Trekking dos Três Cumes
Um dos trekkings mais conhecidos do Pernambuco com destino ao ponto mais alto do Pernambuco em Brejo da Madre de Deus
TrekkingINFORMAÇÕES
Tipo: Trekking Organizado
Toda a logística, roteiro e navegação foram realizados pela empresa HeraldoTur (@heraldotur) da cidade de Brejo da Madre de Deus na pessoa de Higor Souza.
Guia: Opcional
Dias: 2 dias
Conquistamos os três cumes no primeiro dia e acampamos numa área de mata atlântica do platô da Serra do Ponto.
Distância: 19.5 km.
Sendo 12.7 km no primeiro dia e 6.8 km no segundo.
Altimetria Acumulada: 998m
Altitude máxima: 1202m
RELATO
Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?
Dizem que todo trekking é difícil de esquecer. Meu primeito teve como destino o ponto mais alto de Pernambuco. Uma experiência que será inesquecível em grande parte não só pela superação, mas também pelas belezas naturais ao percorrer as paisagens serranas da cidade de Brejo da Madre de Deus.
Fazer uma trilha e poder acampar durante o percurso é poder continuar imerso na natureza. Por um breve tempo ter a oportunidade de fazer parte do local. Após uma longa jornada do primeiro dia, vimos o pôr do sol de cima da serra e por ali mesmo, logo ao lado, montamos nosso abrigo. Passamos a noite dentro de uma área de mata atlântica totalmente diferente do ambiente que começamos o trekking.
O principal objetivo era chegar (subindo por uma das vias de subida da Serra do Ponto) até o pico da Boa Vista com seus 1195 metros de altitude. Apesar de estar na região do agreste Pernambucano, onde a Caatinga predomina, no topo da serra seu clima e vegetação são completamentes diferentes do seu entorno. Em grande parte devido a altura da serra.
Metros finais para chegar ao Pico da Boa vista
A Serra do Ponto constitui um maciço com vários outros picos e o Pico da Boa Vista é apenas um deles. Devido a sua extensão, um planalto se forma no topo e fica coberto por vegetação de bromélias e em alguns pontos se formam áreas de Mata Atlântica. Um cenário totalmente diferente em meio a caatinga.
Exatamente no ponto mais alto encontram-se as ruínas da Torre de Pedra, uma construção rudimentar, sem uso de argamassa, de pedras superpostas em formato de pirâmide. Construída pelo arquiteto francês Louis Léger Vauthier, estima-se que foi construída por volta de 1830. Curiosamente, cada lado da pirâmide é voltado para um dos quatro pontos cardeais.
Pirâmide de pedra construída pelo francês exatamente no ponto mais alto da Serra do Ponto
Começamos cedo no primeiro dia e o trekking durou 2 dias com acampamento no platô da Serra do Ponto. Outra opção é fazer em três dias caso comece na metade do primeiro dia. No primeiro dia passamos pela Serra da Colônia, depois Serra da Prata e finalmente terminando na Serra do Ponto, onde foi levantado o acampamento para pernoite.
Primeiro cume na Serra da Colônia
O percurso mesclou vegetação de caatinga nas partes baixas e nas partes altas das serras mata atlântica e brejos de altitude. A altitude contribuiu para a formação de uma das poucas reservas de Mara atlântica no inteior de Pernambuco.
Após uma longa caminhada, com grandes subidas e descidas, passamos por diversas propriedades rurais. Um ponto negativo desse trekking foi a dificuldade na passagem de algumas cercas entre as propriedades. Em muitas delas tivermos uma certa dificuldade e perdemos um tempo para abrir passagem e continuar a caminhada. Algo que poderia ser melhor visto pelos donos dos terrenos para contribuir com o turismo local.
Uma das propriedades privadas destinadas a criação de gado
Chegamos no platô da serra ainda com bastante tempo para aproveitar o local e a vista do entorno. Primeiro fomos ver a pirâmide de pedra e apreciamos a vista em 360° de toda a região. Nesse momento alcançamos nossa altitude de 1195 metros. Agora, era apreciar e agradecer a Deus pela oportunidade de estar ali . Em seguida, seguimos a caminhada para o local do camping e montagem das barracas.
Visão de cima da pirâmide para a região serrana de Belo Jardim
Montamos as barracas dentro de uma área de mata totalmente diferente do ambiente por onde passamos no trekking. Um outro mundo imerso numa floresta com árvores entre 5 e 10 metros de altura.
Acampamento na área de mata atlântica do platô da Serra do Ponto
Após a montagem do acampamento, nos dirigimos para o ponto de água. Levei 3 litros e já não tinha sobrado quase nada. Precisaríamos de mais água para cozinhar e também para beber no dia seguinte. Coletamos água de um buraco na rocha que fica acumulando água ao passar do tempo. Bem perto dali, fomos apreciar o pôr do sol de cima da serra. Visual recompensador!
Pôr do sol na Serra do Ponto
Enquanto escurecia, voltávamos para a mata onde passaríamos a noite. Assim que o sol se escondeu já era possível sentir a mudança brusca de temperatura, que continuou a cair até fazer 16 °C durante a madrugada (aferida em termômetro). Era frio no agreste Pernambucano em meio a Caatinga.
Platô da serra com árvore de formato curioso para o tipo de vegetação local
No acampamento era hora de preparar algo para comer. Higor, o guia de Brejo, fez o já consagrado cucuz da montanha. Enquanto ajudava-o a fazer, fui vendo ali a receita do cuscuz que levava banana, queijo coalho e coco. Como eu também havia levado equipamento de cozinha fiquei por fazer o café. O momento do jantar foi um espetáculo a parte do trekking. Tanto pela refeição como pelo compartilhamento de ideias com o Higor. Sensacional!
Fogareiro a álcool esquentando a água pro café
No outro dia levantamos o acampamento e continuamos a caminhada. Antes de começarmos a descer, ainda passamos na pirâmide de pedra e cada um jogou uma pedra sobre ela. Segundo Higor, como existem muitas pedras ao redor da pirâmide, supõe-se que muitas pedras foram retiradas em busca de possíveis objetos de valores escondidos.
Começamos a descer a Serra do Ponto em direção à pousada, nosso ponto final.
Enquanto contornávamos a serra era possível avistar o platô da serra (onde estávamos) e a garganta da serra, outro ponto bastante conhecido no turismo de aventura da cidade.
Visão da parte de baixa da Serra do Ponto mostrando o local do pôr do sol e a garganta da serra
Ponto final com sensação de dever cumprido e agradecido a Deus pela oportunidade de vivenciar a natureza dessa forma.










Nossa, como é bom ver as aventuras (trekking) do nordeste aqui. Achei irado demais!!
Que bacana! Demais mesmo conhecer os trekkings no nordeste! Valeu Thales!
Minha irmã e cunhado estão se mudando para João Pessoa! Opção legal pra uma "pós pandemia"!
Obrigado Bruno. Seus relatos são inspiradores. Abraços.
Obrigado Renan. Tentando contribuir um pouco por esse lados daqui. É uma boa opção mesmo.
Ainda bem que você escreveu o relato porque eu já tinha desistido! Muito detalhado e gostoso de ler.
Thales, precisa compartilhar a receita do cuscuz da montanha. 😊 Massa o relato e as fotos. 👏🌿