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João Batista G. Lostada 27/10/2015 20:04
    Rio Túnel: Grão Pará, SC

    Rio Túnel: Grão Pará, SC

    O percurso desta trilha é bastante perigoso. Existe risco de grandes quedas por estar nas proximidades da serra.

    Hiking Cachoeira

    Ao comentar com os amigos sobre algum lugar novo (mas tinha que ser bem desconhecido, onde poucas pessoas tivessem alcançado) para explorarmos, o Dikson mencionou o Rio Túnel, descrevendo como uma beleza ímpar na região sul de Santa Catarina em que o rio é envolto por uma formação rochosa em forma de túnel. Um atrativo espetacular para quem gosta de adrenalina e aventura; situado em Grão Pará, cujo local havia sido visitado por um colega dele há muito tempo. No entanto, ele não fazia ideia de como chegaríamos lá.

    Fui para a Internet procurar alguém que nos guiasse. Sem sucesso. Mas não desisti, e encontrei algumas fotos de Odáirson Antonello (http://antonellofotos.com), um fotógrafo de Braço do Norte, natural de Grão Pará, acostumado com a natureza local. Entrei em contato para ouvir uma sugestão de guia e encontrei o próprio.

    No décimo sexto dia do mês de setembro de 2012; madrugamos em Tubarão: Eu, Dikson e Marcelo para nos encontrarmos com Antonello (fotógrafo) e Jonas Back (aspirante a fotógrafo, aprendiz do Antonello) em Braço do Norte; e Gerson Soares (fotógrafo), um gaúcho de Passo Fundo pousado em Urubici que se juntara à expedição no local de entrada da trilha para o Rio Túnel.

    Às 7hs 53min já estávamos no estúdio fotográfico do Antonello, situado na Rua Governador Jorge Lacerda, 913 em Braço do Norte, 36km de Tubarão.

    Às 8hs 23min, com tempo ainda limpo, ativei o tracklog e seguimos para Grão Pará, cuja rota de estrada de chão é descrita no arquivo KMZ a seguir: Rio Túnel. kmz (este arquivo descreve o percurso até o final da trilha, no Túnel do rio).

    De Braço do Norte até a entrada da trilha é de aproximadamente 23km.

    Já na entrada da trilha, situada em frente à porteira da antiga pousada RIO TÚNEL (localização: 28° 5'9.31"S | 49°18'42.79"O), às 8hs 50min, preparamos os equipamentos fotográficos para registrar a expedição.

    Eu sabia que boa parte da trilha era literalmente por dentro do rio, por isso condicionei meus equipamentos em sacolas plásticas e os distribuí na mochila de forma que evitasse a umidade nos equipamentos já que a mochila não era completamente impermeável. Mesmo que você molhe a mochila diretamente, a água leva um tempo para atravessar o tecido especial e isso te dá uma chance de retirar o equipamento caso algum imprevisto ocorra.

    Estes cuidados irão salvar meus equipamentos mais adiante.

    O vestuário para esta trilha deve ser o mais leve possível, mas deve-se observar a manga longa (para evitar cortes nos braços) e calça de brim comprida e sem bolsos laterais. Digo sem bolsos porque irão se encher de água e te deixar mais pesado a cada passo. A não ser que seus bolsos possuam furos de saída d’água. Falo isto por experiência própria.

    Uma boa bota e bem amarrada é uma excelente ferramenta para andar no leito do rio, repleto de pedras cortantes. As pedras com limo enganam quando pensamos que irão escorregar. Bem pelo contrário, ajudam a fixar o solado tornando-se um excelente apoio (anti-aderente) na caminhada.

    Levar repelente não é má ideia. Se não fosse o colega Gerson, emprestar um pouco do dele, seríamos massacrados pelos insetos.

    O trajeto até o Rio Túnel é curto, apenas 1,44km (2,88km ida e volta). Na ida, da porteira até o leito do rio, só descida; bastante íngreme. Na volta, o inverso x2, pois você já está exausto e cada passo parece ter o dobro de peso. Mas a trilha é considerada muito difícil devido à grande umidade, inclinação e periculosidade (por possuir muitas encostas que levam direto ao rio e às pedras). Por isso, todo cuidado é pouco; já que na volta experimentei uma situação nada agradável quando fixei o pé, no solo, numa descida (na encosta de um barranco de aproximadamente 5m de altura), o piso deslizou e lá foi o João Batista encosta a baixo, com mochila de equipamento nas costas e um facão embainhado na mão. Tentei me virar para segurar em algo, mas nada. Parecia cena de filme. Quando pensei ter segurado no fim da encosta, num ângulo de 90°, veio o desfecho da queda; caí em pé, mas desequilibrado nas pedras e logo fui jogado para trás. Minha sorte foi que atrás de mim havia um fosso d’água (um tanto profundo, onde não dava pé). Neste momento, percebi que havia terminado a queda. Debaixo d’água um silêncio profundo tomou conta de mim e fiz uma análise rápida: “Quebrei alguma coisa? NÃO! Estou bem? SIM! Putz, aconteceu o que eu mais temia: Meus equipamentos estão dentro d’água! Não tem mais chance, pensei!”, Mas algo me dizia que ainda dava tempo. Saí o mais rápido possível, gritando: “Tô bem! Tô bem!...”. Entreguei minha mochila encharcada por fora para o Marcelo e fui em direção ao Antonello, que já me aguardava rio abaixo para me tirar do fosso. Graças a DEUS nada de mais me aconteceu e nem mesmo aos meus equipamentos. Isto porque não deu tempo da água entrar na mochila. Perdi apenas um facão baiano e sua bainha. Dos males o menor.

    Frases de alguns colegas:
    “...o João tava parecendo personagem de desenho japonês depois que saiu da água! Tava com o zóio arregalado, deeeesse tamanho” - Marcelo Sartor

    “Ó! Ó! O que é que o João tá fazendo! Onde é que ele vai?” disse o Dikson quando me viu deslizar barranco abaixo. Mais tarde, em casa, pensei: “...tô brincando de tobogã Dikson!!!” - João Batista

    No decorrer da trilha até o túnel, é um tanto perigoso em dois pontos. Neste, onde caí e um local onde uma outra pessoa caiu há um tempo atrás, segundo o Antonello. Este último, considero ainda mais perigoso, pois a encosta é muito próxima e já há sinal de erosão neste local. Além disso, a queda é bem maior.

    Mais algumas fotos e já estávamos na entrada do túnel.

    Até então, havíamos molhado apenas as canelas. Mas quando chegamos no túnel o Antonello foi verificar a profundidade para podermos passar com os equipamentos para o outro lado, já que havia uma cachoeira que jamais alguém havia registrado em fotografia ou filmagem. A água o encobriu e ninguém mais se arriscou a atravessar os equipamentos. Mesmo assim Antonello foi destinado a fotografá-la. Retornou e, profissionalmente, revestiu sua NIKON D7000 com um saquinho de alimento para protegê-la e seguiu em frente.

    Logo atrás, fomos nós. Sem os equipamentos, é claro.

    Água de rio é sempre gelada, mas tenta entender: - Pensa numa água gelada! Agora multiplica por cinco. Era assim que a água estava quando nadamos para dentro do túnel. A respiração ofegava e um infarto parecia surgir. Isto porque o coração acelerou bastante. Mas, logo após o frio passou e deu lugar a adrenalina.

    O Marcelo e o Gerson estavam tentando atravessar o túnel pelas bordas, em cima das pedras para não se molharem. Mas não perceberam que ali havia cocô de morcego. Não os culpo, pois no escuro é parecido com limo ao tato, só que fede bastante.

    O túnel parece uma passagem para outro mundo, por ser um tanto sombrio. Mas este sentimento desaparece quando você o atravessa.

    Sinceramente, se não fossem as fotografias, não haveriam palavras para descrever esta obra de Deus.

    Já na cascata, do outro lado, o Jonas, tira a primeira foto da cachoeira com o equipamento do Antonello. E agora? Ó dúvida cruel. De quem é esta foto? Mestre e aprendiz que se entendam!

    A descontração das fotos neste local foi interrompido com alguns pingos de chuva.

    Questionei o Antonello sobre a possibilidade de um estouro d’água acontecer. Ele me respondeu: - “Não! Aqui isso não vai acontecer porque a nascente é logo ali!”. Então, continuamos o retorno, nadando pelo túnel novamente, quando um estrondo de trovoada ecoou pelas encostas. Não sei por que neste momento o Antonello começou a andar mais rápido! E olha que ele disse que não tinha estouro d’água!

    Cada tombo e queda nesta expedição foi muito valiosa, porque a paisagem era bastante compensadora. Acredito que todos no grupo pensam o mesmo. Só o Dikson eu vi “catar pedras” do fundo do rio umas 3 vezes.

    Tive que ensaiar apenas duas vezes antes de ganhar da galera. Mas foi um espetáculo de tombo!

    Agradeço a Deus por me livrar naquela queda, pois foi Ele quem me guiou nas pedras, na hora do apuro. Ele estava lá! Em todos os lugares.

    Tracklogs para baixar:

    WIKILOC
    http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=3526669

    VIEWRANGER
    http://my.viewranger.com/route/details/MjA3NDc=?ref=-27.99517652232668|-49.277895606640584|11

    7 Comentários
    Cristina Brazil 27/10/2015 20:31

    Uau!!! Que visuuu

    É mesmo! Nosso Brasil tem paisagens belíssimas que poucos conhecem. Principalmente aqui no sul. Vale a pena conhecer! Grande abraço!

    Priscila 29/10/2015 10:02

    Lindas as Fotos João, parabéns!

    Obrigado Priscila! O lugar é espetacular e não tinha como ser diferente. Na época, utilizei uma Fujifilm HS20EXR, cuja câmera não tenho mais. Mas tenho saudades dela. Além disso, após a minha queda (descrita no relato) ela continuou firme, forte corada e sadia!!! ;) Grande abraço!

    Priscila 01/11/2015 19:36

    Hahahha massa! Bem-vindo!

    1
    Saul Ayres do Prado 03/11/2015 09:06

    Que lugar heem Lostada... Estar em um lugar assim vai muito além de uma terapia.. Parabéns pelas imagens ...Abraços

    Valeu Saul!!!! Obrigado pelo comentário!!!! Quando vier se aventurar por essas bandas me avisa. Grande abraço guri!!!!

    João Batista G. Lostada

    João Batista G. Lostada

    Tubarão, SC

    Rox
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    Minha paixão pela aventura e fotografia me fizeram enxergar um novo caminho a seguir. Me tornei fotógrafo e film maker da vida outdoor.

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