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Bruno Negreiros 13/06/2019 10:28 com 3 participantes
    Travessia Marins x Itaguaré | SP e MG

    Travessia Marins x Itaguaré | SP e MG

    Trekking de 2 dias realizado na Serra da Mantiqueira, saindo da Base Marins, em Piquete/SP e indo até a Base Itaguaré, em Passa Quatro/MG.

    Trekking Montanhismo

    Travessia Marins - Itaguaré

    Tipo de Aventura: Trekking (Travessia) autosuficiente, com camping selvagem.

    Duração: 2 dias, entre os dias 1/6/2019 e 2/6/2019

    Ponto de Início: Acampamento Base do Picos dos Marins, em Piquete/SP.
    Trajeto feito do RJ ao ponto inicial: https://goo.gl/maps/2gvRG4fM4CguPn4N6

    Ponto Final: Base Itaguaré, em Passa Quatro/MG. Trajeto: https://goo.gl/maps/fz11Y2AvaeC93pFn8

    Principais equipamentos utilizados: Mochila cargueira, barraca, isolante térmico, saco de dormir, gorros, anoraque, casaco de pluma, segunda pele, camisas uvp dry, luvas, calça bermuda, bermuda segunda pele, calça segunda pele, meias, chinelos, bota, sacos estanque + [roupas e eletrônicos], garrafas e reservatório, lanterna + pilhas, kit de higiene pessoal, kit de primeiros socorros pessoal, shit tube.

    Observações Importantes:

    • Leve bastante água, não existem pontos de recarga pelo caminho.
    • É uma travessia bem técnica, então esteja preparado para bastante trepa pedra.
    • Tenha experiência ou esteja acompanhando por um guia, existem poontos cegos nas demarcações.
    • Pratique as iniciativas de mínimo impacto, a Mantiqueira possui um solo raso e muito sensível, característica de campos de altitude da região. É de suma importância a utilização de shit tubes para acondicionar e carregar suas fezes e o recolhimento de todo o seu lixo, não deixe rastros.

    RELATO

    DIA 1 - 01/06/2019

    Já faziam dois anos que eu não fazia essa travessia, e a saudade estava batendo forte. Depois de algumas turbulências na minha vida pessoal, enxerguei como a hora certa de retornar. Eu já estava com saudade desses campos de altitude da Mantiqueira.

    Esse é um relato pessoal da travessia realizada com o meu mais novo projeto no mundo das aventuras, o Clube Outdoor. Somos um grupo de amantes do montanhismo e da natureza com o objetivo de promover práticas no ambiente natural de forma inclusiva, transformando vidas através do desenvolvimento do autoconhecimento e da conscientização crítica, ambiental e social. O relato do grupo pode ser lido no link: https://aventurebox.com/clube-outdoor/travessia-marins-itaguare/report.

    Conforme logística montada, chegamos na Base Marins ainda de madrugada. Eram aproximadamente 3:15, quando fizemos nosso café da manhã (madrugada), arrumamos as coisas e começamos a subir. Para nossa sorte, não estava muito frio. Lembro bem de chegar na Base Marins em oportunidades anteriores com a temperatura muito baixa, com um forte sentimento de: "bora andar logo que tá frio".

    Começamos a trilha por volta das 4:00, seguindo um bom ritmo de subida noturna. Como eu estava na frente do evento, fiz questão de deixar claro que, de noite, todos andam grudados uns nos outros. A subida foi se desenrolando, o grupo estava rendendo muito bem. Em minha mente, passavam milhões de lembranças sobre o que estaria por vir. Sobre todas a pedras que teríamos que transpor e sobre os titãs rochosos que teríamos que vencer. Passamos o Morro do Careca e fomos contemplados com um belíssimo início de dia. Obrigado, Sol, você nos ajudou muito durante todo o fim de semana.

    Daí começaram as partes mais técnicas. "Por onde é?", "ops, achei uma seta", "deixa eu lembrar no GPS". E os trepa pedras? Haja elasticidade nessas calças bermudas. Isso é Marins - Itaguaré. Após mais algumas horas de subida, chegamos ao camping base do Marins e já pudemos perceber que o fim de semana seria de muita movimentação por ali. Grupos na frente e grupos chegando para o Pico. Alguns, perceptivelmente, sem nenhum tipo de preparo técnico para situações adversas. Tenho que admitir, o Picos dos Marins está ficando lotado. Acho que já é hora de haver um controle de acesso para o mesmo.

    Deixamos as mochilas juntas na base, comemos e subimos o Pico por aquele labirinto de caminhos e rala bundas que só aquele local pode proporcionar. Chegamos por volta das 10:00, um bom horário para quem ainda teria todo o dia por caminhar. O tempo estava fechado, mas apareciam janelas de visibilidade que duravam segundos. Isso já era suficiente para se impressionar com aquele visual. Para mim, particularmente, a visão do Pico dos Marins é uma das mais bonitas do Brasil. O sentimento era de absoluta felicidade. Muitos ali ouviam falar há muito tempo daquele local. Agora eles estavam lá, com seus nomes assinados no livro de cume. Eu podia ver sorrisos por todos os lados. Tínhamos vencido o primeiro grande Titã da travessia.

    As coisas ficaram ainda melhores quando o tempo abriu na descida. Absolutamente magnífico. Tivemos que tirar mais uma foto com aquele visual. A galera esqueceu qualquer tipo de cansaço e se encheu de disposição para enfrentar as próximas subidas que viriam. É, dali já dava pra ver a árdua subida do Marinzinho.

    De volta à base, fomos surpreendidos já pela lotação da mesma. Muitas barracas por todos os lados. Uma situação que alerta aos olhos. Precisamos cuidar melhor daquele lugar, precisamos estimular a prática do montanhismo consciente.

    Comemos e seguimos a caminhada. Daí veio o segundo Titã de Pedra. O Marinzinho reserva grandes emoções. Uma subida difícil, inclinada e com muito peso nas costas. Imprimimos um ritmo médio muito bom, não no separamos e, respiração após respiração, baforada após baforada, superamos. Esse ponto, para mim, é o mais tenso de toda a caminhada. A amizade e a felicidade eram nossa energia impulsionadora. Eu estava com grandes amigos, alguns que não trilhavam comigo há algum tempo, mas que, somente com sua presença, já me enchiam de motivação.

    Sobe vale e desce vale. Cada obstáculo se mostrava como um irônico quebra cabeça a ser resolvido: "onde coloco o pé?", "segura aqui". E assim foi sempre rumando à Pedra Redonda. Que parecia não chegar nunca. Cada vez que subíamos o próximo morro, a mesma parecia mais distante. Pura ilusão, nós conseguimos. Chegamos nela por volta das 15:00 e, mais uma vez, percebemos que ela não é tão redonda assim. Encontramos o primeiro acampamento vazio. Que ótima notícia, pois o cansaço já batia forte. Montamos tudo e descansamos. Descansamos muito mesmo, já que dormimos de tarde, acordamos e dormimos de noite.

    DIA 2 - 01/06/2019

    Já pude perceber o bom humor do início do segundo dia. Todos tinham descansado muito bem e só falavam do Pico do Itaguaré. Alguma novidade? Não. Mais subidas e descidas. Mas nesse momento, esse processo já fazia parte de nós. Era como se já fossemos parte daquela paisagem, como se nosso sangue já fosse uma mistura de pó de rocha com capim e folhas de árvores. O tempo estava um pouco fechado, mas abria em certas horas. Chegamos na base do Itaguaré por volta de 12:00. Tiramos as mochilas mais uma vez, comemos e subimos rumo ao cume.

    Agora estávamos subindo o terceiro e último Titã: o gigante do Itaguaré, belo. Imponente e emocionante. Digo isso pois conseguia sentir os batimentos cardíacos e a feição de nervosismo exposta em cada pessoa que pulava por cima da pedra entalada. Era uma mistura de medo e auto superação. Passamos e atingimos o cume, com aquela parada obrigatória na fenda do gato.

    Itaguaré, como eu senti saudade dessa emoção. Como eu queria sentir essa mistura de sentimentos novamente. Algo que me enche por dentro e que me faz lembrar que estou vivo. Confesso que, dessa vez, senti isso multiplicado por cada pessoa que vencia seus desafios. Eu não me importava comigo, mas me preocupava desesperadamente para que cada um atingisse seu objetivo com segurança e auto realização. Confesso que foi tenso, tive que me controlar com muita força para não demonstrar isso para todos.

    Com o início de uma chuva passageira, tomamos a decisão de descer. Chegamos ao ponto das mochilas, nos alimentamos, bebemos os últimos goles de água, colocamos as cargueiras nas costas e fomos sentido aos nossos últimos quilómetros. O início da descida é um pouco técnico, com um rampão de pedra, mas nada que o cuidado e o companheirismo não vençam. Terminamos a travessia por volta das 15:00.

    Eu só tenho a agradecer a oportunidade que tenho de viver esses grandes momentos. Como mencionado no início do relato, esse foi o primeiro grande evento de um projeto desenvolvido com muito carinho e amor. Esperamos atingir grandes objetivos e contribuir cada vez mais para essas atividades que tanto amamos. Os esportes outdoor nos dão um propósito de vida e, para sentir isso com toda intensidade, nada melhor do que algo como o que tínhamos vivido naqueles dois dias. Obrigado Marins - Itaguaré, esse foi nosso terceiro encontro. Fica tranquilo, volto logo.

    Bruno Negreiros
    Bruno Negreiros

    Publicado em 13/06/2019 10:28

    Realizada de 01/06/2019 até 02/06/2019

    3 Participantes

    Henrique Protázio Zoé Clube Outdoor

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    Bruno Negreiros

    Bruno Negreiros

    Rio de Janeiro

    Rox
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    Engenheiro ambiental e montanhista com o sonho de contribuir para a disseminação dos esportes ao ar livre e de aumentar a conscientização ambiental e social no mundo outdoor.

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