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Trilhas Perdidas 19/10/2016 20:00
    Vale das Sombras

    Vale das Sombras

    As expedições para adentraram o fantástico Vale das Sombras, encravado no Espigão Mestre de Goiás.

    Quando o sol abriu uma brecha nas nuvens acinzentadas de novembro, sabíamos que este era o sinal verde que precisávamos. As chuvas já estavam caindo há algum tempo e os córregos da região já deveriam estar razoavelmente cheios. As mochilas estavam prontas para aquela que seria a nossa primeira expedição exploratória na Serra Geral de Goiás.

    Para quem não conhece, a Serra Geral de Goiás sofre muito com a época de estiagem. Entre junho e outubro, tudo parece ficar alaranjado, em tons pasteis. As águas secam. A natureza parece entrar em extinção por lá. Mas só parece: em novembro as chuvas trazem de volta a vida. Subitamente, matas verdes cobrem os vales intrincheirados da Serra; leitos inundam-se com águas turvas. Nenhum segredo para quem vive nas regiões centrais do Brasil: esse é o ciclo interminável do cerrado.

    Quando chegamos na fazenda base, encontramos uma senhora compreensivelmente relutante em nos receber. Visitantes não eram, afinal, muito comuns por ali. Perguntamos sobre a existência de uma cachoeira nos confins do vale logo adiante, mas ela nunca tinha ouvido falar. E sinceramente esta é a melhor sensação: saber que nem mesmo os moradores mais próximos sabem da existência de algo tão interessante em suas propriedades.

    O plano era andar 6km para alcançar a cachoeira. Seriam 12km no total, com boa parte da caminhada no leito do córrego Maomé. Na prática, foram cerca de 20km percorridos no mesmo dia. Os primeiros quilômetros são em uma trilha batida e larga, sempre ao lado do córrego. Eventualmente, é preciso andar no leito. Mas naquela época, as chuvas tinha tornado a água amarronzada e turva. E andar em águas turvas não é algo tão agradável.

    O pasto adentra por certa distância no vale, mas aos poucos vai cedendo lugar ao cerrado. Lá na frente, após alguns quilômetros de caminhada, tomamos uma bifurcação à direita. Era a etapa final, mas um tanto demorada. Andar pela água era obrigatório. Para a nossa surpresa, a cor da água não tinah sido muito influenciada pelas chuvas recentes: elas estavam com ótima transparência. Presseguimos por horas no leito, eventualmente parando em pequenos poços e passando por uma mata ciliar bem preservada. Tudo estava indo bem até que tivemos um inesperado e perigoso encontro: uma cascável das mais gordas prestes a dar um bote.

    Aquela cobra estava realmente perto de nós. Três membros da equipe passaram a poucos metros dela e ninguém viu. Felizmente nada aconteceu. Um susto divertido...

    Já estávamos bem próximos da cachoeira. Chegamos num pequeno canion que permitia a passagem nadando por suas águas confinadas. Cânion do Gorila, para ser mais exato. Observe na foto acima o formato da pedra mais a direita (primeira foto).

    Logo após o Canion do Gorila, chegamos na primeira cachoeira. Não era muito alta, mas tinha um bom poço. De qualquer forma, era preciso escalar o barranco ao lado dela para chegar na cachoeira principal. O fizemos com a ajuda das raízes das árvores ao redor. No topo já era possível ver o alto da enorme cachoeira adiante. Mais alguns metros e estaríamos lá.

    Chamamos a cachoeira de Cachoeira do Vale da Sombra. O motivo é simples: primeiro porque as imagens de satélite estavam um tanto obstruídas por conta de uma nuvem gigante que cobria a região no momento em que o satélite trabalhava; segundo porque realmente o caminho é repleto de lugares fechados pela mata ciliar. Enfim, ali estava aquela enorme cachoeira, beirando os 90 metros de altura.

    Até hoje fizemos 2 incursões por baixo e 1 por cima. E por cima, como não é incomum, encontramos outras quedas menores.

    (Fotografias de Fred Garcez, Raissa Fraga e/ou Tarcizio Junior)

    Trilhas Perdidas
    Trilhas Perdidas

    Publicado em 19/10/2016 20:00

    Realizada de 02/02/2016 até 23/07/2016

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    Trilhas Perdidas

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    Brasília - DF

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