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Vgn Vagner 04/09/2021 16:22
    Circuito dos Vales: Travessia Rio Piassaguera x Rio Perequê

    Circuito dos Vales: Travessia Rio Piassaguera x Rio Perequê

    Dificuldade: extremamente alta Navegação: 10% de trilha / 90% rio e vara mato Duração: 3 dias, com 3 pernoites Serra do Mar Paulista

    Trekking Cachoeira Cânion

    Travessia Rio Piassaguera x Rio Perequê

    Cronograma:
    Rio Pequeno x Pico Piassaguera x Rio Piassaguera x Rio Piassa-Mirim x Morro das Lágrimas x Vale Nordeste x Rio Perequê.

    Percurso: 29 milhas

    Duração: 3 dias e 3 noites

    Dificuldade: extremamente alta

    Navegação: 10% trilha, 90% rio e vara mato

    Participantes:
    Beatriz Yoshioka
    Júlio Ronchese Kalidon
    AlbuquerqueR

    Lucas Pereira

    Ricardo Tebas

    Robert Zion
    Vgn Vagner


    Relato:

    Foi tudo muito de repente. Quando começou umas das partes mais difíceis: a distribuição de mensagens aos montes pra galera que poderia estar disponível durante uma semana e obter sucesso no recrutamento. Era uma quinta feira de agosto, e a pretensão de começarmos para a expedição era para a próxima segunda feira. O Projeto já estava arquivado há algum tempo. Pois, cheguei a marcar data e formei um grupo para isso, mas o mesmo se desmanchou no dia de colocar a mochila nas costas. Isso me deixou frustrado pra caramba! Mas mantive a esperança de que mais cedo ou mais tarde, tentaria novamente...

    Rio Grande da Serra, 23 de Agosto, Padaria Barcelona, ​​às 20h30. Esse era o planejado para o encontro geral. Mas como tudo foi combinado encima da hora, inclusive a formação do tempo para tal feito, era certo que imprevistos seriam adicionados a todo instante... Mudamos o ponto de encontro na hora de sairmos de casa (de Rio Grande da Serra para Ribeirão Pires ). O celular do Lucas era uma porcaria, não recebia áudios no whatsapp, não atendia ligações, não fazia chamadas... na verdade, só servia pra fazer peso na mochila. Avisamos como deu, mas ele não pode receber essa informação.Então o bonitão foi nos esperar em Rio Grande da Serra mesmo, e quando pode ir para Ribeirão Pires, o esperto saiu pela catraca da estação, não nos viu, e pagou nova passagem para voltar para RGS. Só daí que ele viu as mensagens finais, e teve que sair de novo para nos encontrar kkkk. Atrasou quase duas horas. Dona Beatriz também atrasou bastante. Chegou toda tímida, de cabeça baixa, cumprimentando cada um com um aperto de mão. O bom é que a resenha em frente ao Habbib's estava boa. Nem estávamos nos preocupando com o tempo.


    A princípio iríamos pegar um Uber/Táxi/99, mas o Júlio arranjou um irmão (Robert Zion) que recebemos que nossa ida até o Rancho do Rubinho fosse no carro dele, mas estava em sete pessoas, e sem condições de receber um outro carro , a não ser se a gente chamasse um carro de aplicativo. Mas acabou que fomos todos os 7, com nossas 7 cargueiras num carro só. Com Júlio e Kalidon no porta malas. kkk

    Era perto da meia noite quando deixamos o carro no estacionamento e iniciamos nossa jornada. Caminhamos durante 1h até o Poço dos 7 Tubos, armamos um bivak apenas com um plástico grande, Tebas e Lucas esticaram suas redes. Mas como a árvore que o Lucas usava começou a estalar, ele também se jogou no bivak. Era noite de lua cheia e céu sem nuvens com temperatura baixa pra caramba, e por estarmos ao relento, ao lado da água, passamos um frio lascada durante a madrugada. Mal consegui dormir.
    Acordamos às 6h da matina, ajeitando nossas coisas e partimos às 7h. Logo abandonamos o histórico Caminho do Sal, nos embrenhamos no mato pra logo em seguida encharcar nossas botas no calmo leito do Rio Pequeno. Assim que pisarmos nele, como se estivesse pressentindo, propus ao grupo um terceiro dia para a conclusão da travessia com mais folgas, proveito e segurança. Por não terem compromissos no dia seguinte, todos toparam.
    A subida pelo Rio Pequeno, mesmo que a contrafluxo e sem trilhar pelas margens, foi super tranquila, com água rasa que dificilmente chegava à altura dos mexicanos. Não posso muito. Por isso tocamos num ritmo constante durante 2h20 a base do Pico Piassaguera, onde a vala do Rio já se encontra seco. Ali gastamos um longo tempo conversando e comendo. Logo em seguida, quando chegamos ao selado (uma cratera) que separa o Pico Piassaguera do Rio que leva o mesmo nome, largamos nossas mochilas ao chão e começamos a subir forte, agora por trilha já batida, a face sul da montanha. Em impressionantes cinco minutos nossos olhos já estavam esbugalhados diante do amplo visual de 360° que o cume proporciona. Kalidon e Tebas já haviam pisado ali antes, mas com visual comprometido. Dessa vez, mesmo que com uma fina camada de neblina, podiam(os) ver muitas paisagens lá do alto. A notoriedade que o gigantesco rasgo do Rio Piassaguera estampa no cenário intimida. Cubatão e seu polo industrial se estendem aos pés da Serra. Mais a frente era possível ver a baía portuária de Santos. À direita da Torre da Usina Henry Borden (Caminhos do Mar) chamou a atenção se destacando junto às pontas das montanhas entre as nuvens. Já à esquerda, um tapete de nuvens embeleza os vales dos rios Jurubatuba, Quilombo e Mogi. Um compilado que alegrava os olhos. Foram fotos atrás de fotos, e lá se foi mais uma longa e merecida pausa para animar o grupo. À direita da Torre da Usina Henry Borden (Caminhos do Mar) chamou a atenção se destacando junto às pontas das montanhas entre as nuvens. Já à esquerda, um tapete de nuvens embeleza os vales dos rios Jurubatuba, Quilombo e Mogi. Um compilado que alegrava os olhos. Foram fotos atrás de fotos, e lá se foi mais uma longa e merecida pausa para animar o grupo. À direita da Torre da Usina Henry Borden (Caminhos do Mar) chamou a atenção se destacando junto às pontas das montanhas entre as nuvens. Já à esquerda, um tapete de nuvens embeleza os vales dos rios Jurubatuba, Quilombo e Mogi. Um compilado que alegrava os olhos. Foram fotos atrás de fotos, e lá se foi mais uma longa e merecida pausa para animar o grupo.
    Quando descemos já estávamos todos cientes de que, a partir daquele momento, todos nós teríamos que se vestir de coragem, e arregaçar as mangas, pois estávamos prestes a entrar na zona de perigo.

    Para acessar o Vale do Rio Piassaguera, peguei infos com um grupo de amigos que, uns 4 meses antes, havia realizado a Travessia até Cubatão, tendo como saída os esgotos das indústrias da baixada. Estando na dianteira do nosso grupo, tentei colocar as dicas em prática, mas isso nos levaria a abrir um vara mato de aproximadamente meia hora, quarenta minutos para oeste. Até chegamos a iniciar algo nessa direção, mas, em menos de 10 min vislumbrei uma rota que julguei favorável e embiquei nosso bando para sudoeste, fundo do vale. Tivemos que vencer um desnível bastante acentuado, com vegetações de todos os tipos nos agarrando e, como ajuda, evitando uma descida desenfreada. Mas quando faltavam certo de 8 metros para pisarmos em terra firme no vale acabaram as vegetações por onde segurar. O clima ficou tenso em questão de segundos. Cada respiro se dava com cautela para evitar escorregões com graves acidentes. Pois uma queda daquela altura poderia até não matar, mas que quebraria alguns ossos, ah isso sim era fácil. Por medida de segurança geral íamos largando as mochilas aos que já estavam embaixo, e fazendo uma espécie de escada humana como suporte para os últimos. Assim tudo se resolveu bem, e o primeiro grande obstáculo foi deixado para trás.
    Dali pra frente, ainda na calha seca do rio, foi mais tranquilo. O Vale do Piassaguera não exige esforço físico exagerado, desce inicialmente estreito, com forte declive e pouca vasão de água. Sem a oferta de muitas cachoeiras dentre seu leito. É um pula pedra lascado por quase toda a descida. Atividade repetitiva por quase 5h direto (das 10h30 às 15h10), mas sem grandes dificuldades. Batemos esse tempo quando chegamos no desafio seguinte: subir o Rio Piassa-Mirim. Rio este que, visto por imagens de satélites, é recheado de cachoeiras. Uma delas bastante grande por sinal.

    Pulamos pra lateral esquerda da "Cachoeira do Tronco" deixando o Piassaguera para trás. Logo em seguida teve uma sequência incrível de lindas cachoeiras com poços cristalinos chamando a gente pra tirar o suor do corpo. E assim foi. A cada cachoeira um poço, a cada poço um banho, e a diversão se repetiu por umas cinco vezes mais ou menos. Até que chegamos numa cachoeira que, para vencê-la, só vimos continuidade pela direita. Subimos o barranco varando mato, imaginando que logo em seguida voltaríamos para o Rio, mas esse vara mato, sem a gente desconfiar, já era nosso segundo grande desafio na travessia. Uma garganta extensa e extremamente alta ia ganhando forma com paredões gigantes que não nos permitia retornar ao rio. A solução era seguir na diagonal, subindo cada vez mais e mais. E a subida parecia não ter fim. Já passávamos dos 30 metros acima do rio. Nesse momento Júlio e Kalidon eram os volantes, e por serem "inumanos" passaram por uma espécie de Afluente vertical sem agarras visíveis para se segurarem. Na sequência ia Lucas e Tebas que não quiseram arriscar despencar por aquele caminho e abriram/seguiram por um novo, mais seguro. Robert também tentou, mas também não viu meios de prosseguir e voltou. Seguimos por uma piramba inclinada demais, sem muitos lugares para segurar. Aliás, por onde eles passaram arrancaram todo o suporte para quem viria logo atrás (eu, Bea e Robert). Nessa hora a Bea já xingava até o vento que chacoalhava as copas das árvores... Negócio de doido, rolê de fdp, nunca mais faço isso... e por aí vai. Mas não eram xingamentos de raiva, eram de pura tensão, medo e insegurança. E quando nos vimos presos, tentando descer às beiras de um precipício o psicológico dela apresentou o primeiro entrave:

    - Vegê, eu não vou conseguir! Eu vou cair. Olha a altura disso aqui, mano! - falava com os olhos arregalados e tremendo.

    - calma, Bea. Confie em mim. Você não está sozinha. Você consegue - eu tentando acalma-la.

    Me virei e revirei, mas não vi nenhum jeito de descer sem utilizar a corda que, para o nosso bem, estava na mochila dela. Era um trecho valendo vida. Se alguém caísse, já era.
    Lançamos a corda em volta da árvore e desci primeiro. Mas não tinha como ajudá-la a descer. A distância não permitia. Era ela por ela mesma. E foi carregada de adrenalina, cheia de medo e insegurança, que ela se lançou para baixo, onde pude segura-la apoiando nosso peso em um único arbusto que estava mais próximo, travando meus pés. De bate e pronto a emoção explodiu em seu corpo, e ela não pode segurar o choro abafado pelas mãos que levou ao rosto. Dizendo que só pensava que iria morrer. Foi tenso!
    Por último veio Robert, com toda sua grande experiência em rapel, recolhendo a corda. Depois de cinco minutinhos de respiro, ela se recompôs e pudemos prosseguir.
    Não tardou muito, Júlio gritava eufórico com a o tamanho da cachoeira que acabávamos encontrar. Era uma grande queda dágua, com seus aproximados 50 metros de altura, protegida por paredões em toda sua volta. De onde estávamos, parados na ponta de um penhasco, pudemos vê-la parcialmente apenas e observar que a base da mesma estava inacessível para qualquer um de nós naquele momento. Até por que o relógio já acusava 17h. Tínhamos que "correr" contra o tempo para acessarmos o fundo do vale novamente já atentos em possíveis áreas para passarmos a noite.
    O bom foi que não demorou para essa área aparecer a nossa direita. Estabelecemos nosso acampamento, cozinhamos para forrar nossos buchos que rugiam de fome. E enquanto o sono não batia, vira e mexe alguém do grupo chegava mais próximo ada Bea para jogar uma conversa fora, dar uma risada ou outra. E isso acabava lhe fazendo bem, confortava ela em meio ao grupo.
    Passamos uma noite muito diferente da noite anterior. Tivemos uma madrugada de calor, sem mosquitos e com uma linda lua cheia brilhando "no teto."
    Às 6h20 eu já ia de rede em rede acordar um por um pra não gerar aquele atraso costumeiro que sempre rola após os pernoites em acampamento.
    Desmontamos tudo, tomamos café, e, às 8h45 demos os primeiros passo do dia. Fomos subindo sem grandes dificuldades, como se estivessemos revivendo a parte da tarde do dia anterior. Subimos escalando cachoeiras até o momento em que percebi o rio repentinamente ficar menos volumoso. Comentei com Kalidon (que ganhou o posto de navegador oficial do grupo, rs) que parecíamos estar numa espécie de ilha. Que nosso rio de interesse estava mais a direita. Conferindo no GPS, a desconfiança não era atoa. Por uma leve distração, pegamos um Afluente e saímos da rota. Mas tudo foi corrigido com um vara mato bastante fácil, e bem aberto. Nos guiamos para voltar ao rio bem onde o mapa mostrava o que seriam duas grandes cachoeiras. Mas, para nossa "decepção", eram duas corredeiras em sequência. O bom foi retomar nossa aventura sobre a rota original.

    O rio foi se estreitando, perdendo volume d'água e se mostrando pedregoso. Logo já estávamos na nascente do Piassa-Mirim. Prestes a deixar para trás mais um vale que encanta em beleza, para iniciarmos mais um episódio tenso de nossa odisseia...

    ...Uma parede se ergueu a nossa frente, sem deixar qualquer via de passagem. Fomos obrigados a varar mato sempre para esquerda tentando alcançar o topo da crista que separa as nascentes Piassa-Mirim x Vale Nordeste. Mas para isso tivemos um desgaste físico absurdo. Era sol das 13h fritando nossos miolos enquanto esticavamos nossos braços para agarrar qualquer coisa que fosse firme o suficiente para suportar nosso peso junto ao peso das cargueiras grudadas nas costas enquanto a gravidade se pendurava em nossas botas querendo nos puxar para baixo. Quanto mais a gente subia, mais éramos jogamos para esquerda. Em certo ponto o paredão se tornou um penhasco onde eu (o último da tropa naquele momento) olhava para baixo e não enxergava uma árvore para apoiar caso alguém caísse, só conseguia ver a morte, caso alguém caísse dali de onde estávamos pendurados. Até tinham trechos em que estávamos seguros. Mas teve um trecho...


    ...a galera já estava adiantada, avançando com menor dificuldade, mas, escalando pela vegetação rasteira não deixavam nada pelo caminho onde pudéssemos rastreá-los. Apenas rochas expostas com terra solta. Era notável que aquela situação amedrontava Bea. Eu a via tremer e resmungar baixinho, como se questionasse: o quê que eu tô fazendo aqui? Mesmo assim tentou por diversas vezes vencer o obstáculo que desfavorecia sua altura. Até que se virou pra mim...

    - Vegê, eu vou voltar! - disse com auto reprovação.

    - voltar pra onde, menina? Não tem pra onde voltar. O caminho é esse! - respondo com calma.

    - eu não consigo subir, Vegê! Eu não alcanço. Não dá! Olha pra baixo, se eu cair aqui eu vou morrer, mano! - insistia.

    - você ainda não percebeu que sou seu braço? Tô aqui pra te ajudar, Bea. Confia em mim, você não está sozinha. Eu te ajuda! - foi como pude ajudá-la moralmente.

    Tive que usar meu poder de persuasão sem saber que dispunha do mesmo (rs) para incentivar aquela menina de pouca estatura querer subir, apenas subir aquela ribanceira.
    O ruim era que não poderia vir ajuda de quem estava na parte de cima. Não havia onde se apoiarem para isso, muito menos ancorar cordas para puxa-la. O único apoio que pude oferecer foi sustentar seus pés e pernas para que ela pudesse se alavancar até onde estivesse segura.
    Depois de um grande sufoco, subi logo em seguida, e estando sentada no topo do morro que escalamos, Bea dizia que eramos loucos, que aquilo era coisa de retardado (tremia de nervosa), e, num lapso de emoções, com a camiseta encharcada de suor, começou a chorar copiosamente. E isso a fez bem, para amenizar os ânimos que a envolviam. E uma longo pausa se fez necessária por ali.
    No ápice do nervosismo todo fumante quer o quê? "Carburar!" E só restava chá de camomila a preparar. Então, a Bea, ainda com lágrimas nos olhos, jogou a erva seca numa seda e se pôs a fumar, tragando a paz interior que ela tanto precisava, rs. E foi daí que, entre risos e desabafos, batizamos aquele cume de MORRO DAS LÁGRIMAS DE CAMOMILA. rs Um pico com abertura visual de 180°, mais alto do que o próprio Pico Piassaguera.

    Já era 15h quando retomamos nosso vara mato no alto da crista. A direção e a navegação estavam excelentes. Só restava vencer a mata que nos obrigava um ritmo lento. Mas caminhar sobre uma curva de nível plana estava até agradável. Bom era que o pesadelo já havia ficado para trás. O que preocupava era o simples fato de que teríamos que pernoitar no Vale Nordeste, onde seu formato é totalmente em "V" com paredes dos dois lados, impossibilitando montagem de acampamento nas margens de seu curso.
    Novamente no front da tropa, quando avistei um pequeno vale avisei o Kalidon, que aferiu no GPS que logo após tal vale deveríamos cair pra esquerda. Chegando lá, torcendo para que não fosse um vale seco, pois a sede já colava a garganta, confidenciei com nosso navegador que suspeitava fortemente que ali, onde a água nascia e corria na espessura de um dedo, fosse a nascente do Rio do Vale Nordeste. Então decidimos descer por aquela calha de Rio até algum ponto mais favorável. Não tardou muito, e a confirmação veio:

    - pode crer, estamos no Vale Nordeste! - confirmou nosso navegador.

    A descida daquele vale é super tranquila. Sim, é um rio extenso, sem grande desnível. Possui apenas duas cachoeiras. Num passado recente alguns de nós Já havíamos passado por ali. Estávamos nos sentindo em casa. O único entrave mesmo seria um local para pernoite. Mas combinamos de parar na primeira área que comportasse todos. Quando bateu por volta das 16h40 entramos num Afluente que vinha da esquerda, e ali foi nosso hotel 5 estrelas, com água potável ao nosso alcance, "quartos planos e espaçosos". Perfeito para tudo. Depois de bem instalados, fizemos um catadão, um coletivão de tudo o que todos tinham para cozinhar. Pois, como o plano inicial era para dois dias, um pernoite a mais extinguiu a comidade alguns. Mas o que conseguimos reunir foi o suficiente para todos se alimentarem. Aquela reunião de todos na hora da janta foi de grande valia moral e afetiva para o grupo. Foi muito satisfatório ver que todos estavam ali, unidos e felizes conversando e rindo por horas.
    Tivemos mais uma noite quente e agradável, porém, com muita ventania.
    Na manhã seguinte, comecei um dia sem sorte. Após o café, enquanto todos recolhiam seus equipamentos sem pressa, fui procurar um lugar afastado para "adubar o solo." E encontrei um lugar até que agradável e discreto. Depois do serviço realizado com sucesso, quando me levante e iniciei meu caminhar... Pléeeft! Senti algo pastoso e nojento na sola do meu pé (eu estava só de meias). Só consegui gritar na direção da galera: QUEM FOI O FILHO DA PUTA??? O Lucas começou a se rachar de tanto dar risada, e a galera não entendeu. Mas só com minha pergunta ele já sabia que eu tinha enfiado o pé bem em cheio na bosta que ele descarregou, mas não enterrou. Que nojo! Uurghh!

    Saimos às 9h. Fomos descendo tranquilos, nos encantando com a cor daquela água. Poços verde esmeralda iam aparecendo pelo caminho, convidando, inevitavelmente, para um bom banho. Mas teve gente "sujinha" que se recusava aos tibuns, rs.
    Após a primeira cachoeira tivemos um trecho técnico, que deixou nossa guerreirinha apreensiva, mas a tranquilizei dizendo que aquele seria o último naquele vale. A Cachoeira da Pedra Entalada é fácil de contornar. Depois não há grandes obstáculos. Então só tinha poço atrás de poço pra nos dar um refresco naquele calorão.
    Ao meio dia apontamos na confluência com o Rio Perequê. Ali sim, eu já me sentia completamente em casa. E sendo assim, nada mais justo do que brincarmos no quintal de nossa casa. No 4° Patamar da Cachoeira da Torre tiramos muitas fotos, nadamos demais, saltamos das pedras mais altas direto no poção, fizemos graças e cozinhamos o que tinha da xepa. Depois escalamos a face da direita (Bea apreensiva, rs) para irmos ao próximo patamar, que é um cânion GIGANTESCO, INDISCRITIVELMENTE LINDO E IMPONENTE. Por lá também pulamos no poção na base da cachoeira, nadamos, clicamos e, por mais que a gente achasse aquele lugar bonito ainda era pouco. A nossa pequenez era gigante diante de tudo aquilo.
    Na hora de partir, demos início a uma nova escala, dessa vez mais arriscada e perigosa, pela rota que meu amigo Daniel Trovo batizou como ROTA VGN (insana). Mas, conforme íamos ganhando altitude, mais eu fugia da rota. Pois um acidente grave/fatal ali é muito fácil de acontecer. Como já aconteceu!
    O caminho que tomamos estava seguro, sobre degraus em pedras soltas e matos para suporte. Quando conseguimos avançar degraus com terra caindo nos olhos de quem vinha em fila, já estávamos bastante seguros. E, não tardou para sairmos na trilha ingrime que leva aventureiros a fazerem a travessia Torre x Perequê. Descansamos um tanto, retomamos a caminhada cansativa naquela subida que parecia ser a pior do mundo (estávamos cansados).
    Chegamos na cabeceira da Cachoeira da Torre para mirar aquele buracão imenso e admirar o Vale Nordeste bem na nossa frente, felizes por termos realizados algo tão grandioso, com alto grau de dificuldade e termos saído de lá todos bem fisicamente, sem acidentes.
    Seguimos pelas margens do Rio do Ouro até chegarmos na trilha que leva até a estrada de terra, depois ao Rancho do Rubinho. Onde trocamos de roupas, tomamos uma brejinha, pegamos o carro e fomos ao Habbib's comemorar nossa vitória a fome hehehe, e dar como fecharda uma das mais insanas e incríveis aventuras que experimentaram realizar.

    Só agradeça! 🙏🏽 (Gratiluz kkk)

    Vgn Vagner
    Vgn Vagner

    Publicado em 04/09/2021 16:22

    Realizada de 23/08/2021 até 26/08/2021

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    4 Comentários
    Kalidon Albuquerque 04/09/2021 19:11

    Sensacional participar dessa empreitada com vcs, aventura total. Só agradece pelo convite 👊🏻👊🏻🤘🏻

    Vgn Vagner 05/09/2021 08:54

    A gratidão é toda minha, por aceitarem a proposta e encarar o desafio, todos juntos! 👊🏽😜

    Régis Ferreira 05/09/2021 10:03

    Parabéns pelo relato Mano VG. Que narrativa prazerosa de ler, me senti no ambiente e no calor do grupo..!! Galera mandou bem na travessia. Um abraço do Régis.

    Vgn Vagner 05/09/2021 14:03

    Oooh Rejão, gratidão pela atenção ao relato, meu amigo. Foi uma pena você não poder ter ido com a gente! Forte abraço

    Vgn Vagner

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