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Morro da Bandeira de Taboão
Quarto relato da série sobre trilhas no sul de Minas Gerais. Pouco conhecidas e visitadas!
Hiking MontañismoMorro da Bandeira de Taboão – 23/05/2015
Taboão de Minas ou Tabuão, como também é conhecido, é um pequeno distrito de Bom Jardim de Minas, um município pelo qual passamos algumas vezes em nossas andanças pelo sul de Minas. Além disso, eu já era “íntimo” desse distrito porque minha cunhada tinha uma fazenda na região cujo acesso se dava por Taboão.
Em uma das visitas, durante uma conversa com um dos funcionários da fazenda, comentei que era montanhista e ele falou sobre o Morro da Bandeira. Algum tempo depois, lembrei dessa história e comentei com os amigos que estavam presentes na grande maioria dessas trilhas na região: Marcelo Garcia e Frederico Fadini. De pronto eles toparam marcar uma ida até lá.
No dia combinado, fizemos o roteiro de sempre: Letícia e eu aguardamos o Marcelo e o Fred na entrada da nossa rua bem cedinho. Seguimos direto até Lima Duarte, onde fizemos uma rápida parada no Armazém de Minas, logo na entrada de cidade. Sempre muito boa essa pausa para o “cafezin” e o pão de queijo mineiro.
De volta à estrada, seguimos pela BR-267 sentido Caxambu. O acesso para o distrito de Taboão é por uma discreta estrada de terra a esquerda da estrada, cerca de 30kms depois de Lima Duarte. É preciso atenção, pois a sinalização desse acesso é bem precária.
Uma vez nessa estrada de terra, bem cuidada, é preciso dirigir mais 6,5km até o “centro” do distrito, que consiste em poucas ruas calçadas, uma “venda” e a igrejinha de São Sebastião que fica em um ponto mais alto, abençoando os moradores. Como era bem cedo, passamos direto e seguimos mais 4kms sentido Funil até uma bifurcação que eu me lembrava bem. Seguindo direto, iríamos em direção à fazenda e ao município de Rio Preto. Para alcançar o início da trilha, pegamos o caminho da direita.
Subimos mais alguns minutos e passamos por uma fazenda. Aproveitamos para conversar com o proprietário e obter mais informações. Ele foi super solícito e comentou que deveríamos ir até a próxima fazenda, do Geraldo Francisco, e lá começaríamos a caminhada. Assim fizemos!! Da bifurcação até a entrada da fazenda rodamos cerca de 3kms. Paramos o carro no lado de fora da propriedade, de forma a não atrapalhar o caminho. Entramos na fazenda e chegando na casa principal, fomos recebidos pela dona que autorizou a nossa passagem.
Iniciamos a caminhada com o relógio marcando 9h em ponto. Um pouco tarde para os nossos padrões, mas o clima estava bem agradável.
O começo da trilha é uma subida forte cortando um pasto bem verdinho. A partir de um determinado ponto, a trilha desaparece às vezes, mas basta subir ao lado da cerca de arame farpado. Depois desse trecho, a trilha volta a ficar bem visível e começa a contornar um morrote. Inicialmente seguimos por ela, mas começamos a ficar mais distantes do ponto onde deveríamos entrar na mata. Ou daríamos uma volta muito grande ou ela nos levaria para outro local. Resolvemos voltar e subir o morrote pelo pasto. Chegando no topo, o visual é a nossa recompensa.
Após adentrar na mata, a trilha continua bem marcada. Seguimos por pouco mais de 1km nesse trecho, relativamente plano. Fomos caminhando sem pressa, conversando sobre a vida, sobre as belezas do local e traçando planos para visitar outras montanhas na região.
Com cerca de 2,3km de trilha, saímos da mata e começamos a subir novamente por um trecho descoberto e relativamente erodido. Esse trecho de aproximadamente 500 metros nos leva até uma bonita passagem por uma laje de pedra. Atravessamos esse lajeado e avistamos bem pertinho o cume falso, que alcançamos em poucos minutos. O cume principal e seu cruzeiro estavam bem perto agora.
Tiramos algumas fotos nesse ponto, bebemos um pouco de água e começamos uma rápida descida que nos levou até o colo que antecede o trecho final. As 11h50, chegamos aos 1730m do cume do Morro da Bandeira de Taboão, ponto culminante da Serra da Bandeira.
Após fazermos um reconhecimento básico do cume e tirar algumas fotos, começamos a fazer nosso lanche. Pouco depois fomos surpreendidos pela chegada de um senhor e um rapaz montados em mulas. Logo que apearam dos animais, o senhor já veio conversar conosco, perguntando de onde éramos, se gostamos da trilha, etc. Ele se apresentou como Joaquim Garapa e mostrou todo orgulhoso o seu nome na placa que fica abaixo do cruzeiro. Falou das suas terras, explicou como foi trazer todo o material para construir o monumento e comentou sobre as missas que são realizadas todo ano no cume da Serra da Bandeira. Aliás, ele não parava de falar! Uma verdadeira figura.
Segundo ele e as histórias locais, esse cruzeiro, construído em 1982, foi o “pagamento” da promessa feita pelo Sr. Dorzinho, que quando jovem caiu em um buraco próximo ao cume e ficou preso. Muitos anos depois, já administrador em Bom Jardim de Minas, construiu a cruz e o altar. Em seguida, foi realizada uma missa, que se tornou uma tradição nos anos seguintes. Essa tradição chegou a ser interrompida por um tempo, mas voltou a ganhar força. A missa é realizada todo segundo domingo do mês de setembro e atrai fiéis de toda região.
Pouco depois da “aula” de história, eles começaram a descida. As 12h35, nós resolvemos começar a descer também. A caminhada de volta foi feita sem maiores sobressaltos, e chegamos pouco antes das 14h na fazenda. Aproveitamos e compramos queijo minas fresquinho direto na fonte.
De volta ao carro, seguimos em direção a Taboão onde fizemos uma parada rápida para conhecer o Parque Municipal do distrito, que abriga três cachoeiras formadas pelo curso do Rio do Peixe. A primeira, chamada de Cachoeira das Crianças, tem uma pequena queda com um poço bem raso. A segunda, é a Cachoeira do Presépio, que tem uma queda de 5 metros e uma área para churrasco. Caminhando mais um pouco temos a terceira queda, conhecida como Cachoeira do Remanso, com uma bonita queda de 10 metros. Quando visitei esse parque a primeira vez, vi rastros de onça nessa última cachoeira. Vale uma visita! Lugar limpo e muito bem cuidado.
Depois da visita, seguimos nosso caminho de volta, fazendo uma parada na churrascaria Potência da Serra, para um almo-janta caprichado e uma cervejinha gelada de comemoração. No início da noite já estávamos de volta em casa.
Até a próxima!
Observações:
1 - Durante o trajeto não existe nenhum ponto de água. Leve pelo menos dois litros.
2 - Atualmente a região do Morro da Bandeira faz parte do segundo trecho do setor 18 da trilha Transmantiqueira - “Serras de Ibitipoca”. Esse trecho liga o povoado de Cruzeiro em Santa Rita da Jacutinga com o povoado do Funil, em Rio Preto (onde fizemos o cume da Serra do Funil).
Saudades de trekiá cozamigos! 🤗