer do sol no outro dia. Existem dois mirantes: um para o lado leste (Mirante Leste), que tem vista para a cidade de Currais Novos e para a Serra do Chapéu, e outro mirante para o lado norte (Mirante Norte), com visão para o açude e a Serra da Lagoa Seca.
DIA 2 - SERRA DO PAI PEDRO À SERRA DO MINADOR
Esse dia tem uma distância total de 13 km até o destino final no acampamento na Serra do Minador. O percurso alterna algumas subidas com descidas não tão íngremes e uma descida mais forte final da Serra do Pai Pedro. Por ser grande parte do dia de descida, o dia não fica tão pesado para a subida final da Serra do Minador. A caminhada foi dividida com a descida do Pai Pedro na parte da manhã e subida do Minador à tarde.
O começo do dia tem a ida aos mirantes nomeados no tracklog como Mirante Oeste e Mirante Norte e uma segunda ida até o pote para abastecimento de água do dia. Antes de ir para o pote, deixamos as mochilas escondidas na sombra de uma mata. Peguei 2 litros e meio de água para ir até o próximo ponto de água do dia que fica na comunidade de Gargalheiras.
A trilha segue bem tranquila por cima da serra por entre uma bela mata de Caatinga. A trilha é bastante demarcada e bem aberta sem apresentar problemas para caminhar. Preste atenção às bifurcações desse dia marcadas ao longo do percurso. A descida da serra é bem íngreme e segue até chegar por trás da Serra das Cruzes e a Serra das Cambucas.
Chegamos na comunidade Gargalheiras por volta das 13h onde podemos descansar e esperar o horário mais frio do dia para continuar a caminhada. A cidade dispõe de opções de almoço caso prefira almoçar. Abastecemos a água na Venda de Janeide e seguimos às 15h para o acampamento na Serra do Minador.
O acesso à subida do Minador passa antes por uma porteira ao lado da estrada que se encontrava fechada. A trilha segue por uma estrada carroçável até chegar numa escada de concreto. Antes das escadas, pegue à esquerda para continuar na trilha. Durante a subida, aproveite ao longo do caminho os dois mirantes para o açude Gargalheiras.
Após a subida, chegamos ao acampamento com tempo para aproveitar ainda os outros dois mirantes mais altos. Esses mirantes são próximos ao local do acampamento sendo um deles com visão para o açude e o outro com vista para o por do sol.
DIA 3 - SERRA DO MINADOR À ANDINHO DE BULHÕES
O objetivo deste dia é fazer o ataque à Serra das Cruzes na parte da manhã. Enquanto nos preparamos para descer, podemos aproveitar do acampamento uma bela visão para o nascer do sol. A volta é pelo mesmo caminho da ida.
Chegamos novamente na venda de Janeide onde deixamos as mochilas para subir a Serra das Cruzes. Nesse momento fizemos a trilha com uma mochila de ataque. A trilha segue por dentro da comunidade até chegar na parte de subida da Serra das Cruzes.
A trilha de subida segue bastante demarcada e aberta até chegar na via ferrata. A via começa num setor quando a trilha acaba e não é mais possível continuar subindo. Nesse momento, observe à direita uma área de rocha mais exposta e vá seguindo com cuidado até chegar na via ferrata.
A via ferrata possui dois lances até adentrar uma gruta por onde a trilha continua até chegar ao topo da serra. Passe por dentro da gruta e saia mais em cima já em cima da serra. A descida é pelo mesmo caminho. Lá em baixo o caminho continua até chegar de volta em Andinho de Bulhões.
CONTATOS
- Transfer de barco: Andinho de Bulhões: (84) 9 9913-0422
OBSERVAÇÕES
- Leve seu lixo de volta;
- Lembre-se, você é inteiramente responsável ao decidir e realizar a trilha. Use por sua conta em risco. As informações presentes aqui visam apenas serem informativas e auxiliares;
- Ponto de acampamento da primeira noite bastante exposto e com muito vento;
- Propriedades privadas no caminho, seja gentil e peça permissão para passagem caso encontre alguém;
- Sempre feche os colchetes, as porteiras/tronqueiras e evite danificá-los;
- A progressão da trilha depende do terreno, estado da trilha, da sua condição física, da navegação, etc. Se conheça primeiramente para poder chegar com segurança antes do final do dia no acampamento. Alguns pontos de acampamento intermediários podem ser encontrados no caminho;
- Apesar da grande presença de mata, o circuito possui algumas partes expostas ao tempo, protetor solar e chapéu são itens obrigatórios;
Parabéns pelo relato, muito bem redigido e estruturado! Senti falta das fotos, que acabei encontrando no Wikiloc.