AventureBox
Crie sua conta Entrar Explorar Principal
Virginia C Feitosa 11/05/2019 18:18 com 1 participante
    Patagônia: Argentina e Chile

    Patagônia: Argentina e Chile

    El Calafate | El Chatén | Torres del Paine - Circuito W

    Trekking Montanhismo

    Era uma viagem que inicialmente seria feita exclusivamente no Chile. Nosso plano A era fazer o circuito O em Torres del Paine, e depois passar uns 3 dias em Santiago para dar uma descansada.

    Quando fui pesquisar um pouco mais sobre o parque, descobri que era necessário fazer a reserva dos acampamentos com antecedência. Sem isso você não poderia dormir no parque. Beleza. Bora reservar tudo baseado em um roteiro que encontrei na internet.

    Nossa viagem foi planejada para ocorrer logo no final da alta temporada, assim o parque não estaria tão cheio. Mas ao tentar reservar os acampamentos descobri que todos do Circuito O já estavam fechados por conta do clima. Parece que já tinha começado a nevar, e com isso o percurso fica mais complicado de fazer sem guia.

    Depois dessa notícia, acabamos criando um roteiro em cima do circuito W, e sobraram alguns dias das nosssas férias para fazer outro rolê.

    Decidimos que esse outro rolês seria no lado Argentino da Patagônia.


    O relato é longo, então vou deixar um pequeno índice aqui:

    • Dia 20/04 até 22/04 - El Calafate + El Chatén
    • Dia 23/04 - Puerto Natales
    • Dia 24/04 até 29/04 - Torres del Paine (W)

    ----------------------------------------------------------------------------------------

    Dia 20/04/2019

    Como nosso plano inicial era fazer exclusivamente Chile, nossa passagem de avião era para Punta Arenas, com escala em Santiago. E de lá pegaríamos um ônibus para Puerto Natales, e de lá outro ônibus para El Calafate, na Argentina.

    Primeiramente chegamos em Santiago na noite do dia 19/04, e de lá fizemos a conexão para Punta Arenas. Enquanto esperávamos nosso embarque, Felipe (meu namorado) foi anunciado pela Latam para fazer uma revisão de bagagem. "Socorro... vão confiscar nossas comidas!" - pensei.
    Ao invés das comidas, confiscaram as duas latas de gás que estavam na mala.

    Vida que segue. Vambora...

    Chegamos em Punta Arenas durante a madrugada, e nosso ônibus só saíria às 7h01. Adorei, que era sete horas e um minuto. Arranjamos um canto no aeroporto e dormimos até dar a hora.

    Chegou o ônibus e fomos pra El Calafate. Que cidade linda e charmosa. Fiquei apaixonada por lá. Como chegamos tarde, já fomos bem rápido em direção a única agencia de turismo que ainda estava aberta, Criollos, pra tentar agendar os passeios pros próximos dias.

    Nossa primeira opção era fazer o Big Ice, trekking em cima do Glaciar Perito Moreno. Mas infelizmente todos os tours já estavam cheios pros dias seguintes. Então acabamos seguindo uma recomendação do moço da agência, Marcelo - um argentino que morou no Rio de Janeiro por muito anos. Ele olhou a previsão do tempo, e viu que no dia seguinte não haveria nuvens no céu. E que em El Chatén (uma cidadezinha ainda menor, e pertinho de El Calafate) só faz sol durante uns 30 dias ao longo do ano inteiro. Então seria uma ótima ideia fazer esse passeio de um dia completo para lá.

    Confiamos no Marcelo e decidimos fazer El Chatén no dia 21/04, e no dia 22/04 optamos pelo Minitrekking no Glaciar. É uma alternativa para os que não conseguiram o Big Ice tour. E vale super a pena.

    Hotel que ficamos em El cafalate: Las Cabañitas.
    É simples, e uma gracinha. Mas eles não aceitaram pagamento com cartão de crédito. Então se você pretende pagar os hotéis dessa forma, recomendo que procurem outro lugar.

    Dia 21/04 - El Chatén (Laguna Capri)

    Acordamos cedinho e o aquecedor fez um barulho tão alto que parecia ter explodido. Deu um sustinho, mas parece que nada aconteceu. Depois que voltamos ele já estava funcionando normalmente.

    Tomamos o café no hotel, que não tem absolutamente nada demais. Como comentei antes, é um lugar bem simples. E logo chegou a van do passeio.

    Ao longo do caminho fomos fazendo algumas paradas em lugares pra já tirar algumas fotos. O caminho inteiro até lá é muito lindo.



    Lá em El Chatén tem zilhões de coisas pra fazer. Muito trekking, muito lugar pra explorar. Mas com um passeio de apenas um dia fica um pouco limitado. E optamos por fazer a Laguna Capri. São 4km até lá. Aparentemente essa é a melhor opção, pois todos do tour fizeram o mesmo.

    Ah, detalhe: estávamos com roupa de banho por baixo. O plano era pular na lagoa assim que chegássemos. Ideia do Felipe, óbvio.

    O caminho até lá é lindo. Era a época do ano em que as árvores estávam todas com as folhas avermelhadas, deixando a paisagem ainda mais incrível.


    Chegando lá confesso que estava com calor. Como o céu estava sem nuvens e não ventava muito, deu pra esquentar o corpo e chegando lá em cima eu animei de mergulhar na lagoa.

    Assim que coloquei o pé dentro da água já senti tudo ficar dormente, fui um pouquinho mais profundo e só me enfiei até o pescoço e já sai correndo. A água é tão gelada, que quando saí fiquei tranquila de biquini por um tempo. Até estava quentinho do lado de fora.


    O visual é maravilhoso. A lagoa, com o Fitz Roy ao fundo, céu azul. Devo ter tirado umas 50 fotos iguais.
    Ficamos um tempinho por lá curtindo, e depois passamos no mirador do FitzRoy. Pra cada lado que você olha é um quadro.


    Ficamos com muita vontade de marcar outra viagem para voltar a El Chatén e conhecer um pouco mais. A cidade é uma graça, e é uma alternativa que parece ser mais "alternativa". Não é tão comercial e conhecido como Torres del Paine, por exemplo. Além disso, você não paga taxas para entrar. Todas as trilhas são livres.

    Como tinhamos hora marcada, já voltamos pra nossa van. E logo chegamos em El Calafate.

    Dia 22/04 - Glaciar Perito Moreno

    Novamente acordamos cedinho para esperar a van do nosso passeio.

    Primeiramente precisávamos pegar um barco para chegar até o Glaciar. No barco já conseguimos ver um pouco da imensidão do Glaciar, então você acaba nem se incomodando com vento frio.

    Chegando lá, deixamos nossas bolsas e mochilas num abrigo, e o tour foi dividido em duas turmas. Os que falam espanhol e os que falam ingles. A gente queria o grupo espanhol, mas o outro estava muito menor, então fomos nesse.

    Caminhando em direção ao glaciar numa espécie de praia de pedra já conseguimos umas belas fotos.


    Antes de iniciar o minitrekking precisamos colocar os crampons nas nossas botas para conseguir andar no gelo sem escorregar. Olha... sinceramente eu não estava esperando muito do passeio, mas eu achei muito louco andar em cima do glaciar.



    Ao chegar no finalzinho do percurso bebemos uma dose de whisky com os gelos do glaciar.


    Beleza. Depois disso tudo voltamos ao barco para visitar as passarelas, onde teriamos uma visão mais panorâmica do Glaciar. Disseram que era 1h para isso, e naquele instante pensei: "Nossa, mas precisa de tudo isso?". Pensei que seria tempo demais pra ficar olhando pro mesmo lugar.

    Mas depois de ter passado por essa experiência, agora eu posso dizer que dá pra ficar lá olhando aquilo por muito mais do que 1h.

    É legal ficar admirando a imensidão do Glaciar. Como ele se une às montanhas lá no fundo. E de longe uma das coisas mais lindas que já vi. Além de conseguir ver algumas rupturas. Quando o Glaciar quebra conseguimos ouvir um barulho semelhante a um trovão, e logo em seguida um pedaço de gelo se soltando e caindo no lago.

    Diz o guia que o Glaciar pode se mover, e avançar até 2 metros por dia. Achei um informação um pouco bizarra, porque não demoraria muito pro Glaciar alcançar a cidade. Mas imagino que ao mesmo tempo que avança, ele vai quebrando e derretendo. Acho que faz sentido...



    Logo acabou nossa 1h de admiração e voltamos ao ônibus.

    Quando voltamos pra cidade aproveitamos para visitar algumas lojas e ver o preço das roupas de trekking. Imaginávamos que seria barato. Mas imaginamos errado porque é tudo bem caro.

    Inclusive o gás que confiscaram no aeroporto de Santiago, fomos olhar os preços e era caríssimo. Então resolvemos esperar para conferir quanto custaria no Chile.

    Arrumamos as malas e fomos dormir. Nosso ônibus para Puerto Natales era logo cedo.

    Dia 23/04 - Puerto Natales

    Chegamos pela tarde e já fomos até o hotel. Ficamos no Big Bang - Patagônia. É um hotel, mas acredito que também tenha a parte de hostel. É bem simples, mas é pertinho da rodoviária. Bastante conveniente.

    Aí aconteceu algo incrível: avistei uma cesta com várias latas de gás, e perguntei ao moço do hotel quanto custava.

    Grátis!

    Oi?? Como assim? Pois é... todos os hóspedes que passam por lá e acabam ficando com latas que não vão mais utilizar e ainda sim podem ser aproveitadas, deixam tudo lá para que outro hóspede pegue! Conseguimos as 2 latas que haviamos perdido. Sem pagar nada!

    Após essa linda surpresa, fomos atrás de algum lugar para comer, e encontramos o Mesita Grande. Comemos pizza e fetuccine e bebemos um vinho. Olha... não sei se era a fome. Mas estava tudo delicioso. Acredito que tenha sido a melhor refeição da viagem inteira.

    Sem muita enrolação, voltamos para o hotel e arrumamos nossas coisas. Lá eles permitem que os hóspedes deixem uma mala para aliviar o peso das mochilas. Dessa forma você não precisa levar com você tudo que trouxe pra viagem toda.

    Dia 24/04 - Torres del Paine (Refúgio Chileno + Mirador Las Torres)

    O ônibus saia às 7h para chegar no parque por volta das 10h. Como vocês podem ver, já estou rindo de nervoso:


    O dia estava lindo demais. Céu azul, e nada de vento.

    Caminhamos por um tempinho e parecia que a trilha seria perfeitinha assim durante todo o caminho. Felipe já estava ficando decepcionado. Cadê o trekking e a aventura? Só tem caminho liso e batido. Quero as pedras!

    Logo começou a aparecer as subidas e já comecei a arrancar os casacos que estavam por baixo.


    Não me lembro exatamente, mas acredito que demoramos umas 2h no máximo até o Refúgio Chinelo. E ao chegar, largamos nossas mochilas grandes, e fomos para o mirador Las Torres apenas com a mochilinha de ataque.

    Lá é bom que você não precisa carregar muita água. De pouco a pouco você passa por um riacho, ou uma cascata, e a água é pura. Pode beber sem preocupação.

    Cara... a subidinha até o mirador é puxada. Eu sofri um pouco. Mas ao chegar lá você vê como vale a pena.


    No caminho de volta o sol estava tão forte que deixava as árvores ainda mias vermelhinhas. Lindo demais.


    Voltamos para o refúgio, montamos nosso acampamento, e fizemos uma comidinha. Bebemos um vinho (lá você consegue comprar). Conhecemos um casal, que estava finalizando o circuito. Eles estavam fazendo o caminho inverso do nosso. Ambos nos avisaram sobre os ratos que tem pelo parque, e que os bichos podem entrar dentro da barraca e comer sua comida.

    Fiquei um pouco preocupada com isso, mas toda nossa comida estava embalada a vácuo, então pensamos que ficaria tudo bem. E de fato ficou. Sem invasão de ratos.

    Mas existe a chance de guardar sua comida do lado de dentro do refúgio. Assim você não corre o risco.

    Não costumo lembrar dos meus sonhos, mas nessa noite sonhei que um rato invadia a barraca haha.

    Dia 25/04 - Refúgio Chileno até Refúgio Francés

    Despertador tocou às 6h, mas a preguiça bateu forte e resolvemos enrolar. Eu imaginei que logo logo estaria sol. Mas acontece que amanhece apenas às 8h30. Até esse horário está tudo escuro. Então, obviamente perdemos a hora.

    Fomos, literalmente, os últimos a tomar café e ir embora. Saímos de lá às 10h20. E tinhamos um longo caminho pela frente. Por volta de 15km até o Francés.

    As sinalizações das trilhas são ótimas. E sempre aparecem algumas placas dizendo a distância que resta. Mas as vezes as placas não batem. Passamos por uma informando que faltavam 11 km para o Francés. E depois de andar uns 2km, outra placa dizendo que faltavam 13km. Ou seja... sei lá em qual confiar. Mas de acordo com os tracklogs que fizemos, a segunda placa deveria ser a correta. Então: sempre confie na placa que tem um aspecto mais moderno. Elas são as mais recentes. E tem umas outras placas de madeira, que parecem ser mais antigas.

    Novamente o dia estava lindo. Muita sorte nossa.


    Ao longo do caminho vamos cruzando com algumas pessoas. Umas seguindo o mesmo sentido, outras voltando. E todos sabem falar o idioma "Hola". É só isso que sabem falar. "Hola" pra lá, "Hola" pra cá.

    Se você falar "Buenas", aí já é um espanhol muito avançado. Só os nativos entendem, haha.

    Antes da viagem eu usei minha bota por alguns dias pra lacear, já que era uma bota nova. E tinha achado ela maravilhosamente confortável. Mas depois de andar alguns kilometros com uma mochila pesando uns 13kg (isso é pesado pra mim, eu peso 54kg, rs) já comecei a sentir meus dedos amortecerem. Mas não foi o que mais me atrapalhou nesse dia.

    O que mais me incomodou ao longo do percurso, foi o osso do quadril, no qual a barrigueira da mochila fica escostada. Eu achava que talvez a mochila não estivesse ajustada da melhor forma. Mas de qualquer jeito que eu ajustasse, doía. Então conclui que a mochila estava pesada mesmo. Não tinha o que fazer.

    Precisei fazer algumas pausas ao longo do caminho pra tirar a mochila das costas e descansar um pouco.

    O casal que conhecemos no dia anterior nos disse que demoraram 9 horas para chegar do acampamento Francés até o Chileno. Então desde o início já estávamos um pouco preocupados em imaginar que talvez a gente demorasse o mesmo. Chegar no acampamento de noite é bem mais chato pra montar as coisas do camping.

    Passava o tempo e eu pensava comigo mesma que não aguentava mais. O que mais me deixava agoniada era saber que a água quente do chuveiro do acampamento Francés funciona apenas até às 20h. Não queria chegar depois desse horário. Queria um banho quente.

    Avistamos um camping, e vimos que era o Los Cuernos, que nesse momento estava fechado. Parecia um camping legal. As barracas ficam mais separadas umas das outras. Com alguns arbustos entre elas.

    Quando deu 17h vimos a placa do Acampamento Francés. Glooooria! Eu nem acreditava.

    Deu tempo de armar a barraca, arrumar tudo e tomar banho. Infelizmente o banheiro feminino estava interditado, então ficou uma fila pro banho. Mas o chuveiro era maravilhosamente quente. Era tudo que eu queria.

    Depois fomos comer, e beber um vinho de novo. :)

    Dia 26/04 - Mirador Francés e Británico

    Choveu durante a noite toda. E amanheceu nublado, com um clima diferente dos dias anteriores. Mas ainda sim estava ótimo. A chuva já tinha passado. Nosso plano era acordar tranquilamente, sem muita pressa, e ir até o mirador Francés e Británico.

    Meus ossos do quadril ainda estavam doloridos, mas sorte que nesse dia não levariamos a mochila grande.

    Olha a cara de felicidade de quem não vai carregar peso:

    Estava bem frio, mas a caminhada fazia com que a gente tirasse os casacos. O jeito era não ficar parado por muito tempo.

    É bem rápido pra chegar até o mirador Francés, e a vista é linda. Confesso que nem sabia que existiam glaciares em cima de montanha. O primeiro que vi foi lá nesse mirador.


    O mirador Británico já é um pouco mais longe, e o caminho até lá vale a pena.


    Quando chegamos lá em cima começou a chover, e logo voltamos pro acampamento.

    Mesmo sem carregar peso algum, eu já estava morta. E amanhã seria um dia TENSO.

    Dia 27/04 - Refúgio Francés até o Grey

    Quando fui agendar os acampamentos, vi que tinha um chamado Paine Grande no meio do caminho entre o Francés e o Grey. Mas pra esse dia específicamente, não tinha vaga. Então, agendei pro Grey mesmo, imaginando que a caminhada não seria tão ruim.

    Você simplesmente precisa percorrer 2km do Francés até o Italiano, + 7,5km até o Paine Grande, e chegando lá, apenas 11km até o Grey.

    Vamos arredondar tudo pra cima: uns 22km. E tudo isso com a mochila nas costas. Tranquilo!

    Acredito que fazer uma parada no Paine Grande e dormir por lá seria muito mais fácil. Mas fazer o que.

    O bom de tudo isso é que saímos cedo. Era antes das 8h, e ainda estava escuro. Então mesmo que a gente demorasse muito, com certeza conseguiriamos chegar antes do anoitecer.

    Depois de ver muita árvore com folhinhas avermelhadas passamos por uma espécie de floresta seca. Todas as árvores sem folhas.


    Ao longo do caminho vamos passando por algumas placas informando a distância que resta, até que chegamos em um ponto onde havia uma placa escrito:

    Para um lado "Italiano", e para o outro "Guarderia Pehoé". Ficamos em dúvida se o acampamento Paine Grande seria nessa mesma direção da Guarderia, e não tinhamos um mapa. Mas esse nome "Pehoé" não era estranho. Então seguimos.

    Até que vimos de longe uma casa bem grande de madeira, e pensamos que talvez fosse a Guardería. Mas eu imaginei que parecia um pouco grande demais. Devia ser o tal Paine Grande. Então fomos em frente, com um pouco de medo de pensar que talvez estivesse errado e seria necessário voltar.

    Mas o caminho era esse mesmo. Lá era o refúgio Paine Grande. Paramos um pouquinho pra descansar, e comer algo. E sem demorar muito, continuamos em frente. Faltavam apenas 11km, e eu estava morta. Risos.

    Esse dia foi tão cansativo, que mal parei para tirar fotos. Meu foco era chegar lá. A cada placa que passava me batia um leve desespero. Principalmente as placas de madeira. Todas elas tem um X riscando a distância que foi escrita originalmente, e ao lado escrevem a distância certa.

    Aqui teoricamente dizia que faltavam 7km. Mas alguem riscou e escreveu 9km ao lado.


    Comecei a pensar onde será que pegaríamos o barco para voltar no último dia? Será que esse barco sai do Refúgio Grey? Não quero ter que andar tudo isso de novo pra pegar o barco. Mas aparentemente o barco sai apenas de Paine Grande mesmo.

    Você até tem uma opção de agendar um barco para o lago Grey, e de lá te levam até um outro lugar, e depois você precisa agendar um carro para te levar até outro lugar. Não vale a pena.

    Chegamos no Grey por volta das 18h. Ainda estava claro, e deu pra montar o acampamento tranquilamente.

    Olha... estava frio nos outros dias. Mas nada se compara ao frio desse dia. O acampamento fica ao lado de um Glaciar.

    Depois de arrumar as coisas, fomos tomar um banho quente delicioso. Era tudo que eu queria. E infelizmente foi uma decepção.

    Foi o pior banho da minha vida hahaha. A água da ducha é muito fraca, e ela não é quente. É morna. Eu tremia de frio ao tentar tomar esse banho. Nem consegui lavar o cabelo.

    Saudades do chuveiro do camping Francés.

    Dia 28/04 - Las puentes - Glaciar Grey

    Acordei cedo e fui ao banheiro. Quando voltei tive uma surpresa...

    Um buraco em nossa barraca! E comecei a reparar, que logo em baixo do buraco, tinha uns pedaços de plástico. Reconheci aquele plástico. Era a embalagem do nosso pão!

    Não acredito... um rato invadiu a barraca! Acordei o Felipe e ele não conseguia acreditar. Fiquei com medo do rato ainda estar ali dentro. Quando comecei a pensar, lembrei que aquele pão estava dentro da minha mochila de ataque. Quando vi, ela estava furada também!

    Começamos a investigar, e vimos que o rato entrou na mala do Felipe, e comeu salame! Salame!! Além disso, o rato mordeu uma embalagem de um gel de proteína. Deve ter dado um gás nele, e foi embora pleníssimo.

    Quando comecei a pensar, lembro que durante a noite estava chovendo forte. Mas em um certo momento, a chuva estava forte demais, fazendo um barulho muito alto. Semelhante ao barulho de uma embalagem de plástico! Talvez a embalagem de pão!!!!

    Bizarro... eu escutei o rato comendo a embalagem de pão. Sorte a nossa que eu não acordei. Seria um caos.

    Todos avisaram que isso poderia acontecer. Mas pensamos que era besteira. Até porque, até esse momento, tinhamos saído ilesos dos outros campings.

    Enfim, segue o jogo. Pegamos toda a comida, guardamos em um saco, e colocamos do lado de dentro do refúgio, e fomos em direção às pontes do Glaciar Grey. Todos disseram que valia muito a pena.

    O dia estava bem nublado, então não deu pra ter o melhor visual. Mas ainda sim foi bem interessante. A segunda ponte é demais.


    Contamos nossa história sobre o atque dos ratos, e acabamos ganhando um desconto pra dormir dentro do refúgio. Ofereceram que a gente pagasse apenas a diferença de valor entre o camping e o refúgio, e ainda por cima ofereceram 50% de desconto nesse valor.

    Então, por que não?

    Guardamos a barraca, e fomos pro refúgio. Seria nossa última noite. Merecemos um conforto.

    No refúgio você tem a opção de pagar a cama simples, ou a cama montada. A simples não tem nada, então a gente dormiu com o saco e dormir em cima da cama. Pra pagar pela cama montada já adiciona um valor um pouco salgado.

    Minhas pernas e meus pés agradecem essa noite.

    Dia 29/04 - Refúgio Grey até Paine Grande

    Acordamos cedo e, pensamos que o rolê feito pelos Refúgios é completamente diferente do rolê feito quando você dorme nos acampamentos. Só de conseguir se trocar em um quarto, sem ter que passar frio, já faz toda a diferença.

    Olhamos pela janela e vimos que estava nevando! Nos arrumamos rápido e antes de partir fomos para o mirador Grey. Chegamos até uma praia de pedra com alguns blocos de gelo no lago.

    A montanha que ontem estava quase inteira marrom, hoje amanheceu, branquinha, cheia de neve. Parece que nevou a noite toda.

    Pegamos nossas mochilas e partimos em direção ao refúgio Paine Grande. Eu estava sofrendo antes mesmo de começar, mas o caminho não foi tão ruim quanto eu imaginei.

    Não foi fácil, mas eu estava esperando que seria impossível.

    Nesse dia ventou como nunca. E o vento estava indo na mesma direção que nós. Parecia até que o parque estava me expulsando. Ou tentando me ajudar a ir embora, com um empurrãozinho.


    Chegamos em Paine Grande por volta das 14h, e fizemos um almoço.

    Nesse acampamento você consegue ver umas raposas. Quando eu vi a primeira vez achei que era um cachorro, ou talvez um lobo. Mas é uma raposa da região. Parece um cachorrinho mesmo.

    Nosso ônibus de volta era só ás 19h, e o barco sairia de Paine Grande às 18h30. Então, tinhamos um bom tempo até lá. Resolvemos descobrir se tinha alguma outra trilha pela região.

    Fomos para uma trilha próxima ao lugar do barco, e caminhamos um pouco sem saber se chegaríamos a algum mirador. Mas no caminho, olhávamos pra trás e víamos o lago com uma cor azul esverdeada, e a montanha no fundo com neve. É muito lindo.



    Depois de caminhar um pouco, voltamos e esperamos o horário do barco, que custa nada mais nada menos que 30 dólares por pessoa. Enfim... vamos embora. Estou exausta haha.

    Capotei no ônibus, e tudo que eu mais queria era tirar minha bota.

    Foi cansativo, foi desafiante, foi muuuito dificil. E valeu cada segundo.

    Obrigada a todos que tiveram a curiosidade de ler até aqui. E obrigada ao Felipe por ter me aguentado por todos esses dias. Obrigada pela paciência e incentivo. <3

    Ansiosa pra próxima. :)

    Virginia C Feitosa
    Virginia C Feitosa

    Publicado em 11/05/2019 18:18

    Realizada de 20/04/2019 até 29/05/2019

    1 Participante

    Felipe Ancona

    Visualizações

    4956

    2 Comentários
    Edson Maia 12/05/2019 14:56

    Muito bacana a história desta trip de vcs! Os ratos do TDP são famosos ..kkk Quando passei por lá, tive mais sorte com eles. Já não posso dizer o mesmo quanto aos banhos quentes, os meus foram todos gelados. kkkk Ah! Parabéns pelas belas fotos!

    1
    Renan Cavichi 13/05/2019 13:40

    Uouuu demais pessoal! Ficaram lindas as fotos Virginia! Essa está bem cotada na minha listinha infinita rsrs

    1
    Virginia C Feitosa

    Virginia C Feitosa

    São Paulo - Brasil

    Rox
    25
    @virginiacf_