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Bruno Negreiros 31/08/2020 12:25 com 1 participante
    Travessia da Serra de São José (1 dia) | Tiradentes x Prados

    Travessia da Serra de São José (1 dia) | Tiradentes x Prados

    Hiking de um dia realizado para atravessar a Serra de São José, sobre as cidades históricas de Tiradentes/MG até Prados/MG.

    Hiking Montanhismo

    Travessia da Serra de São José (1 dia) | Tiradentes x Prados | MG

    Tipo de Aventura: Travessia realizada em um dia.

    Ponto de início: Tiradentes/MG – https://goo.gl/maps/MDUpbKB5wZRcjYPr9

    Ponto Final: Prados/MG – https://goo.gl/maps/W1o4b6k5eKAzvGDcA

    DICAS:

    • Os pontos de água se restringem ao começo e ao meio da travessia, fique atento.
    • Essa travessia é tradicionalmente realizada no caminho contrário (Prados x Tiradentes). Apesar disso, considero o trajeto saindo de Tiradentes mais bonito e de logística mais simples.
    • A Serra de São José é normalmente cruzada em dois dias, com acampamento autossuficiente realizado no meio do trajeto.
    • Se realizada em dois dias, pode ser uma ótima opção para os montanhistas iniciantes que estão se habituando com a rotina de levar tudo que for necessário e com acampamentos selvagens.
    • Se realizada em um dia, também é um ótimo treinamento para montanhas mais desafiadoras.
    • Busque algum contato de taxi local para fazer o resgate.
    • A trilha é praticamente toda exposta ao sol, proteja-se com roupas adequadas e com o uso de protetor solar.
    • Independente do cronograma ou da sua velocidade, caminhe no seu ritmo, curta o visual e se conecte com o local.
    • Recolhemos muito lixo pelo caminho. Por favor, caminhe de forma consciente, LEVE SEU LIXO COM VOCÊ.
    • NÃO FAÇA FOGUEIRAS.
    • Tracklog utilizado: Chico Trekking – https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/serra-são-jose-travessia-prados-a-tiradentes-via-antiga-pedreira-13020540
    • Tracklog (segunda opção): Luiz Coelho - https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/travessia-serra-sao-jose-carteiro-mangue-12116340

    Curta o relato pelo ponto de vista alegre e descontraído da Danielle Hepner em:

    RELATO

    Enquanto passava uns dias na casa do meu irmão na cidade próxima de São João Del Rei (bem no pé do morro), fui tomado pela vontade de estar novamente na Serra de São José. Eu já havia estado lá antes em algumas oportunidades, mas nunca tinha feito a travessia completa em apenas um dia e esse desejo me enchia de motivação. Não era temporada de montanhismo, o calor era imenso e eu não estava na minha melhor forma física. Por isso, levei um plano A e um plano B. A ideia principal era fazer a travessia completa, mas se o meu ritmo não estivesse dentro do esperado, eu desceria da Serra pela Face Sul, na região característica da trilha do Carteiro.

    Para essa aventura, convidei a animadíssima Dani Hepner, que se despencou de Caxambú até Tiradentes, enfrentando o sono da madrugada e os milhões de buracos na estrada para fazer essa pequena maluquice. Chegou com o sorriso e a disposição de sempre. “Bora? Bora!”.

    Cheguei ao ponto de encontro por volta das 8:30. Estacionei o carro e esperei ela chegar. Por volta das 9:00 já estávamos arrumando as mochilas nas costas, amarrando os cadarços das botas e caminhando até a porteira que marca a entrada da trilha. Optamos por iniciar o trajeto próximo ao cruzamento entre a Rua Frei Veloso e a Rua João Batista Ramalho, fugindo da sempre lotada cachoeira do Bom Despacho.

    Começamos por volta das 9:15, andando sutilmente ainda em uma trilha afundada no solo vermelho e compartilhada com praticantes de mountain bike. Caminhamos por cerca de 1km na direção oeste até encontrarmos a trilha que vem de Bom Despacho, viramos para norte, bem no canal de drenagem, passamos na bela Cachoeirinha do Mangue, (bom ponto de água) pulamos para a margem direita e farejamos o caminho (bem demarcado) rumo a subida que vai em direção à Agua Santa (face norte da Serra). Mais alguns minutos de caminhada até encontrarmos a placa que indicada a direção leste rumo à subida da Serra. Atravessamos mais uma vez o córrego e agora, de uma vez por todas, começamos a subida da travessia da Serra de São José que coincide com a trilha Mangue x Carteiro.

    A subida sai de aproximadamente 1.000 metros acima do nível do mar, até altitudes superiores a 1.200 metros para adentrar no topo da Serra. Nada muito complicado, mas o sol estava forte e seguíamos numa combinação de passos tranquilos e muita disposição. Não raro nos deparávamos com alguns minutos de pausa e contemplação quando tirávamos o foco do próximo passo e olhávamos para trás. A Serra de São José se ergue imponente na tradicional e simpática arquitetura mineira da cidade de Tiradentes. Parece propositalmente ali posta pelos melhores artesões barrocos para contrastar com a delicadeza do detalhe de esculturas e geometrias coloniais.

    Olhando para trás e vendo a paisagem.

    A subida no Quartzito.

    Chegamos no alto da Serra, sentamos, comemoramos, jogamos conversa fora, sorrimos e falamos sobre os formatos das rochas do entorno, resultados de milhões e milhões de anos de processos geológicos. Voltamos para a caminhada agora sobre o altiplano. Subidas, descidas em caminhos brancos de quartzito erodido. Umas horas pendíamos para a direita, esbarrávamos com algum mirante voltado para a cidade de Tiradentes, curtíamos e voltávamos para a trilha. Certas horas, extremamente distraídos, perdíamos a trilha por alguns segundos, nos obrigando a voltar ou a improvisar um bom retorno. Afinal, improvisar é fundamental. E assim seguimos por aproximadamente duas horas de muito sol na cabeça e alguns comprimentos simpaticos de “diaa” desejando boa caminhada aos que cruzavam.

    A cidade de Tiradentes.

    Após mais alguns mirantes e pequenos areais, por volta de 12:00 chegamos na bifurcação da descida da trilha do Carteiro após uma descida de volta para o patamar de 1.000 metros de altitude. Vale aqui indicar a leitura do relato da Dani para entender um pouco melhor sobre essa caminhada Mangue x Carteiro. Como mencionado, não sabíamos bem se faríamos a travessia completa ou se ali desceríamos de volta para Tiradentes. Era cedo e ainda tínhamos muita energia. Nos entreolhamos e pensamos: “Bora? Bora!”. Também fomos motivados pelo comentário de alguns turistas que ali encontramos “Vocês vão cruzar isso tudo hoje? Também, com essas botas...”. Como se nossos equipamentos andassem sozinhos.

    Nessa bifurcação há um ponto de água e uma pequena cachoeira no caminho norte. Não precisávamos e seguimos. Daqui começamos uma subida íngreme rumo à região que é tradicionalmente usada como ponto de camping, já acima dos 1.300 de altitude. Com um bom ritmo e algumas paradas, vencemos o desnível. Olhamos para trás e vimos o quanto já tínhamos andado. Nos motivamos e seguimos pelo alto. Mais alguns minutos e por volta das 13:15 alcançamos o ponto de camping que possui vista para o sul e para o norte. Ali paramos por mais algum tempo, mandamos mensagens para amigos queridos e também descansamos um pouco.

    Aqui vale um alerta importante. Por durante todo o progresso, catamos e carregamos bastante lixo que encontramos pelo caminho. Além disso, observamos muitos pontos com restos de fogueiras. Um lugar tão bonito não merece tamanha falta de consciência. Por favor, LEVE SEU LIXO DE VOLTA E NÃO FAÇA FOGUEIRAS.

    Desse ponto em diante acho que a Serra de São José mostra o seu visual mais bonito. Andando em cima de cumes bem definidos, é possível ver claramente toda a sua linha de cumeada no horizonte. Nosso quase caminho da tarde, já que a trilha dali em diante foge das árduas subidas e faz uma tangente ao norte pelas curvas de nível.

    A Serra de São José.

    A Dani e o horizonte.

    Andamos bagarai.

    Saimos das tangentes e reencontramos um pedaço de mirante onde valeu uma parada rápida para um breve cochilo num gramado próximo. Levantamos e partirmos para o trecho final da travessia. Ali começos uma pequena obsessão: quando terminássemos a caminhada sob intenso calor, tomaríamos uma coca-cola bem gelada.

    Seguindo adiante, percebemos claramente que a trilha tem sua pior orientação depois que o trajeto não é mais dividido com a trilha do Carteiro. Agora nos guiávamos pelo GPS e por totens feitos no caminho. A trilha sumia, se confundia com caminhos de animais e reaparecia. Descidas de cascalho também surgiam do nada. Nos perdemos mais um pouco entrando em uma trilha à esquerda, quando deveríamos ter rumado para um reencontro com a linha de cumeada. Nada grave, já que avaliando as curvas de nível, olhando o terreno e debatendo sobre o caminho a seguir, observamos que haveria um retorno para a trilha logo adiante.

    Esse retorno apareceu na forma de uma subida perpendicular de cascalho bem demarcada. Pulamos algumas raízes e pedras até que, ao retornar para o cume, fiquei feliz em perceber que não tínhamos perdido a entrada para o ponto do Cruzeiro. A caminhada tinha rendido e já se aproximava das 17:00 quando chegamos lá. Particularmente, eu adoro esse ponto. Uma boa região de camping com um mirante incrível. Se antes eu pensava em retornar para a Serra para cruzá-la em 1 dia, agora penso em voltar e apenas ali acampar sob o céu estrelado.

    Visual do Cruzeiro.

    Curtimos o mirante e voltamos para leste, rumo à descida de 4 km da pedreira. Em uma última parada no Mirante da Garganta, nos despedimos do alto. Começamos uma boa e rápida descida. Ao passarmos pela antiga pedreira, nos deparamos com um caminho de pedras soltas, mas bem marcadas e relativamente estáveis. Não passamos perrengues e não rolamos. Mais alguns resíduos coletados e finalmente alcançamos a trilha de descida final.

    O mirante da Garganta.

    Por volta das 18:30 chegamos ao final da travessia, entramos na estrada de terra e encontramos o meu irmão já quase na entrada da região urbana de Prados. Eu havia ligado para ele uns 30 minutos antes e avisado do nosso paradeiro para então sermos pegos. Ele chegou na hora certa a nos deu carona de volta à Tiradentes.

    De volta ao início de tudo, o dia não poderia terminar sem uma pizza e uma lata de coca. Fomos ao centro turístico da cidade, escolhemos um local e matamos a fome e o desejo de uma só vez. Foi então que por volta das 20:00 voltamos aos carros, nos despedimos e pegamos a estrada de retorno. Dani tinha ainda um longo caminho de volta para Caxambú enquanto eu iria para a casa do meu irmão.

    Ficamos muito felizes com tudo. Sim, tínhamos atravessado a Serra de São José inteirinha (21 km) em apenas um dia. E o melhor de tudo? Não tinha sido uma intensa correria. Curtimos muitos e desfrutamos muito dos visuais que se apresentaram em 360º. Trocamos as mochilas pesadas tradicionais de trekking por menores e mais leves. E assim caminhamos.

    Como aprendizado, fica a reflexão de que leveza não precisa estar expressa somente no peso que carregamos nas costas. A leveza deve estar em como vemos e caminhamos essa psicodelia da vida. Aos poucos, podemos nos livrar dos pesos e energias que carregamos. Podemos simplesmente olhar para frente e encarar o mundo de uma forma mais sincera. Nem tudo precisa ser tão complicado quanto parece. Podemos encarar as travessias que vierem com muito bom humor e disposição. Podemos compartilhar energias boas, olhar ao redor, respirar, refletir e seguir. Ei, tá tudo bem! A vida pode ser vivida a cada travessia ou um dia após o outro. A vida pode ser vivida, simplesmente, 5 minutos de cada vez.

    Bruno Negreiros
    Bruno Negreiros

    Publicado em 31/08/2020 12:25

    Realizada em 08/08/2020

    1 Participante

    Danielle Hepner

    Visualizações

    4293

    11 Comentários
    Bruno Negreiros 31/08/2020 17:29

    Letícia, é um lugar lindo e com uma travessia relativamente fácil. Vale muito para iniciantes e experientes.

    Bruno Negreiros 31/08/2020 17:29

    Adhemar, eu te amo mesmo assim!

    Bruno Negreiros 31/08/2020 17:30

    Dani, obrigado pela companha e disposição. Foi uma caminhada muito irada e com uma coca bem gelada no final. Esse fds foi legal demaaaaaais....

    Fabio Fliess 31/08/2020 20:20

    Boa camarada. Gosto muito dessa região!!! E essa é uma daquelas travessias deliciosas que valem sempre a pena a gente repetir.

    Bruno Negreiros 01/09/2020 08:57

    É isso, Fliess. Agora é voltar com calma e curtir um céu estrelado.

    Rodrigo Rodrigues 01/09/2020 12:43

    Top estou doido para fazer essas travessia...mas nao conheço ninguém que já tenha feito. quando vai repetir essa travessia rs

    Bruno Negreiros 01/09/2020 12:46

    Opa, Rodrigo. Nesse momento vai ser difícil. Mas quem sabe 2021 não rola!

    Rodrigo Rodrigues 01/09/2020 13:03

    Entendi.

    Bruno Negreiros

    Bruno Negreiros

    Rio de Janeiro

    Rox
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    Engenheiro ambiental e montanhista com o sonho de contribuir para a disseminação dos esportes ao ar livre e de aumentar a conscientização ambiental e social no mundo outdoor.

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