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Dri @Drilify 30/01/2019 18:22 com 2 participantes
    05 - Trek Campo Base Ishinca (4.440m)

    05 - Trek Campo Base Ishinca (4.440m)

    Montanha que deu origem ao #ProjetoTocllaraju, era nosso objetivo escalar ela, mas não foi a nossa vez!

    Alta Montanha Montanhismo Trekking

    "Sem fracassos eu não estaria aqui. A maioria das coisas que eu sei hoje eu aprendi através deles."- Reinhold Messner

    Essa é o quinto relato com a sequência de aventuras pela região Norte do Peru. Sendo composta pelos seguintes relatos seguintes no meu perfil:

    01 - Laguna Wilcacocha (3.725m)

    02 - Laguna Paron (4.205m)

    03 - Laguna 69 (4.200m) + Trek Santa Cruz (4,750m)

    04 - Trek Vallunaraju + IceClimb (4.945m)

    05 - Trek Campo Base Ishinca (4.440m)

    06 - Nevado Mateo (5.150m)

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    Dados Necessários:

    1. Transporte Privado até COLLON - PASHPA
    2. Tempo de caminhada: 3 horas até o campo Base
    3. Tempo total: no planejamento 5 dias.

    A rota pode ser escalada em 3-4 dias. Urus Este e / ou Ishinca montanhas base. A rota e o pico foram escalados pela primeira vez em 1939 por Brecht e Schweizer do norte. A seguir imagem do majestoso Tocllaraju com seus 6039m.

    Com a van abastecida com as nossa coisas para os 5 dias fora, deixamos o lodge que estávamos abrigados e partimos numa van até que espaçosa comparada a todos os outros meios de locomoção que tivemos até aqui.

    Na foto, da esquerda para direita: Allan, Eu, Daniel (guia), Vladmiro (dono da agência Adenno Viaggio), Pio Pollo (cozinheiro), Tiago e Samuel abaixo.

    Seguimos com nosso planejamento e chegamos até o vilarejo de Pashpa onde os burros nos aguardavam, era um Donkey Porto (onde eles ficavam a nos esperar)

    DIA UM - Base Campo Ishinca

    Arrumado nossas coisas, nós seguimos com a estradinha até de fato entrar na trilha, nossas coisas ficaram para trás junto com os burros, seguiu com nós o guia, a poucos metros antes de entrar na quebrada, já tinha passado por nós um gringo que parecia estar fazendo ultramaratona regressando do Quebrada Ishinca, e também passou por nós outros porteadores e pessoas que ali estavam, seguimos com nossa mochilha de ataque com água, comida,kit primeiros socorros,anorak e etc; o tempo parecia excelente, mas tinha umas leves surradas do sol - nosso cozinheiro Pio Pollo era uma senhor de vestimenta simples, que carregava consigo toda sua mochila desajeitada e seu cobertor para estadia no campo base, o Samuel lhe ofereceu ajuda no início para carregar suas coisas, ele gentilmente negou, passou -se alguns metros o cozinheiro já estava na nossa frente a todo vapor e nós ali todos para trás. Todos caminhavam bem no seu ritmo e fomos admirando as belezas na trilha que por sua vez tinha bifurcações logo no início com placas direcionais.

    Pegamos um pouco de chuva antes mesmo de chegar ao campo base Ishinca, mas ao passar 30 minutos a chuva tinha desaparecido e o tempo estava ótimo como é possível ver na foto. (na aba de vídeos tem alguns trechos nossos no antes e depois).

    Logo o dia se foi e nos reunimos para nossa primeira janta na barraca do cozinheiro, e como o Tiago disse parecia uma foto da equipe em missão no Iraque rsrsrs

    DIA DOIS - "subida ao campo avançado"

    Aparentemente estava uma comida muito boa, tinha legumes e frango, além da sopa, tudo bem nutritivo para nossa dieta na montanha, e após aquela chuva eu queria era comer mesmo, mas não sabia que o mal estava por vir, eu passei a noite toda vomitando, pior que era só eu, realmente não consegui dormir e de 30 em 30min acordava no meio da noite pra por pra fora só água ou ao menos as que restaram. Amanheceu com um pouco de garoa, e fui tomar café e falei da minha situação, eu tomei os remédios que eu tinha para parar com esse mal, mas eu estava fraca para continuar e seguir até o campo avançado.

    Bom teríamos que chegar no campo avançado até as 16h da tarde pelo menos, eu sugeri ao Guia e aos meninos que me dessem mais um tempo de descanso na barraca e as 10h nos arrumaríamos para subir; mas deixei claro que também poderia ficar no campo base e eles poderiam seguir.

    O Samuel, meu marido disse que ficaria comigo, bom eu não queria impedir o trajeto de ninguém muito menos dar trabalho, eu estava sem condições mesmo de colocar uma cargueira nas costas e seguir subindo. O Allan chegou até nós e disse que não via problema por ele a gente esperar por mais um dia, até porque estávamos com 1 dia a mais de janela de tempo.

    O fato foi que dormir a tarde toda, e todos optaram por subir no dia seguinte, essa tarde que fiquei na barraca eu acordava algumas vezes e escutava o gotejar da chuva, parece que o tempo piorou..

    Essa foto eu fiz quando me levantei para comer algo e tomar chá, eu já estava melhor do estômago, mas me entristecia ver que o tempo estava tendendo a mudar repentinamente, nesse mesmo tempo , tinha próximo de nós uma expedição que havia descido do campo avançado , dizendo que desistiram por mal tempo e iriam aguardar o próximo dia para ir embora.

    Pio Pollo, é um senhor muito guerreiro e gentil, parece que toda sua vida foi servir e prestar os serviços na cozinha outdoor, eu não o cupo pela alimentação, foi eu mesmo que reagi mal a comida, toda alimentação antes disso era Liofilizada, e nesse dia tinhamos que comer a comida da expedição. Ele não importa o tempo, sempre estava pronto a nos servir, até mesmo entrar no lago gélido para buscar água para o chá e para a comida.

    A tarde toda desatou a chover e muitas nuvens rodeavam a montanha e até as rochas a nossa esquerda estavam ficarem branquinhas com tanta neve caindo. A imagem abaixo até que está linda par a composição mas a verdade é que revela o tempo feio que estava na montanha.

    DIA TRÊS - Subir ao campo avançado

    Acordamos pela manhã debaixo de chuva, era nosso terceiro dia no campo base Ishinca, só com condições péssimas, na nossa mesa de café conversamos com o guia sobre nosso futuro. As opções eram as seguintes: segundo o guia ele conversou com a expedição vizinha que havia regressado, e eles disseram que voltaram porque não tinha mais caminho e condições para subir e que a neve estava por 60cm cubrindo toda a rota e que se nós decidirmos prosseguir precisaria de ajuda de mais pessoas experientes, ou seja ajuntar o guia da nossa equipe com da outra, mas eles não estavam a fim disso. Imagina pra gente que estava indo ali pela primeira vez, sabíamos do mal tempo que se instalaram no dia que chegamos na montanha e que subir requeria um esforço muito grande e claro muito mais perigoso. Ainda conversando propomos ao guia tentar o Ishinca ou Urus já que eles eram alternativas ao plano, como ainda tínhamos mais 2 dias, esse terceiro poderíamos ir até o campo avançado do Toclla para conhecer, ter uma rotina pra não só ficar parado aguardando pela madrugada seguinte para atacar Ishinca.

    Decido então que o Tocllaraju estava fora da nossa rota, arrumamos uma mochila de ataque, eu me lembro de ter colocado água, comida leve, anorak e meu kit primeiro socorros, eu já estava agasalhada o suficiente.

    Na foto da para ver no sentido esquerdo nossas barracas ficando para trás e ao lado direito o grande Refúgio Ishinca sob cuidados de voluntários dos Refúgios Don Bosco, esqueci de mencionar lá você podeficar hospedado, tem comida, e banho quente, quando chegamos entramos lá para conhecer e nos abrigar da chuva, pagamos para usar os banheiros e eu nesse terceiro dia paguei pelo banho quente eu precisava.

    Bom continuamos a subida, quando nos deparamos com o tempo fechando nossa visão muito rápido. Se tivesse aberto veríamos claramente o Ishinca, estávamos de frente para ele.

    A questão foi que se fechou tão rápido que quando olhamos para nosso outro lado sentido campo avançado o Tiago, Allan e Daniel sumiram de nossas visões e eu só enxergava o Samuel, começamos a pensar e pensar em desistir de subir, porque nada lá veríamos, sem contar que os meninos que estavam acima não estavam preparados para uma emergência, e acho que até nós eu e Samuel não estavamos, poderia ser pior continuar a subida, porque o solo já era neve, e navagar quanto se orientar iria ficar difícil e pelo que vi niguem subiu com todas as roupas adequadas. (veja na aba vídeos esse momento mencionado)

    Ao descer debaixo de mal tempo e voltar para as barracas com tudo enxarcado, nós quatro decidimos juntos em abandor a missão, afinal a montanha estaria lá sempre, e que não era nossa vez de subir ela, já tinhamos a consciencia que um final de temporada, não tinhamos contato pra saber a meteoreologia, só tinhamos na cabeça que todos estavam saindo da montanha e não queríamos ser os únicos a ficar, depois de tanta chuva e neve. O problema era que os burros só voltariam no final da expedição, então com o cansaço de tanta espera, decidimos baixar com as cargueiras, o guia iria com a gente e o Pio Pollo ficaria com a tenda de cozinha esperando resgate no dia seguinte.

    Ainda arrumamos tempo para contemplar nossa volta, a trilha até o campo base Ishinca é linda e cheio de atrativos típicos da Cordillera Blanca, passamos 2x pelo posto de controle do parque só que estava fechado para nossa surpresa e assim não tivemos o carimbo nos nossos tickets.

    Ficamos pensando se fizemos a coisa certa, ma sem dúvida eu não queria mais chuva, sem perspectiva de melhora descemos até o Donkey Porto, nessa área da foto já tinha sinal de cel, era final da quebrada jea chegando na estrada, então o Daniel chamou um táxi local e voltamos pra cidade de Huaraz, lá também estava muito , mas muito chuvoso, acho que fizemos a coisa certa.

    Acredito que tudo ocorreu e tomamos uma decisão muito difícil para todos, o Allan perdera os procedimentos do curso de gelo, eu estava me recuperando do estomâgo e teríamos que reabrir uma rota, andar sem saber onde tinha greta debaixo de nevasca, da onde teria força para encarar o paredão de 60m para o trajeto final do cume? Enfim tudo nessa vida é aprendizado, talvez se estivessemos mais preparados? Ou o bom senso foi o nosso guia essencial?

    Sei que a vontade de voltar fica no meu coração, e sei que nesses dias descobri mais de mim do que esperava ter, me surpreendeu saber que meu companheiro estava ao meu lado o tempo todo e não importava para ele ter que desistir de um dia para me ajudar a me recuperar! Todos deram as mãos para jamais soltar!

    Nos vemos de novo Tocllaraju!

    Dri @Drilify
    Dri @Drilify

    Publicado em 30/01/2019 18:22

    Realizada de 17/09/2018 até 19/09/2018

    2 Participantes

    Tiago Amaral Samuel Gonçalves

    Visualizações

    5318

    5 Comentários
    Peter Tofte 31/01/2019 12:14

    Aventura legal, apesar dos perrengues. Lugar bonito. Leve sempre ciprofloxacina. Em Huayhuash foi o que me salvou quando comecei a perceber que algo não ia bem no aparelho digestivo. Dez pessoas tiveram gastroenterite e seguiram a duras penas no trekking. No circuito Ausangate decidimos nos mesmos levar a comida e fazê-la.

    1
    Ana Retore 31/01/2019 22:23

    Que lindo! Dizem que às vezes é preciso mais coragem para voltar atrás do que para seguir em frente... Parabéns pelo relato e pelo inspirador companheirismo 😊😊

    Suelen Nishimuta 13/02/2019 18:56

    É preciso ficar atenta para os sinais da natureza para continuar nas aventuras!

    Fabio Fliess 28/02/2019 14:43

    Oi Dri, quanto perrengue... Essa região é linda demais, então com certeza valeu muito a pena. Não é fácil desistir de um sonho, mas as vezes é necessário. Em 2010 eu também cheguei no glaciar do Ishinca e resolvi voltar. Durante um tempo fiquei remoendo se foi a melhor decisão, mas hoje tenho certeza que sim. Certamente vocês terão outras oportunidades. Na torcida!! Parabéns pelo belo relato dessa aventura.

    Rodrigo Oliveira 08/11/2021 08:40

    Muito legal! A mensagem do Messner explica bem que nao existem fracassos nas montanhas quando todos retornam com saúde. Retroceder e lutar outra vez. A vida importa mais! Pra cima!

    Dri @Drilify

    Dri @Drilify

    São Paulo

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    Adriane Ferreira 29 y, montanhista, trilheira, viajante, professora e artista. 🎨 IG @drilifyArt

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