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Jose Elias Martins Neto 27/12/2016 16:00
    Travessia Inversa Serra Fina

    Travessia Inversa Serra Fina

    Travessia de natal ao contrário...terreno muito dificil, avanço super lento mas horas e horas de natureza selvagem!

    Véspera de natal, não sou muito dessas datas...

    Então aproveitei que fui de apoio com meu irmão de bike para Aparecida e fiquei na Garganta do Registro para fazer mais essa jornada aventureira!

    Comecei a caminhar tarde, 11h30 da manhã, mas achei que com 6h de trecho eu já estaria na Pedra da Mina, então estava tranquilo com relação ao tempo....não podia estar mais enganado! hehe

    O caminho começa numa estradinha que passa até carro 4x4 e vai subindo lentamente a serra, desde 1500m (no asfalto) até uns 1850m que é o Sitio do Pierre, local clássico do inicio mesmo da trilha (na verdade é o fim da trilha).

    Comi por ali uns pessegos deliciosos, e entrei na trilha. Já de cara ela estava bem fechada, com os temidos bambuzinhos dominando tudo bem na altura do rosto. Avanço penível. ehhe

    Depois de uns 40 minutos passei direto pela trilha a direita que tinha que subir e peguei o caminho que segue nordeste voltando para a Garganta do Registro. Quando conferi a bússola um pouco adiante e vi a direção ruim acabei voltando e nisso perdi uma hora mais ou menos.

    Voltei pra trilha certa e a subida da serra continuava em meio a vegetação densa e crescida desde a "temporada" de travessias terminar. Mesmo assim fui persistindo.

    Quando finalmente cheguei na área de montanha exposta, já eram umas 14h30. Tarde mas o dia prometia, apesar da garoa que caía de tempos em tempos deixando o progresso mais molhado e sofrido.

    Subi curtindo o visual, olhando pra trás de tempos em tempos pra curtir as vistas para o Parque Nacional de Itatiaia e suas famosas Prateleiras. Deslumbrante.

    Fui seguindo o relevo do mapa e parecia estar avançando rapidamente, até que passei por onde julgava ser o "Alto dos Ivos". Tirei umas fotos e segui adiante. A trilha não se via porque estava abaixo da vegetação, mas podia ver os sobe e desces do caminho e curtir a aventtura que estava vivendo.

    Mais um tempo e achei que cheguei no Pico dos 3 Estados. Achei estranho não ver a armação de metal em forma de triângulo que tinha visto ali da outra vez que passei mas pensei que já tinha muito tempo e alguém devia ter tirado dali. rsrs

    Eram umas 16h e fiquei feliz em estar indo tão rápido. À minha frente a Serra Fina se mostrava em seu esplendor, e podia ver a crista do Cume do Boi (mentiraaaaa) e ao fundo um pouco à direita a Pedra da Mina. Julguei que com mais 2 horas estaria no Vale do Ruah e dali para o cume era um pulo.

    Sobe, desce, sobe, sobe. Uma sequência arrasadora de falsos cumes foi me tirando do sério, juntamente com a vegetação extremamente irritante de bambuzinhos e capim elefantes. Mas fazer o que, né? Estava ali para isso mesmo (han??).

    De repente num cume alto que não identifiquei no mapa, passei por várias "áreas" de barraca. Achei estranho tanto assim tão perto da Pedra da Mina. De repente, depois de um matagal, tive a visão fatidica: o triângulo de metal que indicava o Pico dos 3 Estados! Ah nãoooooo! Era pra eu ter passado por isso umas 3 horas atrás! :(

    Olhei o mapa e vi o que tinha, agora sim, pela frente até chegar à Pedra da Mina. Já eram 17h40 e as forças das pernas (e da mente) ameaçaram falhar! Mas eu queria tanto chegar à Pedra da Mina na noite de Natal.

    Tinha só um restinho de água e decidi que ia me esforçar até o limite pra chegar ao menos ao Vale do Ruah, que julguei estar umas 2 horas adiante.

    Tive um pouco de dificuldades pra encontrar a trilha que desce do Pico dos 3 Estados, mas depois de uma meia hora perdida pelejando no Capim Elefante, achei a íngreme descida. Pra subir pro Cupim do Boi também me perdi um pouco e tive que forçar uns lances de escalada pra chegar na belíssima crista que levava ao Mirante do Vale do Ruah!

    Visual continuava incrível e eu já estava há tempos no modo automático, seguindo adiante apenas com a atitude mental de que precisava chegar!

    Às 19h50 finalmente o Vale do Ruah estava a meus pés. Não contive a emoção e algumas lágrimas de plenitude escorreram em meu rosto.

    Negociei a descida em meio ao capim e cheguei ao vale com a última claridade do dia. Tomei deliciosamente água sagrada da Mantiqueira e recomecei o caminho.

    Com pouco tempo procurando no escuro a "trilha" no meio do capim, vi que era inútil e decidi seguir por dentro do rio. Meus pés já estavam totalemente molhados mesmo, e a noite estava incrivelmente quente.

    Fui subindo curtindo, lembrando dos momentos de perrengue que já passei ali com meu pai e, debaixo daquele céu com mil estrelas, cheguei à base da Pedra da Mina.

    A subida foi penosa, levei meu corpo a extremos de fadiga que só vivencei em alta montanha, mas a vontade de chegar no alto era tanta que numa escalaminhada louca e alucinada, cheguei!

    A noite estava linda e não muito fria, quase sem vento. O prêmio era estar ali totalmente sozinho numa prazerosa exaustão de sentidos. 10 horas de esforço extremado e mentalizando o objetivo me levaram ao cume àquela noite.

    Acampei, tomei água e sem comer nada adormerci.

    Na manhã seguinte o sol nasceu em todo sua beleza e foi quase uma revelação divina vivenciar o momento.

    Tomei café, fiz umas fotos e decidi descer pelo Paiolinho, porque o tempo era curto e tinha que voltar pra BH ainda naquele dia.

    Desci o mais rápido que pude, mas mesmo assim foram 2h40 descendo por pedras e trilhas íngremes até chegar a uma trilha mais "normal" em que pude dar uma corridinha pra não me atrasar muito pra pegar meu resgate na Fazenda Serra Fina.

    Jose Elias Martins Neto

    Jose Elias Martins Neto

    Belo Horizonte-MG

    Rox
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    Amante da natureza e dos esportes outdoor, tenho feito excursões em lugares inóspitos desde criança. Cada vez mais vou me aproximando de uma vida mais simples.

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