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Wanderson Dias 05/05/2021 11:25
    Travessão

    Travessão

    Sobre uma caminhada de 20Km até o Travessão, saindo da portaria Alto Palácios

    Hiking Montanhismo Trekking

    Se algum dia decidir ir ao travessão e ver as belezas do espinhaço, vá pela trilha de alto palácios. Explico. Há duas principais rotas , saindo da Serra do cipó para chegar até ao cânion, por duas pontes e pela portaria de alto palácios. Por duas pontes é possível apreciar o vale e a pedra do elefante, os capins Dourados e um pouco de vegetação de serrado, além das samambaias. Mas um lance de montanha faz toda diferença. E é o que vou tentar contar aqui.

    Fomos no dia 02 de maio e o outono já começa a dar passagem ao inverno. Os dias já estão mais frios e lá em cima o vento castiga mas. Chegamos, Carina e eu, por volta das 10 da manhã em frente à casa que serve de espaço pra portaria. Uma casa no meio de uma rodovia, sozinha, sem casas a leste ou oeste. Deixamos o carro e, eu com um mochila pegamos o início da trilha. Um ponto: não é necessário agendar a ida ao travessão, o que é preciso quando for fazer as travessias para Serra dos Alves ou Cabeça de Boi.

    A trilha é muito bem marcada. Começa no marco de madeira e segue, por um tempo, margeando a rodovia. Nesse ponto é possível ver as velocias, que o fogo não abraçou. A trilha vai se curvando par a esquerda, se distanciando da rodovia, entrando em altos palácios, onde é possível ver uma infinidade de flores. As mesmas flores que toda a parte superior do espinhaço exibe. Sempre vivas, flores azuis, roxas, amarelas, brancas. Um sem número de flores, arqueadas ao vento , que sopra frio. Sem ponto de abrigo, é necessário o uso de roupas e de proteger o rosto. Mas a vista compensa o frio. Andar por um jardim faz a alma aquecer.

    Ali na frente, uma estação meteorológica te faz lembrar da sociedade e, olhando para trás, vê se a casa lá longe, pela última vez. A trilha segue entre flores, agora mostrando a chegada do inverno. Flores secas já convivem com as vívidas. Um show de passagem de estação.

    Em certo ponto passamos acima da pedra do elefante, descemos o morro, cruzamos a cerca e a trilha começa uma vertente de descida. Descida pesada, descida leve. Um charco aqui, outro ali. Capins dourados começam a aparecer junto com os chuveirinhos das sempre vivas.

    A trilha segue leve, só o vento incomoda. Em certo ponto, incia a descida leve, sem pretensão de nada. Curva pra direita, desce mais um pouco, curva pra esquerda. Boom. A visão se abre pra todo um mar de montanhas. Um mirante no meio do caminho revela a imensidão desse lugar e te chama, novamente a provar o porquê de caminhar. Ficamos ali um tempo. Trabalho a respiração, sorrio. Toda vez que o espinhaço me permite, eu emociono. Toda vez que o espinhaço permite ver parte de sua imensidão, eu agradeço.

    A trilha segue e agora começa os lances de descidas mais fortes. O joelho agradece. O direito principalmente. Talvez eu deva olhar com mais carinho pra ele. A descida segue e a vegetação vai mudando. As flores ficaram pra trás, dando lugar a uma nova vegetação. Os capins dourados tomam conta da paisagem. E o caminhar agora é entre eles até a bifurcação das duas trilhas, a de alto palácios e a de duas pontes. Ali, nas pinturas rupestres.

    A partir desse ponto, a trilha é na encontra do cânion. Sobre pedras vamos descendo o morro rumo ao único ponto de travessia pelo cânion, o travessão. Vamos caminhando ao lado de um riacho que vai cair no cânion e lá na frente, virar o rio cipó. Seguimos descendo até que tenso que atravessar o riacho , pegando a trilha do lado esquerdo.

    O caminho agora é levado pelo cheiro de assa peixe. Vamos descendo até chegar um dos mirantes do cânion, onde é possível ver a queda do riacho e o rio se formando lá embaixo. Desse ponto, a vista vai ao longe, onde nasce o rio cipó. Não é possível vê lo, mas a imaginação de quem se encanta por essas terras permite a suspensão do que os olhos permitem enxergar.

    Descemos mais um pouco, em direção ao ponto de travessia no cânion. Outrora a vegetação ali era mais altas, mas agora, após as queimadas do fim do ano, a vegetação rasteira se renovou porém as árvores ainda tem o tronco queimado e aguardam a primavera, pras folhas nascerem. Um duplo sentimento, de alegria pela vida se renovando e a tristeza que as queimadas proporcionam, paira na alma.

    A trilha se bifurca, à direita e reto, tem a continuação do caminho das travessias para Serra dos Alves e para Cabeça de Boi, à esquerda um morro com o mirante mais famoso da região. Frequentado por milhares de anos, guarda uma das maiores belezas da Serra do cipó: a vista do cânion do travessão.

    Uma explosão de sentimentos invade as pessoas que chegam a esse lugar. A imensidão te leva a reflexões sobre o que somos , sobre o que queremos ser. A vista não se cansa de olhar pra'quele lugar. Um descanso pra alma e pro corpo. Toda tensão se vai , todo stress, mesmo que temporário esvai do corpo.

    Ficamos ali por uma hora. Infinita hora. Mas deu a hora de voltar. Lara e o Lucca nós esperavam em casa. Subimos o morro, passamos pelas flores, pelos morros. Ao longe a casa da portaria se mostra, as mãos frias criam a espectativa do aquecimento dentro do carro. Um dia especial, um presente de aniversário.

    Wanderson Dias
    Wanderson Dias

    Publicado em 05/05/2021 11:25

    Realizada em 02/05/2021

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    Wanderson Dias

    Wanderson Dias

    Sete Lagoas MG

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    Caminhante nas serras. Com idéias de ensinar cada vez mais sobre o trekking sustentável. Instagram @wanzdias

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