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Ward de Sá 13/01/2018 20:29 com 1 participante
    Travessia Ruy Braga 23km x 2, descida e subida em 2 dias!

    Travessia Ruy Braga 23km x 2, descida e subida em 2 dias!

    Uma das travessias do PNI. Fizemos a descida e subida de reconhecimento deste trekking de nível fácil. Está aí uma ótima opção pra iniciante

    TRAVESSIA RUY BRAGA, indicada para os que querem iniciar em trekking, por ser uma travessia curta e com terreno fácil (para quem já pratica trilhas). Reconhecimento para expedições em grupo posteriores.

    Como muitos sabem, sou proprietário de uma pequena agência realizadora de sonhos, e tenho como ofício oferecer aventuras seguras aos aventureiros que gostam deste tipo de vida, mas que não podem ou não tem como se aventurar sozinhos, seja qual motivo for.

    Por isso, a "cobaia" aqui vai sozinho e faz todo o trajeto, passa perrengue, encontra assombração, alegrias, onça ainda não (mas quero muito ver), outros seres como o querido Corpo Seco e afins...

    Faço as aventuras antes para que quando eu leve meus grupos, tudo saia bem, não falte água (não confio em relatos que leio), saiba onde são possíveis ponto de escape, os melhores locais para levantar acampamento, etc, quero ir e ver como é, por minha conta para não ter surpresas, como vejo acontecer com outras "agências" e "clubes de aventura", que se perdem e nem terminam a aventura, que fazem o pessoal carregar excesso de água por não saber esses detalhes. Bem mas vamos a minha exploração...

    Tio Jon todo faceiro com a Cachoeira das Flores ao fundo, logo após o abrigo Rebouças.

    Nessa, o destemido Tio Jon integrou o "a pair of a two double adventurous", kkkkkkk. Do nada decidimos ir lá descer a Serra Negra e subir a Rancho Caído (outras duas travessias que faremos também), mas por regramento do PNI, "nô pódi", tá beleza, certo. Faremos o que? Faremos a Ruy Braga que pode descer e subir (caminho normal e inverso). Como era fora de temporada não haveria problemas em atingir a lotação de pessoas permitidas por dia a realizar o feito. Chegamos ao parque por volta das 11:37hs, do dia 16/11, acampamos lá no Rebouças, mas acabamos dormindo no abrigo mesmo, pois haviam só mais 2 pessoas lá nesse dia. No dia 16, quinta, por volta das 14:00hs começou a chover muito e caiu muito granizo, além dos ventos e chuva bem forte, foi mais um teste pra minha barraca lixo da Quechua que muito "montanhista de instagram" torce o nariz por não ser uma barraca topzera de mil e vai cascalhos pro ralo, só dou risada, minha Arpenaz 2 é extremamente forte, resistente e aguenta jato d'água de 3000 libras de pressão a 30cm de distância. Tá, que que isso significa, aguenta mais de 10 mil milímetros de chuva fácil, e nessa aguentou pedras de gelo na chuva de granizo, do tamanho de bola de gude por cerca de 40/45 minutos. Aprovada para qualquer trekking no BR, não gaste 800, 900, um conto pra ostentar marca, ok.

    Linda cobrinha (cerca de 55/60cm), além dela, vimos outra morta sem cabeça (possível ataque de Carcará), muitos sapinhos flamenguinho, simbolo do parque e um ninja, sim um sapinho ninja camuflado nas folhas que o Tio mais ninja ainda avistou ele...

    Fomos leves, básico do básico, pois como eram só nós dois, iriamos rápido e parando pouco.

    Costas dos Agulhas Negras, uma belíssima paisagem para quem realiza a travessia.

    Dia 17, sexta, tomamos um "café da manhã" e desmontamos a barraca, sequinha por dentro, demais. Cargueiras nas costas e saímos do Rebouças para a pernada que planejamos, que seria descer, acampar no final e voltar dia seguinte. E lá vamos nós, passamos a entrada para o Maciço das Prateleiras e continuamos, já conheço essa beleza do parque, seguindo e seguindo, curva lá e acolá, seguimos descendo e descendo, o Agulhas Negras visto "pelas costas" mostra mais de sua beleza que encanta milhares de montanhistas que o ascendem todos os anos, o dia estava meio nublado, quente e indicava que antes de chegar ao final, teríamos chuva. Passamos o abrigo Massena, um abrigo avançado que seria incrível se estivesse conservado e em operação como o Água Branca e o Rebouças.

    Oh, Deus do Trekking, dai-me pernas para completar a travessia... O abandonado Abrigo Massena, uma pena essa estrutura robusta, em pedra, estar deteriorada e esquecida pela adm do parque.

    Passamos vários pontos de água boa, mostrando que não é necessário levar mais que 1,5 litros, claro que cada aventureiro sabe de sua sede, podendo levar mais que isso e, todo bom travessista, sabe que tem que terminar o role, independente de qual seja, com uma sobra de água, que indica seu preparo e conhecimento adequado para se aventurar com risco reduzido, e outros preparativos também, mas não estou aqui pra explanar sobre isso (dou palestrinhas sobre isso).

    Trilha na parte dos campos de altitude, cerca de 1000 metros a frente virou mata atlântica.

    Os campos de altitude mudam como se fossem cenário de teatro, sai um entra outro, de tão evidente que é a mudança da vegetação, agora estamos no trecho de Mata Atlântica, bambuzais destruídos e muito bambu no caminho, eu e o Tio ficamos pensando o que aconteceu lá, rolagem de rochas, pouso de espaçonave, luta do Hulk e Superman, mas não identificamos o motivo, acho que foi o Thor mesmo soltando uns raios lá...

    Voltando a travessia, é um desce desce infinito ou como eu chamo, rola serra, até a portaria da parte baixa, devendo-se ter o cuidado em não querer "correr" e forçar os joelhos, tornozelos e quadril na empreitada, além do perigo de torções de pé ou mesmo quedas. LEMBRE-SE, você não está competindo com ninguém, portanto preserve-se e tenha uma vida longa nesse tipo de esporte, sim, é um esporte, que requer acúmulo de experiência, cuidados com a saúde e treinamento constante para não ter lesões, etc.

    O Vovô Macieiras, ops, Abrigo. O mais velho do Brasil em construção de madeira, "nascido" em 1926 resisti firme e forte através do tempo, abrigando os montanhistas até hoje :)

    Enfim, só uma cobrinha no caminho todo, chegamos ao Abrigo Macieiras, que está inserido numa antiga propriedade do Visconde de Mauá (mano esse cara era dono de tudo na época do Império), que hoje integra o PNI. A história deste abrigo remonta ao ano de 1926, quando terminou sua construção, sendo o abrigo de montanha mais antigo do Brasil, em construção de madeira. Também, infelizmente, está em estado de decomposição mas resisti ao tempo, não sendo reformado a muitos e muitos anos. Descansamos um pouco ali, "sessão book montanhista" e seguimos, 14 minutos depois, passamos a entrada da trilha do outro abrigo que está em atividade e em perfeitas condições de uso, o Água Branca, não passamos por ele e nem pelo Abrigo Lamego, pois ficam "fora" da trilha principal. Mais duas horas e meia chegamos, enfim, a parte baixa, banheiros, água fresquinha vinda das nascentes nas montanhas e acesso a 3 cachoeiras lindas, Itaporani, Véu de Noiva e Piscina do Maromba, há mais, mas essas são as 3 próximas a portaria da parte baixa.

    Poço do Maromba, ótimo para se refrescar após a descida da serra. E nem precisa se cansar para chegar nele, só descer uma escadinha na área de estacionamento em frente a sede da parte baixa.

    Chegamos cedo lá, eram 13:20hs, 5 horas de descida sem problemas e fácil. Descansamos, o Tio vai numa das cachus e volta, repomos a água e, em vez de acampar lá na parte baixa, resolvemos voltar no mesmo dia, pois nosso carro ficou lá no posto Marcão, esse é o problema de fazer travessia sem resgate, kkkk, mas 46km (descer e subir), não mata ninguém né.

    Assinamos a autorização para subir as 14:00hs e dá-le subida infinita, seria um ganho de elevação de mais de 1400 metros, nusssaaaaa. Borá lá, definimos nossa pernada de volta até o Abrigo Massena, mas acabou a perna no Macieiras, tava bão demais pra um dia de caminhada, só 30km (a partir do Rebouças até parte baixa, 20k e parte baixa até Macieiras 10km), em 8:30hs. Lindoooo!

    Na ida só descida, na volta...

    Tio com seu cajado mágico fazendo um encantamento para "aplainar" os morros a nossa frente. Não deu ceto :|

    Subindo em direção ao céu, que estava preto mas fomos agraciados com um dia sem chuva, pagando os pecados na subida, fomos subindo e não chegava nunca o abrigo, 10km que nada, foi uns 187, kkkk. Chegamos ao abrigo, eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, montamos a barraca dentro sem o sobre-teto porque estava quente e se chovesse não molhava nada, fotinhas e fomos tirar uma soneca. Lá pelas 23hs acordamos famintos, prepara o rango, limpa as coisas, faz pipi e voltamos a nanar. De madrugada chove forte, bem forte, mas apesar de super velhinho e sem manutenção, não cai uma gota dentro do velho Macieiras, que dó, deviam reformar essa casa de montanha histórica que abrigou, abriga e abrigará muitas gerações de montanhistas ainda. Acordamos as 06 e alguma coisa, cafézim e lá vamos nós iniciar a empreitada final as 07:32hs. Meo que esses 13,5km que faltavam me pareceram uns 290km, mas enfim, só ler o relato de trás pra frente, chegamos no posto Marcão as 11:18hs. Os guarda-parque até se impressionaram com o ritmo que fizemos, mas nada demais, tem gente que desce e sobe no mesmo dia, óóóóó. Mas eu aprecio a vista, por isso sou "tátáruguinha das trilhas". Pegamos nosso Focus4x4, toma um lanche lá na Garganta, come uns quejim minerim e toca pra SP... FIM!!!

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    E aí, leu até o final? Gostou? Dê seu Roxy e compartilhe essa aventura!

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    Atendimento 24 horas, menos quando estou no mato sem sinal ou dormindo, rsrsrs

    Ward de Sá
    Ward de Sá

    Publicado em 13/01/2018 20:29

    Realizada de 17/11/2017 até 18/11/2017

    1 Participante

    Aventureiros Anônimos ®

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    2 Comentários
    Fábio 22/05/2018 16:50

    Show seu relato! Estou planejando esse mesmo trajeto, pelo mesmo motivo... o carro, mas pensei em fazer o contrário: deixar o caro em baixo, subir até o massena, depois até o rebouças e descer num dia só. Estava pensando se seria viável, mas pelo que vi é perfeitamente exequível.

    Ward de Sá 25/05/2018 23:13

    Sim, dá pra descer e subir no mesmo dia, ou vice-versa que é até mais fácil

    Ward de Sá

    Ward de Sá

    Guararema - SP

    Rox
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    Aventureiro e sempre alegre. Instrutor e guia de montanhismo. Proprietário da agência Aventureiros Anônimos Trekking e Viagens, a que mais cresce no ramo.

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