Essa é a terceira travessia que faço (sendo as outras duas: Laranjeiras X Funil em Bom Jardim da Serra e Cânion Palanquinhos em Caxias do Sul) e a mais desafiadora até o momento. Os primeiros 7km foram de subida com um trecho de escalada em pedra. As subidas (do primeiro dia) cessaram ao atingirmos cerca de 960m de altitude. Utilizamos o aplicativo wikiloc para seguir uma rota. Recomendo a rota do amigo Cássio Corteze que possui diversas dicas: (https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/travessia-morro-do-forno-cumeeiras-78607601).

Iniciamos a travessia às 8h45 do dia 17 de julho de 2021 na localidade de Morrinhos do Sul, mais precisamente no Morro do Forno.

Início por estrada de chão

Seguimos por cerca de 2kms por estrada de chão até entrarmos à direita em uma propriedade. Por ali andamos por uma estradinha de trator com um bom ponto de água à direita, com direito a uma pequena queda d'água. Continuamos pela estradinha até a primeira porteira da travessia.

Primeira porteira

Depois de passarmos pela porteira, seguimos por campo aberto, mas sempre subindo.

Parada pro lanche

Após uma pequena parada para comer alguma coisa e apreciar a vista que já tínhamos. Mesmo sendo ainda o início da travessia nos encontrávamos em um local alto, por volta de 550m de altitude.

Seguimos morro acima até a trilha da imagem abaixo, um trecho curto por pedras.

Depois desse trecho veio a parte mais desafiadora, a escalaminhada pelas rochas. Essa parte é demorada e requer bastante cuidado, mas é bem possível de ser feita. As vistas dali são muito bonitas e em diversas partes existem pequenos mirantes de pedras gigantes. Vale cada gota de suor!

Subida pelas rochas

Atingimos o ponto mais alto da travessia logo ao final desse trecho. Depois seguimos por um trecho de mato fechado. Sempre seguindo a rota através do wikiloc. Assim que atravessamos o mato, paramos para almoçar. Do início até ali, foram por volta de 8kms. Demorados e cansativos, mas dali pra frente a promessa era de caminhada no plano.

Seguimos em direção ao Cânion Josafaz em campo aberto, onde de longe avistamos um pessoal acampado. Devido ao horário e com o objetivo de montarmos acampamento antes do anoitecer, pensamos em ir direto ao Cânion Pedras Brancas ou até mesmo acampar no meio do caminho. Mas, após dialogarmos um instante sobre o que fazer, resolvemos manter o plano e seguir até o Josafaz. Vai saber quando teremos outra oportunidade de visitar esse lugar, não é mesmo? Nos abastecemos de água em um córrego com uma pequena cachoeira e seguimos para o Josafaz.

Cânion Josafaz

Retornando do Cânion Josafaz, encontramos um rapaz de troller, a quem pedimos a distância do Cânion Pedras Brancas. Ele nos disse que ficava por volta de 6km dali seguindo uma estrada de pedras. Como não parecia tão longe e o trecho seria na maior parte plano, resolvemos seguir até lá, apertando o passo para que chegássemos antes do anoitecer.

Deu certo, chegamos no Cânion Pedras Brancas com o Sol já se pondo, mas com tempo suficiente para montarmos acampamento.

Cânion Pedras Brancas

O local é muito bonito, com uma enorme cascata.

Cascata do Cânion Pedras Brancas

Seguimos por cerca de 1km caminhando próximo a borda do cânion e atravessando os arroios que existem no caminho. Acampamos próximo a borda em um local estratégico de frente ao nascer do Sol. Havia um pouco de vento logo que chegamos, que foi aumentando com o passar do tempo. Tínhamos ideia de fazer uma fogueira e ficar por ali antes de nos retirarmos para dormir, mas o frio e o vento não deixaram. Assim que montamos as barracas, ninguém mais quis sair. Jantei o miojão nosso de cada dia e como o dia foi puxado, logo adormeci.

Durante a madrugada o vento aumentou e choveu (por pouco tempo).

Acordamos com um belo amanhecer e muito frio, acompanhado de um vento cortante. As luvas fizeram falta, fui sentir as as pontas dos dedos novamente só depois de um bom tempo de caminhada. Nos alimentamos e logo desmontamos as barracas para iniciar o segundo e último dia. Confesso que queria ter esperado o Sol subir um pouco mais antes de sair da barraca, mas era preciso. Teríamos mais 20km pela frente.

Amanhecer no Cânion Pedras Brancas

Iniciamos a caminhada do segundo dia às 8h30. Assim que deixamos o campo característico das bordas do cânion, retornamos para a estrada que havíamos percorrido desde o Cânion Josafaz. Mas, dessa vez fomos na direção oposta.

Saída do Cânion Pedras Brancas

Pela estrada seguimos alguns kms, até entrarmos à esquerda em uma fazenda. Na foto abaixo é possível ver a entrada e circundado em vermelho está a porteira por onde passamos.

Fazenda e porteira após saída do Cânion Pedras Brancas

Após entrarmos na fazenda, seguimos por uma estrada de grama por um bom tempo, até saírmos da estrada novamente. Depois percorremos uma trilha aberta até um riacho, que atravessamos e logo entramos em uma trilha mais fechada.

Seguimos por ali e assim que começamos a subir e a trilha ficou mais aberta, avistamos o mar à esquerda. Era o ínicio das Cumeeiras!

Início Cumeeiras

O trecho das Cumeeiras é muito bonito, com belas vistas em todas as direções. Dali é possível enxergar de um lado a Serra do Pinto, o viaduto da cascata (na descida de serra que faz parte da estrada conhecida como Rota do Sol), do outro a praia de Capão da Canoa, o parque eólico e também a cidade de Capão Novo. Também é possível avistar uma cachoeira gigante que surge em meio à mata e escorre por um paredão de rocha.

Cumeeiras!

O vento, que em nenhum momento parou durante o segundo dia de travessia, era ainda mais forte ali. Em diversos momentos fomos obrigados a parar e esperar o vento diminuir para que seguíssemos. Todos fomos derrubados pelo menos uma vez pelas fortes rajadas, provenientes de um ciclone que passava pelo litoral gaúcho.

Nós nas Cumeeiras: Douglas Dessotti, Fabiane Sganzerla, Cassio Corteze e mais ao fundo, eu

Ainda nas Cumeeiras, percorremos mais um trecho de trilha fechada e logo após, novamente uma parte aberta pela crista de um morro. Ali passamos por uma porteira (onde iniciam as terras do morador conhecido como Seu Lauri).

Início das terras do Seu Lauri

Pouco depois, começamos a descer em direção a um galpão (à esquerda na imagem abaixo). Passamos por dentro dele, por duas porteiras.

Início da descida que iria terminar apenas na Rota do Sol

Seguimos em frente e logo após para a direita, descendo pela costa do morro até uma trilha por rochas. Esse foi um trecho difícil de fazer devido ao desnível e as pedras soltas, que podiam nos levar ao chão a qualquer momento. Por ali foram quase 3km descendo.

Início da descida de trilha por rochas

Em um certo momento a trilha que era estreita, se alargou. Trecho sem erro, apenas seguimos o caminho que se apresentava. Depois de 1hr mais ou menos de descida, percorremos mais um trecho curto até uma estrada de chão. Pegamos à esquerda e seguimos até uma pinguela, a qual atravessamos e saímos nas margens da Rota do Sol, pouco antes da subida da Serra do Pinto. Dali caminhamos cerca de 500m na direção oposta à serra. Nosso objetivo final era a Tenda do Jajá, de onde seríamos "resgatados" pelo pai do amigo Cássio.

Com o objetivo alcançado, concluímos a travessia por volta das 17h.

Pinguela que leva até a Rota do Sol

Gostaria de agradecer aos amigos Douglas Dessotti, Cássio Corteze e Fabiane Sganzerla que realizaram a travessia comigo. Agradecer também aos pais do Cassio pela ótima recepção, com café da manhã (com manteiga de gergelim hahah) e pela carona até o Morro do Forno e pelo resgate na Tenda do Jajá. Muito agradecido!

Travessia mais do que recomendada. Desafiadora em certos momentos e de vistas incríveis!