Pico das Agulhas Negras

Minha admiração pelo Parque Nacional do Itatiaia veio através da visita da minha filha e do meu genro. Eles fizeram uma visita a base das Agulhas, me enviaram fotos. Me encantei!

Eles ficaram tão admirados com a beleza do lugar que trocaram votos do casamento lá.

Me planejei para finalmente poder ver pessoalmente tamanha beleza.

Viajei para Itatiaia onde minha filha reside atualmente, busquei indicação de guia e consegui o Levy, condutor do PNI.

Sempre preocupada com a exposição, afinal são 2.790 metros de altitude. Fiz algumas perguntas ao Levy deixei claro que tenho medo de altura, que nunca tinha tido contato com rapel. Ele me fez uma só pergunta: "Você faz atividade física?" Respondi: Sim. "Vou te guiar, ele disse"

Então estava marcado às 6h no dia 03/03/21 a ida ao Pico das Agulhas Negras.

O Grande dia.

Subimos a Serra Rio Caxambú que nos leva até a Garganta do Registro e seguimos a direita por uma estrada de aproximadamente 14km que nos leva até o PNI na parte alta.

Quanta beleza pelo caminho. Ali nasceu um amor à primeira vista. E apareceu um lindo Gavião para me dar boas vindas.

Segui encantada, na verdade fascinada pelo lugar que nem nos meus sonhos eu imaginava que fosse tão lindo.

Uma parada na portaria para o guia preencher o termo. Tirei a foto clássica na placa de entrada do Parque e seguimos.

Passei pela nascente do Rio Campo Belo e fiquei admirada porque eu tomo banho de cachoeira nele na Zona de Amortecimento próximo à parte baixa do PNI e ele é chega lá com um fluxo enorme. Que emoção!

Rio Campo Belo Zona de Amortecimento.

Seguimos, eu me perguntando como passei uma vida inteira sem saber da existência daquele lugar incrível.

O guia parou o carro no estacionamento do Abrigo Rebouças, separou os equipamentos e partimos para nossa aventura.

Avistei as Agulhas, uma formação rochosa diferente de tudo que já vi na vida. De beleza extrema, difícil descrever de forma tão fiel.

Veio o meu primeiro obstáculo, as pedrinhas da represa, senti medo de passar por elas, dá para acreditar?

Seguimos em uma caminhada bem tranquila, sem forçar o ritmo, o dia estava lindo! Iniciamos a trilha às 8h30.

Eu olhava e pensava: É alto demais! Eu até então só tinha feito Torres de Bonsucesso, Mirante do Inferno e Pedra do Sino aqui em Teresópolis. Sabia que tinha pernas para chegar, mas o emocional estava oscilando.

Segui admirando a trilha a vegetação diferenciada, as rochas. É uma trilha bem gostosa, sem muito esforço até a base das Agulhas.

Não recordo o tempo que levei do Abrigo Rebouças até a base das Agulhas.

Chegando na base, foi a hora de nos equiparmos e começar a subir. Lá tem uma placa de recomendação que daquele trecho em diante só com equipamento de segurança.

A brincadeira começou a ficar séria à partir do trecho ingrime de escalaminhada que conheci como "folha de Brasilit".

Fui subindo, trechos só caminhando outros escalaminhando.

Eu não estava acreditando que estava conseguindo subir naquela altura toda, mesmo com medo eu estava indo bem.

Olhava a minha volta e pensava, eu sou uma privilegiada por estar aqui.

Olhei o maciço das Prateleiras, tem uma visual incrível!

Mais um trecho subindo as "Folhas de Brasilit" e chegamos no trecho que deu frio na barriga.

Descer escorregando por uma fenda. Eu pensei: se desço direto aqui já era. Mas óbvio, um guia responsável transmite confiança. Eu disse: Levy, eu estou com medo. Ele segurou no meu pulso para ver meus batimentos. Eu disse: Estou bem, apenas com medo. Ele conversou comigo e disse: "Moça, vou descer escorregando na sua frente, você vem atrás de mim, você vai se sentir segura. E o trecho foi feito.

Começou trechos com trepa pedras, ali eu já estava autoconfiante me sentindo capaz e feliz demais porque estava indo tudo bem.

Estar condicionada faz diferença para quem não tem prática porque se não tem muito jeito, vai na força.

Eu não sei os nomes técnicos de rochas, da vegetação, mas posso garantir que é o lugar mais incrível que já estive na vida.

Já perto do cume o guia me encordou para fazer o trecho final. Eu que nunca tinha feito nada com cadeirinha estava pronta para viver uma aventura nova. Ele me passou as orientações e disse: "Não fica com medo, é muito seguro." Foi ali que descobri o paraíso, eu não tenho medo de fazer as coisas na segurança, olha que maravilha!

Fiz o trecho final me sentindo poderosa demais por ter vencido a minha mente.

Enfim às 11h15 do dia 03/03/21 eu cheguei no cume do Pico das Agulhas Negras.

O Cume

Lugar incrível demais! Diferente de todos os cumes até então visitados.

A pedra não é lisa, cheia de ondulações, você caminha se equilibrando.

É alto demais, uma montanha muito imponente.

Eu estava no ponto mais alto do Estado Rio, uma felicidade inexplicável.

Eu que sempre fui um passarinho na gaiola estava aprendendo a voar.

Enfim elegi o PNI como o meu lugar favorito no mundo.

E fui descendo com a certeza que de eu voltaria para desbravar mais aquele lugar incrível.

Paramos um pouquinho no caminho, tirei minha bota e fiz uma crioterapia deliciosa nos pés.

Mesmo no verão a água é um gelo.

E às 15h eu me despedia desse dia lindo e cheio de descobrimento interno.

Eu tive a certeza de que vale à pena ser feliz. Ter momentos seus, para fazer o que gosta, se desafiar. Saber que você não é o que fizeram você acreditar que era.

Eu saí do Pico das Agulhas Negras em êxtase.

E esse momento foi eternizado com uma arte exclusiva.

Virou uma tatuagem na panturrilha.

Gratidão ao Levy que me guiou nesta linda aventura.