AventureBox
Crie sua conta Entrar Explorar Principal
André Lima 20/04/2019 11:29
    Torres del Paine

    Torres del Paine

    Trekking pelo circuito W do Parque Nacional Torres del Paine realizado no período da viagem de bibicleta Pedalando na America Austral

    Trekking Acampamento

    Olá Pessoal, esse é mais um relato retirado do meu blog, aproveito a oportunidade para revisitar algumas memórias e revisar alguns textos, esse relato é parte da viagem de bike que chamei de Pedalando na América Austral e que foi em parte relatada no blog e um dia estará aqui no AventureBox.

    Quando fiz o planejamento da cicloviagem Pedalando na America Austral coloquei alguns lugares que deveria ter passagem obrigatória, um desses lugares era o Parque Torres del Paine no Chile, tinha grande expectativa em conhecelo e a beleza do lugar é realmente impressionante.

    O parque está situado na Região de Magalhães no sul da patagônia chilena, possui entre suas atrações dois grandes roteiros de trekking o maior chamado Circuito O que faz toda a volta do complexo de montanhas do parque e outro roteiro menor chamado Circuito W que contorna a parte sul das montanhas e entra nos vales até os mirantes, em minha visita ao parque realizei o circuito W e cheguei ao parque pedalando pela entrada de Laguna Amarga, onde consegui deixar a bicicleta, Oscar que me acompanha nessa viagem já estava na portaria esperando, após separar as roupas, equipamento de camping e comida pegamos ônibus que leva até o Refúgio Las Torres, onde acampamos para no dia seguinte começar nosso trekking, nossa estratégia era deixar toda a carga nos campings que ficam na entrada dos roteiros e subir levando apenas um lanche.

    No dia 7 de fevereiro de 2016, saímos para caminhar até o Mirante Base das Torres, o céu estava encoberto de nuvens o que nos deixou com receio de pegar uma chuva no caminho, saímos do refúgio e passamos em frente ao hotel e logo a estrada de terra deu lugar a uma trilha atravessamos uma ponte e então apareceu a bifurcação do caminho a esquerda o Camping Los Cuernos e a direita o Mirador Base das Torres, caminho que seguimos, não demorou muito e apareceu a primeira subida então entramos no vale, o caminho segue pela encosta da montanha e no fundo do vale é possível ver o rio que desce a montanha, seguimos até o Acampamento Chileno, onde o caminho desce para o fundo do vale e o camping fica a beira do rio, fizemos uma pausa rápida para pegar agua, muitas pessoas levam suas coisas ao camping chileno para fazer a caminhada até as torres e na volta dormir por lá, não era nosso caso, seguimos o caminho beirando o rio e logo o caminho entra em um bosque que hora ou outra se abre e grandes clareiras, chegamos a última subida para o mirante, uma subida íngreme, com muitas pedras soltas ou formando uma escadaria natural e tortuosa, pegamos um pequeno congestionamento até chegar no mirante, chegando lá a visão das torres, mesmo com o céu nublado, foi incrível, algo que eu só via em fotos toda vez que pesquisava algo sobre o parque e apesar de ter me planejando para realizar a viagem e passar nesse lugar, não acreditava que um dia esse dia chegaria, sem falar nada e sem conversar com ninguém, fiquei sentado em uma pedra apenas olhando a paisagem que estava na minha frente, após esse tempo de contemplação, eu e o Oscar começamos o caminho de volta para o Camping Las Torres, nossa impressão é que a volta foi muito mais rápida que a ida, talvez por parar menos para tirar fotos ou para tentar fugir da chuva, o que não deu muito certo, pois em um certo ponto a chuva caiu e chegamos no camping molhados, chegamos muito cansados no camping que nem cozinhamos nada para jantar, apenas esquentamos agua para fazer um chá e fomos dormir.

    Na manhã seguinte, preparamos o café da manhã e conversamos com os nossos vizinhos de camping, fizemos amizade com uma mochileira italiana chamada Eliana, arrumamos as coisas nos despedimos e seguimos para o camping Los Cuernos, o caminho até o próximo camping não era muito difícil, mas meu “equipamento de trekking” não ajudava muito, o que tornou a caminhada difícil e dolorosa, estou me referindo a minha mochila que não era de trekking, era apenas uma mochila estanque e sem estrutura e isso faz com que todo o peso caia sobre os ombros e não demora muito para começar a incomodar. Nesse dia o céu estava limpo e o sol apareceu, o caminho contorna a base da montanha e beira o Lago Nordenskjo. Chegando no Camping Los Cuernos, fomos até a cozinha do refúgio, um local onde há mesas e somente nesse local se pode acender o fogareiro para cozinhar. Fizemos um lanche rápido e ficamos pensando se iriamos até o próximo camping ou ficaríamos ali, após avaliar o cansaço resolvemos ficar por ali mesmo, fui procurar um local para montar nossas barracas, conversei com três chilenos que estava montando sua barraca em um lugar alto e me indicaram um local um pouco mais abaixo, o lugar tinha muitas pedras no chão, mas era o único lugar livre que caberiam as duas barracas, não consegui colocar as estacas da barraca no chão cheio de pedras, então apenas usei as cordinhas da barraca apara fixa-la com algumas pedras grandes que achei ali, encontramos o Bernardo e a Isabela, mochileiros que conhecemos em Rio Grande na Argentina e reencontramos em vários lugares, também reencontramos a Eliana que conhecemos no camping Las Torres.

    O sol se pós e o vento começou a soprar, eu estava escovando os dentes quando escutei um forte estrondo e alguns gritos, logo percebi que o vento ficou muito forte o que causou toda aquela confusão, lembrei que minha barraca não estava muito bem fixada e sai correndo do banheiro para constatar que ela estava no chão com uma das varetas dobradas e só não saiu voando por causa das coisas que estavam dentro. Em meio ao alvoroço tentei remonta-la com a ajuda o Oscar, mas a cada rajada de vento percebi que seria impossível dormir ali, e junto com o vento veio a chuva, o Oscar foi procurar outro local enquanto eu tentava segurar o bolo de coisas que a minha barraca havia se transformado, nisso passaram por mim os três chilenos que me indicaram o local, o vento quebrou as varetas da barraca deles e nesse momento eles estavam indo ver as condições do banheiro e ver se era possível dormir lá. Oscar retornou de sua busca e o único locar que encontrou era igualmente ruim, pensamos um pouco e decidimos seguir os chilenos, levamos toadas nossas coisas para o banheiro, o chão estava um pouco sujo de terra das botas das pessoas que entram no banheiro, nada além disso e também estava seco, começamos a organizar nossas coisas, dobrei minha barraca, e guardei tudo o que eu não precisava usar ali na mochila, o Oscar fez o mesmo, os chilenos usaram o que sobrou da lona de sua barraca para forrar o chão e também usamos uma pequena lona que o Oscar carregava, coloquei apenas o isolante térmico e o saco de dormir sobre a lona e passamos a noite ali, logo ao amanhecer, lá pelas 6h da manhã, começou o movimento no camping e as primeiras pessoas vieram usar o banheiro, todos nos levantamos e guardamos nossas coisas o mais rápido possível, seguimos para a cozinha onde tomamos o café da manhã.

    No dia 9 de fevereiro de 2016, o objetivo era deixar as coisas no Camping Italiano, seguir leve até o Mirador Britanico e na volta pegar as coisas e seguir até o Camping Paine Grande, apesar de estar com tudo pronto desde a hora que saímos do banheiro, demoramos para sair pois o Oscar queria conversar com a Eliana, para informar nosso roteiro e ver se ela nos acompanharia, após conseguir falar com ela, seguimos nosso caminho, na saída do camping reencontramos Bernardo e Isabela, eles também tiveram problema com a barraca naquela noite e tinha parte de suas coisas molhadas. Apesar de toda a chuva e vento da noite anterior o céu estava sem nuvens e o sol forte, seguimos pela encosta até o Camping Francês que fica no meio do caminho entre Los Cuernos e o Italiano, após o camping Francês o caminho faz uma curva para a direita e começa a entra no vale em meio as montanhas, e após entrar em um bosque chegamos ao Camping Italiano, este camping é gratuito e mantido pela administração do parque, não há chuveiro, apenas um local onde se pode cozinhar e a alguns metros de distância do camping um banheiro, não há eletricidade e tão pouco água encanada, aliás a água que utilizamos para cozinhar ali é do rio que desce pelo vale, preparamos nosso almoço ali e arrumamos nossas coisas para ir leve até o mirante, preparei chá e coloquei em minha garrafa térmica, deixamos nossas mochilas na frente da guarita do guarda-parque e saímos, o caminho segue como uma subida constante até o mirador Francês, devido ao vento que soprava forte ali, ficamos pensado se seguiríamos até o britânico ou não, o Oscar me disse que eu deveria decidir seguir ou não, aliás eu havia planejado visitar aquele local em minha viagem, isso foi suficiente para decidir que devíamos seguir.

    O caminho até o mirador britânico segue beirando o rio, e em vários momentos o bosque de arvores dá espaço a imensas clareiras com piso de pedras e outra hora a bosques de árvores mortas, no final para chegar ao mirador há uma pequena “escalada”, pois o mirante nada mais é que uma imensa rocha localizada no centro do vale e para subir o caminho segue por um monte de pedras formando uma tortuosa escadaria natural e íngreme. No topo do mirante é possível ver todo o vale rodeado pelo complexo de montanhas do parque, durante todo o dia desde que entramos nesse vale, escutamos grandes estrondos como se fosse um trovão anunciando uma chuva, mas na verdade são pequenas avalanches do gelo acumulado no alto das montanhas caindo devido ao degelo. De volta ao Camping Italiano, constatamos que devido ao cansaço nosso ambicioso plano de seguir para o Camping Paine Grande seria abortado, perguntamos ao guarda-parque se poderíamos ficar ali, mesmo sem reserva, devido à grande procura é necessário realizar uma reserva para os campings gratuitos do parque, o guardanos disse para esperar um pouco devido as pessoas que fizeram reserva e ainda não haviam chego ao camping, não demorou muito o guarda liberou nossa permanência no camping, tratamos de montar acampamento, cozinhamos e dormimos.

    No dia seguinte bem cedo, desmontamos tudo, tomamos café da manhã e seguimos para o ultimo camping que planejamos em nosso roteiro, Paine Grande, mais uma vez o caminho não era difícil, mas a mochila inadequada me fez sofrer durante o caminho, após alguns quilômetros, mais especificamente após sair do vale, encontramos Eliana parada em um pequeno riacho abastecendo sua garrafa e decidimos seguir os três juntos até o camping, ao chegar no camping vimos porque é um dos principais campings do parque, é o que tem a maior estrutura, também é para muitas pessoas o ponto de entrada e saída do parque, pois fica a beira do Lago Pehoé tem um barco que faz a ligação com Pudeto que é ponto de parada dos ônibus que fazem a ligação com Puerto Natales. Decidimos comer algo e Eliana iria seguir até o Camping Grey, antes dela seguir seu caminho tiramos uma série de fotos tentando pular os três juntos com o monte Los Cuernos ao fundo, não deu muito certo mas ficou engraçado...rs... após a partida da Eliana, eu e Oscar fomos procurar um lugar para montar nossas barracas, um pouco traumatizados pelo que aconteceu duas noites antes, tentamos encontrar um lugar abrigado do vento, algo um pouco impossível ali, então resolvemos ver onde havia um solo um pouco melhor, eu coloquei todas as estacas da minha barraca e utilizei o jogo extra de cordas que montei antes de sair do Brasil, a noite ventou muito o que fez muito barulho dentro da barraca, mas ela nem se moveu.

    No dia seguinte, após o café da manhã, nosso último trekking no parque tinha como destino o mirador do Glaciar Grey, começamos a caminhar tarde e logo no inicio encontramos a Eliana que retornava do Camping Grey e iria segui viagem no mesmo dia, falamos um oi e em seguida nos despedimos, seguimos o caminho frio e úmido devido a proximidade do Lago Grey, chegamos no camping e fomos direto a cozinha, menor que nos outros campings, lá tommos o chá que preparamos antes de iniciar a caminhada e comemos um pouco de bolacha, depois caminhamos mais um ou dois quilômetros até chegar no mirador do Glaciar Grey, ali senti que a visita ao parque tinha terminado, um objetivo cumprido em minha viagem, agradeci ao Oscar por ter feito essa caminhada comigo e iniciamos o caminho de volta ao Camping Paine Grande.

    De volta ao camping, fomos cozinhar nosso último jantar no parque, resolvemos cozinhar uma sopa aumentada com macarrão, feijão e uma seleta, levamos apenas o meu fogareiro que funciona com gasolina para o parque e o combustível aguentou muito bem durante os dias, mas nessa última refeição o combustível já havia chegado ao limite mínimo e não parava aceso, procuramos que tinha fogareiro similar para pedir um pouco de gasolina, só encontramos dois e nos negaram combustível, sem sucesso fui até o mini mercado do camping ver se tinha algo, verificamos algumas latas de gás abandonadas na cozinha para ver se ainda tinham combustível o suficiente para cozinhar, assim pediríamos o fogareiro a gás de alguém emprestado, mas todas estavam vazias, após alguns minutos encontramos um frasco com um liquido rosa e o rotulo dizia ser solvente, procuramos o dono e não encontramos, então resolvemos testar uma pequena quantidade em uma lata para ver se o liquido era mesmo álcool, funcionou, carregamos a garrafa do fogareiro e com isso cozinhamos nossa janta e também fizemos o café da manhã no dia seguinte.

    Para sair do parque resolvemos que era mais prático pegar o barco até Pudeto e delá pedir carona até Laguna Amarga, isso porque chegando em laguna amarga eu ainda teria que arrumar todas a minhas coisas na bicicleta e seguir pedalando até Cerro Castillo, o Oscar estava sem o triciclo e poderia pedir carona ou pegar um ônibus até o vilarejo onde nos encontraríamos, essa foi minha visita ao Torres del Paine, um parque lindo e com paisagens de tirar o folego, que tenho saudades e vontade de voltar um dia, um local obrigatório para que visitar o sul do Chile.

    André Lima
    André Lima

    Publicado em 20/04/2019 11:29

    Realizada de 06/02/2016 até 12/02/2016

    Visualizações

    3238

    4 Comentários
    Suelen Nishimuta 20/04/2019 22:50

    Vamos levar nosso Pitico! 😍😘

    1
    André Lima 22/04/2019 09:06

    Su, vamos sim, já começa a arrumar a mochilinha dele....rsrs

    Renan Cavichi 22/04/2019 12:48

    Caraca André, que fotos lindas! Muito massa o registro e os tracklogs!

    1
    André Lima 23/04/2019 10:17

    Obrigado Renan. :)

    André Lima

    André Lima

    São Paulo - SP

    Rox
    1036

    Ciclista, viajante e pai do Theo e da Mariana :) Autor do antigo blog PedalandoBicicletas e sempre planejando a próxima aventura!!! Instagram @andr.slima

    Mapa de Aventuras
    linktr.ee/andre.lima


    Mínimo Impacto
    Manifesto
    Rox

    Fabio Fliess, Dri @Drilify e mais 442 pessoas apoiam o manifesto.