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Wanderson Dias 20/01/2021 15:05 com 1 participante
    Cachoeira Do Rio De Pedras

    Cachoeira Do Rio De Pedras

    Sobre umas das cachoeiras mais belas da Serra do Cipó, em Santana do Riacho

    Trekking Hiking

    É certo que o Espinhaço tem inúmeras queda dágua, mais de mil dirão. Mas algumas marcam mais que outras. Quem vai a Cardeal Mota se encanta com a Cachoeira Grande, a cachoeira Serra Morena e a Congonhas de baixo. E não é pra menos. São belas e o melhor, acessíveis. Mas lá no cantinho, indo pras bandas da Lapinha, já na divisa com Santana de Pirapama, tem um rio, pequeno, que desce o espinhaço rumo ao Rio cipó suave, sem se impor sobre os outros. Rio de Pedras. Um rio que, já deixo a polêmica, contém as cachoeiras mais belas da região. Lá em cima, no alto ainda , pode -se aproveitar o visual que a cachoeira do bicame tem. Em baixo, a cachoeira do rio de pedras se impõe. Entre elas há ainda o poço do soberbo e a cachoeira do abismo. Hã muito não vou no bicame. Até tentei ir no início do ano passado porém , devido as chuvas, não estavam permitindo a entrada. Mas tudo bem. Ela está lá esperando.

    Decidimos ir na cachoeira do rio de pedras já no sábado a noite. Uma confusão que sempre acontece em casa. Sempre decidimos na última hora. Com duas crianças, o Lucca de 12 anos e a Lara de 1 ano, é importante programar as coisas com antecedência. Carina iria ficar no camping do rio de pedras, da Lucy, que recomendo pra todo mundo conhecer, o camping e ela. Pessoa maravilhosa. E o Murilo e eu, iríamos para a cachoeira. Essa caminhada é meio que uma despedida de parceria de caminhada. Murilo está indo pra Sampa tocar outros projetos lá e a frequência de que vamos caminhar juntos vai diminuir bastante. Faz parte da vida e do crescimento de cada pessoa.

    Fomos em um carro só, asfalto até Tibuna e terra até o camping. Estradas razoáveis para os dias de chuvas que estamos tendo aqui. Tomamos café lá no camping e partimos pra cachoeira. Carina e a criançada ficaram na área de camping aproveitando o rio.

    O rio estava cheio. Um 30 centímetros mais alto. Na primeira travessia, ainda dentro do camping, retiramos as botas pra não molhar. Mas 5 minutos depois mas estavam encharcadas. O trajeto inicial é na borda do rio, em seguida pegamos uma trilha pra dentro da mata em direção ao cânion do rio. Como o rio faz uma curva, teríamos que atravessar novamente. Daí fomos de bota mesmo. Nessa parte , as pedras que dão o nome ao Rio começam a surgir e a travessia e feitas, na maior parte do tempo em cima delas. Do outro lado uma nova trilha, agora para subir a serra, lateral ao rio e ao cânion. Subida clássica da Serra do Cipó. De tropeiro,terra e pedra, bem batida. Nas bifurcações, não precisa ter dúvidas, sempre a esquerda. Na subida vê-se o rio lá embaixo , se esgueirando, da saída do cânion. A mata se fecha um pouco e o sol passa a não castigar muito, o que ajuda na subida.

    Quando chega no topo da trilha, o visual começa a mudar, passo a passo , a parte interna do cânion começa a aparecer. O coração dá uma acelerada. Você olha pra latera e vê dois pilares, de pedras, como vigias, imponentes. Você não quer parar de olhar pra aquilo. Seus olhos buscam essa sensação por mais alguns minutos. E faz você já programar uma próxima vinda, pra ir no cânion, lá embaixo, por outra trilha, só pra ficar admirando aquela beleza.

    Mas não foi pra isso que viemos dessa vez, então seguimos a trilha que agora desce, desce de forma acelerada. Antes uma subida de tropeiro, a descida é como um pista de motocross. Pareca que foi a chuva que fez. Quase uma escalaminhada. No retorno, a maior parte do tempo se sobe com as mãos nas pedras. Mas o que você vê dentro do cânion faz o sacrifício do joelho valer a pena. E, de uma vez por todas, você entende porque o rio tem seu nome. Milhares de pedras tomam conta do lugar, estão lá como se fossem o rio. No inverno, acredito, deve ser possível andar dentro do leito do rio só pulando de pedra em pedra, sem molhar o pé. Devemos até a margem dele e continuamos andando por ela, subindo , a vezes nadando até chegar a cachoeira. Dos seus 70 metros de queda, cai em um poço grande, com águas escuras, assinatura dessa região. A água ao bater no poço, sobe, em forma de chuvisco e chega às plantas que nascem no paredão. Um paredão no formato de arco que gera uma imersão total. Não existe nada além daquilo para chamar sua atenção. Você fica fisgado, como um peixe. Deslumbrado. As ondas estão altas no poço, o que dificulta nadar lá. Mas não impede. Nem de nadar, nem de te convidar a voltar lá quando a época de chuvas passar. Um lugar único. São aproximadamente 8km de ida e volta que fazem a gente mudar um pouco a forma de ver o mundo.

    Wanderson Dias
    Wanderson Dias

    Publicado em 20/01/2021 15:05

    Realizada em 17/01/2021

    1 Participante

    Murilo

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    2 Comentários
    Murilo 27/01/2021 00:29

    Wanderson, vc tem o dom e me emociono com suas palavras. Adimiro você como pai, como amigo,como profissional e não menos como Montanhista. Obrigado por me fazer me conhecer melhor, pelos inúmeros ensinamentos e perrengues que passamos juntos!! A vida é como o clima, as vezes incerta e imprevisível. Mas o que é forte, permanece. Igual as montanhas. Tenho total certeza que vamos varar muito mato juntos ainda! Você e sua família agora tem uma base em SP, de lá sairão aventuras que futuramente serão postadas aqui. No mais, um Homem do Espinhaço, sempre será um Homem do Espinhaço. "Se eu deixar de caminhas Nestas montanhas A flor de minhas entranhas Há de apodrecer" (Bernardo do Espinhaço)

    Wanderson Dias 01/02/2021 15:06

    Tamo junto meu irmão. Vamos caminhar muito ainda. Um homem do Espinhaço, demores será um homem do Espinhaço.

    Wanderson Dias

    Wanderson Dias

    Sete Lagoas MG

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    Caminhante nas serras. Com idéias de ensinar cada vez mais sobre o trekking sustentável. Instagram @wanzdias

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