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André Lima 26/07/2019 09:41
    Cicloviagem Litoral Norte | 2014

    Cicloviagem Litoral Norte | 2014

    Pequena cicloviagem realizada em 2014, com inicio em Guaratinguetá e termino na praia de Castelhanos (Ilhabela-SP)

    Cicloviagem

    Nesse post retirado do meu blog e adaptado para o Aventurebox, vou contar como foi uma pequena cicloviagem pelo litoral norte de São Paulo e um pedacinho do Rio de Janeiro nas minhas férias de 2014.

    Era um sonho antigo pedalar pela estrada que liga Cunha a Paraty, sua descida que era famosa principalmente entre aventureiros que curtem fazer uma trilha por ser de terra, mas estava em obras para pavimentação, fiquei sabendo da notícia através de um amigo que fez a descida de moto, outro sonho antigo era realizar a travessia de Ilhabela pela estrada de Castelhanos, que corta o Parque Estadual de Ilhabela, tive a oportunidade de visitar a ilha várias vezes, mas foram poucas a oportunidades que levei a bicicleta e até então eu não conhecia a praia de Castelhanos.

    No sábado, dia 23/08/2014 eu ainda não tinha ideia para onde ir, considerei vários roteiros, pelo litoral e pelo interior, e após pensar um pouco comecei a descartar os que precisavam de um planejamento melhor e mais cuidadoso, então comecei a decidir os trechos que queria realmente fazer, já era quase noite quando finalmente decidi os trechos que eu iria fazer pedalando e a definição aconteceu de traz pra frente, eu pensei primeiro no último trecho que eu iria pedalar…rs… então meu roteiro montado de última hora ficou assim:

    • 1º dia – Guaratinguetá – Cunha – Paraty
    • 2º dia – Paraty – Ubatuba
    • 3º dia – Ubatuba – Caraguatatuba – São Sebastião – Ilhabela
    • 4º dia – Castelhanos (ida e volta)
    • 5º dia – descanso e pegar o ônibus de volta para casa

    Em meus preparativos decidi que não levaria muita bagagem, apenas duas roupas para pedalar e uma roupa que desse para usar pra tudo (ficar na pousada, andar pela cidade, etc) e para calçar um chinelo além da sapatilha é claro, sendo assim não coloquei bagageiro na bike, apenas arrumei tudo em uma mochila de hidratação sem o reservatório de água.

    No domingo, acordei cedo e fui para o Terminal Rodoviário do Tiete, peguei o ônibus para Guaratinguetá as 6:30 e cheguei ao destino era um pouco mais de 9:00, passei em uma lanchonete na rodoviária de Guaratinguetá para reforçar o café da manhã, também coloquei água nas caramanholas e iniciei minha aventura.

    A partir da rodoviária, a saída para estrada de Cunha fica a menos de um quilometro seguindo a mesma avenida, logo no início a estrada dá uma pequena, e digo muito pequena amostra do que vem pela frente, a partir da rotatória na saída da cidade são aproximadamente 95km até Paraty, dos quais 70Km predominantemente de subidas para quem está indo nesse sentido. O sofrimento das intermináveis subidas e do calor são recompensados com uma paisagem linda de montanhas e vales.

    Essa estrada é o último trecho do Caminho Velho da Estrada Real, o Caminho Velho tem início na cidade de Ouro Preto e segue pelo interior de Minas Gerais, atravessando uma pequena parte de São Paulo e terminando em Paraty no litoral do Rio de Janeiro, mas vou parar por aqui pois a Estrada Real é um projeto futuro ainda sem data para ser realizado.

    Não demorou muito para ver a sinalização da Estrada Real, mais a frente ao passar pelo primeiro trevo de entrada em Cunha, parei em um posto que tinha uma lanchonete, lá encontrei dois ciclistas, André Machado e Hernando Henrique, ambos de Diamantina, eles estavam terminando sua viagem pela Estrada Real, ficamos conversando um pouco e logo eles seguiram viagem, aproveitei para comer um lanche e reabastecer de água.

    Mais à frente voltei a encontra-los e seguimos juntos até chegar em Paraty, as subidas realmente estavam castigando, após Cunha praticamente não há descidas somente subidas até o ponto mais alto da serra com quase 1500m de altitude.

    Chegando no ponto mais alto é soltar a bike na descida, são quase 20km de descida, por saber que a estrada estava em obras tive medo de chegar nesse ponto e ver a estrada interditada, mas para nossa alegria estava liberada, foi preciso ter cuidado na descida devido as obras, no início a estrada já está com a pavimentação nova do tipo bloquete, que são aqueles pequenos blocos de concreto, após esse trecho tem um trecho de alguns quilômetros que estava sendo preparado para receber o bloquete, após isso a estrada é de terra com vários pontos de erosão, cascalho e trechos em obras, quase chegando no fim da descida volta a ter asfalto, a descida compensou todo o esforço realizado para chegar no alto da serra.

    Chegando em Paraty, conversei durante um tempo com o André e o Hernando, e depois segui para a pousada, chegando lá fui muito bem recebido pelos donos que são italianos e logo se preocuparam em preparar jantar, aliás comi uma ótima massa ao molho carbonara, e fiquei conversando com eles sobre ciclismo.

    Na segunda-feira, quando acordei e fui tomar café da manhã percebi que era o único hospede da pousada, tratei de ir logo, fiz uma passagem rápida pelo centro histórico de Paraty e logo segui para a estrada.

    Já na estrada alguns quilômetros à frente, aconteceu o único furo de pneu dessa viagem, como a bomba que levei é pequena e minha bicicleta é aro 29, encher o pneu levou um certo tempo e não ficou lá essas coisas, não achei nenhum posto daquele ponto pra frente para terminar de encher o pneu, então senti pelo resto do dia a bike pesada e se arrastando por conta do pneu meio murcho.

    Mais uma vez a paisagem do litoral dá um show, um misto de morros e praias, ainda antes de passar a divisa de estado encontrei um recuo na estrada onde há uma cachoeira e foi construído ali um tanque que junto com um cano instalado na cachoeira forma uma bica de água, aproveitei pra refrescar um pouco a cabeça pois essa hora o sol já estava alto.

    Nesse dia, só fiz mais uma parada no trevo de Trindade que tinha um barzinho onde comprei água e tomei um refrigerante, as demais paradas que fiz nesse dia foram nos vários mirantes do caminho para tirar fotos das praias, resolvi não almoçar na estrada somente fiz isso quando cheguei na pousada em Ubatuba.

    Em Ubatuba, optei por uma pousada um pouco mais afastada do centro, por querer um lugar mais tranquilo, a posada que também é um pesqueiro e fica na Rod. Oswaldo Cruz, perto do posto da polícia rodoviária quase iniciando a subida da serra, fui muito bem recebido nessa pousada, o lugar é calmo, o meu quarto ficava de frente para um tanque onde tinha alguns patos, nesse dia o restaurante estava fechado para quem era de fora, mas aberto para hospedes, pedi um prato executivo com file de tilápia que estava ótimo, além da quantidade generosa de comida.

    No dia seguinte após o café acertei minha conta e segui viagem, parei no primeiro posto de gasolina que encontrei para calibrar o pneu traseiro, com isso tive a impressão tirar alguns quilos da bike.

    Segui minha viagem e ainda em Ubatuba, tive meu momento nostalgia, quando eu era criança meus pais sempre alugavam uma casa em Ubatuba, era comum ir para Ubatuba pelo menos uma vez por ano, entrei nas praias que a gente frequentava a Praia do Lazaro e a Praia Domingas Dias, depois de algumas fotos segui minha viagem rumo a Ilhabela.

    Continuando a viagem, passei com Caraguatatuba sem fazer parada e segui para São Sebastião onde encontrei um pequeno píer de madeira e o percorrei até a extremidade com a bicicleta para tirar uma foto :), São Sebastião também tem uma ciclovia, mas a achei mal projetada, pois fica no canto da Avenida e quando um ônibus precisa parar em algum ponto a invade sem nenhuma cerimônia, ainda bem que não tive nenhum momento de estresse nesse trecho, logo cheguei na balsa e fiz a travessia para Ilhabela.

    Já em Ilhabela, tratei de ir para a pousada que ficava a 4km da balsa, mais uma vez fui muito bem recebido, após guardar a bike e tomar um banho fiz uma caminhada de 3km até o centro para jantar, e mais 3km caminhando de volta a pousada…rs, nessa noite fiquei preocupado pois começou a chover e meu objetivo para o dia seguinte era ir para Castelhanos, se a chuva se prolongasse por muito tempo poderia inviabilizar o pedal.

    Na manhã seguinte durante o café da manhã conversei com o pessoal da pousada e eles me sugeriram perguntar para o pessoal que faz passeios de jeep para Castelhanos sobre as condições da estrada, foi o que fiz, no caminho da pousada até o início da estrada passei em duas agências e perguntei sobre a estrada, nos dois lugares falaram que a estrada estava boa e que para ficar ruim tinha que chover muito mais.

    Comecei a subida da estrada um pouco desconfiado da informação, mas logo vi que a estrada mesmo estando úmida, não havia lama, estava muito boa para pedalar, para quem não conhece Ilhabela, a cidade fica voltada para o canal de São Sebastião e a praia de Castelhanos fica do outro lado da ilha virada para o oceano, a estrada para chegar lá corta a ilha ao meio e tem aproximadamente 20km, tendo seu ponto mais alto próximo aos 680m de altitude. Após alguns quilômetros pedalando cheguei na entrada do Parque Estadual de Ilhabela, deixei minha bicicleta atrás da sede do parque e fiz uma pequena caminhada até o primeiro poço da Trilha da Água Branca que tem uma extensão total de 2km mas o Poço da Pedra (o primeiro poço) fica a apenas 50 metros, após visitar esse poço decidi voltar para a sede pegar a bike e continuar meu caminho.

    Por ser baixa temporada e meio de semana, poucos carros passaram por mim, o que foi muito agradável quase não ouvir o ruído de motores, apenas os pássaros. Ao chegar no mirante é possível avistar a praia e ver a distância que falta para chegar, mas dali em diante é tudo descida. O lado virado para o oceano é muito mais íngreme do que o lado virado para o canal e também mais acidentado, mas sem problemas para descer de bicicleta.

    No fim do caminho há um rio, que é raso e é atravessado pelos jeeps, mas para pedestres e ciclistas tem uma ponte para essa travessia. A praia estava quase deserta, o vento muito frio e o céu encoberto por nuvens logo desencorajou um mergulho :(, resolvi então ir até um bar local em busca de uma refeição, escolhi um filé de peixe grelhado que acompanhava arroz, feijão, batata, farofa e salada. Após comer fui até a ponta da praia e logo decidi voltar, pois o caminho da volta era mais difícil, como já disse, era mais inclinado.

    Em alguns pontos da volta tive que empurrar devido à grande quantidade de cascalho solto nos trechos mais inclinados, quando cheguei novamente no mirante aproveitei para fazer uma pausa e descansar um pouco, a descida para do lado da cidade é menos acidentada então consegui uma velocidade maior na descida. Cheguei na cidade satisfeito e feliz com o passeio e aquele gostinho de quero mais, o pedal durou o dia todo então segui para a pousada e após bater uma água na bike e tomar um banho fui caminhando novamente até o centro da cidade para jantar.

    No dia seguinte, contei ao pessoal da pousada como foi o pedal até Castelhanos e após o café da manhã fui pegar a balsa de volta a São Sebastião para pegar um ônibus de volta a São Paulo.

    Essa viagem foi muito especial pra mim, pois consegui realizar dois sonhos que tinha a muito tempo, descer de Cunha a Paraty e a estrada de Castelhanos, eu recomendo esse passeio e também aceito convites para repeti-lo total ou parcialmente é só combinar…rs.

    André Lima
    André Lima

    Publicado em 26/07/2019 09:41

    Realizada de 24/08/2014 até 27/08/2014

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    André Lima

    André Lima

    São Paulo - SP

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    Ciclista, viajante e pai do Theo e da Mariana :) Autor do antigo blog PedalandoBicicletas e sempre planejando a próxima aventura!!! Instagram @andr.slima

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