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Vivi Mar 23/01/2019 08:51
    Cicloviagem Ouro Preto a Carrancas via Estrada Real - 310 km

    Cicloviagem Ouro Preto a Carrancas via Estrada Real - 310 km

    Cicloviagem

    Cicloviagem Mountain Bike Longa Distância

    Cicloviagem Ouro Preto x Carrancas via Estrada Real - 310 km

    Fotos em:

    https://www.facebook.com/vivi.mar.1044/media_set?set=a.2431021230302256&type=3&notif_id=1548102774735113&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif

    A Estrada Real é o caminho oficializado pela Coroa Portuguesa para o trânsito de ouro e diamantes de MG até o RJ que na época era realizado a cavalo.

    Anos atrás pedalei pelo trecho de Diamantina ate Ouro Preto, o chamado Caminho dos Diamantes. Fotos da época: https://www.facebook.com/vivi.mar.1044/posts/900881433316251

    Mas agora eu tinha uma semana livre, mas não tinha tempo para pesquisar um roteiro inédito e se programar. Eis que surgiu a ideia de pedalar por um trecho da Estrada Real que ainda não conhecia.
    Mas o desafio agora era outro. Não era o pedal ou o roteiro, mas sim iniciar meus 2 sobrinhos nas Cicloviagens.

    Fabio e eu corremos para organizar barracas, comidas, bikes, bagageiros, roupas e no mesmo dia embarcamos rumo a Ouro Preto.
    Infelizmente um dos meus sobrinhos, o Gabriel, não conseguiu ir, pois surgiu uma oportunidade de mochilar pela Bolívia e Peru, mas oportunidades não faltarão.
    Embarcamos então: eu, Fabio e Lucas, meu outro sobrinho de 17 anos, para sua primeira experiência com cicloviagem. Antes disso ele já tinha feito um pedal pela cidade, e alguns anos antes tinha participado de uma pedalada em nazaré paulista e uma em Paranapicaba. Seria sua primeira vivência com pedal de longa duração. Estipulamos uma quilometragem máxima de 50km por dia para ser um pedal agradável, sem “tanto” sofrimento e com mais pausas. Levamos nos bagageiros barracas, panelas, fogareiros, roupas, saco de dormir e comida suficiente para café da manha, almoço e jantar durante os 7 dias de pedal. Sendo necessário apenas algum abastecimento de frutas, verduras frescas e pães pois o Lucas é vegetariano.

    No embarque conhecemos o Marcelo, ciclista que também iria fazer a ER mas seguiria até Paraty, juntamente com seu primo Peter que já o aguardava em Ouro Preto.

    Passamos a noite no ônibus chegando em Ouro Preto por volta de 7:30 da manhã.
    Soube que 2 amigos estavam por lá em Ouro Preto, e logo tratamos de nos encontrar para botar o papo em dia: Jorge Soto e Lau. Adorei o encontro <3
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    Abaixo alguns detalhes do nosso dia a dia, me limitei a fazer um breve resumo, pois o roteiro bem detalhado, com planilhas e altimetria, tem no site oficial da Estrada Real http://www.institutoestradareal.com.br/roteiros/velho
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    Dia 1) Fail Novo x Velho
    Percurso: Ouro Preto x Ouro Branco x Lobo Leite
    Distância: Pedalamos aproximadamente 50 km, com 1.200 de altimetria acumulada
    Nossa rota era pelo Caminho Velho, mas pedimos informação aqui e ali, acabamos caindo no Caminho Novo. Fritamos de tanto calor no asfalto, com caminhões passando tirando fina na serra.
    Achei este trecho Ouro Preto x Branco muito movimentado, sem acostamento, muuuitos carros e caminhões. Logo chegamos na BR 040 que tem acostamento e interceptamos no nosso tracklog do Caminho Velho.
    Yeah Yeah. Terra. Mato. Sombra. Riozinho. Ufa.
    Chegamos em Lobo Leite, um vilarejo bem atraente. Tomamos banho de rio e conversei com um morador do local para pedir permissão para montamos nosso acampamento ao lado de um campo de futebol. A noite teve aula de futebol, moradores vieram nos dar boas vindas, e convidar para jogar. Mas hoje, melhor não, rsrsrs. Preparamos nosso jantar e fomos dormir no final do jogo.
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    Dia 2: Enfim terra
    Percurso: Lobo Leite x Congonhas x Alto Maranhão x Pequeri x São Brás Suaçui x Quase Entre Rios
    Distância: Aproximadamente 50 km com 1.100 de altimetria acumulada

    Saímos do acampamento e subimos por uma estradinha de terra bem íngreme. Depois de Congonhas seguimos por Alto Maranhão por uma estradinha bem atraente. Após Piquete entramos em um single track na fazenda, onde fizemos uma longa pausa na sombra para o almoço. O calor hoje castigou assim como ontem. Dias quentes e secos.
    Nosso acampamento foi montado num pasto logo após a bica d’agua, uns 4 km antes da cidade de Entre Rios. Tomamos banho de canequinha, rs.
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    Dia 3: Dia de pedal sussa
    Percurso: Entre Rios x Serra x Casa Grande x Cataua
    Distância: Aprox 50 km e 1.000 de altimetria acumulada
    Dia de pedal tranquilo, sem serras, somente pequenas subidinhas e descidinhas, com riozinho pelo caminho. A pausa do almoço de hoje foi feita na cidade de Casa Grande. Cidade linda com povo acolhedor. Adoramos o bate papo no bar e todos os moradores super receptivos com quem é de fora.
    Passamos a tarde toda jogando conversa fora esperando o sol baixar.
    Mais alguns km e no final da tarde chegamos em Catauá, uma comunidade pequena onde também fomos muuuito bem recebidos.
    Tomamos banho de mangueira, ganhamos um tira gosto, ganhamos frango assado e carne assada que reforçou o jantar preparado no fogareiro: Arroz com queijo, feijão e ovo frito. Passamos um final de tarde pra lá de agradável com os moradores. Muitos deles nasceram ali onde vivem até hoje. E é história pra mais de metro. O senhor do bar nos ofereceu para tomarmos banho lá, disse que poderíamos dormir ali no seu refeitório. Sem contar os demais moradores que nos contaram os causos da cidade, nos ajudaram em tudo, e foram super prestativos. Um deles até nos arrumou uma porquinha para o parafuso do bagageiro. Obrigada demais a todos.
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    Dia 4: “singletrackzinho” e Estrada Parque
    Percurso: Catauá x Lagoa Dourada x Prados x Tiradentes
    Distancia: Aprox 56 km com 1.300 de altimetria
    De Catauá para Lagoa Dourada foi um pulinho. Nos demos o luxo de comer o legítimo rocambole, carro chefe da cidade. Aprovadíssimo. Obrigada ao padeiro, que além de ter mãos doces, ainda nos deu dicas do caminho pois era ciclista.
    Já perto de Prados pegamos um single track pelos eucaliptos, onde tinha sombra. Aleluia. Mas na cidade de Prados o sol foi impiedoso. Derretemos na sarjeta na porta do supermercado.
    Somente depois de um cochilo de 5 minutos de pressão baixa e um sorvete de 2 reais que reanimamos.
    No mercado, mais um vez, os mineiros mostraram que são bons de prosa. E papo vai, papo vem, um deles comentou de uma Estrada Parque que ia pela Serra, com mais subida que o caminho habitual, mas que era uma estrada linda, com água potável da nascente, beirando os paredões e boa sombra. Não pensamos duas vezes, a alternativa foi aceita de primeira. Ele nos levou até a entrada da Estrada Parque para não perdermos tempo procurando. Muiiiito obrigada ao pessoal do Supermercado de Prados.
    O caminho foi delicioso, pela sombra, muito agradável mesmo. A estrada segue subindo pelas pedrinhas, no topo alguns trechos mais técnicos até subir a serra, e logo vai costeando os paredões (onde soube mais tarde que tem escalada por lá).
    A descida para Tiradentes foi alucinante. Já na praça de Tiradentes, hoje, em especial, eu merecia uma breja, pq o calor era muito grande....rsrsrs. E um pastel, rsrs.
    Por mim teríamos pedalado mais um pouco hoje, teríamos seguido mais um pouco. Mas o Lucas queria conhecer a cidade de Tiradentes. E hoje foi o dia dele exercitar o seu olhar para pernoite...rs... A tarefa dele hoje era arrumar um local free para acamparmos. Seja um riozinho, uma cachu, um terreno, o que ele achasse melhor. Dei as dicas de onde procurar, como falar, para quem perguntar, e lá foi ele...
    Depois de duas ou três negativas, bingo.
    Conseguiu um local ao lado da praça do centrinho, no estacionamento. Melhor do que isso, impossível. Mais tarde conversei com o proprietário do estacionamento, e o mesmo se mostrou super envolvido com o movimento de viajantes com baixo custo, de viagens mochileiras, etc. Ele disse ter 65 anos, mas que viajou por muitos anos desta maneira, de carona, e super apoia viajantes . Inclusive, nos ofereceu todo o apoio necessário na próxima cidade de São João. Obrigada demais Sr Devair. Agradeço imensamente por nossa viagem ser sempre cercada de pessoas como o senhor <3
    Mas Tiradentes não parou de nos trazer surpresas, e boas surpresas.
    Passaram por nós algumas meninas curiosas sobre “o que fazíamos ali na praça” daquele jeito, rsrsrs. Horas mais tarde encontramos novamente com as meninas, eram: Mariana, Adriana e Marcia. Mochileiras do “mulheres que viajam sozinhas” de SP, RJ e Gov Valadares, que se conheceram no Hostel, e chegaram ou iam embora de carona.
    E apesar do cansaço de hoje o papo rendeu horas, pois o que mais tinha era historias pra contar. Elas estavam conhecendo as cidades da ER de carona.
    Bom, era hora de dormir. Fomos para o Estacionamento e montamos nosso acampamento embaixo do pé de manga.
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    Dia 5: Dia de Repouso Ativo
    Percurso: Tiradentes x São Joao Del Rei x Rio das Mortes
    Distancia: Aprox 30 km, não anotei altimetria total do dia
    Hoje acordamos com uma dor de barriga, grrrrr. Não sei se foi o pastel, a cerveja ou o torresmo, kkkk. Resolvemos fazer um pedal regenerativo, rs.
    Só saímos da barraca quando o Marcelo e Peter vieram nos acordar. E ahhhh, que surpresa maravilhosa <3
    Eles nos descobriram aqui, hehehehe
    Saímos de Tiradentes e a uns 4 km de reta nos deparamos com uma cachoeira. Fica a dica para quem estiver procurando um local para acamps roots na região. Embora eu não saiba se é permitido acampar ali... mas não tinha placa de proibido.
    Uma pausa para um banho de cachoeira e encontramos o Marcelo e o Peter lá também.
    O pedal saiu pelo asfalto, e logo entrou em São Joao del Rei, as 2 cidades são praticamente encostadas. No Centro de SJdelRei o Jonatas, nosso amigo e instrutor de escalada na região, deu a dica de onde acharmos gas Tekgas Natika para nosso fogareiro, pois o nosso tinha acabado. Achamos na loja de pesca do Nelson, ali no Centro. Não resistimos a um PF de 5 reais que vendia na frente da loja. E que PF. Comida caseira, e na quantidade exata para não comer pouco nem muito, e continuar pedalando, rs.
    Uma pena que não conseguimos encontrar pessoalmente com o Jonatas que estava trabalhando, mas valeu demais pelo beta ! O Jonatas foi nosso instrutor num curso de Escalada Móvel na serra do Lenheiro um tempo atrás.
    Mas encontramos o Marcelo e o Peter, hehehe
    Após o almoço atravessamos a cidade sentido Serra do Lenheiro, e este trajeto já conhecíamos pois já escalamos na região.
    Mas nossa pedalada ao invés de subir para o Lenheiro, seguiu mais a esquerda, perto de uns predinhos/condomínios, contorna a Serra do Lenheiro e também as antenas, sentido São Sebastião. Segue por trilha, single track, bem seca e sem agua. A trilha é muito massa para bikers.
    Pausa na sombra para a digestão, e lá pelas 17 horas retornamos ao pedal com o sol mais agradável.
    Chegamos em Rio das Mortes e optamos por pernoitar ali.
    Tomei um banho de gato no banheiro da igreja e acampamos no gramado da praça da cidade.
    A noite choveu, que maravilha de chuva, para refrescar.
    PS: Moradores disseram que a cidade tem este nome pois no passado muitas pessoas morreram em conflitos ali naquele rio daquela cidade
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    Dia 6: Tem mais single track sim sinhô -> Dia de manutenções e mecânicas, grrrrrr
    Percurso: Rio das Mortes x São Sebastião da Vitória x Caquende x Barco x Capela do Saco
    Distância: Aprox 45 km
    Saímos da cidade pela estradinha de terra e logo depois uma subida de cascalho debaixo de sol forte. Por mais que a gente acordasse bemmm cedo, ainda noite, o sol já nascia derretendo gordura. O sol todos os dias nos castigou. O calor foi intenso a semana toda. Entramos em um longo single track em meio as fazendas, e este terminou somente bem perto de São Sebastião.
    O dia de hoje pode ser resumido em pausas para arrumar a bike, aff.
    Como saímos de sp na pressa e decidimos esta viagem de última hora, não tivemos tempo de fazer nenhuma revisão. As bikes estavam sem manutenção desde a última cicloviagem por Mogi/Serra do Mar. Mas levamos as ferramentas pois já sabíamos que poderia dar algum problema, rs.
    O pneu do Fabio furou umas 4 vezes hoje, as vezes o dianteiro, as vezes o traseiro. Minha corrente estourou 2 vezes ao longo do dia. Da primeira vez eu estava clipada na subida de pedregulho, e nem deu tempo de soltar a sapatilha, rs. Chão. Da segunda vez Fabio fez um novo ajuste, mas ficou curta e perdi as marchas leves.
    A única bike que não deu nada, foi a 26 Caloi Elite que é antiga e emprestei para o meu sobrinho Lucas, rsrsrs.
    Chegando em Caquende a balsa estava interditada, mas por 5 reais um morador estava atravessando a represa para a outra margem.
    Atravessamos de barco para Capela do Saco.
    Paramos no bar do Pinguinha para um bate papo.
    Ali na beira da represa montamos nossas barracas e tomamos banho de represa até começar a esfriar e quase anoitecer.
    Mais tarde preparamos nosso jantar, e tomamos uma gelada no Pinguinha.
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    Dia 7: Cachoeiras e Mata Burros
    Percurso: Capela do Saco x Carrancas x Cachoeiras
    Distancia total: 35 km com aprox. 800 mts de altimetria
    Acordamos cedo para chegarmos a Carrancas a tempo de aproveitar algumas cachus.
    A subida pra Carrancas é suave, vai beirando a represa e vc nem sente. Somente a uns 8 km antes de chegar em Carrancas que você sobe 4 km e depois desce 4 km.
    A subida é com muito pedregulho grande, bem seca, e derrapa bastante. Sem marcha leve... empurrei....grrrrrr. E pra variar, o pneu do Fabio furou novamente, aff. Kkkk
    Na descida tem bastante mata burro, mas daqueles no sentido contrário, tipo na “vertical”, que se errar o alvo entala o cambio da bike, rs. Todo cuidado é pouco, rsrsrs
    Na descida a aranha do bagageiro do Fabio também enrrolou na roda, e deu uma trabalheira grande pra tirar aquilo dali, que chegou a comprometer a gancheira, grrrrr.
    Enfim, chegamos em Carrancas e fomos na Bicicletaria ER (35) 98887-8449 pra ver se rolava uma corrente nova para minha bike, que estava sem marchas leves.
    Mas de qualquer forma, aqui seria o final da nossa ciclo. Optamos por acampar por aqui para curtir tbum em algumas cachus, fomos na Tira Prosa, Moinho, Gruta, etc.
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    Nossa IDA e o RETORNO também foi pela empresa UTIL, e eu gostaria de agradecer pela atenção de todos os funcionários. Fomos muito bem atendidos, mesmo com as bicicletas lotadas de bagagens.
    Em Lavras, o atendente foi muito prestativo, do tipo que eu nunca vi nada igual. Ele nos deixou a vontade para embarcar como ficasse melhor para o nosso equipamento, mas deu todo o suporte, atenção e nos orientou muito bem. O motorista também nos deu todo o suporte. Obrigada a todos pela atenção.
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    E enfim.... por mais viagens como esta ... por mais encontros com senhores Devairs, por mais Marianas, por mais Marcias, Adrianas, por mais Marcelos e mais Peters, por mais Pradenses, por mais Casa-Grandense, por mais gentilezas como as que recebemos na comunidade de Catauá.... por mais natureza como as que vimos e vivemos nestes dias em Minas Gerais.
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    Obrigada a todos que esbarramos pelo caminho, e pelos meus parceiros de pedal: Fabio e Lucas, que aliás, se saiu muuuuuito bem em sua primeira cicloviagem, demonstrando ser um ótimo parceiro, independente, piadista, bem humorado mesmo nos perrengues e bem disposto para resolver qualquer obstáculo que surgia no nosso dia a dia.

    Vivi Mar
    Vivi Mar

    Publicado em 23/01/2019 08:51

    Realizada de 11/01/2019 até 17/01/2019

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    2 Comentários
    Fabio Fliess 23/01/2019 14:37

    Top demais Vivi! Parabéns...

    Vivi Mar

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