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Vgn Vagner 30/01/2023 08:23
    Expedição Selvagem - Afluente dos Macacos x Rio Juquiá

    Expedição Selvagem - Afluente dos Macacos x Rio Juquiá

    Uma travessia de alto nível técnico e risco de morte.

    Trekking Canionismo Cânion

    Expedição Selvagem:Afluente dos Macacos x Rio Juquiá (Embu-guaçú x Itanhaém/SP)

    Dados técnicos:

    Distância: 30 km aproximadamente

    Navegação: muito difícil

    Técnica: alta

    Dificuldade: extrema

    Esforço físico: extremo

    Risco de morte: constante

    Epi's: capacete, colete salva vidas, perneiras, corda de 40 mts, rádio comunicador.

    PREFÁCIO:

    Tenho amigos que dizem que, as vezes, tenho ideias de um louco Suicida. E, quando se trata da ideia inicial deste projeto, tenho que concordar! Olhando o mapa por satélite, no meio do ano de 2022, mostrei minhas ideias a um amigo. A sugestões consistiam em:

    1 - descer o Vale da Preguiça, subir o Vale dos Macacos até as primeiras cachoeiras, voltar e concluir o primeiro Rio até Itanhaém (em 3 dias);

    2 - descer o Preguiça, subir o Macacos até o topo, varar mato na parte alta até encontrar o Rio Laranja Azeda/Mambú e desce-lo até a barragem de mesmo nome (isso gastaria uns 5 dias);

    Expus as ideias em um grupo de amigos, que se animaram com a primeira opção. Agilizamos datas e time. Na data prevista uma mudança no clima me fez colocar os planos na gaveta. Foi aí que entrou o projeto que realmente do executado.

    Voltando a conversar sobre tal expedição no grupo de exploradores via WhatsApp, meu/nosso amigo João Arruda, um devorador de mapas, veio com um arquivo de traçado de um pequeno grupo que havia tentado acessar o Afluente dos Macacos há quase uma década atrás, vindo por cima, desde as nascentes, utilizando como via uma antiga estrada que cortava o planalto e sumia no meio da mata. Conversamos bastante sobre. Ele veio com um traçado a partir do que haviam tentado em outrora, mas o traço que ele fez um circuito circular que, ao invés de descer para o litoral, se voltava subindo até o Vale da Preguiça até a cachoeira do Funil. O traço chegou até a imensa calha do rio, e, a partir dali eu queria tomar um rumo diferente. Então ficou fácil dar continuidade na rota, juntando com tracks do Vale da Preguiça. Pronto, um novo plano estava formado. Era só esperar uma boa janela no tempo, estuar uma boa logística (pois o lugar é horrível de chegar), montar um time disposto a comprar a ideia arriscando a própria vida e ir buscar algo novo para o mundo das aventuras pela Serra do Mar Paulista.

    RELATO:

    Havia 39 anos que não tínhamos um janeiro tão chuvoso e frio como o de 2023. A primeira quinzena inteiramente foi chuvosa e fria, impossibilitado toda e qualquer expedição pela Serra do Mar Paulista. Fiquei atento. Quando o dilúvio estava por finalizar, consultei o clima e pensei: é agora! Muito calor com zero chances de chuvas.

    Convoquei uma tropa de exploradores. O que pude extrair de melhor foi: Ari de Oliveira, David (Trilheiros Insanos), Kalidon Albuquerque, Tony Eduardo, Vgn Vagner, Vitória Bono e Wellington Ribeiro. As datas: 13, 14 e 15 de Janeiro de 2023.

    Era sexta feira 13. E, de acordo com as superstições de muitos, dia de azar...

    Nos encontramos na Estação Capão Redondo, às 21h25, prestes a perder o último ônibus (lotado) que partiria para Embú-guaçú. Foi 1h de viagem vendo uma chuva cair cada vez mais forte até lá, onde tivemos que pegar mais um ônibus (Santa Rita) até o trevo do Bairro.

    Quando descemos do primeiro busão, ainda caía chuva forte. Perguntamos para uma senhora sobre o Sta Rita. Ele disse que também esperava por ele. Enquanto nos acolhemos sob a faixada da Padaria Provincial, apenas o David ficou proseando com a senhorinha. Mas, de repente ele me chama:

    - Vegê, escuta o que essa senhora está falando sobre o lugar;

    Ela assombrava a mente do David dizendo que aquele lugar era do mau, perigoso demais, que havia muita gente ruim à espreita esperando Trilheiros passarem pela estrada escura e deserta para fazer o barbaridades. Ela morava na região desde sua nascença, e que já havia noticiado muitos casos de maldade nos arredores. Inclusive o "CASO CHAMPINHA." (Estupro e morte de um casal que foi acampar sozinhos praquelas bandas), de quem dizia ter sido inspetora no período de escola.

    Durante toda a conversa ela reforçava: VOCÊS TOMA CUIDADO. Não deixem essa mocinha sozinha. A frase virou même durante toda a expedição kkk. Com um certo tom de sarcasmo, ela disse: está chovendo horrores em Santa Rita. Só faltou aquela risada maligna de bruxa para dar mais ar de horripilante ao clima. hahaha.

    Quando descemos no trevo de Sta Rita a chuva era forte. Teríamos que andar sob ela por cerca de 1h40, ou mais, até encontrar algum lugar o menos péssimo possível para acampar. Tudo era breu, escuridão total para todos os lados. Só nossas lanterna conseguiam denunciar o desânimo estampado na cara de cada um. Principalmente do Tony, que já tinha um bico do tamanho da mochila kkk. Pois na tinha o que fazer. Ficar parado sob a cobertura do ponto de ônibus onde mal cabia todos de pé não era opção. Marchamos desanimados mesmo. Mas, pra nossa sorte, assim que entramos pela estrada de terra, 200 mts depois da partida, apareceram algumas fachadas. A sintonia do grupo já foi começando se ajustar a partir dali. Tony Bicudo "nem deu seta" kkk, desesperado para abortar a caminhada penosa, chegou afundando os pés na área alagada de uma casa abandonada à esquerda da estrada, ondes tinham alguns cachorros e uma cadela com filhotes se protegendo da chuva. Pensamos muito em pernoitar ali mesmo, mas, do outro lado da rua, quase meia noite, o David já batia palmas acordando os moradores de uma casa+depósito de material de construção para pedir permissão para passarmos a noite debaixo do beiral deles. E, graças a Deus a permissão veio. Esticamos nossos sacos de dormir sobre o concreto, tomamos um café que o Ari passou enquanto papagaiávamos. Rimos muito, mas rimos muito mesmo, papo de doer a barriga e chorar de tanto rir com os assombros que o David demonstrava ter sofrido com a conversa daquela senhora. Choveu a noite inteira.

    Acordamos às 5 e tantas da manhã, comemos algo, recolhemos nossas tralhas e saímos na caminhada às 6h. Caminhamos em ritmo forte pela longa estrada de terra por 1h30 e tiramos a conclusão de que a melhor coisa foi dormir largados debaixo do toldo lá no início da estrada, pois, se a gente insistisse em prosseguir o banho de chuva seria certo por horas. Não havia um canto sequer para esticarmos as redes.

    Passamos pela cachoeira da Macumba, logo depois chegamos na porteira que bloqueia a estrada por completo. Passamos pelo canto direito, e, dali pra frente era só trilha.

    Em 10 min abandonamos a principal que leva para cachoeira do Funil. Pegamos uma trilha que em décadas passadas servia como estrada para escoar toda a extração de madeiras em um terreno a perder de vista. Pela falta de uso, há tempos a mata vem cada vez mais tomando conta do caminho. É preciso atenção nas passadas para não perder o rastro de trilha. Entre um flesh e outro o corte da antiga via e as Carvoarias encravadas nos barrancos denunciam o caminho correto a seguir.

    Desde o asfalto até o sumiço da trilha, num mini cânion iniciando um riacho, foram 2h30 em ritmo acelerado. Fomos por esse riacho até ele desaguar em um rio largo e raso, de cor caramelo, seguindo na direção desejada. Não pensamos duas vezes, estávamos certos de que era a nascente do AFLUENTE DOS MACACOS. Instintivamente seguimos por seu fluxo aproximadamente por 1h e pouca. Quando fomos conferir nossa localização no mapa vimos que tínhamos saído demais da rota desenhada. O Rio tomava nitidamente a direção sudoeste, ou seja, voltando para o início de tudo. Paramos para pensar e acertar nosso rumo. Não tinha outro jeito a não ser azimutar na direção sudeste e seguir sem desviar por nada. Subimos morros, descemos morros, cruzamos pequenos afluentes secos e varamos um mar infernal de bambuzinhos taquara rasgando nossas caras, pescoços e mãos. Um bom rastro de antas sobre a crista não deixou que fosse pior. Ainda bem.

    No alto de um dos morros a crista abriu um visual que nos deixava ver o rasgo do rio que queríamos alcançar. Faltava pouco. Seguimos tacando o mesmo ritmo forte. Logo chegamos novamente no mesmo. Cortamos um ziguezague absurdo dele.

    O Rio Largo, raso e pedregoso nos recebeu com uma temperatura deliciosa sob um sol que derretia a gente. Nos jogamos na água para refrescar um tanto, comemos algumas coisa pra repor as energias, conferimos nossa localização, que estava certa, e partimos.

    A partir dali não haveria mais erro de navegação. Seguimos pulando pedras por um certo tempo, até que o rio passou a ficar mais represado e largo, nos trazendo lentidão no avanço. Pois havia trechos que a água, quase parada, batia acima do umbigo. E, andar enfiado no leito do rio sob essa condição não é nada favorável. As câimbras nas pernas, pouco a pouco, iam abatendo o coletivo. O Wellington já vinha definhando com indisposição há um tempo. O bichão estava zuado. Ainda bem que o rio passou a ser mais objetivo, não serpenteando tanto. Quando ele fez uma brusca curva para direita, já estávamos nessa peleja há quase duas horas, não tardou para a gente ver do lado esquerdo uma cachoeira explodindo água na rocha, vindo de um afluente, e caindo no rio principal. Estávamos na cota 680, no último cotovelo do rio,

    cientes de que após aquela curva começaria a parte difícil da expedição e que, gradativamente, o grau de dificuldade só aumentaria. Pós pausa para a primeira sessão de fotos e análise de terreno seguimos. A canaleta do rio se estendia numa reta considerável até formar um U, onde, acima de uma cachoeira, o Tony achou um resto de calça e uma moeda de 10 cents de Euro. Quando chegamos ao final desse U, sabendo que ali era o ombro da Serra e o topo da primeira grande cachoeira que daria sequência a uma garganta absurda, detentora de enormes quedas, instalamos a cápsula do tempo do lado direito da cabeceira. Assim, quem passar poderá registrar sua passagem. Perdemos um tempão por lá. Isso fez o David bufar de raiva. Ele já havia descido um pequeno trecho, curto mesmo, de vara mato e ficou nos esperando. Ficamos uns 25 minutos, ou mais, por lá, e quando ele decidiu voltar, chegando até nós, já estávamos de partida. Ele ficou mais nervoso ainda. Se largou o chão e disse que não desceria por ali de novo. Não quis nem tirar foto com o grupo. Kkkk

    Estávamos na cota 580. Diante do início de um desafio de alta dificuldade e periculosidade no modo mais bruto que a Serra do Mar pode oferecer: uma garganta com enormes paredões de respeito despencando enxurradas serra abaixo, urrando imponência enquanto cai das grandes cachoeiras. Eram 350 metros de altimetria a serem vencidos, dentro de raio de 850 metros de distância. Ou seja, muita coisa. Agressividade pura.

    Havíamos estudados as curvas de nível deste trecho em diante, para tentar facilitar a batalha entre "pequenos e gigantes."

    A ideia era atravessar pela cabeceira da primeira grande queda, descer pela pirambeira esquerda, cruzar o rio na base da mesma cachoeira, desescalar as duas próximas cachoeiras pelos paredões menos expostos do outro lado e seguir perdendo altimetria acompanhando o vale (hahaha). Mas, sabemos que um planejamento feito sobre as cartas topográficas não passam de um conjunto de suposições.

    Logo na primeira tentativa já tomamos uma invertida. Ao avaliar terreno, junto ao Kalidon, para executar a primeira etapa, vimos que não era possível atravessar pela base, onde queríamos. Tivemos que nos manter pela direita, onde não foi tão difícil vencer aquele trecho e chegar até a próxima grande queda. Uma cachoeira com uma formação lindíssima, um visual incrível, tendo lá seus 30 metros de altura.

    Foi lá, diante de um dos visuais mais bonitos do vale que nossa tormenta começou...

    Já era 17h50, faltando pouco mais de 1h para o sol se recolher e dar vez a escuridão total na mata. Horário em que as coisas podem dar o menos errado possível. Isso amedrontava parte do grupo. Estávamos sentados de frente para a cachoeira, todos curtiam o momento admirando a beleza da queda (era uma bela de uma cachoeira). Alguns já estavam bastante preocupados, acelerando nossa partida, foi quando o Kalidon falou:

    - olha lá, Vegê, tem uma cachoeira escondida ali, vindo de um afluente. Cê viu?

    - pode crer. Vi sim, mano. - respondi.

    Eu também já havia percebido a queda lateral escondida entre a vegetação, mas não estava dando muita bola para isso. Mas o Kalidon veio me atiçar:

    - bora lá ver?

    Um convite desses não se recusa rs! Ainda mais sabendo que é bastante provável que eu não volte ali novamente.

    Deixamos as mochilas no chão, e quando estávamos partindo "o trio dos apressadinhos" decidiu seguir em frente e não ir ver a cachoeira. O David avisou ao Kalidon que estavam indo, e que logo a gente os alcançaria. Foi o que pensamos.

    Ari, Kalidon e eu chegamos nela num piscar de olhos. Vitória, que não iria, chegou logo depois. A cachoeira estava em um cenário perfeito, confinada entre a mata que fazia uma espécie de cúpula protetora não permitindo a entrada direta da luz do sol. Gastamos apenas o tempo suficiente para cada um tomar uma leve ducha sob a queda água de uns 25 mts, tirar umas 3 fotos cada um e partir.

    Continuamos a caminhada pela direita do rio, seguindo o rasto do trio apressadinho que ia tacando marcha na nossa frente. Vinte minutos depois, logo à nossa esquerda se formava uma outra garganta, fazendo de sua cabeceira um mirante chamativo. Pelo estrondo que fazia, era possível ver que a próxima cachoeira era enorme e imponente. Foi instintivo, sabendo que em 10 minutos de vara mato a gente estaria na base dela, Kalidon, que ia na frente, começou a descer na direção do poção. Era uma piramba muito inclinada (40°), de vegetação rasa sobre a rocha, sem fixação nenhuma, tudo era babado pelo spray/chuvisco que vinha da cachoeira. Isso deixava qualquer centímetro de solo escorregadio ao extremo. Pela única via segura que parecia ter, Kalidon e Vitória foram na frente. A passagem dos dois, deixou rastro inseguro, pois a vegetação rala que tinha eles arrancaram toda. Fiquei cabreiro, mas tive que descer. Mas não daquela maneira. Avistei o último ponto de apoio seguro, o próximo era uma árvore da grossura da minha perna. Calculei escorregar até ela, isso dava uns 7 mts de descida, apoiar a sola do pé esquerdo para amortecendo o impacto, e seguir com mais segurança a partir dela. Porém, não fui um bom matemático. Ari foi buscar outra rota.

    Quando desci escorregando em alta velocidade errei o pé na base da árvore. Plaaaw... A colisão na árvore me arrancou um grito que eu nem sabia que era possível dar. Minhas bolas quase explodiram na pancada com o tronco da árvore. Por pouco não desmaiei. Fiquei ali sentado, semi desfalecido, olhando para a Vitória espantada perguntando o que tinha acontecido. E eu não conseguia falar. Apenas gesticulava com as mãos pedindo calma. Fiquei ali sentado, escorado na árvore até me recompor.

    Quando pude continuar, a dupla já chegava ao poção. Questionaram o que tinha acontecido, expliquei, reforçando que já estava tudo bem.Kalidon disse que se arrepiou com o grito, imaginando que alguém estava rolando morro abaixo.

    Todo o esforço valeu a pena. A cachoeira era a maior até aquele momento da expedição. Seu topo era afunilado, jorrando com muita pressão um véu de respeito poço abaixo.

    Foi uma pena contemplar aquela atmosfera por pouco tempo. Mas já era 19h, tínhamos que bater em retida. Pra nossa sorte era verão, quando o sol estava se pondo depois das 19h30.

    Devido essa visita à cachoeira, certeza que não iríamos alcançar o trio que partiu na frente. O rasto deles não descia para a cachoeira. Quando retornamos para o alto da piramba, notamos as marcas da passagem deles, então seguimos. Já estava ficando escuro, mas ainda insistimos em andar sem as lanternas, pois ainda era possível avistar onde pisar no solo. Vimos a garganta ao nosso lado ganhando cada vez mais profundidade. Em um certo trecho, como aconteceu no trecho que colidi com a árvore, Kalidon e Vitória iam na frente tendo eu como terceiro e Ari o quarto homem. Os dois primeiros decidiram embicar para esquerda, descendo na direção do vale, enquanto eu e Ari optamos por um contorno, pois a descida por eles seguiam estava mais arriscada. Foi aí que aconteceu mais uma merda...

    De fato, já era obrigatório ligar as lanternas. Pois a luz do dia já havia caído por complemento. Enxergar um passo a frente já não era mais possível, e, para piorar a situação, a lanterna do Ari não iluminava meio metro à sua frente.

    Para não nos distanciarmos, seguimos em paralelo aos dois, que andavam pulando as pedras do lado direito da garganta. Mas quanto mais a gente avança, mais alto tínhamos que subir. O trecho era cada vez mais ingrime, cada vez mais as paredes apareciam na nossa frente sem vegetação fixa para apoios. Andávamos pelas bordas de penhascos completamente verticais. Era impossível descer, e, aos gritos lá de baixo, eles respondiam que também não conseguiam subir. Estávamos separados por uma altura de 35 a 40 metros. Era possível ver apenas os fachos de luzes das lanternas deles. A comunicação era aos berros, me deixando cada vez mais rouco, o avanço era lento e penoso. Quando eles pararam por um tempo, também paramos para não os perder de vista. Mas eles demoraram, iam e voltavam em um pequeno trecho, como um cachorro quando fica acuado num lugar alto. Minutos depois voltamos a conversar:

    - está difícil aí? Perguntei

    - não conseguimos subir. Gritava o Kalidon;

    - tambem não conseguimos descer até vocês! - eu afirmava.

    - vocês conseguem seguir? - indagou

    - estamos tentando. ESTAMOS TENTANDO. Mas tá foda!!

    - Sigam em frente, que a gente vai ter que pernoitar aqui mesmo. Amanhã a gente se encontra na Cachoeira do Livro. - disse por último, Kalidon.

    - ok. Ok. A gente vai seguir. Respondi.

    Nos separamos. A partir das 20h daquele sábado, o grupo de 7 integrantes estava fracionado em três partes.

    Dali pra frente na minha cabeça só vinha preocupação. Eu me questionava como estariam, e onde estariam os cara lá na frente? Como ficariam os dois no fundo do vale? Será que teriam que voltar um bom trecho no dia seguinte e tentar subir, ou ficariam presos lá? Teríamos que encontrar o trio, buscar a corda, voltar e ajudá-los ? Eu e o Ari, como ficaríamos a partir dali ? Minha mente fervia! Pois tudo se encaminhava para dar merda.

    Ari e eu éramos obrigados a subir cada vez mais o morro em direção a crista. Os paredões eram cada vez mais altos e cada vez mais perigosos. Jogando o flash da lanterna era possível ver que uma queda de onde estávamos seria fatal. E isso não era fácil de acontecer. Tudo era vertical, com poucas agarras, as poucas árvores que tinham eram finas e inseguras. Pra piorar, estávamos fracos, quase nos arrastando por exaustão. A boca estava seca e a garganta quase colada, tudo por que cometemos um erro bobo, de principiante: ninguém coletou água ao sairmos do rio. Isso é obrigatório. Uma regra de sobrevivência. O Ari quase não falava, eu muito menos. Queríamos poupar qualquer restinho de energia que ainda existia pelo corpo. Ele perambulava pela mata como um homem perdido no deserto... "Água. Eu preciso de água, pelo amor de Deus água..." Implorava o moribundo, quase delirando de sede.

    A gente queria muito, mas não podia parar acampar por ali, nas bordas do abismo e desidratados. Nem tinha onde. Continuamos com o "mantra da boca seca." Até que houve um momento em que meu amigo disse: bem que poderia aparecer um riacho por aqui. E, em menos de 5 minutos, com a misericórdia dos céus as preces do Ari foram atendidas. Um afluente cruza nosso caminho. Nossa senhora, que alegria daquele esqueleto que usa barbas. Foi um baita alívio. Ele quase secou o rio. Kkk

    Não tinha mais o que fazer, saímos caçando algum pedaço de chão, o mais descente possível, para montar acampamento,mas não tinha. Já era 20h30. Tivemos que subir ainda mais, jogando luzes aos cantos a procura de áreas espaçadas, mas só tinha pirambas dos dois lados. Cansados ao limite, aí lado de uma queda de +ou- 4 metros, num terreno horrível, largamos as mochilas e falamos: é aqui mesmo, Foda-se.

    O Ari não queria cozinhar. Eu disse que ele havia gasto muita energia durante todo o dia, e que precisava repor as forças para o dia seguinte. Foi convencido. Eu era quase um mudo, sem forças nem pra conversar direito. Ele tirou um sarro disso. Fiz só o obrigatório: montei a rede, cozinhei, comi e capotei de sono. Depois da janta, disse pra ele que iria deitar só pra testar se a rede estava firme... desmaiei. Nem vi meu camarada indo dormir na rede dele.

    Acordamos às 5h20, tomamos café e saímos às 6h30. Com a luz do dia já clareando tudo, ficava mil vezes mais fácil avaliar o terreno. Praticamente tocamos em uma reta, sem precisar subir mais uma infinidade de morros que tinha pra cima. Encontramos novamente o rastro do trio. Seguimos com mais segurança até o segundo corte no morro (um Afluente seco). Lá o risco de queda voltou a ser perigoso. Descer rolando de onde estávamos era certeza de morte. A parte mais baixa tinha uns 50 metros de altura

    Ao final da descida da piramba, numa janela em meio a mata, avistei o enorme afunilamento do rio, com a pressão d'água a milhões de litros por minuto. Mostrei pro Ari, e, dez passos depois voltei a olhar pra dentro do vale meio que sem acreditar no que estava vendo. O Kalidon estava lá dentro, descendo no meio da fenda, pulando de pedra em pedra, há uns 50 metros de distância da gente. Descemos até o leito do rio para fazer chamar a atenção dele, que logo nos viu e começou a gesticular desesperado, apontando para o poção logo abaixo dele. Me deu um gelo no peito por aí da não ter visto a Vitória ao lado dele.

    - Ari, acho que ele está falando pra gente deixar as mochilas e subirá para ajudar ele. - eu disse.

    - será, mano? - respondeu Ari, meio cegueta, que não enxergava o Kalidon dentro do Rio.

    Ele insistia, passando as mãos nas costas e apontando pro rio , como se estivesse pedindo pra gente largar as coisas e subir. Era só isso que eu entendia. Mas, de repente, apareceu a Vitória saindo por trás das rochas. Por um lado fiquei aliviado. Mas, os dois passaram a fazer os mesmos gestos, e a gente não conseguia entender. Até que cansaram, deram as costas e foram tentar escalar as paredes. Foi aí que eu percebi que a Vitória estava sem a mochila nas costas.

    - Ari, matei a charada. A mochila dela caiu no rio e foi levada. - deduzi.

    - será, mano? - era só o que ele respondia kkkk

    - sim, mano. Olha nas costas dela. Já estão saindo do vale, e ela continua sem a estanque. - reforcei.

    Subimos um pouquinho do rio, alcançamos as pedras mais altas e ficamos por um tempo procurando pela mochila, E NADA. Decidimos seguir por mais 5 minutos e encontrar eles onde combinamos, na confluência com o Vale da Preguiça (Cachoeira do Livro). Chegamos lá 5 minutos depois.

    Larguei minha mochila numa pedra no meio do rio e corri apressado até o acampamento que marca a travessia tradicional pelo Vale da Preguiça. O trio sabia que a meta do dia era acampar ali, e como eles estavam à frente, o lógico era encontrá-los lá. Mas, infelizmente, não foi assim. A área de camping estava vazia, sem nenhum vestígio de passagem humana. Pegadas, galhos quebrados, totem, ou qualquer mensagem que eles poderiam ter deixado para sabermos que eles pernoitaram lá. NADA!!

    Voltei até o Ari e falei sobre esse sumiço dos caras. E, conhecendo nosso amigo, Tony, deduzimos que ele acelerou o time para continuarem, e, se tivéssemos sorte, nos encontraríamos de novo. A possibilidade de mais um pernoite, algo que estava descartado, exceto em caso de emergência, passou a ser avaliada.

    Quando Kalidon e Vitória chegaram até nós, eu tinham realmente matado a charada. Nossa pequena guerreira havia perdido sua mochila:

    "ao tentar atravessar para o outro lado do rio, tiveram que voltar, pois seria impossível continuar. Retornando com a mochila nas mãos, Kalidon entregou a mochila para Vitória, que agarrou e puxou a mochila estanque pela alça da barrigueira (que já não estava boa). A alça estourou, a mochila caiu em um turbilhão na água, rodopiou umas três vezes, e, quando o Kalidon iria tentar descer o trecho técnico e arriscado, a correnteza levou." Não era possível descer até onde a mochila caiu, seria fatal.

    Ela deu aquela murchada. Pois todos os seus pertences, e alguns do Kalidon, estavam lá: 2 celulares, carregadores portáteis, sacos de dormir, dinheiro, documentos, etc e etc... Um prejuízo dos grandes. Mas, sendo otimista, ainda bem que não foi ela a arrastada pela água.

    Em meio ao abatimento, conseguimos ao menos uma extrair algo positivo. O grupo já não era mais fracionado em 3 partes. E, enquanto conversávamos, ouvimos um assobio humano. Apenas um silvo. Minutos depois ouvimos um novo silvo, e nada mais. Corri novamente até a área de acampamento, assobiei o mais alto que pude, mas não tive retorno. Voltei ao meio do vale, e não escutamos mais nada. Subimos na ilhota onde fica a Cápsula do Tempo. Assinamos o livro, e resolvemos continuar a travessia. Para nossa surpresa e espanto,há uns 150 metros abaixo de onde estávamos, eis que por detrás de uma rocha na margem direita do rio surge um animal enorme, balançando pernas e braços, só de cueca, gritando de felicidade. Era o Tony, super feliz em nos ver. Também ficamos super felizes e aliviados pela unificação do grupo. Logo atrás da rocha estavam o Wellington e o David, terminando um desjejum que prepararam enquanto nos esperavam.

    Conversa veio, conversa foi, mas não poderíamos demorar mais por ali, pois já era 9h40. Ainda faltavam 4 km e tantos de vale parar vencer.

    Já com toda tropa à postos, partimos pelas 10 da manhã. O sol era tão forte que fritava nossas cabeças. Mas seria um presente dos deuses a partir dali. Sabíamos que o Vale do Rio Juquiá (Vale da Preguiça) iria afunilar com paredes tão iguais as do AFLUENTE DOS MACACOS, porém, com um desnível menos agressivo e uma inclinação perfeita para evitarmos os vários vara-mato pelas escarpas laterais.

    Com uma hora de avanço, depois de um pequeno toboágua natural, já caímos dentro de um poção gigante, sem menção de profundidade, de uma cor verde folha linda. Na beirada do toboágua o Ari encontrou uma cobra d'água, que veio dentro do poção junto com ele. Já em chão firme, com água na altura das coxas, paramos para apreciar aquela lindeza selvagem, que, a princípio, estava agitada mas se acalmou logo. Na hora de solta-la, meio que Instintivamente, foi direto ao encontro ao seu semelhante. Se enfiou entre as pernas do Kalidon tentando contato com a outra cobra. Rapaz deu um pulo kkkk.

    Foi dado um start à um mundo de recreação misturado com o alto risco de morte. Mas, a diversão era tanta que superava toda e qualquer intempérie que pudesse se aparecer. Éramos um verdadeira molecada. Eu conseguia ver cada um deles se transformando em criança. A cada contato com a água a euforia era gigantesca. A temperatura da água era super agradável, então, eles só queriam brincar.

    Estávamos cientes de que teríamos dois trechos bastante técnicos, que nos obrigaria a tomar decisão coletiva.

    A primeira garganta apareceu dia te de uma enorme pedra que dominava praticamente toda a largura do vale servindo de um mirante espetacular para a encrenca que viria a seguir.

    Sabíamos que era necessário o auxílio da corda. O David fez a instalação em uma árvore utilizando o sistema de resgate da mesma após o uso. Enquanto eu o Wellington o ajudava, com a certificação da segura na parte alta, Ari, com mochila estanque e colete salva vidas, foi o primeiro a saltar no poção que recebia uma forte correnteza vinda da direita formando um redemoinho do lado oposto. Eu não, pois estava voltado para cima, mas os amigos disseram que a água pressionou o Ari contra a parede e o redemoinho puxou ele três vezes para baixo. O pobre diabo já não tem força alguma, e é magro igual o "Senhor Madruga", ainda bem que usava colete. Mas não escapou de engolir água aos montes e ver sua mochila sendo levada pela água ("Ari, CÊ TOMA CUIDADO" kkk). Mesmo sendo numa cena rápida, o episódio abalou a estrutura do próximo a ir para o turbilhão: Tony.

    A descida até a beirada da rocha para se jogar na correnteza estava sendo feita por um rapel de emergência, sem mosquetão, nem cadeirinha. Apenas as forças nas mãos para sustentar o peso do próprio corpo era que ditava a segurança. O bichão desceu parecendo uma Anta caindo morro abaixo, tentando frear queimando as mãos na corda. Quando recompôs a dignidade e se colocou de pé, olhou para trás com os olhos mais arregalados do que alguém que poderia ter acabado de ver uma alma penada ("CÊ TOMA CUIDADO" kkk). Logo se jogou na água e foi. Em seguida pulou a Vitória, na sequência o Kalidon. Ribeiro, David e eu ficamos por últimos para fazer o resgate da corda, que guardei dentro da mochila. Pulamos os três e nos juntamos ao quarteto que esperava sobre as rochas no meio do rio.

    Estava lindo ver o grupo em sintonia. Mesmo sendo algo de alto risco de morte, permanecemos crianças esbanjando felicidades. O sorriso era dominante no rosto de todos. Mesmo no mais carrancudo do grupo (kkk). Todo e qualquer afunilamento de água era motivo para alguém deitar, ou se jogar, e deixar se levar. Uma vez sentado dia da força d'água não dava para parar. Uma vez o Wellington até tentou, mas foi atropelado pelo Tony que descia sem freio. Plaw... Tony jogou o bichão poço abaixo. Kkk.

    O diversão só foi interrompida por mais um trecho técnico, que não permitia rapel por dentro do vão do rio. Tivemos que sair para esquerda, com David à frente, e fazer um rapel improvisado , segurando três cipós que prendiam das árvores, para transpassados de uma rocha para outra, sem agarra nenhuma, em uma altura de aproximadamente 5 metros.

    Altura suficiente para causar um acidente grave caso alguém caísse. Foi um momento tenso. O primeiro passou, pegou a mochila do próximo, e assim sucessivamente, até a última (Vitória) chegar com suas perninhas curtas balançando no ar sem alcançar solo firme. Mas, dei aquela ajuda que sempre resolve tudo. Em seguida pudemos voltar ao setor recreativo da expedição.

    Eram muitos poços. Alguns facinho de transpor, outros com obstáculos peculiares. Em um deles, com a maioria da galera indo na frente, Kalidon me orientou não seguir por onde eu iria, pois havia um redemoinho puxando muito. Contornei. David decidiu ir por ali mesmo, e rodou no "liquidificador". Foi abrigado a beber o néctar do Vale da Preguiça (CÊ TOMA CUIDADO kkk).

    Em outro momento, eu já vinha atravessando as correntezas com a mochila nas costas usando como bóia, toda a galera estava há uns 20 metros pra frente, eu ia por último. Eu já estava exausto, ficando cada vez mais lento e cansado de tanto ter que dar braçadas para sai longo dos extensos poções. Lembro de ter sido alertado:

    - cuidado, a água está jogando contra a parede. - Kalidon.

    Não deu outra. Pulei no borbulho branco da água, fui jogado pro fundo e rodei mais do que bola de futebol chutada de "três dedos." Quando voltei pra superfície a corrente d'água já me jogou contra a rocha, e ali me manteve preso, num recuo com uma parede que não deixava o pessoal me ver, nem eu vê-los. Comecei a ficar com medo, por que eu não conseguia, nem tinha forças pra lutar contra a pressão da água me socando na rocha. Muito menos alguém conseguiria nadar contra essa força para ir me ajudar. Com esse rápido pensamento me encolhi em posição fetal, apoiei mãos e pés contra a parede rochosa e me projetei. Graças a Deus funcionou muito bem. Virei de barriga pra cima e me deixei ser lavado até onde o pessoal me esperava (CÊ TOMA CUIDADO kkk). Reclamei de exaustão. De imediato o Wellington já me deu pouco de "carbogel" para eu repor as energias. Realmente deu um UP. E, nos próximos poços que apareciam, mesmo estando recuperado eu sempre estava em último no bando. Por algumas vezes, flutuando dentro dos poções, a Vitória fazia um "reboque", me puxando pelas alças da cargueira simulando um resgate. A rapaziada tirava um barato. Mas na última vez que ela fez isso não achei nem um pouquinho ruim. rs

    A fraqueza era tanta que a cada 50 metros alguém levava um capote. O Tony deu uma de capoeirista - mandou um "rabo de arraia," Eu rodei horrores dentro dos turbilhões dágua, o David, do nada, travou os pés nas pedras e caiu de cara. Se não fosse o capacete, teria rachado a testa na rocha.

    Seguimos nessa odisseia até às 3 horas da tarde. Justamente no último poção do Rio, o mais profundo e largo,.na confluência com o Rio Mambú desaguando à esquerda, estávamos dando como encerrada a nossa expedição selvagem dentre dois vales super agressivos, desafiadores, porém, e recreativos.

    Nos enfiamos numa discreta picada que acompanha o rio pela direita. Não demorou para chegarmos na barragem.

    Fizemos uma breve pausa na barragem, tiramos fotos... O Tony foi trocar de roupas, e viu que seu saco de dormir estava encharcado. O esperto usava mochila de tecido, e um saco de ração para gatos para proteger seus pertences. O saco, além de ele não ter fechado direito, estava furado. Oooh bicho miserável que não compra um saco estanque descente. Kkk

    Tacamos marcha estrada a fora. Ainda faltavam longos quilômetros pela frente (quase 2h andando). A galera se apressou deixando eu e o David para trás. Sumiram de vista. Tempos depois o Ari ficou para ver o por quê a gente estava devagar. Nós seguíamos tranquilos, olhando os pés de frutas por todos os lados da Fazenda Mambú. Comemos goiaba, comemos banana, e, não dados como satisfeitos, subimos num pé de jaca que estava carregado delas. Pena que só uma que estava madura. O David ficou eufórico quando viu tanta jaca. Parecia criança. Partimos uma jaca em três partes. Uma metade para dividir entre eu e o David, e uma metade inteira só para o Ari tirar um pedaço e levar o restante pra galera. Mas o bichão parecia uma draga devorando a enorme parte da fruta. Até diminuiu os passos para dar tempo de comer tudo sozinho. David apelidou ele de passo curto. kkk.

    Láaa na frente ela galera diminuiu o ritmo e os alcançamos. Seguimos todos se arrastando pela Estarda de terra. Alguns estavam assados, andando feito pingüins, outros tinham os pés criando bolhas. Eu andava todo torto, quase cambaleando. Tava foda. O grupo estava destruído.

    Passamos por um despacho de macumba. Apontei:

    - óh, aqui tem dinheiro, hein!? 1, 2, 3 4, 5 , $6 reais. - Contei e passei direto.

    - não acredito que vocês não vão pegar!? - disse Ari.

    O bichão meteu as mãos na macumba e afanou a grana dos espíritos. Quando a estrada fez a curva mais a frente, há uns 150 metros, vimos um monte de pais mães de santo prestes a iniciarem novas oferendas. Kkkk... Rimos de mais. Falamos que os Santos iriam cobrar as moedas, e que iriam baixar espíritos no corpo dele. Mas quando eu disse que estávamos protegidos, que o ARI ERA O PRÓPRIO TRANCA RUA, nossa, o Tony faltou se mijar de tanto rir. A zueira foi longe . Kkkk.

    Logo depois chegamos ao Bar do Zé Pretinho, bebericamos algo (cerveja com o dinheiro da macumba), trocamos de roupas, e, às 19h15 pegamos o busão para o centro de Itanhaém, onde pegamos uma Van super apertada para subir para capital.

    Agradeço muito ao grupo por terem comprado essa ideia e aceitarem embarcar nessa aventura intensa e extremamente desafiadora.

    Obrigado:

    Ari de Oliveira, David (Trilheiros Insanos), Kalidon Albuquerque, Tony Eduardo, Vitória Bono e Wellington Ribeiro.

    Vgn Vagner
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    Publicado em 30/01/2023 08:23

    Realizada de 13/01/2023 até 15/01/2023

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    6 Comentários

    Muito bom, o relato!! Envolvente e detalhado

    1
    Vgn Vagner 30/01/2023 23:37

    Obrigado Pela atenção ao relato, meu caro! 😉👍🏽

    Thiago Silva 31/01/2023 12:31

    Que relato espetacular, eletrizante! Parabéns a todos por saírem vivos! 

    1
    Vgn Vagner 31/01/2023 19:52

    Muito obrigado pela atenção, Thiaguinho. 👊🏽😜

    Parabéns!!!

    1
    Vgn Vagner 13/02/2023 22:09

    Muito obrigado, meu caro 😉👍🏽

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