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Fael Fepi 11/05/2019 01:01
    MONTE RORAIMA

    MONTE RORAIMA

    Caminhada de 92 km na trilha clássica do Monte Roraima realizada em 8 dias e 7 noites, no ano de 2016.

    Trekking Montanhismo

    Datas, dias e roteiros:

    13.10.2016 - Dia 01: Paraitepuy x Acampamento Rio Tek x Rio Tek;

    14.10.2016 - Dia 02: Rio Tek x Rio Kukenan x Acampamento Rio Kukenan x Acampamento Base Militar x Acampamento Base ;

    15.10.2016 - Dia 03: Acampamento Base x Rampa x Paso de Las Lagrimas x Ascensão
    Hotel Índio x La Ventana x Abismo x Jacuzzis x Hotel Índio;

    16.10.2016 - Dia 04: Hotel Índio x Tríplice Fronteira x Hotel Quati;

    17.10.2016 - Dia 05: Hotel Quati x Cachoeira Quati x Lago Gladys x Proa x Lago Gladys x Hotel Quati;

    18.10.2016 - Dia 06: Hotel Quati x Tríplice Fronteira x Área dos Quartzos x Hotel Aina;

    19.10.2016 - Dia 07: Hotel Aina x Rocha Marverick x Paso de Las Lagrimas x Rampa x Acampamento base x Acampamento Militar x Acampamento Kukenan x Rio Kukenan x Rio Tek x Acampamento Tek.

    20.10.2016 - Dia 08: Acampamento Tek x Paraitepuy.

    ==========================================================

    Ao Kliber Perez
    in memorian

    - Santa Elena de Uairen, 13 de outubro de 2016. Quinta-feira.

    # Paraitepuy.

    Manhã ensolarada em San Francisco de Yuruani, poucos ventos e um forte calor. Fael e Graziela estavam de pé, por volta das 07:00 da manhã, ajustando os últimos equipamentos na mochila. Em seguida os mesmos foram se alimentar com um café da manhã composto por panquecas e o indigesto “chafé”.

    Patriotas, os Venezuelanos adoram seu País, mesmos com todos os problemas políticos, sociais e econômicos. Nas casas que Fael e Graziela puderam visitar foi observado por eles uma bandeira e o brasão do País. No alojamento em que eles estavam tinha um brasão detalhado da Republica Bolivariana da Venezuela.

    As 09:40 da manhã estaciona um Toyota Land Cruiser, anos 70, bem conservada., com um senhor e mais dois rapazes. Mellani pede para o grupo se juntar e entregar as mochilas cargueiras ao dono do carro para serem arrumadas no teto do veículo. Enquanto o procedimento ocorria, Mellani apresentou dois rapazes vão se junta ao grupo, identificados com os nomes de Kliber e Oxcel. Os dois serão os seus auxiliares na caminhada do Monte Roraima (conhecidos como “carregadores”). Ao final um garoto se juntou aos demais. Seu nome é Sant, filho de Mellani, que para a surpresa de todos fará todo o trajeto.

    As 10:00 da manhã o grupo é "fechado", formado pelos venezuelanos Álvaro, Oriana e Katharine; os brasileiros Fael e Graziela; os guias venezuelanos Mellani, Kliber, Oxcel e o filho de Mellani, Sant, com o objetivo em percorrer o Monte Roraima em 8 dias e 7 noites.
    O entrosamento foi rápido, o portunhol começou a ser praticado pelo grupo. Em alguns momentos Fael tinha dificuldade de compreender devido a fala rápida do espanhol dos venezuelanos. A Katharine era a que falava mais rápido, necessitando que Graziela ajudasse a Fael na compreensão da sua fala.

    A caminho de Parateipuy, partindo de San Francisco de Yuruani, pela troncal 10, o acesso é pela estrada vicinal, um pouco antes da comunidade indígena Kamarê, numa distância de 15 km, aproximadamente. Muitos cascalhos e trechos em péssimas condições fizeram com que o motorista da land cruser fizesse “malabarismo” para não “afundar” nas grandes ravinas.
    A duração entre o trecho do trevo de Paraitepuy até a portaria do Monte Roraima foi por mais de 1h.

    As 11:15 da manhã, o grupo realizou a inscrição e teve acesso a trilha. A “portaria” de acesso fica em uma comunidade de descendentes indígenas, ocupada com a construção de pequenas casas e um deposito, com o nome de Paraitepuy. Com vegetação característica de cerrado, o lugar é bastante simples, característicos de vilarejo, bem isolado. O sol castigava e não ventava, proporcionando o forte calor. O que chamou a atenção de Fael e Graziela foram os cachorros que estavam muito maltratados e famintos. As 11:40 da manhã o grupo inicia a caminhada no forte sol do cerrado venezuelano.

    Imagem 01 - LandCruser. Estrada para Paratepuy. Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    # A savana Venezuelana.

    Trechos bem batidos e delimitados, sem muita dificuldade de visualização. Assim iniciou a caminhada na trilha oficial do Monte Roraima. Fael e Graziela receberam um lanche de Mellani, pois estava incluído no acordo que os mesmos fizeram. Os Venezuelanos tinham que fazer seus lanches por conta própria, pois o acerto foi diferente dos brasileiros.

    A delimitação da trilha mostrava fatores poucos conhecidos nos trechos iniciais do Monte Roraima. Muito lixo concentrado e espalhado (garrafas, sacolas, resto de alimentação), num processo lento de deterioração. Quanto mais se caminhava visualizava a presença de lixo, isso nos primeiros quilômetros, incomodando Fael e Graziela que comentava entre eles o todo momento.

    Além do lixo que incomodava, o sol encandeou e castigava os trilheiros, que tinham ainda de vencer as fortes subidas íngremes. Paradas estratégicas em locais de córregos e sombras das poucas árvores eram feitas para “repor as energias”.

    A vegetação é composta, por boa parte, do tipo herbáceo e arbustivo, com poucas árvores concentradas. A margem da trilha concentrada de vegetação rasteira, parecida com capim, formando uma “pastagem natural”. Fael e Graziela observaram toda a paisagem e lembraram as savanas no continente da África. Segundo eles, é muito parecido.

    Imagem 02 - Portaria de acesso a trilha do Monte Roraima. Paratepuy, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Imagem 03 - Inicio da trilha do Monte Roraima. Paratepuy, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Imagem 04 - Lixo acumulado na margem da trilha do Monte Roraima. Paratepuy, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Álvaro, Oriana e Katharine estavam levando mochilas muito pesadas, que afetaram o rendimento deles na caminhada. A guia Mellani fazia várias paradas, pois levava muito peso. Fael e Graziela estavam sempre à frente, mas retardava os passos a fim de esperar os demais.
    Graziela reclamava com Fael dessas paradas. Segundo ela, o caminho é bem delimitado e não correria o risco em se perder. Além do mais são guias e sabem o caminho. Mesmo assim Fael resolveu esperar, provocando irritação em Graziela.

    Sant, o filho de Melani, com apenas 07 anos de idade, estava bastante animado. Acompanhando os passos de Fael e Graziela, o menino acabou deixando a mãe para trás. Com muita disposição e sem reclamar, o garoto caminhava e vencia as subidas íngremes e o forte calor. Perguntado se gosta de fazer trilhas, Sant respondeu, com muita simpatia, que gosta e não é a primeira vez que faz a trilha do Monte Roraima. As 13:00 o grupo chegou a um trecho da trilha onde pode observar as formações rochosas do Monte Roraima e o Monte Kukenan, merecendo uma parada a fim de registrar fotos. Fael resolveu reunir todo o grupo para fazer o registro dos integrantes.

    Imagem 05 - Da esquerda para direita: Álvaro, Katherine, Sant, Melani, Graziela, Fael, Oriana. Na esquerda o Monte Kukenan e a direita o Monte Roraima. Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    # Acampamento Tek.

    A caminhada continuou nos trechos bem batidos da trilha delimitada em direção ao Monte Roraima. A cada passo o grupo sentia a sensação da proximidade da formação rochosa, tornando o centro da atenção de todos. Fael e Graziela seguiam no ritmo bom, devido às mochilas estarem mais leves do que os demais. Katharine, mesmo com a mochila pesada, seguia os passos de Fael e Graziela. Os guias sentiam a exaustão por conta do peso que carregava, Fael sempre refletia a respeito dessa exaustão e imaginou o que pesaria tanto nas mochilas artesanais dos carregadores. Já o simpático garoto Sant carregava uma pequena mochila, se divertindo na companhia de Fael e Graziela.

    O sol estava em posição poente, amenizando o forte calor. A cada passo dado a ansiedade aumentava para chegar ao acampamento tek. Após 03 horas de trilha, de trechos planos com alguns aclives e declives íngremes, Fael e Graziela visualizam uma área com barracas de camping espalhadas, a maioria delas da cor laranja, sinal de que era o acampamento. As 16:30 todos dos grupo ( Sant, Alvaro, Oriana, Katherine e os guias: Melani, Kliber, Oxcel) chegaram até a parte superior do acampamento tek, resolvendo montar as barracas naquele local, próximos uns aos outros.

    O acampamento tek é uma grande área com um leve declive pouco acidentado, de solo duro, acima do rio que leva o mesmo nome. Existem duas construções na área, sendo que uma está fechada, utilizando-se apenas da varanda como “varal de roupas”. Essa mesma construção está bem na área de camping, com estado de abandono. Além de varanda para secar as roupas, a parte externa da casa se tornou a "cozinha oficial" do acampamento Tek. A outra construção localizada na margem esquerda da trilha está ocupada por um rapaz.

    Imagem 06 - Acampamento Tek. Trilha do Monte Roraima. Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    A paisagem é encantadora, atraindo os olhares dos trilheiros acampados. Destaque para os Montes kukenan e Roraima situados na grande planície do Parque Nacional Canaima. A vegetação chama a atenção pelo fato de não ser observada uma árvore, característica de pastagem.

    Diversas nacionalidades de indivíduos estavam acampadas no tek. Poderia se observar ingleses, espanhóis, noruegueses, alemães, brasileiros,colombianos, argentinos, japoneses, coreanos entre outros, com o objetivo em ascender o Monte Roraima e desfrutar das paisagens e dos fenômenos a mais de 2.600m de altitude.

    No final da tarde é hora de encarar a água gelada do Rio tek. Para se banhar os trilheiros seguiram alguns metros abaixo, chegando ao leito do rio. Algumas cascatas são formadas no seu trajeto, como um chuveiro natural. Fael e Graziela demoraram em encarar as águas geladas do Tek, mas não tinha muita escolha. Após o primeiro mergulho o corpo começa a se "habituar" com a temperatura da água.

    Imagem 07 - Rio Tek. Trilha do Monte Roraima. Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    A noite um “inimigo” letal iniciou a sua tortura no acampamento tek, um pequeno inseto chamado Puri-puri, atacando os trilheiros sem que percebesse. Quando tinham a noção do ataque realizado pelos insetos, à bolha de sangue estava presente na pele causando uma forte coceira e ardência, ao mesmo tempo, no indivíduo. Do grupo a que mais sofreu com os Puri-puri foi a Oriana, sua pele ficou manchada com os estouros dos caroços de sangue. Fael e Graziela sofreram alguns ataques nos pés, pois os dois estavam de calças e meias, mas mesmo assim não escaparam. Os guias Melani, Kliber e Oxcel estavam acostumados com os insetos e nem se incomodavam com os Puri-puri.

    O almoço da noite foi composto por macarrão, queijo, banana frita e molho de tomate, sendo que Fael e Graziela não cozinhavam por está acertado entre os guias. No acordo que eles fizeram, Mellani ofereceu o serviço de conduzir até o Monte Roraima incluindo a alimentação. Os equipamentos Fael e Graziela trouxeram do Brasil e levaram em suas mochilas cargueiras.

    Por falar dos equipamentos, a barraca de Fael e Graziela, uma Nepal Aztec, deu trabalho para ser montada no acampamento tek. Por conta do solo duro e da barraca não ser autoportante, composta por uma vareta, a aztec não fixava no solo. Mas para resolver o problema Fael conseguiu uns fragmentos de rochas que serviram de apoio para da sustentabilidade a barraca.
    Pós Jantar, Fael e Graziela conversaram um pouco e observaram o porquê do peso da mochila dos guias Mellani, Oxcel e Kliber. Os três, além de levar os equipamentos básicos como: roupas, sacolas, alimentação, carregava um pequeno bujão de gás e um mini fogão, fazendo o jus do grande peso nas mochilas. Os guias venezuelanos, muito deles, não têm condições de investir em equipamentos modernos e facilitadores para trilhas, como os mini fogareiros e o tek gás. Além do mais, esses produtos são muito caros na cotação local, pelo fato da moeda está desvalorizada por questões sociopolíticas.

    Imagem 08 - Barraca de Fael e Graziela no acampamento Tek. Trilha do Monte Roraima. Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    As necessidades fisiológicas são realizadas de uma maneira nada comum pelos trilheiros. Os guias são obrigados a levarem uma “barraca banheiro”, junto com um assento de vaso sanitário, cal e sacolas para serem depositadas as fezes. Após formar o "balão" se mistura o cal com as fezes e essa sacola será entregue aos guias, um hábito no Monte Roraima.

    Fael e Graziela ficaram bem constrangidos. As necessidades realizadas na primeira noite não foram entregue a sacola aos guias, por inúmeros motivos, sendo o principal considerado ser uma "falta de respeito ou de consideração" aos condutores levarem as fezes dos visitantes, no pensamento de Fael e Graziela. Nesse dia 01 houve uma forte resistência, tanto que Fael preparou um espaço na mochila para levar as fezes. Em relação da urina, poderia ser nas margens, bem afastada da área do camping. Para isso os homens não tinham problemas, ficavam de costas e urinava. Entretanto para as mulheres era um pouco difícil, devido à vegetação baixa, sem árvores no local, composta por capim. Era inevitável se abaixar e alguns observarem. A depender pode ser uma situação constrangedora para alguns e para outras nada demais, vai ao pensamento de cada pessoa. As 21:00 todos se recolheram devido aos temíveis Puri-puri.

    - Parque Canaima, 14 de outubro de 2016. Sexta-feira.

    # Rio Kukenan.

    Noite tranqüila, sem barulhos ou incômodos, com o despertar iluminado pelo nascer do sol. Fael e Graziela foram os primeiros acordar, por volta das 05:00 da manhã. Os Venezuelanos: Álvaro, Oriana e Katherine acordaram em seguida e começaram a preparar o café e desmontar as barracas. Os guias foram os últimos acordar, por volta das 06:30 da manhã, nesse horário já tinha grupos seguindo em direção ao acampamento base. Os 05 integrantes aguardaram a organização dos guias Mellani, Kliber e Oxcel para poder seguir, pois dependia deles. O parque tem uma política de que toda a trilha deve ter, pelo menos, um condutor credenciado com o grupo, limitando os avanços de Fael e Graziela.

    O café foi servido as 08:00 da manhã, com variedades alimentícias composta por: pães, tomate, pepino, café, além de um “sanduíche” de milho. Enquanto uns se alimentava, outros já preparavam os equipamentos, pois o grupo era o único que estava no acampamento tek. 35 minutos após, Mellani reúne os 05 componentes do grupo e propõe para seguir com ela, enquanto Kliber e Oxcel permaneceram no acampamento tek desarmando os equipamentos para alcançar o grupo posteriormente.

    Imagem 09 - Katherine, Melani e Graziela. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    A trilha seguiu em direção ao rio tek, com um pouco de dificuldade na travessia do seu leito devido ao volume de água. Algumas rochas serviam para auxiliar nas passadas, sem a necessidade de molhar os pés. A trilha segue adiante em trechos aclives e pouco íngremes, com o forte sol "encadeando" os trilheiros. Uma construção surge na margem direita, segundo Mellani é uma igreja, sem a informação do nome. A igreja é bem rústica, feita de fragmentos de rochas. Alguns metros a frente é possível visualizar o Rio Kukenan, bem mais volumoso que o Rio Tek. Sua travessia foi pensada, pois a correnteza estava um pouco forte e necessitou da atenção dos trilheiros. Mellani e kliber auxiliaram Fael, Graziela, Álvaro, Katherine e Oriana na travessia do seu leito.

    Na outra margem está localizada uma área de camping bem estruturada, bastante espaçosa, com uma construção que pode servir de abrigo em caso de emergência. No momento não tinha ninguém na “casa”, toda feita de adobe e madeira. Essa área é conhecida como camping Kukenan. Uma placa de identificação está inserida com as normas de conduta aos visitantes, fixada em uma área bem destacada. No presente momento em que Fael, Graziela e os demais chegaram não tinha ninguém acampado.

    Imagem 10 - "Base Camp kukenan". Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Mellani fez uma pausa e sugeriu que o grupo aproveitasse o local. Todos decidiram se banhar no rio kukenan, que alias é muito bonito e preservado. A correnteza estava um pouco forte, alertando os trilheiros. As 10:30 da manhã todos se ajustaram e continuaram a caminhada.

    Imagem 11 - Rio kukenan. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    # Acampamento base militar.

    Acima do camping kukenan a trilha inicia as suas deformidades, devido às ações humanas e a falta de políticas publicas no uso e conservação do parque. Muitas ravinas são visualizadas, progredindo e se transformando em uma voçoroca.

    Nesse segundo dia ainda se passa pelo acampamento chamado “militar”, uma área planada para os trilheiros que, por algum imprevisto ou força maior estar distante do "camping oficial" da trilha chamado de "base". Esse espaço só é utilizado em situações de emergência, não necessariamente desesperadora, ou doença, mas outra eventualidade mais simples, como rendimento, cansaço, fadiga, etc.

    No acampamento base militar Fael e Graziela fizeram uma pausa e aguardaram Katharine, Álvaro e Oriana, além de Mellani e Santi. Era quase 12:00 quando eles chegaram e se juntaram a Fael e Graziela, aproveitando a pausa para um lanche e “repor energias”. No camping militar, além de um pequeno espaço para montar barracas (cerca de 4 a 5 barracas de três pessoas), existe um córrego abaixo, de água limpa e muito gelada. Na resenha Fael e Graziela observaram alguns grupos, a maioria deles voltando do Monte Roraima. O que é muito comum na trilha são os carregadores, numa velocidade inacreditável em levar alimentos, trazer lixos, levar equipamentos, entre outros, num ritmo muito forte e arriscado, exigindo disposição, força e resistência.

    # Acampamento base.

    No descanso todos sentiram o "peso" da trilha, devido ao sol escaldante que castigava os trilheiros. E para piorar, após o camping militar a trilha é íngreme, com algumas subidas, diminuindo a intensidade de todos do grupo. A paisagem é atraente, com destaque as cachoeiras formadas no Monte Kukenan, vizinho do Roraima. Entretanto tinha uns trechos degradados, com sujeiras nas margens e uma porção da vegetação queimada. Segundo Mellani, houve um incêndio de grandes proporções meses atrás, atingindo boa parte da vegetação localizada na margem oposta do Monte kukenan.

    Muitas árvores estão no processo de “recuperação”, enquanto outras não dão nenhuma esperança de renascer. Do camping militar até o camping base foram 2h de caminhada, sem pressa, num ritmo tranquilo, com paradas para descanso, fotografias e hidratação. Por volta das 15:30, Fael, Graziela e Santi chegaram no acampamento base (conhecido como base camping), preparando os equipamentos e montando a barraca. 10 minutos após Katherine, Oriana e Álvaro se junta e em seguida Mellani, Kliber e Oxel (bastante cansados).

    Imagem 12 - A caminho do acampamento base. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Imagem 13 - Lixo no acampamento base. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Com esse fato lastimável, poluindo a paisagem da trilha, Fael e Graziela foram encaram a fria água de um córrego que está mais a frente do acampamento, no inicio da trilha de ascensão ao Monte Roraima. De águas limpas e correnteza fraca, o córrego é propício para o banho, contudo a água é muito fria. Fael e Graziela resistiram, mas encararam á água gelada, castigando os corpos que já sentiam a queda de temperatura no final da tarde no acampamento base. Em seguida chegaram Katharine, Álvaro e Oriana. Os guias, junto com Sant, preparavam o almoço e o café da noite para depois se banharem.

    As 17:30 foi servido o almoço para Fael e Graziela, que na verdade foi um mingau de aveia, sem leite, parecendo um “suco”. Não foi bem gerido pelos dois que pouco consumiu. Ao da uma volta Fael observou algumas cenas nada agradáveis no acampamento base. Próximo a sua barraca tinha uma concentração de comida no solo, composto por arroz e feijão. Mas era muita comida (muita mesmo) que dava para alimentar dezenas de pessoas. Um pouco mais abaixo muitas fezes, papel higiênico e algumas sacolas. Quanto mais andava, mais lixo e dejetos encontravam concentrados em locais mais reservados aos arredores das barracas, a maioria dessas localidades estava atrás da vegetação mais densa (moitas).

    Imagem 14 - Acampamento base. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    No fim da tarde Katherine se junta a Fael e Graziela e assiste o belíssimo pôr do sol que se despede bem ao lado do Monte Kukenan. Destaque ainda para a Cachoeira que é formada no monte. No inicio da noite a temperatura cai bastante, espantando os trilheiros de resenharem fora de suas barracas. Os Puri-puri começaram a atacar, exigindo a aplicação de repelentes pelo corpo a fim de não serem castigados pelos insetos. As 19:00 todos do grupo resolveram descansar.

    A madrugada foi tensa, o frio castigava os trilheiros. O saco de dormir da Deuter, modelo Dream lite 500, não suportou as baixas temperaturas, incomodando Fael. Graziela se tremia de frio e quando Fael foi ajudá-la percebeu que o saco de dormir estava muito gelado e poucas horas depois o dele também ficou. A mochila e algumas roupas ajudaram a esquentar, a queda da temperatura foi o "aviso" para as noites seguintes acima no Monte Roraima.

    Imagem 15 - Madrugada no acampamento base. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    - Parque Canaima, 15 de outubro de 2016. Sábado.

    # Paso de Las Lagrimas.

    Torturados pelo frio da madrugada, no acampamento base do Monte Roraima, Fael e Graziela não tiveram uma noite de sono confortável, pois as baixas temperaturas esfriaram os sacos de dormir, incomodando e atrapalhando o sono dos dois.

    As 05:30 da manhã, Fael e Graziela estavam de pé arrumando os equipamentos, até mesmo para movimentar o corpo e amenizar o frio. As 06:15 da manhã, Oriana e Álvaro despertaram, mas não saíram da barraca. Os guias Mellani, Kliber e Oxel , além do menino Sant, pareciam está em um sono profundo, nem suspiro escutavam. Em seguida Katherine desperta e alerta sobre o frio.

    O Monte Roraima, bem próximo ao acampamento, coberto pelas nuvens carregadas de umidade, intimidava os trilheiros. Fael e Graziela estavam imaginando como serão as noites e as madrugadas acima do tepui. Fael e Graziela estavam preparando o psicológico para suportar as baixas temperaturas. Dois Brasileiros, naturais do Estado da Bahia, localizado em uma Região do País mais árida e quente, não estavam acostumados com as baixas temperaturas no Planalto das Guianas.

    Por volta das 07:30 os guias estavam apostos e ficaram surpresos ao visualizarem o grupo pronto (listo) para da seguimento a trilha. Contudo, Katherine, Oriana e Álvaro estavam utilizando do fogareiro dos guias para prepararem o café, ficando no aguardo dos equipamentos estarem disponíveis, enquanto Fael e Graziela aguardaram o preparo do café pelos guias, já que estava no pacote estabelecido entre eles. Portanto, mesmo se tivesse pressa e disposição, o grupo dependeria dos guias para da continuidade nesse terceiro dia de caminhada.

    O cardápio foi composto pelas Arepas com “chafé” (café aguado), que passou despercebido pela saborosa massa de milho feita por Kliber. As 09:00 da manhã Mellani inicia a caminhada, chamando os demais rumo ao Monte Roraima.

    Os primeiros metros são tranquilos na trilha bem batida no sopé do Monte Roraima, mas logo aparecem as fortes subidas íngremes, lamacentas, mostrando a prévia dos trechos posteriores. A vegetação alta encobre as escarpas, proporcionando uma “tranquilidade” na trilha, mas ocultando a visibilidade da paisagem. Fael e Graziela observaram os carregadores, de grupos diferentes, descendo apressado com suas mochilas vazias. Seus olhares cansados e a exaustão eram visíveis, mesmo com os rostos cobertos pelas camisas e lenços.

    Imagem 16 - Trecho íngreme no sopé do Monte Roraima. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    A trilha íngreme parecia interminável. Cada vez que "escalaminhavam" mais trechos acidentados apareciam. Após 45 minutos de subida se visualiza um belo mirante, servindo como ponto de descanso. Fael, Graziela, Mellani e Santi foram os primeiros a chegar e apreciar a paisagem, enquanto esperavam os carregadores Kliber e Oxcel, além do Álvaro, Oriana e Katherine que viam logo atrás.

    Nesse mirante já deu uma dimensão do quanto o grupo já tinha ascendido em direção ao "topo" do Monte Roraima. O camp base, além dos demais trechos da trilha, nas proximidades do tepui, parecia uma maquete. O Horizonte é encantador, hipnotizando quem o observa. As grandes áreas das vegetações de pastagem eram muito mais do que se imaginavam. Dentre as formas naturais se destaca o Monte Kukenan, vizinho ao Monte Roraima, formação rochosa disponível para ser observado em diferentes ângulos. Entretanto nesse trecho da trilha já não é possível ver a cachoeira que se forma no tepui kukenan. Em compensação os detalhes das escarpas são visíveis e peculiares. De fato, o Monte Kukenan é um mistério para todos ali do grupo (com exceção dos carregadores Kliber e Oxcel que segundo eles, em um dialogo com Fael, Graziela e Katherine, já ascenderam ao monte).

    Com todos os integrantes presentes no mirante, o grupo aproveitou e fez mais um lanche, pois mais adiante estaria um trecho conhecido como “Paso de Las Lagrimas”. Antes "escalaminhar" a referida localidade, Mellani e Kliber contaram um mito de que antes de passar no trecho das lagrimas, para a ascensão ao Monte Roraima, deve tocar na escarpa do Tepui que está alguns metros a frente do mirante, ou seja, um maciço plano que vai daquele ponto até a superfície metros acima, pedindo permissão a caminhar e conhecer a sua superfície. Segundo Kliber, quem não cumpre esse rito pode ser castigado. Todos fizeram, com muita seriedade e seguiu. A grande rocha estava gelada e úmida, sinal que trechos molhados estão por vim. Metros à frente a paisagem muda.

    No processo de planejamento da viagem Fael e Graziela observaram umas imagens do Paso de Las Lagrimas na internet, mostrando seu trecho bastante rochoso, com muitos fragmentos de rochas úmidas em uma subida íngreme, consideravelmente mediana, sem trilha batida. Chegando ao local algumas hipóteses foram comprovadas, como a forte subida e os conglomerados de rochas molhadas.

    O Paso de las Lagrimas é o ultimo trecho para ascensão do Monte Roraima. O nome se dá pelo fato das gotículas de água cair sobre as rochas composta na trilha, dando a aparência que o "Roraima chora". Entretanto, essas gotículas de água deixam esse trecho da trilha bastante escorregadia, devido à superfície ser compostas pelos pequenos conglomerados de rocha. O grupo, em si, não teve dificuldade em “escalaminhar” no Paso de lãs lagrimas, mas deve ser considerada uma etapa cautelosa pelo risco de acidentes, possibilitando lesões graves.

    Imagem 17 - Vista e caminhada no trecho do Paso de Las Lagrimas. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Chegando a superfície do Monte Roraima, Fael sofre uma lesão grave. Uma luxação do joelho, deslocando a patela para o lado esquerdo, ocasionando sua queda. Fael permaneceu no chão e foi ajudado pelos demais. Kliber se assustou no que viu, parecia algo novo. Graziela se desesperou e foi de encontro com Fael.

    Em uma rápida ação e desespero, pelo risco de abortar a trilha, Fael conseguiu colocar a patela no lugar e voltou a sofrer a mesma dor que teve no ano de 2015, quando o ocorreu a primeira lesão. Tentando da continuidade, Fael não conseguiu ficar de pé, devido ao peso da cargueira e as fortes dores no joelho. kliber carregou a sua mochila, enquanto Graziela ofereceu um apoio para que levantasse e voltasse a caminhar.

    Com muitas dores, Fael levantou e deu prosseguimento, mancando, com muita dificuldade em "escalaminhar" alguns trechos, diminuindo o ritmo. Os Venezuelanos: Álvaro, Oriana e Kathernine estavam preocupados, confortando com palavras positivas para Fael continuar na caminhada. Nesse processo o grupo seguiu e as 13:55 chegaram na superfície do Monte Roraima, no “topo falso” do Tepui, sendo agraciados por uma bela vista do Planalto das Guianas.

    # Hotel Índio.

    O tempo ficou nebuloso, nuvens carregadas estavam acima do Monte Roraima. Fael observou o fenômeno, um pouco preocupado, com fortes indícios das pancadas de chuva que poderia vir. Acima dos 2000m de altitude as precipitações podem ser mais "agressivas".

    Na Superfície do Monte Roraima surgem novas formas e paisagens. Grandes rochas, muitas delas de tons escuros, algumas tocas e pequenas vegetações compõe a base do tepui. A trilha segue batida, em lajedo, mas bem delimitada e desgastada devido à grande quantidade de "trilheiros" que visitam o Monte Roraima.

    Os pontos de apoio acima do Monte Roraima (locais para acampamento), a maioria deles, são tocas localizadas nos paredões formados na superfície do tepui. Conhecido pelos guias e carregadores pelo nome "hotéis". Esses "hotéis" são estratégicos para proteger do forte vento e das baixas temperaturas. A maioria deles com pouco espaço para os grupos que são formados nas expedições ao Monte Roraima.

    O ponto base na primeira noite acima do Monte Roraima seria uma pequena toca conhecida pelo nome de "hotel principal", localizada alguns metros acima do ponto final da ascensão do Tepui. Porém, quando Kliber chegou ao local observou três barracas e dois carregadores, informando que estavam com um grupo e passariam a noite ali.

    Apesar do imprevisto, kliber, Mellani e Oxcel não demonstravam preocupação, pois segundo eles há outros “hotéis" no Monte Roraima, sendo que algum estaria vago. Fael continuava mancando devido ao acidente, mas estava suportando as dores. A partir dali Fael carregou a sua mochila cargueira e informou a Kliber que dava para prosseguir. Graziela insistiu para retirar alguns objetos pesados da mochila do Fael e dividir entre o grupo, por conta das dores e não "forçar" o joelho que está comprometido por uma forte lesão. Porém Graziela não conseguiu convencer Fael, que mancando, carregava a cargueira pesada.

    Kliber e Mellani conduziram o grupo pela trilha principal em busca de localizar algum "hotel" disponível para montar acampamento. Alguns metros adiante, Kliber e Oxcel sai da trilha e segue a margem esquerda, em direção a um "hotel" conhecido pelo nome de Índio. Percebendo que não tinha nenhum grupo presente, Kliber alertou a Mellani para que conduzisse o grupo até a base de acampamento, exigindo a "escalaminhada" de todos, em um pequeno trecho, até chegar à toca localizada metros acima.

    Uma pequena toca, de solo duro, o Hotel Índio é ideal para grupos pequenos. Talvez seja um fator crucial da disponibilidade, pois a maioria dos grupos formados para fazer a trilha do Monte Roraima é grande. Como o grupo formado por Mellani são composto por 05 membros, acampar no Hotel Índio não será problema.

    Com espaço para cinco barracas, de duas pessoas, o Hotel Índio tem suas peculiaridades. O curto espaço propício para pequenos grupos, a localização estratégica próxima a trilha principal e a proteção contra o vento e chuva. Para além, proporciona uma bela vista ao ponto mais alto do Monte Roraima, no território da Venezuela, conhecido como Marverick.

    Alvaro, Oriana e Katherine montaram acampamento sem nenhum problema, enquanto Fael e Graziela tiveram dificuldades, novamente, devido a barraca não ser autoportante. O solo do Hotél índio é duro, inadequado para barraca azteq, modelo Nepal. A mesma só se sustenta com uma vareta, dependendo da fixação de hastes para estabilizar na superfície.

    Mas, devido a esse impasse, Fael foi até a parte mais baixa e colheu alguns fragmentos de rochas para servir de apoio e "estabilizar" a barraca. O equipamento não ficou 100%, mas dava para dormir e passar a noite sem nenhum problema.

    Imagem 18 - Vista do Morro Marverick. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    # La Ventana

    Passava das 15:10 quando o acampamento estava pronto. Nesse período da montagem das barracas Kliber preparava o almoço. No momento da fartura Mellani propôs ao grupo conhecer mais três atrativos do Monte Roraima, bem próximo ao Hotél Índio. As localidades da La Ventana e os Jacuzzis são visitas “obrigatórias” do trilheiro. O tempo não estava legal, muitas nuvens carregadas de umidade e ventos fortes, prevendo chuva.

    Apenas com a Mochila de ataque, Fael seguiu com Graziela e o restante do grupo em direção ao La Ventana, a trilha está à direita do Hotel Índio. Kliber ficou responsável em conduzir, enquanto Mellani, Oxcel e Santi permaneceram no Hotel Índio preparando os equipamentos e a alimentação da noite. O Joelho de Fael latejava e a caminhada não tinha mais o rendimento dos dias anteriores. Graziela sempre com disposição a ajudá-lo nos momentos que precisava. Katherine se juntou a eles e iniciaram uma resenha para distrair.

    No decorrer da caminhada o trio sentiu falta de Álvaro e Oriana, que acabaram “se perdendo” dos demais. Kliber orientou que não era para se preocupar, pois o máximo que poderia acontecer é dos dois retornarem para o Hotel Índio ou pegar um atalho diretamente para os Jacuzzis, pelas trilhas batidas disponíveis no caminho.

    A trilha, em geral, é bem delimitada e tranquila, apesar de ser em lajedo, pois os trechos estão bastante desgastados devido ao número de trilheiros que visitam o Monte Roraima. Uma área descampada foi visualizada, que em situações de emergência vira ponto de resgate para pouso e decolagem de Helicóptero. Para quem quer praticidade, conforto e não gosta de caminhar, existe um serviço de translado, por helicóptero, que conduz até a superfície do Monte Roraima, gastando poucos minutos. Porém é um alto investimento.

    Na mente dos trilheiros do grupo esse tipo de serviço está fora de cogitação, nem em pensamento. Fael e Graziela imaginaram quanto sem graça deveria ser, pois o que motiva é a grande caminhada na conquista da ascensão ao Monte Roraima.

    As 16:25 Kliber apresenta o La Ventana, nome de um grande mirante com uma belíssima vista ao Monte Kukenan. Para complementar a beleza do local o sol reaparece das nuvens, iluminando o grande abismo entre os Tepuis Roraima e Kukenan.

    Katherine ficou encantada com a vista, assim como Fael e Graziela. O trio observou por longos minutos e sentiram as “forças” da natureza imposta nas suas formas rochosas e em seus fenômenos. O vento soprava mais forte e o tempo num processo acelerado com a passagem das nuvens carregadas de umidade. O sol iluminava e se escondia como se controlasse a iluminação natural. Kliber sugeriu a visualizar a La Ventana de outro ângulo, bem próximo ao primeiro mirante. Todos seguiram pela trilha, a direita, bem delimitada.

    Imagem 19 - Fael e o mirante da La Ventana.. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    # Jacuzzis

    Oriana e Álvaro, distraídos, perderam o grupo de vista, ficando na duvida qual o caminho a seguir. Pensando em voltar ao Hotel Índio, acabaram por localizar poços de águas cristalinas e geladas, conhecidas no Monte Roraima como Jacuzzis. Oriana e Álvaro decidiram ficar nos poços de águas cristalinas aguardando a amiga Katherine, o condutor Kliber e os brasileiros Fael e Graziela, que estavam apreciando a paisagem no mirante do La Ventana.

    A intuição deles acabou dando certo, pois alguns minutos surgem 04 pessoas indo de encontro com eles. Essas pessoas são: o Kliber, Katherine, Fael e Graziela. O reencontro ocorreu por volta das 17:00.

    Quando saíram do La Ventana, em direção aos Jacuzzis, Kliber continuou pela trilha batida na porção Sudoeste do Monte Roraima, em direção Norte, durando alguns minutos até chegar aos poços. O tempo mudou de repente, com uma grande nuvem cinza carregada de umidade, assustando os trilheiros. Falar em susto, Fael, Graziela e Katherine levou um “susto” quando viram Álvaro e Oriana se banhando nos Jacuzzis de águas geladas sobre um forte vento.

    Os Jaccuzis do monte Roraima são poços formados pelo processo de intemperismo na superfície rochosa, acumulando águas cristalinas provenientes das precipitações. Os Jacuzzis não são profundos, propício para todas as idades. As águas frias são ideais para se banhar após uma trilha "debaixo de um sol quente" (mas o sol não está quente nesse dia).

    Imagem 20 - Jacuzzis. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Poucos minutos Fael, Graziela e Katherine resolveram se banhar nos poços, enquanto Kliber não se arriscou. Algumas práticas em se banhar no Jacuzzis foram interessantes. O Álvaro molhava uma toalha e se esfregava; Fael e Katherine se abaixavam e subiam tremendo de frio; Graziela mergulhava rapidamente e saía; Oriana se banhava com a toalha molhada e depois mergulhava.

    O regresso ocorreu por volta das 18:00, chegando todos no Hotel Índio as 18:30. Mellani e Santi já os esperavam. A alimentação da noite foi composta por um chocolate quente e sequilhos. Poucas horas depois Fael voltou a sentir fortes dores no joelho, o que obrigou a ficar deitado na barraca. O tempo muda com a dispersão das nuvens, sendo que minutos depois surge a lua ao fundo do Monte Kukenan, atraindo os olhares dos trilheiros presentes nos hotéis do Monte Roraima.

    - Parque Canaima, 16 de outubro de 2016. Domingo.

    # El foso.

    A madrugada foi bastante fria, mesmo com as barracas armadas estrategicamente nos hotéis. Fael foi castigado pelas dores no joelho, devido a sua lesão causada pela luxação da patela no Paso de Las Lagrimas. Graziela acordou e chamou Fael para visualizar a vista no Monte Kukenan, a paisagem é atraente. Além de ficar marcado na memória, Fael e Graziela registraram as fotos para futuras revelações e decorações.

    As 07:00 da manhã os guias acordaram, junto com os Venezuelanos, para mais um dia de caminhada. O café composto pelas famosas arepas foi o prato principal. As nuvens úmidas despesa e sol reaparece, condicionando uma temperatura agradável para caminhar. As 09:00 da manha Mellani alerta ao grupos para da prosseguimento na trilha em mais um dia no “topo” do Monte Roraima.

    Caminho batido, entre os lajedos desgastados pelas passadas das dezenas de grupos diários que visitam o Monte Roraima, nesse quarto dia de trilha no Monte Roraima foi bem tranquilo. As 10:15 da manhã o sol se intensifica sem nenhuma nuvem no céu. Contudo o forte vento a 2.696m de altitude amenizava, "aclimatizando" os trilheiros. Fael continuava mancando, deixando Graziela preocupada. Mellani conduzia o grupo, sendo que nesse quarto dia ela estava mais rápida e disposta, depois em ter “esvaziado” a mochila com as dispensas da alimentação nos cafés e jantares para Fael e Graziela.

    Imagem 21 - Caminho dos lajedos. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Em uma das paradas para descanso, Kliber observou uma sacola na mochila de Fael e percebeu que eram as fezes. O guia solicitou para que entregasse. Fael resistiu, justificou e fez de tudo para não entregar, devido ao constrangimento e por não explorá-lo. Mas não teve jeito, acabou entregando muito incomodado com a situação.

    A trilha seguiu sem mudanças de suas características paisagísticas. Muitas rochas em formatos peculiares proporcionam a criatividade de imaginar. Animais, rostos, objetos, todos citados pelos trilheiros do grupo, Katherine era a mais animada. Uma cratera é observada pelo grupo, sendo que Fael e Graziela já imaginavam a localidade. Confirmados o que imaginavam, Mellani para e avisa: - El Foso.

    Um imenso buraco, formando um pequeno lago de águas claras, tons amarelados, o El foso é uma formação curiosa e atraente, com seus “túneis” alagados e misteriosos constituídos e num processo permanente nesses milhares de anos. Quando ocorrem fortes precipitaçõe, forma uma pequena queda d água no El foso, considerado por alguns como “cachoeira”. Existe a possibilidade da observação das formações rochosas abaixo da cratera, por dentro dos seus “túneis”. Porém, Mellani não ressaltou ao grupo e preferiu não levar-los. Fael e Graziela nem lembraram no momento, afinal, se estivesse lembrado, com certeza cobraria da condutora e sua equipe o acesso ao El Foso.

    Imagem 22 - El foso. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    Algumas plantas carnívoras foram observadas em torno do El foso, contudo a espécie não foi identificada. Kliber e Mellani não sabiam informar o nome das espécies das plantas localizadas no Monte Roraima, nem por nomes "populares". Fael observou e reparou que são parecidas com a do gênero da Drosera.

    # Tríplice Fronteira: Venezuela, Brasil, Guiana.

    A trilha batida segue sobre os lajedos escuros, marcados pelas passadas dos grupos que visitam o Monte Roraima. A linha delimitada mostra o caminho preciso a seguir, sem deixar duvidas. Fael melhorou o rendimento devido as dores no joelho terem diminuído. O garoto Santi sempre animando todos, com seu bom humor e disposição. Graziela se divertia com o menino Venezuelano.

    Imagem 23 - Tríplice Fronteira. Trilha do Monte Roraima, Parque Canaima, Bolivar, Venezuela. Ano: 2016.

    A paisagem na superfície do Monte Roraima é muito peculiar, com suas rochas negras, parecendo que foram “bombardeadas”, dando formas e criando passagem através das fendas. Fael estava fascinado e registrava a todo o momento. Apesar do forte sol, a caminhada estava agradável, pois os ventos frios “aclimatizavam”. As 13:50, precisamente, Graziela é a primeira pessoa do Grupo a chegar e tocar no marco piramidal que define o ponto limite da fronteira entre três países: Venezuela, Brasil e Guiana.

    O marco que delimita os três países é um formato piramidal de cimento, pintado de branco. No lado Venezuelano e Brasileiro existe uma identificação, enquanto no território da Guiana não tem nenhuma informação a respeito. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inseriu um marco geodésico no lado brasileiro, ao Nordeste do Tepui. Essa porção territorial brasileira esta na Serra da Pacaraima. Nesse ponto especifico o individuo pode bater um recorde pessoal, de poucos segundos, se inserir em três países (Venezuela, Brasil e Guiana).

    A paisagem encanta todo o grupo, principalmente as formações rochosas que compõem as margens da trilha, formando labirintos. A trilha segue abaixo, pelas fendas, adentrando no território brasileiro. Em algumas "poções" da trilha o trecho é bastante íngreme, com declive, exigindo à atenção do trilheiro. As rochas laterais servem de apoio para as descidas nas fendas.

    # Hotel Quati Brasil.

    Passado pela tríplice fronteira, a trilha segue pelo território do Brasil, uma pequena porção do Monte Roraima. Segundo pesquisadores apenas 5 % pertence ao território brasileiro, precisamente no Estado de Roraima. Contudo, essa pequena porção está uma das principais áreas de camping do Monte Roraima, conhecido como “Hotel Quati Brasil”.

    Mellani conduzia o grupo para o Hotel Quati Brasil nos caminhos de lajedos bem delimitados. Da tríplice fronteira até o hotel foi menos de 30 minutos, em um curto trecho (em relação a todo o trajeto já executado). Após contornar um rochedo se observa uma gruta, ali está o Quati Brasil.

    Com uma formação bastante peculiar, divida em uma grande área para barracas, corredores naturais e um córrego ao fundo, com outras áreas descampadas de abrigo para se proteger dos fortes ventos, a Gruta do Quati é um acampamento estratégico para trilheiros atacarem os últimos atrativos do Monte Roraima, em sua porção ao Norte. No local já tinham três barracas de um grupo formado por Brasileiros.

    Álvaro, Oriana e Katherine montaram acampamento ao fundo da gruta, enquanto Fael e Graziela analisaram a área e montaram mais a frente da gruta, devido a superfície do acampamento rochosa e dura. A barraca Nepal Aztec não é autoportante. O ruim do acampamento no inicio da gruta é a vulnerabilidade aos ventos fortes e as tempestades.

    Os guias Kliber, Oxcel, Mellani, além do menino Santi, bivacaram em um dos corredores ao fundo da caverna, bem na margem esquerda do córrego que passa pela formação rochosa. Lugar bem interessante onde os guias se concentram e escolhem para descansar. Esse ponto é o melhor de todos da gruta do Quat Brasil, protegendo dos ventos fortes e das chuvas.

    Imagem 24 - Hotel Quati Brasil. Trilha do Monte Roraima. Brasil. Ano: 2016.


    Um dos momentos mais críticos foi o banho, pois a temperatura estava muito baixa e ventos úmidos fortes. Fael e Graziela sentiram o frio que fazia na Gruta do Quati, tentando resistir por alguns minutos para não se banhar. As 16:50 decidiram tomar banho em um dos poços localizados alguns metros fora da Gruta, na trilha de acesso ao lago gladys.

    - "Água mais gelada que congelador de geladeira". Essa foi à frase citada por Fael ao grupo. O mesmo bateu o próprio recorde de banho, demorou menos de 30 segundos. A primeira vasilha virada em seu corpo "expulsou a alma" de tão fria que estava a mais de 2.600m de altitude. Graziela sentiu uma sensação parecida, mas resistiu e foi bem mais forte que Fael. O cansaço e a exaustão deram lugar à resistência para superar a tortura em se banhar em uma das águas mais geladas nessa trilha.

    Passado o Pós-banho é hora do preparo do almoço, que ficou de responsabilidade dos guias: Mellani, Oxcel e Kliber , que resolveram se dedicar na cozinha, abrindo mão do banho.

    No inicio da noite Kliber chamou a todos para apresentar um local na gruta do quati (hotel quati) conhecido como "Miranito do Quati", propício para observação de estrelas. Acomodados em uma das rochas o grupo começou a resenhar, tratando de temas sobre o Monte Roraima e o comportamento dos turistas que visitam platô. O céu estava entre nuvens e poucas estrelas eram visualizadas. A temperatura caiu bruscamente, que todos se incomodaram com o frio, voltando para a Gruta. As 20:00 cada um se recolheu em suas barracas para descansar.



    - Parque Canaima, 17 de outubro de 2016. Segunda-feira.

    # Nascer do sol.

    Madrugada fria, com temperaturas muito baixas ao ponto de Graziela estremecer dentro do saco de dormir, da marca Deuter, que suporta (segundo a marca) até 3°C. Mas o saco de dormir estava úmido e gelado. A gruta do quati não impedia dos fortes ventos "saculejar" as barracas, entretanto a maioria delas se adaptou bem. Por volta das 01:30 da manhã cai uma forte chuva com relâmpagos e trovões, despertando o sono de todos que estavam acampados no Hotel Quati. Por volta das 04:00 da manhã, Fael e Graziela acordam e foram de encontro com Kliber, pois ficou acertado de assistir o nascer do sol em um mirante próximo da gruta. Katherine, Oriana e Álvaro acordaram em seguida, junto com Oxcel, Mellani e Santi. As 05:00 da manhã todos seguiram por uma trilha bem batida, de lajedo, em direção leste, até o pequeno mirante próximo a Escarpa do platô. As 05:35 da manhã o sol nasce, proporcionando um belo visual e iluminando a vasta planície das guianas, pertencente ao território brasileiro.

    Imagem 25 - Fael no Mirante do Quati. Trilha do Monte Roraima. Brasil. Ano: 2016.


    # Mirante do abismo.

    Visto o nascer do sol, Kliber conduziu o grupo de volta ao Hotel Quati. No local foi feito um café da manhã reforçado, composto por panquecas recheadas de queijo ralado, café (chafé venezuelano) e um mingau de aveia consistente. Katherine, Álvaro e Oriana sempre consumindo as arepas.

    As 09:00 da manhã inicia a caminhada ao ataque à proa do Monte Roraima, partindo do Hotel Quati Brasil. O tempo estava bom, com poucas nuvens e sol forte, amenizando os ventos frios que soprava na superfície do Tepui. Mellani e Santi resolveram ficar no Hotel Quati, não se juntando ao grupo. Sobrou para Kliber e Oxcel conduzirem Fael, Graziela, Katherine, Álvaro e Oriana.

    As formações rochosas continuavam a estimular a imaginação dos trilheiros. Formas de um Crocodilo, Lagarto, Iguana, entre outros eram citadas. Outra rocha estava com uma grande fissura, parecido que tinha sido "serrada". Kliber explicou que existe uma lenda da rocha ter sido "partida" por um raio.

    O caminho é bem batido sobre a superfície rochosa desgastadas pelas passadas de muitos trilheiros que visitam o Monte Roraima o ano inteiro. Totens e setas vermelhas eram observados como instrumento de orientação. De modo geral não é uma trilha confusa. Outro fator importante são os córregos observados nas margens da trilha, servindo como ponto para captação de água gelada e bem saborosa. Trechos alagados surgem no caminho devido as constantes precipitações nas madrugadas acima do Tepui e as massas de ar úmida. Essa poção do Monte Roraima já está no território da Guiana, inclusive o ponto mais alto. O verdadeiro Cume do Monte Roraima fica localizado no território Guianês.

    Gastando um tempo de 35 minutos o grupo chegou a um mirante "acima das nuvens", conhecido como "abismo da Guiana". No local não deu para observar as planícies, pois as nuvens cobriam. Graziela fez alguns registros e ficou encantada com a paisagem, enquanto Fael argumentou que parecia está em um avião em vôo.

    Uma grande nuvem cinza sombreou a superfície do Monte Roraima, gerando uma fina garoa que espantou os trilheiros. Kliber sugeriu para prosseguir a caminhada para o próximo ponto, não apresentado o atrativo ao grupo.



    # Cachoeira Coati

    Alguns metros, a esquerda do abismo, Kliber apresenta a Fael, Graziela, Álvaro, Oriana e Katherine uma cachoeira, de mais ou menos 15m de altura, denominada, segundo o Kliber, pelo nome de Cachoeira Coati. Essa queda d água, para todos os 05 componentes do grupo, foi uma grata surpresa, pois na pesquisa feita por Fael e Graziela não tinha nenhuma referência ou relato desta cachoeira. A visualização da queda d água é por cima, em uma posição arriscada e nada agradável. A formação da cachoeira está em uma fenda com uma largura considerável, formando um pequeno poço abaixo onde as águas deságuam em um grande abismo, sumindo na escarpa do Tepui. As fotos registradas ficaram todas ruins, porque o angulo é muito ruim, além de arriscado. Para visualizar era necessário o apoio das duas mãos e descer se arrastando, devido a grande quantidade de limo nas rochas.

    Kliber e Oxcel arriscaram em descer as rochas, deixando o restante do grupo apreensivo. Os dois condutores tinham uma facilidade imensa em descer nas rochas escorregadias, chegando até o poço. Katherine, Álvaro, Oriana, Fael e Graziela não se arriscaram, ficando acima observando. Águas geladas, tonalidade escura, poço com uma profundidade desconhecida, essa é a Cachoeira Coati, formada pelo rio do mesmo nome, onde sua nascente está no Monte Roraima e seu leito desaparece na escarpa ao Nordeste do Tepui.


    # Lago Gladys

    Na trilha principal Kliber e Oxcel conduziram Álvaro, Oriana, Katherine, Fael e Graziela até o Lago Gladys, que esta, aproximadamente, 1,5km da Cachoeira Coati. Trilha de superfície rochosa, com marcações, caminhada fácil. O grupo visualizou uma imensa cratera e um enorme poço nela.

    Com formações peculiares, caracterizadas com rochas negras, cobertura vegetal nas suas margens e uma tonalidade da água "espelhada", o Lago Gladys impressiona os trilheros pelo seu tamanho e localização, em uma grande cratera a mais de 2.600m de altitude. Esse processo natural é incrível aos olhos de que ver, gerando uma reflexão a respeito dos mistérios da vida e da geomorfologia.

    Aparentemente o Lago Gladys não possui acesso ao banho, pois a concentração de água está abaixo da escarpa que contorna a formação natural, dificultando o seu acesso. Entretanto, a visualização já vale à pena e encanta o visitante que chega até esse ponto, localizado em um dos trechos finais da trilha tradicional do Monte Roraima. A maioria das agências e condutores que formam grupos para expedição no Monte Roraima tem o Lago Glayds como o "ponto final" da trilha.

    Imagem 26 - Lago Glayds. Trilha do Monte Roraima. Guiana. Ano: 2016.


    # La Proa.

    Uma grande nuvem cinza "sombreia" o grupo. No Monte Roraima acontecem fenômenos climáticos em áreas de elevação (altitudes) de deixar o trilheiro "atento". Fael e Graziela observavam e admirava esses fenômenos climáticos naturais, não é prático no dia-dia. A trilha prossegue, ao Norte, em direção ao ponto conhecido como La Proa. Esse último ponto de visitação do Monte Roraima é pouco frequentado, devido aos riscos em chegar a parte "extrema" da superfície do Tepui.

    Kliber e Oxcel garantiram e avaliaram, pelo ritmo e condicionamento do grupo, condições necessárias de todos chegarem a La Proa e concluir todo o percurso tradicional do Monte Roraima.

    A trilha, batida no lajedo desaparece em uma depressão bastante íngreme a ser descida. Fael imaginou o joelho direito, que está bastante inchado devido a luxação da patela ocorrido no trecho do Paso de Las Lagrimas. Na base de remédio, que minimizava a dor, além de caminhar com dificuldade, Fael se preparava para os desafios que irão aparecer.

    Nos trechos iniciais da descida, Graziela sentiu um desconforto muscular, que gerou insegurança em prosseguir a trilha. Essa primeira etapa da descida é sobre as bordas da depressão, descendo os paredões e se apoiando nas falhas das rochas, exigindo muita atenção e concentração. O trilheiro deve segurar as mãos nas falhas das rochas e, lateralmente, caminhar até a parte mais baixa. Graziela até tentou, mas sabe dos limites e optou por desistir.

    Kliber, Oxcel, Ávaro, Katherine e Oriana continuaram entre as rochas falhadas na depressão, caminhando e pulando até o ponto mais adiante, onde o trecho será de subida para a saída da depressão. Fael perdeu o grupo de vista e tranquilizou Graziela, pois ela ficou "sentida" em não continuar a trilha e evidenciou a sua decepção.

    Deixando Graziela em um local seguro, Fael seguiu com muita dificuldade, devido as dores no joelho. A trilha exigiu que ele pulasse nas falhas das rochas composta na depressão. Esse trecho é obrigatório até a La proa. Á frente estão duas grandes rochas, com uma fenda entre elas, sustentando um tronco de árvore que serve de apoio para subir e seguir acima, saindo da depressão. Contudo esses troncos não estavam seguros, deixando Fael aflito.

    Oxcel foi o primeiro a subir. Ao se acomodar em uma das grandes rochas, ele subiu no tronco e "saltou" até a rocha acima, dando seguimento na escalaminhada. Em seguida Álvaro e Katherine, que com muita "tensão", venceram o trecho. Oriana teve dificuldade por não conseguir colocar o pé de apoio no tronco e ter forças nas mãos para se apoiar nas falhas das rochas. Depois de algumas tentativas a mesma conseguiu. Fael bem que tentou, mas não conseguiu devido as dores fortes e a insegurança por conta do joelho luxado, ao ponto do seu corpo começar a tremer. Kliber, ao perceber, perguntou se estava bem e se queria da continuidade. Fael, muito triste, respondeu que não ia seguir com o grupo por medo de piorar e prejudicar a todos. Kliber tentou convencer e motivou, mas viu que Fael não tinha condição física e emocional. Com lagrimas nos olhos, Fael sentou e mandou Kliber prosseguir, enquanto esperava no local. Oxcel, Álvaro, Katherine e Oriana lamentaram e o alegrou dizendo: vamos chegar à proa pelo grupo, principalmente por você e Graziela.

    Imagem 27 - Depressão a caminho da La Proa. Trilha do Monte Roraima, Guiana. Ano: 2016.

    Kliber seguiu escalaminhando as rochas e saindo da depressão, impressionando Fael. Após escalaminhou mais um trecho acima, entre uma fenda, nas falhas das rochas laterais, servindo de apoio para as mãos e os pés. Passando pela ultima etapa, o grupo some dos olhos de Fael, que aguarda no local onde desistiu. Acima o grupo prosseguiu escalaminhando trechos mais simples até visualizar uma camada superficial da rocha avançando até o abismo, parecendo a ponta de um barco. Ali está a La Proa.

    Uma rocha ponte aguda, se estendendo até o abismo. A La proa é o ultimo ponto do Monte Roraima a ser conhecido. No local Katherine estendeu a bandeira da Venezuela, bastante orgulhosa do feito. Oriana e Álvaro foram depois observar a paisagem e fazer registros fotográficos. Muitas nuvens cobriam a paisagem do Planalto das Guianas, impedindo em observar as áreas mais baixas do Parque Nacional Canaima.

    Imagem 28 - Kliber Perez com a bandeira da Venezuela na La Proa. Trilha do Monte Roraima, Guiana. Ano: 2016.


    # De volta ao Hotel Quati.

    Fael resolveu voltar bem devagar e ficar ao lado de Graziela esperando os demais. Alguns minutos de espera kliber e Oxcel aparecem acenando para os dois. Na resenha Katherine mostra as fotos da La Proa e diz os detalhes do incrível local e a sensação de está "voando" no céu. Todos lamentaram a falta de Fael e Graziela, pois estavam poucos metros da La Proa, muito perto do ponto cobiçado pelos dois.

    Passa das 14:00 quando o grupo regressa até o Hotel Quati Brasil, no ritmo mais lento, devido a Fael está mancando com forte dores no joelho. No trecho batido, com o lajedo bem definido, o grupo voltou a visualizar o lago Glayds e seguiu a frente da bifurcação de acesso a Cachoeira do Coati. kliber fez um pequeno desvio em uma trilha secundária até o leito de um rio, que parece ser o Arabopó.

    Aproveitando o tempo com poucas nuvens e o sol forte, kliber sugeriu um banho, já que nos poços de água do acampamento Quati Brasil a água vai está com a temperatura baixa. Álvaro, Oriana e Katherine toparam, enquanto Fael e Graziela dialogaram com Kliber dizendo que não iam se banhar e necessitava seguir, pois o joelho do Fael estava inchado demais e sentindo fortes dores. Kliber conduziu Fael e Graziela enquanto Oxcel permaneceu com Álvaro, Oriana e Katherine no rio.

    Na gruta Quati Brasil, Mellani e Santi estavam aguardando para o almoço. Nesse dia foi feito Macarrão "parafuso", soja, Banana da Terra, queijo ralado e ketchup. Com a fome que todos estavam a comida acabou em poucos minutos.

    A noite ocorreu um papo rápido com os integrantes do grupo e mais outras pessoas que acamparam nesse dia, todos eles brasileiros que começaram a perguntar sobre as paisagens vistas a partir do Hotel Quati. As 18:00 inicia uma forte chuva, daquelas de assustar o indivíduo pela intensidade da precipitação e os ventos fortes acompanhados por trovoadas e relâmpagos. As 20:00 Fael e Graziela foram descansar devido ao frio que não permitiam um conforto térmico fora da barraca.



    - Parque Canaima, 18 de outubro de 2016. Terça-feira.



    # Vale dos Cristais

    Madrugada de muita chuva, com fortes ventos e raios, criando uma tensão entre os trilheiros. Fael e Graziela passaram muito frio durante a noite, prejudicando no sono. A barraca Nepal Aztec dos dois superou bastante o os fenômenos climáticos. Apesar de está em uma gruta, a posição em que a barraca foi armada ficou exposta aos ventos devido aos melhores lugares estarem ocupados por outras barracas de grupos grandes.

    Fael e Graziela tem o costume de levantar ao amanhecer, padronizando o horário das 05:30 da manhã, sem a ajuda do despertador. Contudo, nesse 6° dia na superfície do Monte Roraima, o sol demorou a nascer, sendo que as 06:00 da manhã permanecia escuro. Na expectativa do amanhecer, Fael e Graziela esperaram até as 07:15 da manhã, quando começou a clarear.

    Mellani fez o "desenhuno" com as boas arepas recheadas por ovos e o café muito fraco (apelidado de chafé). Na Venezuela é costume dos Venezuelanos beberem café fraco, eles acham bons. Graziela não gostava da bebida, é acostumada com os fortes cafés, principalmente produzidos na Região da Chapada Diamantina.

    Katherine, Álvaro e Oriana acordaram por volta das 08:10 da manhã, se juntando com os demais para o café da manhã. As 10:00 estavam todos prontos para iniciar o regresso até Paraitepuy, que pelo planejamento terá a duração de dois dias de caminhada a partir do Hotel Quati Brasil.

    Passando pelos labirintos rochosos, ainda em território Brasileiro, Kliber seguiu por uma bifurcação, a esquerda, saindo da trilha principal. Em um trecho bem delimitado, íngreme em declive, levou até uma grande área descampada, acidentada, depositada por várias rochas compostas de quartzo. Kliber pede atenção de todos e apresenta o Vale dos Cristais.

    Uma mini-depressão relativa, descampada, com quase nenhuma vegetação destacada na superfície do Monte Roraima, margeado pelas elevadas rochas de tons escuros. Essa é a localidade conhecida como Vale dos Cristais, área de depósitos de rochas e minerais, principalmente de quartzos. Com a ação do tempo, juntando fatores climáticos e físicos, as rochas ganham formas e tamanhos, até sua total decomposição e formação de solos. No Vale dos Cristais era possível observar solos formados, em tons claros, como "areia de praia". Katherine, Oriana e Álvaro levaram uns fragmentos de rocha, enquanto Fael e Graziela faziam desenhos e nomes com objetivo em fotografar.


    # Tríplice Fronteira

    Kliber prosseguiu por uma trilha alternativa que visualiza o marco da Tríplice Fronteira. No monumento o grupo preferiu descansar por alguns minutos, aproveitando o tempo para fazer um lanche. No local tinha um grupo registrando fotos, mais um formado por brasileiros.



    # Hotel Airani

    As 12:30, Kliber lidera a caminhada orientando os demais; Oxcel sempre discreto, calado, sem muito assunto para conversar; Mellani parecia exausta com expectativa de chegar logo até a portaria de Paraitepuy; Álvaro e Oriana estavam pensativos; Katherine sempre animada e dialogando com quem estivesse próximo; Fael e Graziela felizes e ao mesmo tempo preocupados, pois o joelho do Fael estava inchado e sofria com dores, ao ponto de mancar. Esse é o grupo que completou o trecho tradicional do Monte Roraima e agora inicia o regresso para a conclusão da trilha. Cada um em seu momento particular.

    A cada passo as formações rochosas, vistas anteriormente, atentava os olhares de todos, inclusive dos próprios condutores que usava da imaginação para da aos nomes das formas esculpidas nas rochas negras, a maioria delas de animais. Nesse processo Kliber pegou uma bifurcação e foi por outra trilha do Monte Roraima, acessando um atalho próximo aos "hotéis".

    Com o intuito de acampar no Hotel Índio, Kliber adiantou os passos para verificar se estava vazio. Entretanto tinha um grande grupo lá acampando. No Monte Roraima existem outros "hotéis" que da para abrigar grupos. Mas o Índio é preferencial por está bem mais localizado e plano.

    Na busca pelo melhor hotel, Kliber encontrou um vazio, de frente a rocha Marverick. Esse abrigo é conhecido como "Airani" ou "São Francisco". O único ponto negativo é que a localização do acampamento até o ponto de água, mas próximo, era longe onde estavam instaladas as barracas. Como nenhum dos membros tinha equipamentos específicos para armazenar água, o deslocamento longo se tornou inevitável.

    Imagem 29 - Hotel Airani. Trilha do Monte Roraima, Venezuela. Ano: 2016.

    O banho foi uma tortura. Existia um poço abaixo que era o único ponto de água que dava para se banhar. Álvaro preferiu molhar uma toalha e passar no corpo; Fael e Graziela se banharam como "gatos", finalizando em poucos segundo; Katherine e Oriana estavam "climatizadas" e se divertia no poço. Apesar do sol forte a temperatura estava baixa, fazendo muito frio.

    Um grande cachorro surge, querendo morder Fael e Graziela. Seu dono, com personalidade estranha, gritava desesperado e se melava nos grandes poços de lama, na tentativa de segurar o cachorro e fazer com que se acalmasse. katherine e Oriana se chatearam, pois o cão se invocou com elas e atrapalharam o seu banho, interrompendo o momento de distração.

    No Monte Roraima é proibida a entrada de animais domésticos devidos aos impactos. Mas esse cão havia conseguido, sendo que o animal parecia nervoso e bravo, latindo o tempo todo contra o grupo. Kliber alertou ao rapaz, de nacionalidade brasileira, que animais de estimação trazidos por turistas no parque Canaima são proibidos. O dono do cão fez de conta que não compreendeu, pegando o animal e se retirando do local. Pelo sotaque parecia ser do Estado do Rio de Janeiro.

    Pós banho e almoço, ja no final da tarde, por volta das 16:30, Katherine começou a "apertar a mente" de Oxcel para caminhar até o cume da rocha Marverick, que está de frente do Hotel Airani. Oxcel resistia para não ir, mas Katherine continuava. Para azar da garota uma grande nuvem surgiu e começou a garoar, junto com ventos fortes.

    Ao anoitecer Mellani fez um leite com sucrilhos e todos resenharam por algumas horas. A temperatura caiu bruscamente e uma forte neblina se aproxima do hotel, obrigando a todos regressar para a barraca e antecipar o descanso. Amanhã é o penúltimo dia de trilha.



    - Parque Canaima, 19 de outubro de 2016. Quarta-feira.



    # Rocha Marverick

    Manhã nublada e de fortes ventos. Fael e Graziela foram os primeiros a se levantar e enfrentar as baixas temperaturas no Monte Roraima. As 05:25 da manhã o dia estava claro e com muitas nuvens, que por sinal estavam próximas, passando na “porta” dos hotéis.

    Alguns minutos depois Katherine desperta e se junta a Fael e Graziela, que observavam a passagem das nuvens. A primeira frase de Katherine para Fael e Graziela foi: - “hoje vamos atacar o cume “Marverick”, sorrindo. Suas palavras transmitiam disposição, determinação e decisão em ir ao ponto mais alto do Monte Roraima, dentro do território Venezuelano. Conhecido como “Marverick” a rocha está em frente ao Hotel Airani, local de acampamento do grupo. Entretanto, naquelas horas da manhã, as nuvens encobriam a formação rochosa natural. Nesses minutos, enquanto Fael, Graziela e Katherine observavam as nuvens na rocha Marverick, Oriana e Álvaro acordaram e por fim os guias. Oxcel, Kiber, Mellani, além do garoto Santi.

    O café da manhã foi composto por Arepas e "chafé". Fael e Oxcel visualizaram uma espécie de sapo conhecido como "sapinho preto do Monte Roraima" (oreophrynella quelchii), atraindo a atenção dos demais. Fael foi o primeiro a observar e pegar no animal, que parecia bem manso. O sapinho preto do Monte Roraima é muito pequeno, de coloração negra e a textura da pele “caroçuda”. Para fazer o seu registro o grupo teve muita dificuldade devido ao seu tamanho.

    Katherine iniciou uma conversa, sobre muita pressão acima de Oxcel, convencendo a ele a atacar a rocha Marverick antes de desmontar acampamento. Os guias não pareciam dispostos até a ir lá. Contudo, a guiada é paga e a Katherine fez questão de ressaltar aos condutores.

    A persistência de Katherine valeu apena, contando com a ajuda de Fael e Graziela que convenceram a Mellani tomar a iniciativa em levar até a rocha Marverick. O garoto Santi se "auto- escalou" e foi o primeiro a caminhar.

    Álvaro e Oriana não quiseram se juntar ao grupo para visitar a rocha Marverick, preferindo permanecer no Hotel Airani com Kliber e Oxcel. Sendo assim, o ataque ao ponto mais culminante do Monte Roraima (no território Venezuelano) foi formado pelo grupo composto por: Mellani, Santi, Fael, Graziela e a Katherine.

    A trilha fica de frente do Hotel Airani, na bifurcação entre a “trilha principal” e do acesso ao hotel. Bem batida e composta por um lajedo desgastado, o caminho é bem tranquilo e fácil. O trecho final é uma subida íngreme, finalizando no seu ponto culminante. A duração foi de 15 minutos, dês da saída do Hotel Airani.

    No cume Marverick a vista é incrível, com detalhamento da porção da escarpa Sul do Monte Roraima, do Monte Kukenan, da grande planície Venezuelana e as grutas batizadas de "hotéis". O ponto culminante está identificado com alguns grandes totens. Katherine sempre registrava fotos com a bandeira da Venezuela, mesmo com todas as adversidades políticas e sociais. Fael e Graziela observaram a felicidade e o orgulho que a Katherine tem do seu país, chamado cariosamente por ela de “La vinho”.

    Na volta do Marverick o grupo encontrou o acampamento desarmado e os demais aguardando. Kliber adiantou os passos, enquanto Oxcel estava com Álvaro e Oriana. O regresso com destino ao Rio Tek continuou a partir do Hotel Airani, iniciando as 10:30.

    Imagem 30 - Da esquerda para direita: Santi, Melani, Katherine, Fael, Graziela. Cume da rocha Marverick (2.700m). Trilha do Monte Roraima, Venezuela. Ano: 2016.


    # Paso de Las Lagrimas

    No inicio do trecho íngreme do Paso de Las Lagrimas, Graziela sentiu um incomodo no joelho, limitando os seus passos na forte descida. O grupo acabou se dividindo pelo fato de limitações físicas. As rochas soltas e molhadas eram o principal obstáculo de preocupação dos membros do grupo, com grandes probabilidades de ocasionar um acidente, seja pelo deslocamento ou um escorrego nesses fragmentos de rochas.



    # Camping Base

    Kliber e Oxcel foram os primeiros a chegar ao camping base. Fael e Graziela foram os últimos, gastando um período de 2h de descida. Muitos carregadores passavam, com seu "vai e vem" em busca de levar mantimentos e objetos para os grupos que aguardavam na parte superior do Monte Roraima. Alguns rostos eram nítidos o cansaço, a expressão facial demonstrava o desgaste físico desses trabalhadores.

    Kliber e Mellani fizeram um almoço no acampamento base, composto por: macarrão, catchup e milho, numa boa quantidade, satisfazendo a todos. O camping base continua indo de mal a pior, com muitas sacolas de fezes e lixos pendurados nos galhos das árvores, além dos restos de comida nas margens, gerando muita sujeira e tornando o ambiente nojento e desagradaevel. A duração foi rápida porque o local estava incomodando o grupo devido a poluição visual das sacolas de lixo nas árvores, além do forte odor. As 13:40 a caminhada prosseguiu, dessa vez todos juntos.

    # Rio Kukenan

    Caminhando por poucos metros, no regresso do camping base, o joelho de Oriana inchou, diminuindo o ritmo dos passos devido as dores. Com isso três membros do grupo estavam com lesões no joelho, sendo que a preocupação ainda era com Fael, por conta da luxação na patela direita. O tênis de Álvaro não aguentou a trilha e abriu, sendo remendado para durar até, pelo menos, no povoado de Paraitepuy, local que se encerra a trilha tradicional do Monte Roraima. O Morro Kukenan se destaca por uma Cachoeira desaguando suas águas pela escarpa, num volume relevante. Após o acampamento militar (uma área de camping emergencial), Graziela, Katherine e Fael comentaram sobre a vegetação queimada, analisando a grande proporção da área danificada pelo fogo.

    O camping Kukenan como sempre vazio, sendo uma área melhor e mais agradável para acampar do que o próprio tek, pois o rio está mais próximo, a área é mais arborizada e tem uma "casa de apoio" para secar roupas ou guardar algum objeto em caso de necessidade.

    A travessia no Rio Kukenan foi bastante tensa ao grupo, devido ao volume de água em seu leito, subindo consideravelmente, deixando a correnteza mais forte. No inicio foi tranquilo, com a travessia do Álvaro, Katherine e Oriana. No momento em que Fael e Graziela iniciaram a travessia apareceu um cachorro e avançou neles, fazendo com que Fael e Graziela se assustassem. A consequencia do susto foi na perda da sandália do Fael, soltando do seu pé e sendo levada pela correnteza do Rio Kukenan, deixando bastante irritado. O cão que avançou neles é o mesmo que estava acima do Monte Roraima, visto no dia anterior. O seu nome é Terix e está em viagem pela América do Sul com seu dono, um carioca bem atrapalhado.

    Não pode ingressar com animais domésticos no Parque Canaima, esse cão estava bastante bravo e com um dono aparentemente descontrolado, que não tinha controle de si e do cachorro. Fael ficou muito irritado, tendo o prejuízo na perda da sandália, ele não tinha outra. Mellani observou o fato e acabou emprestando uma sapatilha feminina para Fael usar a noite, mesmo não dando em seu pé.



    # Acampamento Tek

    Concluída a travessia a trilha seguiu, chegando ao acampamento Tek as 17:30. No local estavam algumas barracas armadas com grupos de diferentes nacionalidades. Como falado anteriormente, o acampamento Kukenan estava vazio e uma área relativamente melhor, mas Kliber e Mellani decidiram acampar no Tek, que no momento estava cheio e sem nenhuma vegetação de grande porte que "climatize" a área. Com um pouco de dificuldade em encontrar um local plano, o grupo armou acampamento mais afastado no leito do Rio. Fael e Graziela tiveram dificuldade em armar a barraca aztec, modelo Nepal, por não ser autoportante. O solo do acampamento do Rio Tek é bastante duro, gerando muita dificuldade para eles montar a barraca.

    A noite foi o momento da "tortura" ao grupo, com o banho nas águas fria do Rio Tek. Na margem das barracas Mellani e Kliber prepararam um jantar com suco de limão. A alimentação foi realizada por todos dentro das barracas devido aos mosquitos "Puri-puri". Cansados, todos foram dormir cedo, por volta das 20:40.


    - Parque Canaima, 20 de outubro de 2016. Quinta-feira.



    # Paraitepuy

    Amanhecer lindo, com poucas nuvens, o sol surgia no fundo do Monte Roraima, proporcionando uma bela vista da paisagem do cerrado Venezuelano. Fael e Graziela foram os primeiros a acordar para apreciar o amanhecer. Na madrugada ocorreram fortes pancadas de chuvas, mas logo o tempo mudou e as nuvens dispersaram.

    Por volta das 06:30, Kliber e Oxcel prepararam o café com arepas, que por sinal estavam bem deliciosas, satisfazendo a todos. Katherine acordou com "todo o vapor", sendo a primeira estar com a cargueira nas costas pronta para a caminhada. O grupo iniciou o regresso para Paraitepuy as 07:20 da manhã.

    A temperatura sofreu uma mudança constante e o sol escaldante interferiu no ritmo do grupo, proporcionando a dispersão. Katherine, Fael e Graziela lideraram o grupo, enquanto Oriana e Álvaro estavam mais atrás. Os condutores Mellani, Kliber, Oxcel e o garoto Santi ficaram bem atrás.

    No ultimo dia do Monte Roraima a exaustão e o cansaço era visível no rosto de todos os membros do grupo. Do Rio Tek até Paratepuy não possui nenhum atrativo para apreciar. O objetivo é chegar à portaria o quanto antes, por conta do forte sol e as altas temperaturas que vai variando de acordo com as horas. As 09:00 da manhã mais da metade do trecho já tinha sido realizado. A temperatura estava em torno dos 28°, com o céu sem nenhuma nuvem. Lembrando que no regresso do acampamento Tek até Paraitepuy existem poucos pontos arborizados, limitando as paradas de descanso e exigindo, ainda mais, dos trilheiros.

    Uma pequena casa era avistada no horizonte, sinal de que a portaria estava perto. Katherine ficou empolgada e acelerou os passos para chegar. Fael e Graziela acompanharam a Venezuela, todos os dois estavam encharcados de suor. Fael começou a reclamar de dores da cabeça, devido ao forte sol na Planície das Guianas.

    As 11:00, numa duração de quase 4h (quatro horas), Katherine chega até a portaria da vila de Paraitepuy, sendo a primeira do grupo a finalizar a trilha do Monte Roraima. Alguns minutos depois Fael e Graziela chegam e abraçam Katrherine. Uma hora após Katherine chegar a portaria, aparece Álvaro, Oriana e o garoto Santi, que se juntaram a Fael e Graziela para comemorar a base de biscoitos e doce de leite. Posteriormente chegaram Kliber, Oxcel e Mellani, bastante exaustos.

    Muitos grupos estavam no local comemorando e resenhando a trilha do Monte Roraima, sendo a maioria por brasileiros. A espera pelo carro foi de poucos minutos e a partida até San Francisco de Yuruani ocorreu as 12:30, em uma landcruser branca da toyota bem conservada e confortável.

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    * Caro leit@r, minha sincera gratidão por ter lido esse relato. Paz e luz.

    Fael Fepi
    Fael Fepi

    Publicado em 11/05/2019 01:01

    Realizada de 13/10/2016 até 20/10/2016

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    Fael Fepi

    Fael Fepi

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