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William Jhones 12/08/2016 22:24
    Viagem de bicicleta de Maringá a Foz-PR (444 km)

    Viagem de bicicleta de Maringá a Foz-PR (444 km)

    Projeto concluído! Expedição com duração de 12 dias. Foi um total de 7 dias e meio pedalando e 5 dias curtindo a família.

    Cicloviagem

    "A bicicleta não é apenas uma ferramenta de transporte, mas um meio de emancipação, uma arma de libertação. Liberta o espirito e o corpo das inquietudes morais e das doenças físicas do mundo moderno, da ostentação, da convenção e da hipocrisia aonde a aparência é tudo, mas não somos nada''. Paul de Vive.

    Relato da minha viagem de bicicleta

    No dia 19 de julho de 2016, após anos de planejamento e vontade de realizar um sonho, saio, às 6:00 da manhã, rumo a Foz do Iguaçu-PR. Meu principal objetivo com esta viagem, além de matar a saudade de toda a minha família de Foz, era colocar toda aquela vontade que eu tinha de sair um pouco do meu ambiente/sociedade. No dia anterior a viagem, preocupo-me com o tempo, pois o dia inteiro fora nublado e na madrugada chovera. Mas, não desanimei, pois a previsão me dizia que não choveria nos próximos 4 dias. Então dou um grande abraço na minha família (pai, mãe e irmã), faço minha oração, e vou... Minha ideia era sempre, ao decorrer da viagem, contemplar o nascer e o pôr-do-sol. Então, sempre saí das cidades onde acampei por volta das 06 ou 07 horas e pedalava até as 18:00 ou 19:00. Foi um total de 870 kms e 68 horas pedaladas...

    Sim, viajei sozinho. Fui um viajante solitário? Não! A grandeza da natureza ao meu redor, matas, rios, pássaros e todos os seres vivos, são uma das melhores companhias que poderia ter. E em todos os lugares que passei, parecia que tinha alguma ou algumas pessoas me esperando, pois sempre fazia alguma amizade com alguém que vinha com alegria e com curiosidade, saber um pouco sobre quem sou e o que estava fazendo... Então tudo isso me fez se conectar e sempre estar em boas companhias.

    - 1º dia de Maringá a Mâmbore 144 kms, 19/07/2016

    Estava muito frio e nublado, clima perfeito! E ao som de Eddie Vedder pego a estrada.

    Chupa, Richa!!!

    Uma surpresa muuuito boa ao final do dia: Encontro um cicloviajante!!!

    Siwei, esse é o nome do cicloturista que tirou esta foto. Um chinês que está dando a volta ao mundo. Era cerca de 16 horas quando o encontrei, isso alegrou ainda mais a pedalada, confesso que estava um pouco cansado e já procurando um lugar para dormir. E ele me disse que em Juranda, cerca de 50 kms de onde eu estava, havia uma igreja onde montou sua barraca e deu a dica para eu ir até lá, mas meu intuito era ir um pouco além (Ubiratã) e então fecharia os 190 km que mais ou menos planejava.

    A noite chega e eu opto por parar, não estava em meus planos pedalar à noite. Então, fico na dúvida: acampar no meio do mato(do nada) ou pedir acampamento em algum lugar? Enfim, pedalo mais um pouco e avisto uma fábrica de processamento de grãos, em Mamborê e é lá que fui pedir um pequeno local para instalar minha barraca. Ufa! Consigo! Fico junto à entrada da fábrica e fecho o dia com 144 kms pedalados. Fora um dia, como todos, muito proveitoso.

    A noite estava muuuito fria!

    - 2º dia: de Mâmbore a Corbélia (dia 20/07/2016 - 110 kms)

    E vamos lá para mais um bom dia de pedalada.... Acordo sem precisar do despertador, às 05 da manhã, numa manhã muito fria, deveria estar em torno de 5º ou menos. Levanto, organizo tudo, peço proteção divina e saio pouco antes das 07 hs. Do dia anterior até este momento, foram mais de 300 fotos registradas e o meu cartão notificou ''memória cheia'', então fez-se necessário a troca do mesmo. Mas ao transferir as fotos do cartão para o celular, cometo um erro... excluo a pasta errada com todas fotos! :(. Fiquei um pouco triste, pois tinha muitas fotos legais, marcantes e foi trabalhoso obtê-las, mas não desanimo, penso no futuro que terei vários dias pela frente com outros momentos a serem registrados e sigo firme e forte na jornada.

    Primeira foto depois de ter excluídas todas as outras, pode ver como estou p... da cara, kkkkkkkk. Mas logo passa.

    Ok, bola pra frente e bora procurar um lugar para tomar um bom café da manhã. Como não queria parar em posto de gasolina para comer, opto por prolongar mais até achar um lugar bacana... Mas o caminho de Mâmbore até a próxima cidade era deserto, então tive que pedalar muito para chegar num local bacana e só as 10 hs da manhã tomo meu café!Posto Madera

    Nosso Paraná é lindo! Quase chegando em Ubiratã...

    Serra do rio Piquiri.

    Pra descer foi tudo de bom e para subir... tudo de bom também, hahaha. A longa subida de mais de 18 kms (segundo um amigo ciclista que encontrei no caminho), era algo inesperado por mim, parecia que nunca tinha fim e a tarde acabou sendo muito desgastante.

    Parada no pedágio próximo a Corbelia, mais um registro e mais um ''Chupa, Richa!'' hahaha.

    Padalo mais um ''bucado'' e a noite começa a chegar e o lugar que pretendo chegar é Corbelia... Corbelia, 06 horas da tarde.

    Finalmente, chego ao meu destino e vou à procura um local para passar a noite. Subo a avenida principal (atrás de mim) e pergunto a um senhor sobre o Corpo de Bombeiros da cidade, Polícia e sobre a Catedral. O mesmo me informa que o lugar mais perto seria a Catedral, então fui até o final da avenida e chego à Catedral. Explico ao padre sobre quem sou e o que estou fazendo e ele muito simpático, cede um espaço seguro (com chuveiro quente, rs) para passar a noite.Organizo tudo, tomo um bom banho e com muita fome, vou ao mercado...

    MAIS SURPRESAS: antes de chegar no mercado, avisto dois ciclistas com alfojes e saio correndo e assobiando atrás dos mesmos. Eram dois estrangeiros, dois chineses que estavam há poucos dias no Brasil e só falavam inglês e chinês. Mas consigo se comunicar com algumas coisas que sei e com gestos. Convido-os para ir até a Catedral e ao chegar lá, convido-os para acamparmos juntos.

    Chineses dando a volta ao mundo de bike... Eu estava muito cansado, mas o encontro com estes doidos, deu-me uma reanimada!

    Mais um registro...

    Eles preparam um sopão, não aguento esperar e faço um lanche e vou dormir que na manhã seguinte sairei cedinho...

    Na manhã seguinte, acordo às 05 horas, organizo tudo, faço minha oração, pego contato dos Chineses e saio...

    - 3º Dia - Corbelia a Matelândia (21/07/2016 com +- 105 Kms pedalados)

    Catedral de Corbelia, Cidade das Flores! antes das 07 da manhã, eu parto e o frio predomina. Tchauuu!

    Começando mais grande dia!

    Comtemplo o frio e o belo nascer do sol!

    Bendita paz interior
    É a pedra preciosa
    A jóia de maior valor - Gaia Pia

    Meu plano era tomar café em Cascavel, pedalo bastante até chegar lá e às 9 hs tomo meu café.

    Mais surpresas: Encontro um ciclista de Corbelia que me acompanha até Cascavel.

    Mais uma amizade: Jair.

    E na minha parada para almoçar, mais surpresas: Encontro dois amigos de Maringá!!! O mais massa é a reação: "Menino, o que você está fazendo aqui? Você é louco? Quer uma carona?" hahahaha.Carol e Hugo, em Restaurante Pepinão - Céu Azul. Faço um delicioso almoço, descanso e parto.

    Encaro longas subidas e descidas na Mata do Parque Nacional do Iguaçu, é um local bastante deserto e passo a tarde toda por ela... Num trecho da Rodovia que estava sendo reformada, forma-se longas filas de carros e, lentamente, passo por todos. E no meio do caminho, um senhor sai rapidamente do carro, achei estranho porque o mesmo estava com algo na mão, chego mais perto e vejo que é uma câmera para sacar uma foto minha, aceno e sigo caminho (acredito que deveria ser um ciclista). Chego ao fim da Mata umas 05:30 da tarde e o sol começa a se pôr. Então acelero para chegar a próxima cidade: Matelândia. Parada para um lanche e para contemplar o belo... Quase chegando em Matelândia.

    Matelândia, uma cidade pequena, foi fácil encontrar a Catedral e um único Posto de Polícia. Porém, a Catedral não era cercada e estava toda fechada. O que me resta é ir à Polícia. Chego, apresento-me e peço um local, foi difícil de conseguir, por um momento pensei que não conseguiria, mas o policial deu um jeito e me concedeu um quarto e não precisei montar a barraca. Muito cansado, faço um lanche e durmo. Fecho o 3º dia dia com 365 kms pedalados. Obs: ganhei um quarto confortável e não precisei de montar a barraca.

    Local onde pernoitei...

    4º dia - Matelândia a Foz do Iguaçu, 22/07/2016

    É hoje, é hoje!!! Farei uma surpresa aos meus familiares e concluirei a primeira etapa da minha cicloviagem, estava muuuito feliz! Faço minha oração e saio para mais um grande dia...

    Saio cedo, 06 horas e eu já estava na Rodovia, estava muito escuro... Opto por fazer uma parada e esperar mais um pouco. Como sabia que logo a frente teria um SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário), pedalo até chegar lá. Enfim, aproveito para tomar um café no SAU e espero uns 40 minutos e parto.Frio marcando presença mais uma vez.

    Quando criança (10 anos), sempre passava aí com meus pais e aquele menino nunca imaginou que um dia estaria passando por aí, novamente, mas desta vez realizando um sonho... Que saudade! Em Castelletto - Matelândia.

    O Sol já vinha com toda a sua grandeza, mas timidamente, trazer-me a sensação de mais um dia para viver.

    O Ciclista

    Vai em silêncio como nos

    sonhos, mais acordado que

    os demais. Vai ligeiro, vai

    sem teto e portas na lateral,

    nem vidro para levantar.

    Cheira, escuta, areja,

    vira, se esquiva, se move,

    atravessa impetuoso.

    Calcula e freia no horizonte,

    pára alegremente no ar,

    caminha sobre sobre o pedal.

    Tem o motor nas costas e no

    coração, e nas pernas bombeia

    petróleo. Vai em silêncio como

    morto, vai mais vivo

    que os demais.

    (Via patagonicuschile.com)

    Tô chegando, Vó e Vô!!!

    Pequeno Cemitério isolado da cidade.

    Serra para chegar em São Miguel do Iguaçu. Lindo lugar.

    Enfim, cheguei!!! Minha cidade natal: Foz do Iguaçu.

    Emocionado, chego a Foz depois de 3 belos dias pedalando, hahaha. Dou uma passada no centro da cidade e na pista de atletismo e sigo rumo à casa dos meus avós. Chego lá e não tinha ninguém, então vou à casa do meu Tio Ismael, pois saberia que eles estariam lá.

    Enfim, chego bato palmas e minha prima Sthephany é quem me atende, ela fica surpresa e muito alegre. Entro na casa e me deparo com meu avô, avó, tio e tia e o bebê José Miguel. Todos ficaram espantados e felizes com minha presença, sem dúvida, foi o momento mais feliz da minha viagem, reencontrar meus familiares. Respondo a todas as perguntas (que são muitas), me alimento e passamos a tarde na casa do meu tio.

    E quase a noite vou para a casa da minha avó...

    Esse foi o meu destino, da minha casa até a casa do meu avô, totalizando 444 kms.

    Não há palavras para descrever a felicidade que tudo isso me proporcionou e tem ainda para proporcionar. O enriquecimento cultural foi demais, a cada km, uma nova história... Apesar de ser um objeto, a bicicleta tem o poder libertador que a faz não simplesmente um objeto, mas uma ''arma de libertação''.

    “Aquele que retorna de uma viagem, não é o mesmo que partiu.”– ProvérbioChinês

    William Jhones
    William Jhones

    Publicado em 12/08/2016 22:24

    Realizada de 19/07/2016 até 31/07/2016

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    1 Comentários
    Vagner Ferreira 22/08/2016 21:53

    muito legal o relato, parabens pelo pedal!

    William Jhones

    William Jhones

    Maringá - Paraná

    Rox
    93

    Um sonhador... Apaixonado pela vida e a natureza.

    Mapa de Aventuras
    www.youtube.com/watch?v=SYIK5-vPbqE&t=1s