No início de outubro/2019 a Su me propôs uma viagem de fim-de-ano na Serra da Canastra, era uma vontade antiga partilhada por ambos, entre minhas memórias que remetem ao sonho de conhecer a região lembro de uma palestra do fotografo Cristian Dimitrius que expos parte de seu trabalho realizado na Serra da Canastra. Hoje a região está cada vez mais em foco na mídia devido a produção de queijos que é uma atração à parte.

Eu estava um pouco relutante em viajar para a região nesse momento por causa de outros objetivos, pensava em visitar a região um pouco mais pra frente, mas no fim eu dei o braço a torcer e concordei em tirar a Serra da Canastra da lista de destinos que quero conhecer, não poderia ter feito escolha melhor, convidamos um amigo de trilha, o Daniel Vazquez que topou nos acompanhar nessa trip, mais uma vez a Su fez todo o planejamento da viagem.

Saímos de São Paulo na noite de 27 de dezembro de 2019, nosso primeiro destino era Capitólio-MG, o Theo dormiu a maior parte do caminho o que nos deixou tranquilos para seguir viagem quase sem parada, chegamos por volta das 2:30 da manhã e ficamos em um hostel, ao amanhecer, após tomar café fomos até a Cachoeira Fecho da Serra, onde passamos boa parte do tempo na parte baixa, também fizemos a trilha para visitar a parte alta, mas devido ao sol forte e a falta de sombra e piscinas naturais na parte alta voltamos rápido, essa cachoeira fica em uma propriedade privada com muitos pés de manga na área do estacionamento, o dono do sitio era muito atencioso e rendeu algumas horas de boa prosa enquanto colhíamos um pouco de manga, ele também nos deu algumas dicas do que visitar na região e também o nome do produtor de queijos mais premiado em São Roque de Minas, no fim da tarde tentamos chegar em um destino indicado por ele no alto da serra, local acessível apenas para veículo 4x4, nos perdemos na diversas bifurcações da estrada e por isso não conseguimos chegar ao destino final, mas conseguimos ver o pôr-do-sol em um local privilegiado.

No dia seguinte nosso destino era certo, seguiríamos para São Roque de Minas, mas nossa primeira parada era a parte baixa da maior e mais famosa cachoeira da região a Casca D'Anta é a maior queda do Rio São Francisco com 189m (fonte Wikipedia), seguimos viagem para São José do Barreiro e de lá para o parque, após algum tempo na estrada de terra vemos um paredão de pedra rasgado ao meio pela Casa D'Anta, chegando na portaria há uma área de estacionamento na estrada, estava cheio mas não foi difícil achar um lugar para deixar o carro, a trilha até a base da cachoeira tem um pouco mais de 1km e não há nenhuma dificuldade nela, ao olhar a cachoeira de baixo vemos o quanto ela é grandiosa, o barulho da agua em ensurdecedor e tomamos um banho da névoa que se desprende e se espalha pelas proximidades, mas um banho no rio só é possível mais abaixo onde há algumas piscinas naturais onde tomamos uma banho rápido, ainda tínhamos algumas horas de viagem pela frente.

Chegamos em São Roque de Minas, já era noite, como a explicação para chegar ao camping estava confusa parei em um posto logo na estrada da cidade para pedir informação, por coincidência o dono do camping estava lá abastecendo seu carro, no camping tratamos de encontrar um lugar para montar a barraca, o Daniel foi montar sua rede em uma árvore próxima a cozinha do camping, o local se chama Recanto do Surubim além de camping estruturado com cozinha compartilhada e banheiros também é uma pousada com quartos e café da manhã, local tranquilo com pessoas simpáticas e acolhedoras.

Nosso destino no dia seguinte erra a parte alta da Serra da Canastra, logo na saída do camping fizemos amizade com um casal do Rio Grande do Sul e também estavam indo para a Serra, seguimos juntos até o parque, a subida da Serra exige um pouco do carro, um 4x4 facilita muito mas com paciência e cuidado é possível fazer o passeio com um carro convencional, diga-se pelos diversos Unos vistos no caminho e que virou piada entre nós, alguns km após passar a entrada do parque a estrada fica muito boa, nesse dia passamos pela nascente do Rio São Francisco onde deixamos o Theo brincar um pouco na beirada da agua, depois seguimos para a Cachoeira Rasga Canga, no caminho paramos para ver algumas coisas interessantes incluindo e animais, chegando na cachoeira o sol estava muito forte e como já havia passado das 13 horas o Theo precisava almoçar e descansar um pouco, sem opções de sombra improvisamos uma tenda entre os dois carros com a lona de uma barraca a mais que levamos, preparamos nosso almoço no fogareiro e ficamos um pouco na sombra para que o Theo pudesse descansar e fugir do sol forte, o casal que nos acompanhava foi aproveitar a cachoeira, quando o sol baixou um pouco fomos até a cachoeira mas não ficamos muito pois logo o tempo mudou começou a chover e víamos um tornado no horizonte, levantamos "acampamento" e decidimos seguir até a parte alta da Casca d'Anta.

A chuva já havia passado quando chegamos na Casca d'Anta e o sol dava as caras novamente, bom diferente da parte baixa a parte alta tem uma enorme piscina natural, colocamos o Theo no canguru e fomos até um ponto onde é possível ver a queda d'agua do alto, mas ficamos um pouco frustrados pois a que fica muito abaixo do ponto onde estávamos, voltamos para a piscina e demos um mergulho, o Theo adorou ficar ali brincando na beirada hora tentando pegar os peixinhos e hora fugindo, ficamos o tempo suficiente para nos refrescar e sentir que o dia valeu a pena, a pesar do longo período dentro do carro devido as distancias entre os pontos de interesse e a baixa velocidade em que é permitido circular dentro do parque. Nos despedimos do casal que nos acompanhou nesse dia, pois eles seguiriam viajem dali nos retornamos ao camping, mas no caminho passamos em um mercado para comprar algumas coisas para nossa ceia de ano novo, no camping fizemos amizade com um casal do interior de São Paulo, e fizemos com eles nossa ceia de ano novo.

Conhecemos também a Cachoeira Capão Forro, que fica alguns quilômetros antes de chegar na portaria do parque, no meio da Serra, é um conjunto de cachoeiras que fica em uma propriedade particular, desavisados fomos logo para a parte alta, que tem uma piscina natural enorme e ficamos lá a maior parte do dia, na volta decidimos ir ver a parte baixa que na minha opinião é ainda mais bonita com duas cachoeira e uma área para ficar entre elas, ainda há uma trilha para chegar em uma piscina natural mais abaixo.

Tiramos um tempinho para ir conhecer a queijaria Capim Canastra que foi premiado e deu destaque a produção de queijos da Serra da Canastra, para achar o caminho pedimos informação e a recebemos no mas classico "mineires" com uma sequencia de curvas para serem decoradas e até curva pra passar reto, a queijaria de propriedade do Guilherme foi a indicação que recebemos na Cachoeira Fecho da Serra em Capitólio, ele e sua esposa nos receberam em seu sitio onde produzem os queijos, conhecemos a caverna de maturação e degustamos alguns queijos e claro compramos alguns para trazer para casa.

No último dia em São Roque de Minas arrumamos tudo e com tudo no carro passamos em uma última cachoeira, a Cachoeira do Cerradão, não chegamos a entrar nela, somente a vimos depois almoçamos no centro de São Roque de Minas e seguimos viagem, a volta para São Paulo fizemos em duas etapas com um pernoite em São José do Rio Pardo de lá seguimos para Porto Ferreira e depois para São Paulo encerrando nossa viagem.

A Serra da Canastra é realmente linda como todos contam, há muitos atrativos e tantas cachoeira que não dá para conhecer tudo em uma viagem de 6 dias, mas posso dizer que vale a pena conhecer um pouquinho de tudo, os atrativos são distantes então é realmente necessário ir de carro, conhecemos apenas a queijaria Capim Canastra mas há muitas outras na região bastar procurar um pouco, a Serra é mais um desses cantinhos gostosos de Minas que sempre dá vontade de voltar.