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Fabio Fliess 04/12/2016 12:27
    Trekking Santa Cruz | Peru

    Trekking Santa Cruz | Peru

    Trekking de 4 dias cortando uma das quebradas mais bonitas da Cordilheira Blanca.

    Trekking Montanhismo Acampamento

    Desde que voltamos do trekking de Huayhuash em 2009, já tínhamos a certeza de que voltaríamos a Huaraz para conhecer outras belezas dessa linda região. E bem mais rápido do que imaginávamos, decidimos que voltaríamos em 2010.
    Quando da nossa primeira visita, ficamos sabendo sobre o trekking de Santa Cruz através do Scheler, dono da agência Artizon, e também pelo Luis Giffoni, nosso companheiro em Huayhuash.

    Foto por: Rafael Guerra

    A idéia de um trekking mais curto agradava, até porque teríamos mais tempo para buscar outros atrativos. E assim, formatamos nossa expedição: trekking de Santa Cruz e escaladas na Cordilheira Blanca. Definimos também que a aventura aconteceria em julho de 2010. Dessa vez, um velho amigo de caminhadas, o Evandro, também nos acompanharia.
    O trekking de Santa Cruz talvez seja a trilha mais famosa e frequentada da região, em parte pela trilha bem marcada e também pelo incrível visual dos inúmeros nevados da Cordilheira Blanca. Diferentemente de Huayhuash, é muito comum você encontrar aventureiros fazendo essa caminhada de forma "autônoma", sem a contratação de agências.
    Existem muitas variações desse trekking. Muitas pessoas optam por fazer o trekking no sentido contrário, de Vaqueria até Cashapampa. Nesse caso, o trekking é feito em 5 dias, com a divisão do trecho entre Vaqueria e o passo de Punta Unión. Outras variações fazem todo o trekking "normal" e acrescentam ao final caminhadas próximas como a Laguna 69 e Yuraccorral.
    Optamos por fazer o roteiro "tradicional", em 4 dias, e vou tentar relatar os nossos dias nesse incrível trekking.

    Dia 1

    Depois de duas belas caminhadas de aclimatação (para o Rafael e o Evandro, foram cinco caminhadas), estávamos prontos para o trekking. Bem cedo, Scheler, o guia Alberto e o cozinheiro Frael foram nos buscar com uma van no hotel Olaza's. A adrenalina era muita, e como sempre, nosso grupo estava de alto astral.
    Saimos de Huaraz com destino a Caraz, onde fizemos uma rápida pausa, e de lá pegamos uma estrada de terra até o povoado de Cashapampa, localizada a 2970m de altitude. Nesse local, depois de uma última conferida nas mochilas, tivemos que nos dirigir até o posto de controle do Parque Nacional Huascarán para comprar os tickets de entrada, que tem validade para 30 dias. Rafael e Evandro precisaram apenas apresentar os tickets que eles já haviam comprado antes. O preço do ticket é de 65 soles (alto em torno de US$ 25).
    Resolvidos esses trâmites, por volta das 11h30 estávamos colocando os pés na trilha. Esse primeiro trecho, diferente do que já havíamos visto na região, estava repleto de mosquitos. Eu e Gilmar havíamos optado por caminhar de bermudas, já que o sol estava forte, mas tivemos que desistir da idéia diante da mosquitada...
    O objetivo desse primeiro dia era chegar ao acampamento de Llamacorral, localizado a 3760m de altitude, numa caminhada que dura entre 5 e 6 horas. Durante todo o tempo caminhamos ao lado de um bonito rio, avançando cada vez mais pela Quebrada Santa Cruz.

    Por volta das 16h30, chegamos ao acampamento e pudemos descansar um pouco. A animação de todos mostrava que estávamos com saudade da rotina desses acampamentos, onde sempre sobrava tempo para uma conversa animada, em volta da mesa de refeições. Enquanto aguardávamos o jantar, conseguimos tomar uma cervejinha em uma venda "improvisada" de aldeões locais.
    Às 19h em ponto, o jantar foi servido. Como já havíamos constatado antes, come-se melhor nas trilhas do que em Huaraz. A comida estava excelente!!! Ficamos um bom tempo jogando conversa fora, antes que o cansaço batesse e forçasse a nos recolher nas barracas. Não demorou muito, e já estava apagado.

    Dia 2

    Esse é um dos dias mais esperados do trekking por todos nós, pois a trilha passa por um mirante com uma vista espetacular do Alpamayo, que foi eleita em um concurso na Alemanha em 1966, a montanha mais bonita do mundo.

    O Alberto já havia nos avisado que a caminhada seria bem mais tranquila que a do dia anterior, pois teria muitos trechos planos. A trilha vai contornando as lagunas de Ichiccocha e Jatuncocha e temos a possibilidade de ver os nevados de Santa Cruz (6241m), Quitaraju (6036m), Alpamayo (5947m), Artesonraju (6025m), Paron (5670m), entre outros. Muitos afirmam que o Artesonraju é a montanha que aparece na abertura dos filmes da Paramount Pictures. É uma das pirâmides de gelo e neve mais bonitas da Cordilheira Blanca.
    Por volta das 8h15, já alimentados, iniciamos nossa jornada em direção ao acampamento de Taullipampa, localizado a 4250m de altitude. A previsão era vencer esse trecho caminhando cerca de 5 horas.

    O Rafael, possivelmente por conta de algo que ele comeu no dia anterior, não estava se sentindo bem. Independente disso, o seu ritmo estava bom.
    Como o Alberto já havia comentado, andamos por cerca de 2 horas até chegamos nas lagunas. O terreno era bastante plano, com pouquíssimas subidas. Logo depois de deixarmos as lagunas para trás, o tempo começou a piorar bastante, o que nos deixou bastante apreensivos.
    Por volta de meio-dia, chegamos em um ponto onde a trilha bifurca: se pegarmos o caminho da esquerda, subindo, vamos para o mirante com a vista para o Alpamayo. Para a direita seguimos direto para o acampamento, com um aclive menos acentuado. Aproveitamos para almoçar e discutir o que fazer.

    Nesse ponto, o Rafael continuava passando mal e optou por seguir pelo caminho mais fácil. Porém, como o tempo estava horrível, chegamos a conclusão que o ideal seria acompanhar o Rafael, pois iríamos nos desgastar muito para subir até o mirante e nos frustrar totalmente com a falta de visibilidade.
    Assim que voltamos a caminhar, descobrimos que a nossa decisão foi acertada. Com cerca de 15 minutos de trilha, começou a chover. E assim ficou até a nossa chegada ao acampamento, por volta das 13h15 da tarde.

    Durante toda a tarde, descansamos com o barulho da chuva. A temperatura ia baixando conforme a noite chegava. Por volta das 19h fomos para a barraca refeitório esperar pelo jantar. Como sempre, boa comida e muita diversão!!!
    Quando voltamos para as barracas, o frio era muito forte. Me despedi rapidamente da turma e voltei para o conforto do saco de dormir.

    Dia 3


    O dia amanheceu sem chuva, mas ainda bastante nublado. Como sempre acontece quando estou fora de casa, acabei acordando mais cedo que o restante do pessoal, e rapidamente deixei todos os meus equipamentos arrumados.
    Aproveitei a "folga" no tempo, e caminhei um pouco ao redor do acampamento, retornando uns 700m pela trilha para tentar tirar algumas fotografias do Alpamayo. Embora a luz não estivesse boa, consegui tirar algumas fotos, mesmo com toda a dificuldade para tirar as luvas, pois o frio não cessava! Resignado com as fotos que eu tirei, retornei para o acampamento, que começava a dar sinais de vida.
    Assim que todos terminaram de se arrumar, tomamos um café da manhã bastante reforçado, pois esse seria o dia mais puxado de todo o trekking, chegando a 4750m de altitude, ao atravessar o passo de Punta Unión.

    Foto por: Gilmar Oliveira

    Do acampamento de Taullipampa até o passo, caminha-se entre 3 e 4 horas. Durante todo desse trecho, temos a visão de vários nevados, como o Taulliraju (5830m), Rinrijirca (5810m) e Pucajircas (6046m), e de uma bonita laguna de água turquesa.
    O grupo todo caminhou bem, e no tempo mínimo estipulado pelo nosso guia chegamos a Punta Unión. Deixamos nossos equipos no passo e subimos mais um pouco para poder apreciar o visual e tirar algumas fotos. Do alto do passo, tivemos uma impressionante vista da Cordilheira Blanca.

    Do alto do passo, o nosso guia indicou onde seria a nossa próxima parada: uma pequena e bonita lagoa aos pés da montanha. A descida no início era bastante íngrime e exigia bastante dos joelhos. Rapidamente chegamos a lagoa e pudemos descansar um pouco e almoçar. Pastando próximos da lagoa, estavam vários bois e vacas, e volta e meia, saía alguma "briga" por território ou por alguma fêmea. Sinistro!
    Mais uma vez, o tempo começou a nos pregar uma peça. Aos poucos, o tempo foi fechando e achamos melhor abreviar nossa parada para lanche, e voltamos a caminhar. Ainda faltavam alguns quilômetros até o acampamento. Depois de cerca de 45 minutos de caminhada, São Pedro resolveu mandar um pouco de chuva. Não tínhamos como nos abrigar, então sacamos anoraks e capas de chuva para as mochilas. Nem devíamos ter nos dado esse trabalho, pois cerca de 5 minutos depois, a chuva parou.
    Continuamos descendo rumo ao acampamento e por volta das 14h15, paramos para um rápido descanso de 15 minutos. Já estávamos bem próximos da entrada da Quebrada Paria, que leva a um nevado de mesmo nome!!! Depois dessa pausa, seguimos caminhando, agora atravessando uma pequena floresta de quenuais (árvore local), que rendeu belas fotos.

    Mais uma hora de trilha, e chegamos ao acampamento de Cachinapampa, localizado a 3710m de altitude. Como comentado pelo Alberto, a trilha desse dia é bastante longa e levamos quase 8 horas para completá-la.
    Aproveitamos o restante da tarde livre, para jogar conversa fora e tirar muitas fotos. O trekking já estava entrando na reta final e a parte mais difícil já havia sido vencida. Algumas aldeãs vendiam cervejas, e compramos algumas para bebermos no jantar.
    Durante o jantar, o clima era excelente. Todos no grupo estávamos com um excelente humor, a integração com o guia era excelente e já começávamos a imaginar como seriam as escaladas na Cordilheira Blanca.

    Foto por: Rafael Guerra

    Dormir não foi difícil, com o cansaço do corpo e a cerveja na cabeça!! Amanhã estaríamos de volta a Huaraz e poderíamos curtir uma merecida "folga".

    Dia 4

    Foto por: Alessandra Hambrick

    O último dia de trekking seria bastante tranquilo, mas nos reservaria surpresas inesquecíveis.
    Depois do café da manhã e com os equipamentos devidamente arrumados, seguimos em direção ao povoado de Huaripampa. A maior parte do trajeto é uma descida bastante suave, tendo várias casas ao lado da trilha. Um pouco antes de chegar ao povoado, depois de uma subida mais forte, paramos para tomar fôlego e a visão que tivemos quase minou o que restava dele: uma visão fantástica do nevado Chacraraju.

    Ao chegar em Huaripampa, tomamos uma estrada à nossa direita, descendo em direção a uma ponte. A partir dali, a trilha subia forte em direção a Vaqueria, que está localizada a 3850m de altitude.
    No trecho final a trilha realmente fica íngreme, pois ao invés de caminharmos pela estrada de terra, pegamos vários atalhos. Depois de 2h30, chegamos a Vaqueria. No povoado, você vai precisar de um transporte para levá-lo de volta a Huaraz. No nosso caso, já tínhamos deixado tudo acertado com a agência. Por volta das 12h, uma van veio nos buscar. Depois de todas as tralhas colocadas dentro da van, começamos nosso longo trajeto de volta a civilização, sacolejando estrada acima.
    A estrada vai subindo até cruzar o passo de Portachuelo, a 4770m de altitude. Do alto desse passo, você terá uma das mais impressionantes vistas da Cordilheira Blanca. É de tirar o fôlego de qualquer um!!!
    Do seu lado esquerdo, você verá o imponente Huascarán (6664 no cume norte e 6768m no cume sul) e o Chopicalqui (6354m), e do seu lado direito, estão os quatro cumes do Huandoy (o maior deles com 6395m), o Pisco (5752m) e o Chacraraju (6112m). Impossível não parar para tirar muitas fotos.

    Foto por: Rafael Guerra

    A estrada vai serpenteando morro abaixo, passando por outros miradores até chegar nas lagunas da Quebrada Llanganuco. Durante esse caminho, passamos pela entrada de Cebollapampa, onde tem início o trekking para a Laguna 69 e também para o campo base do Pisco.

    Praticamente sem paradas, descemos até a cidade de Yungay, e daí voltamos para Huaraz, já pensando nas escaladas na Cordilheira Blanca.

    Fabio Fliess
    Fabio Fliess

    Publicado em 04/12/2016 12:27

    Realizada de 13/07/2010 até 16/07/2010

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    11 Comentários
    Fabio Fliess 08/12/2016 15:16

    Opa Alessandro! O lugar é realmente incrível... Valeu meu amigo!

    Eduardo Chaves 13/12/2016 10:12

    Irado!

    Fabio Fliess 13/12/2016 15:23

    Valeu mesmo Eduardo!

    César Zamparo 26/12/2016 14:53

    mto bom!!

    Fabio Fliess 26/12/2016 23:13

    Valeu César! Muito obrigado...

    Carla Nogueira 29/12/2016 16:28

    Oi Fabio! Linda aventura! Na realidade eu 'conheci' e entrei em contato com você por causa dessa aventura em 2010. Desde então, começamos a visitar e amar o Peru (e a equipe do Scheler). Agradeço imensamente seu relato e acredite, você me incentivou a amar esse lindo pedaço da América do Sul! Que incentive outros mochileiros! ;) Obrigada por tudo!

    1
    Fabio Fliess 30/12/2016 10:06

    Oi Carla!!! Que legal ler isso!!! Fico imensamente feliz em ter incentivado vocês a irem conhecer essa terra sensacional... E mais feliz ainda em saber que vocês incentivam muita gente também!!!! Inclusive a mim, quando vejo tanto lugar bonito por onde você e Elio já pisaram!!!! Eu e Letícia admiramos muito vocês! Agradeço imensamente... E desejo um Feliz 2017 pra vcs, com muita viagem, aventura, montanha, trilha e tudo que vocês gostam!!! Abraços.

    Vitor C. 03/01/2020 19:58

    Fiz esse trekking em Outubro de 2019. Uma experiência incrível, essa região próxima a Huaraz no Peru é realmente muito linda e o melhor - barata!! Nosso bolso agradece. O lugar é muito visitado por europeus, no meu grupo só eu e um amigo brasileiros, o resto todos do velho continente. Fico triste em ver no Brasil alguns passeios de meio período por 150, 200, 250 reais enquanto esse passeio de 4 dias e com todas as refeições sai por pouco mais de 400 reais, isto indo por agência...

    Fabio Fliess

    Fabio Fliess

    Petrópolis - RJ

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    Montanhista desde que me conheço por gente!!! Sócio e condutor do CEP - Centro Excursionista Petropolitano. Take it easy e bora pras montanhas! Instagram: @fliess

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