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Keila Beckman 27/09/2015 01:10
    Parque Nacional Torres del Paine - Circuito W

    Parque Nacional Torres del Paine - Circuito W

    Circuito W realizado em 8 dias, a partir da Sede Administrativa CONAF, terminando na Hosteria Las Torres (Região de Magalhães/ Chile)

    Trekking Montanhismo Acampamento

    Roteiro: Sede Administrativa CONAF - Hosteria Las Torres

    Participantes: Keila Beckman, Tatiana de Cássia, Raphael Wittenberg e Samuel Bride

    Fotos: Keila Beckman, Tatiana de Cássia, Raphael Wittenberg

    Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=yE0id72FWAQ

    Primeiro dia : El Calafate

    Acordamos bem cedo neste dia 01 de novembro, sexta-feira, tomamos café da manhã no nosso hostel, Del Glaciar Libertador (que alias, foi muito inferior ao do último dia em que estivemos lá, pois havia começado a temporada), e partimos rumo a rodoviária onde pegaríamos o ônibus da empresa Cootra, rumo a Puerto Natales. No entanto, chegando lá, tivemos a péssima notícia que o ônibus já estava lotado.

    A Cootra, pelo o que entendi, é a única empresa que roda todos os dias da semana.

    Tentamos os ônibus das outras empresas (Zaahj e Pacheco) mas não deu certo, pois o único ônibus que partia as sextas feiras, além do Cootra, era o da Zaahj, porém era as 16:30 e a agência estava fechada aquela hora (não conseguimos saber se haveria vaga).

    Então, se vc for utilizar a Cootra, compre sua passagem antecipadamente pois, como é a única que faz Calafate-Puerto Natales todos os dia, a procura por ela é grande. Agora, se for contratar as outras empresas (Zaahj ou Pacheco) fique atento aos dias da semana em que os ônibus delas rodam e aos horários em cada um desses dias.

    Bom... diante das circunstâncias, decidimos comprar passagens com a Cootra para o dia seguinte (pagamos ARS 200,00) e voltamos para o nosso hostel, onde pagamos mais uma diária de ARS 118,00.

    Ficamos o dia de bobeira. Deixamos as coisas no hostel, demos uma volta pela cidade, compramos comida para fazer nosso almoço e jantar, fomos ao locutório para eu ligar para minha família (que aliás era caríssimo, comparado com Chaltén e Ushuaia), comemos uma torta de chocolate maravilhosa numa chocolataria bem movimentada que tem lá na San Martin e voltamos para o hostel.Nesse dia encontramos novamente, com aqueles brasileiros que conhecemos no café da manhã, antes de irmos à El Chaltén (relato aqui). Eles tinham chegado de Torres del Paine e iriam no dia seguinte para El Chaltén. Um deles, o Flávio, nos pediu para pegar o saco de dormir dele que havia esquecido na Hosteria Grey.

    E assim o dia passou e logo nos vimos novamente na cama para, no próximo dia partir, finalmente para Puerto Natales.

    Segundo dia: El Calafate - Puerto Natales

    Acordamos cedo, tomamos café da manhã e partimos, dessa vez já com as nossas passagens em mãos, rumo a rodoviária de El Calafate, onde pegamos o ônibus da empresa Cootra, rumo a Puerto Natales

    No meio do caminho paramos na imigração do Chile, onde todos desceram do ônibus para apresentar seus passaportes e passar as bagagens pelo raio X.

    Quando chegamos nesse lugar estava chovendo e fazendo muito frio. Logo começou a nevar muito. Foi a primeira nevasca forte que pegamos desde que chegamos à Patagônia.

    Bom... lá na imigração, carimbamos os passaportes e após passar a bagagem pelo raio X nos perguntaram se carregávamos comida (é proibido entrar com certos tipos de alimentos no país). Eu carregava liofoods, mas não falei nada, e eles nem revistaram minha mochila. A minha amiga Tati disse que estava com um salame e eles a fizeram tirar o salame da mochila e jogaram fora. Então, se você estiver carregando comida, fique bem quietinho como eu fiz, que provavelmente eles não vão revistar sua mochila. Perdemos, cerca de 1 hora no serviço de imigração, sem eles revistarem bagagens. Imagina se eles fossem revistar bagagem por bagagem, de todos os ônibus que chegam ali, o tempo que não perderiam? Então, acho que nem revistam mesmo viu...

    Após todos esses trâmites para entrar no Chile, seguimos a nossa viagem para Puerto Natales onde chegamos cerca de 6 horas depois e logo pegamos um taxi (cerca de 12,00 reais) até nosso Hostel Lili Patagônicos que, assim como todos os outros desta viagem, já estava reservado via internet.Chegando lá no hostel, verificamos que não haviam feito as nossas reserva, e não haviam mais vagas nos quartos compartilhados. Mas todos os emails que trocamos com eles estavam lá, comprovando que as nossas reservas estavam OK.

    Assim como ocorreu no hostel em El Chaltén (relato aqui), mais uma vez nos demos bem. Como o erro tinha sido deles, nos colocaram em um quarto de casal e não nos cobraram nada a mais por isso. Pagamos o mesmo que pagaríamos num quarto compartilhado, CLP 9.000 (cerca de R$ 40,00 na cotação da época) =D

    O hostel era muito bom, limpíssimo, quentinho, de pessoas simpáticas e prestativas, e um café da manhã muito gostoso e farto (já incluído no valor da diária). Um hostel muito bonito também.

    Este dia tiramos para conhecer a cidade e providenciar as últimas coisas para a nossa ida a Torres del Paine.

    A passagem do ônibus para Torres del Paine foi providenciada pelo próprio funcionário do hostel, Felipe (que alias é brasileiro). Eles vendem passagens de uma empresa chamada JBA Patagônia (empresa que não vi em nenhuma das minhas pesquisas na internet, antes de ir para lá). Pagamos CLP 15.000, total ida e volta.

    No próprio hostel também alugamos saco de dormir e isolante térmico para levar ao parque. Pagamos CLP 3.500 (cerca de R$ 20,00 na época) pelo aluguel dos dois equipamentos por dia. O Hostel possui vários equipamentos para alugar. Depois, pegamos algumas dicas com ele e saímos bater perna na cidade, a pé mesmo, pois o hostel era bem próximo do centro.

    Compramos gás numa loja de aluguel de equipamentos que havia na mesma rua do Hostel, trocamos dinheiro numa casa de câmbio que encontramos na rua principal do centro e fomos até uma praça onde era possível avistar o oceano, mas não fomos até ele pois estávamos com preguiça.

    Neste dia, ficamos sabendo, através do Felipe, que o circuito O havia sido interditado, por conta da queda de uma ponte. Ficamos bem tristes, mas mantemos a esperança de que até chegarmos neste local a mesma já teria sido concertada. E seguimos com nosso plano de fazer o circuito O.

    A noite, fomos jantar num restaurante indicado pelo Felipe, ali no centro (La Picada de Carlito). Comida muito boa, pratos fartos, que ao meu ver servem duas pessoas, e por um preço bem em conta.

    Voltando do jantar tivemos uma surpresa. Aqueles 2 rapazes franceses que conhecemos lá no camping De Agostini, em El Chaltén (relato aqui), haviam acabado de chegar a Puerto Natales, ficariam hospedados naquele mesmo hostel e no dia seguinte também seguiriam para o Parque Torres de Paine para o circuito O.

    Eles já estavam sabendo do ocorrido com a ponte e como nós acreditavam que até chegarmos nela já teria sido consertada. Mas eles fariam o circuito no sentido horário, começando o circuito na Sede Administrativa CONAF (último ponto de parada do ônibus) e acampando no camping Paine Grande na primeira noite.

    Nós, ao contrário, pretendíamos desembarcar na primeira portaria (Laguna Amarga) e partir de van até a Hosteria Las Torres, onde começaríamos o circuito no sentido anti-horário, acampando no camping Seron na primeira noite.

    Porém, os planos mudaram e, depois de muita conversa, acabamos decidindo seguir com eles para o circuito no sentido horário. O Rafael nos convenceu, com vários argumentos, que não me recordo agora, de que seria melhor começar pela Sede Administrativa, diante da queda da ponte.

    Terceiro dia: Puerto Natales - Sede Administrativa CONAF - Camping Paine Grande (Primeiro dia em TDP)

    Acordamos as 6:00, ajeitamos nossas coisas e fomos tomar café. Mal colocamos o café na xícara, o nosso taxi chegou. Demoramos muito arrumando as nossas coisas e nem percebemos. Pegamos então só um pedaço de pão e fomos comendo no taxi.

    Chegando na rodoviária encontramos com nossos amigos franceses, Samuel e Rafael, embarcando todos, as 7:30, no mesmo ônibus rumo a Torres del Paine.

    A poucos minutos de chegar a Portaria Laguna Amarga (primeiro ponto de parada do ônibus) o pneu estourou, mas o motorista, muito doido, seguiu até lá desse jeito mesmo.

    Pelo caminho íamos avistando vários guanacos, saltitando felizes pelos campos, e aos poucos íamos sendo imersos em toda a grandiosidade daquele parque.

    Na portaria Laguna Amarga, descemos do ônibus e pagamos a entrada no Parque (CLP 18.000), tivemos uma palestra sobre como nos comportar dentro do parque (alias bem inferior a palestra que tivemos quando chegamos a El Chaltén - relato aqui), anotamos os dados da previsão do tempo, que estava em um quadro, pegamos o mapa, e seguimos em outro ônibus até o último ponto de parada (Sede Administrativa CONAF), onde chegamos por volta das 12:00.

    Iniciamos a caminhada do dia, de 17 km, juntamente com nossos amigos franceses, rumo ao Camping Paine Grande, sob um frio de lascar, numa trilha bem plana, num campo aberto.

    Após umas 2 horas de caminhada passamos a avistar o Rio Grey, a nossa esquerda, com suas águas turvas acinzentadas, e logo chegamos ao Acampamento Las Carretas, onde paramos e fizemos o nosso almoço. Já tínhamos andado até aqui 7,5 Km.

    Não existe nenhuma estrutura nesse acampamento. Trata-se de uma área pequena para camping, onde existe apenas um banheiro (parecido com um banheiro químico, porém com um buraco no chão) e uma espécie de casinha de madeira, com 3 paredes, com uma mesa e um banco.

    Bom... devidamente alimentados seguimos com a nossa caminhada até o Paine Grande, com duas linda montanhas sempre a nossa frente (Punta Bariloche e Cuernos del Paine). Ainda nos restavam 10 km até o acampamento.

    Desde o início da trilha estávamos tentando acompanhar o ritmo dos meninos, mas eles estavam andando muito rápido. Resolvemos então conversar com eles e pedimos para eles irem na frente. Falamos que não precisavam ficar nos esperando pois nós queríamos ir um pouco mais devagar. E foi uma boa decisão pois, a partir daí, passamos a aproveitar mais a trilha.

    Certa hora comecei a subir uma pequena elevação de cabeça baixa. Quando cheguei ao alto desta elevação olhei para a frente e fiquei encantada com a paisagem que se apresentou aos meus olhos . Só me lembro de ter falado "Taaaaaaaatii do céu.... que coisa mais linda". Um lago de um azul impressionante, com o Punta Bariloche e os Cuernos del Paine ao fundo. Parecia uma pintura. Estávamos no Mirador Pehoé.

    Com certeza esse foi o ponto alto desta caminhada. Nós já tínhamos avistado águas azuladas, durante o percurso do ônibus até a Sede Administrativa e já tínhamos ficado encantadas, mas a combinação do azul daquelas águas, com as montanhas levemente nevadas, ao fundo, o azul do céu e o verdinho da vegetação, foi um colírio para os nossos olhos. Uma paisagem enriquecida por detalhes.

    Após muito admirarmos tudo aquilo e, é claro, tirarmos algumas fotos, seguimos a trilha contornando o lago, subimos mais uma pequena elevação e finalmente avistamos o camping Paine Grande, o qual é administrado pela empresa Vértice Patagônia.

    Descemos esse pequeno morro, em direção ao cais, onde chegam as pessoas que preferem ir até o Paine Grande de catamarã, navegando pelas águas do Pehoé, e finalmente chegamos ao camping após 4 horas e meia de caminhada, desde o camping Las Carretas (o previsto no mapa eram 3 horas).

    Assim que chegamos a área de camping encontramos com nossos amigos franceses, que já estavam lá a 1 hora.

    Armamos a barraca, fizemos um café para um lanchinho rápido na cozinha, tomamos um banho quente e fomos descansar um pouco.

    Após umas 2 horas voltamos à cozinha, preparamos nosso jantar (Liofoods) junto com os nossos amigos franceses e fizemos um fondue. Derretemos um chocolate em barra, misturamos com creme de leite, picamos dentro umas bananas que levamos, e mandamos ver. Nossos amigos franceses adoraram. =D

    Depois de nos esbaldarmos com a nossa guloseima nos recolhemos as nossas barracas, par descansar para o dia seguinte.

    Foi um lindo dia. O tempo esteve perfeito, deixando-nos apreciar toda a beleza daquele lugar.

    A trilha da Sede Administração CONAF até o Camping Paine Grande é bem demarcada e muito bem sinalizada, com estacas em laranja indicando o caminho a ser seguido. Achei extremamente fácil também, quanto a exigência física, pois é praticamente toda em linha reta, com umas poucas subidas bem levinhas. A única dificuldade a ser vencida mesmo é a distância: são 17 Km num só dia.

    Não encontramos com ninguém durante toda a trilha. Provavelmente a maioria das pessoas pegue o catamarã para chegar ao Paine Grande.

    O camping é bem exposto ao vento, mas muito amplo e bem estruturado. Tem uma cozinha com fogão, gás , pia, detergente, bucha para lavar a louça, mesas e bancos para as pessoas fazerem as suas refeições confortavelmente e tomadas, onde se pode carregar baterias, (leve um adaptador de tomadas, desses que temos aqui no Brasil, de 2 pontas).

    Apesar de lá existir gás no fogão, leve o seu, pois pode acontecer de você chegar lá e o mesmo estar vazio (ter acabado). De qualquer forma, todos que por lá passam deixam vasilhames com resto de gás para fogareiro de rosca (iguais aos que usamos aqui no Brasil), que podem ser usados por qualquer pessoa.

    O banheiro fica logo ao lado. É amplo e limpo. Possui chuveiros com água quente, mas do nada ela fica gelada ou escaldante no meio do banho. Meu banho foi uma eterna briga com o chuveiro.

    Pagamos pelo camping o valor de CLP 4.800, lá no local mesmo.

    Para quem não quiser ficar no camping, há a opção de ficar na hosteria que existe lá. Uma espécie de hotel, onde existem quartos com camas, mas que custam bem caro.

    Nessa hosteria existe também um restaurante e um minimercado que podem ser utilizados por todos. O preços no restaurante são bem salgados, mas os do minimercado são mais em conta. É possível também utilizar a internet da Hosteria (custava CLP 2.000 - 30 minutos, quando fomos)

    Quarto dia : Camping Paine Grande - Camping Grey (Segundo dia em TDP)

    Acordamos as 9:00 e fomos tomar nosso café da manhã na cozinha do camping. O dia estava lindo.

    As 11:00 iniciamos a nossa caminhada de 11 Km, rumo ao Acampamento Grey, juntamente com o franceses, Rafael e Samuel, mas logo nos separamos novamente, pois eles mantinham o ritmo forte do dia anterior. Preferimos ir mais devagar.

    Seguimos a direção indicada pela placa por entre um vale rochoso, sob forte vento, até chegarmos ao mirador da Laguna Los Patos, onde ventava ainda muito mais forte. Até aqui a trilha é bem fácil.

    A partir da Laguna de los Patos a trilha segue até o primeiro ponto em que se pode avistar o Glaciar Grey (Mirador Grey), passando a ficar um pouco mais exigente fisicamente, deste ponto, alternando-se entre descidas e subidas, ora por trilhas, ora por trechos de pedra, ora passando por verdes florestas de lengas, ora passando por florestas de galhos queimados (resultado de um incêndio que havia ocorrido a anos), ora nos deparando com uma vegetação de um vermelho surpreendente no chão, ora nos deparando com lindas florzinhas amarelas. A não ser nos trechos de floresta, o tempo todo avistamos o Rio Grey a nossa esquerda e o Glaciar Grey a nossa frente.

    A não ser nos trechos de floresta, o tempo todo avistamos o Rio Grey a nossa esquerda e o Glaciar Grey a nossa frente.

    Apesar de um pouco mais exigente que a trilha do dia seguinte, não se pode dizer que esta trilha do Paine Grande ao Grey seja difícil.

    No entanto, levamos 1 hora e meia a mais que o previsto para chegar. O mapa informa que são 3 horas e meia do Paine ao Grey, e nos levamos 5 horas. E olha que nós quase não paramos.

    Ao meu ver (e ao da Tati também), esses horários dos mapas são bem fora da realidade. Ou são para pessoas sem cargueira, ou são para pessoas com cargueira, que só andam, andam, andam, sem aproveitar nada.

    Após 5 horas de caminhada, por uma trilha muito bem demarcada, com estacas e pinturas nas árvores, chegamos ao Camping Grey e encontramos com Rafael e o Samuel, que nos aguardavam para subirmos juntos até o segundo Mirador Grey, que ficava a 4 Km dali.

    Lá eles confirmaram com o guarda parque que não poderíamos continuar a trilha até o Passo John Gardner, pois a ponte ainda estava quebrada, e o circuito O continuava interditado. A solução então era retornar ao Paine e seguir o circuito W.

    Bom, fizemos um almoço rápido (miojo), juntamente com os meninos, armamos as nossas barracas e as 17:30 partimos, de mochilinha de ataque, rumo ao mirador.

    A trilha segue em direção ao Glaciar Grey, em meio a uma floresta, até chegar numa área onde se tem uma bela visão de toda aquela imensidão branca. Antes demos uma passada, numa outra área em que se podia apreciar o glaciar de frente.

    O tempo previsto para essa trilha era de 2 horas. Nós levamos 1 hora e meia, acompanhando o ritmo dos meninos e sem cargueira. Está vendo?É outra história. As 19:00 iniciamos o retorno ao Acampamento Grey. Tivemos que ser muito mais rápidos na volta pois o banho fechava as 20:00. Se chegássemos após isso não poderíamos mais usar os chuveiros. Apertamos então o passo, chegando até a correr em certos momentos, e, após 45 minutos, chegamos ao acampamento e fomos correndo para o banho. E que banho... A água era muito quentinha e, diferentemente do Acampamento Paine Grande, não ficava esfriando do nada. Ela permanecia o tempo todo quentinha. =D

    Depois do banho fomos jantar com os meninos, e ficamos papeando na cozinha até as 23:00, quando fomos descansar para o dia seguinte.

    Quinto dia : Camping Grey (Terceiro dia em TDP)

    Acordamos as 9:00 com pingos na barraca. O dia amanheceu horrível, cinzento e com uma chuvinha bem fininha.

    Como não poderíamos mesmo fazer o circuito O, e nos restavam ainda 6 dias no parque, pela nossa programação (faríamos o O em 8 dias), decidimos então permanecer no Acampamento Grey neste dia, já que estava um tempo feio, refazer nossa programação, agora para o circuito W, e partir apenas no dia seguinte.

    Nossos amigos franceses, ao contrário decidiram continuar a caminhada até o Acampamento Italiano a fim de ganhar tempo. Pretendiam, ao final do circuito W tentar ir até o local onde a ponte havia caído, se já tivesse sido liberada a passagem até lá.

    Trocamos então os nossos contatos, nos despedimos e lá se foram eles.

    Foi tão triste ver os nossos amigos partindo. Sabíamos que seria bem complicado vê-los de novo, já que eles moram no Tahiti (Polinésia Francesa). Como nos apegamos fácil as pessoas nas trilhas né? Parecia que já nos conhecíamos a tempos.

    Bom, depois que os meninos se foram, eu e a Tati tomamos o nosso café da manhã e passamos o resto do dia entre a cozinha e a barraca, conversando, comendo, fazendo anotações e dormindo. Resgatamos também o saco de dormir que o Flávio tinha esquecido lá.Nos programamos para utilizar 8 dias no circuito O. havíamos utilizado até alí 3 dias. Nos restavam 5 dias. Reprogramamos então nosso roteiro para utilizar esses 5 dias dentro do parque, fazendo o circuito W, a partir daí, da seguinte forma.

    Camping Grey - Camping Paine Grande
    Camping Paine Grande - Camping Italiano
    Camping Italiano - Ataque ao Vale Frances - Camping Los Cuernos
    Camping Los Cuernos - Camping Chileno via atalho
    Camping Chileno - Ataque ao Mirador Las Torres - Hosteria las Torres - Portaria Laguna Amarga - Puerto Natales

    Geralmente as pessoas passam direto do Grey para o Italiano e do Italiano vão direto ao Chileno, e inclusive nós faríamos isso, se tivéssemos feito o circuito O. Mas, há males que vem pra bem.

    Vimos, durante o percurso do circuito W que, se tivéssemos feito daquela forma (passando direto do Grey ao Italiano e do Italiano direto para o Chileno) a caminhada teria se tornado muito mais desgastante. Se não tivéssemos feito como fizemos (pingando de camping em camping, sem pular nenhum), não teríamos aproveitado tanto quanto aproveitamos. Seria só caminhar, caminhar e caminhar, sem tempo para nada.

    As caminhadas em TDP não são puxadas como as que estamos acostumados aqui na Mantiqueira, mas de qualquer forma são cansativas pois são caminhadas longas. Ficar com cargueira por muito tempo nas costas desgasta muito o físico de uma pessoa, por mais leve que seja a trilha.

    Bom, vamos falar um pouquinho do camping .

    Gostei muito do Grey (o qual é administrado pela empresa Vértice Patagônia). Tem uma estrutura muito parecida com a do Paine Grande, com banheiro com chuveiro quente, cozinha com tomadas (não tem fogão a gás, nem resto de gás de fogareiro... só tem uma pia e umas 3 mesas com bancos), minimercado e hosteria com restaurante. Pagamos CPL 4.000 por dia.

    É um camping bem sossegado. Quase não se via gente por lá . As pessoas geralmente não acampam ali quando estão fazendo o W. Fazem apenas um ataque a partir do Paine e retornam ao Paine ou passam direto ao Italiano, para acamparem lá.

    Sexto dia : Camping Grey - Camping Paine Grande (Quarto dia em TDP)

    Acordamos por volta das 10:00, tomamos nosso café da manhã, nos despedimos do guarda parque cantor de lá (figura...ficava ouvindo rock e cantando tudo na maior empolgação) e as 12:00 partimos rumo ao Paine Grande, onde voltaríamos a acampar.

    O dia amanheceu nublado novamente, mas não estava chovendo.

    Partimos sem muita empolgação, pois neste dia passaríamos exatamente no local em que já tínhamos passado a dois dias atrás, quando também estava nublado. Porém, olhando para trás, era impossível não ficar novamente impressionada.Levamos 1 hora a menos para retornar ao Paine (4 horas do Grey ao Paine). Quando fomos do Paine ao Grey levamos 5 horas.

    Chegando ao Paine, armamos a barraca, fizemos um lanchinho, tomamos um banho, dormimos um pouco até anoitecer e depois fomos preparar o nosso jantar (como nas outras noites, liofoods com batatas pringles que compramos no mercadinho). Logo voltamos para a barraca e ficamos ali esperando o sono chegar, embrulhadas em nossos sacos de dormir. Estava fazendo muito frio e ventando muito.

    Certa hora coloquei a câmera para nos filmar um pouco dentro da barraca e deu uma rajada de vento tão forte que amassou a barraca para dentro, derrubando a câmera que estava em cima da mochila deitada. A noite inteira foi assim, com o vento sacolejando a barraca a todo tempo. Não consegui dormir muito bem nessa noite.

    Sétimo dia : Camping Paine Grande - Camping Italiano (Quinto dia em TDP)

    Acordamos por volta das 8:00.

    O dia amanheceu lindo. O mais lindo de todos até então. Mas estava bem frio.

    Tomamos um café demorado, apreciando a paisagem, desmontamos acampamento, tiramos algumas fotos e as 10:45 já estávamos de volta à trilha. Agora, rumo ao Acampamento Italiano.

    A trilha tem início ao lado do Pehoé com uma pequena subida, seguindo após sempre reta, com o Punta Bariloche e os Cuenos del Paine a nossa frente. Trilha também muito bem demarcada.

    Era tudo tão lindo. Todas aquelas montanhas, a neve e o gelo no topo delas, o azul do céu, o verde e o vermelho da vegetação a nossa volta... todas aquelas cores.... eu estava completamente encantada.

    Seguimos a caminhada margeando o Lago Skottsbergl, com os Cuernos del Paine ao fundo.

    Terminado o trecho do lago, adentramos num bosque de árvores queimadas, por um incêndio ocorrido a alguns anos atrás. Uma leve inclinação nesta hora.

    Hora ou outra cruzávamos pela trilha com trechos em que haviam passarelas de madeira a serem transpostas. Provavelmente por se tratar de área alagada.

    E foi justamente enquanto estávamos passando uma dessas passarelas que começou a nevar muito. Mais um momento de puro encantamento. Eu parecia uma boba olhando a neve caindo. Era só gelo caindo do céu, mas era tão mágico . A neve parecia bailar a nossa frente.

    Neste momento resolvemos parar para colocarmos nossos anoraks, já que nossas roupas não eram resistentes a água, e a temperatura já tinha caído drasticamente. Cobrimos também as mochilas com as capas e aproveitamos para fazer um lanchinho rápido. Até alí não tínhamos feito nenhuma pausa na caminhada.

    Porém não conseguimos ficar paradas por muito tempo, pois nossos corpos começaram a esfriar muito rápido, e começamos a sentir muito frio. Fizemos o que tínhamos que fazer e logo continuamos a caminhada até o acampamento Italiano, onde chegamos por volta das 16:00, embaixo de neve e sob forte frio. Antes, ainda transpomos duas grandes pontes suspensas.

    O acampamento era completamente diferente do Paine e do Grey por qual passamos nos dias anteriores. Não há nada no lugar além de uma espécie de casa do guarda-parque, uns banheiros (casinhas com um buraco no chão), umas casinhas com chuveiro de água fria e uma cozinha de madeira, bem rústica e sem qualquer tipo de estrutura, apenas para proteção enquanto se cozinha. Nenhum valor é cobrado para se acampar no Italiano.

    Armada a barraca, coloquei roupas quentes e me enfiei no meu saco de dormir, de onde só saí para jantar, mas logo retornei. O frio estava realmente insuportável. Não conseguia ficar lá fora um só minuto.

    Fomos dormir cedo e a todo momento eu escutava estrondos vindos de longe. Pelo o que eu tinha lido em minhas pesquisas já supunha o que podiam ser aqueles estrondos... avalanches...=z

    Neste dia, eu senti que o cansaço de tantos dias viajando já estava batendo. Até aqui tinham sido 20 dias de viagem, desde que pousamos em terras Argentinas, em Ushuaia (relato aqui). Eu estava morrendo de saudade da minha família, do meu namorado, do me cachorro (que Deus o tenha), da minha cama, etc, etc, etc.

    Oitavo dia: Camping Italiano - Vale Francês - Camping Los Cuernos (Sexto dia em TDP)

    O dia amanheceu cinzento. Ainda nevava e fazia muito, muito frio.

    Tomamos um rápido café da manhã, trancamos as mochilas dentro da barraca e por volta das 9:30 iniciamos a caminhada rumo ao Vale Frances, apenas com mochila de ataque, por uma trilha também muito bem demarcada. Nosso objetivo era chegar até o mirador do vale.

    A trilha se inicia no bosque onde se encontra o acampamento e segue por ele por alguns metros até iniciar-se um trecho aberto, em aclives, de pedras soltas. A partir deste momento passamos a avistar o Glaciar Del Frances.

    Quanto mais subíamos, mais frio ficava. Em certo trechos começamos a nos deparar com o chão branquinho de neve. Resultado da nevasca da noite anterior.

    Após cerca de 3 horas de trilha, sem pausa, chegamos ao Acampamento Britânico ( o previsto no mapa são 2h30min).

    Seguimos então com nossa caminhada em direção ao mirador do Vale Frances, porém nos deparamos com um trecho com muita neve, que impediu a nossa passagem, após o referido acampamento. Parecia que aquela neve toda tinha deslizado da montanha. Muito provável que fosse o resultado de uma pequena avalanche. Como não entendíamos nada sobre isso, e não sabíamos se seria seguro passar por ali, ficamos receosas de continuar subindo, já que todos que ali estavam chegando dali não estavam passando.

    Aproveitamos a pausa para comer alguma coisa e logo iniciamos o retorno ao Acampamento Italiano.

    No caminho de volta atravessamos um pequeno riacho de água congelado, avistamos pela primeira vez nas nossas vidas, uma avalanche ocorrendo ao vivo, pudemos ver os lindos Cuernos completamente a mostra e mais abaixo, algo que nos deixou boquiabertas... o impressionante Lago Nordenskjold, com suas águas verdes turvas, que mais pareciam uma pintura.

    Chegando ao Acampamento Italiano, almoçamos, desarmamos acampamento e as 17:00 horas partimos, em ritmo acelerado, ao Acampamento Los Cuernos, onde faríamos nosso penúltimo acampamento no parque.

    O mapa indicava 5,5 Km até lá, com duas horas de percurso. Conseguimos cumprir o que dizia o mapa, chegando no Acampamento Los Cuernos as 19:00. Porém, confesso que com essa correria toda não consegui aproveitar muito da trilha.

    Quando chegamos ao acampamento avistamos várias barracas em cima de uma espécie de suporte de madeira. estávamos com uma barraca Nepal da Azteq, que não é autoportante. Pensamos nessa hora... "ihhhh fodeu". Mas conversando com uma funcionária de lá nos foi dito que podíamos armar a barraca no chão, porém seria muito difícil de especar. E realmente foi. O chão era duro, duro, duro.

    Armada a barraca, tomamos um banho quentinho, fizemos um escambo, no mercadinho da hosteria (trocamos uma lata de extrato de tomate, que compramos equivocadamente no mercadinho do Paine, por uma coca-cola), compramos morangos em conservas e chantili e fomos preparar nosso jantar. Pra fechar a noite um delicioso e calórico fondue de morango com chantili e cama... ou melhor.... isolante térmico... rs

    O camping Los Cuenos é administrado pela empresa Fantástico Sur. Tem uma estrutura parecida com a do Grey com cozinha fechada, com mesas para preparo das refeições (não possuindo fogão). Possui pia ao lado da cozinha, na área dos banheiros. Os banheiros possuem chuveiro com água quente. Pagamos CLP 6.000,00, na época, para acampar neste local.

    Há ainda a hosteria, onde se pode pagar mais caro, para dormir numa cama ou fazer uma refeição no restaurante. Neste local é possível comprar algumas coisa como batata pringles, chocolate, refrigerante, morangos em caldas, etc... nada de muito substancioso como nos demais mercadinhos, mas quebra um galho quando vc está cansado de comer sempre as mesmas coisas que levou.

    Nono dia : Camping Los Cuernos - Camping Chileno (Sétimo dia em TDP)

    Acordamos por volta das 9:00 e fomos tomar nosso café da manhã. Desta vez, resolvemos utilizar os serviços da hosteria. Pagamos CLP 6.000 por uma xícara de café com leite, pão com manteiga e ovos mexidos.

    O tempo amanheceu meio xoxo, com algumas nuvens escuras, mas no decorrer da trilha abriu por completo, brilhando fortemente o sol num lindo céu azul. Senti até calor nesse dia, já que, como nos demais, estava andando de polartec.

    Iniciamos a caminhada, rumo ao Acampamento Chileno, as 11:00, por uma trilha bem demarcada. Pretendíamos pegar o atalho que o Filipe do Hostel Lili nos indicou. Assim, não precisaríamos descer até a Hosteria las Torres para, só então pegar, a trilha ao Chileno.

    A trilha se inicia no plano, mas logo tem início uma constante subida. No final desta subida pudemos avistar o Lago Nordenskenjol por completo, em toda sua magnitude e a linda paisagem que o circundava.

    A caminhada segue, o tempo, todo ao lado do Nordenskenjol, até chegar-se a bifurcação que, à esquerda, leva direto ao Acampamento Chileno (atalho) e à direita leva à Hosteria Las Torres.

    Pegamos a trilha da esquerda, e rumamos em direção ao Chileno, praticamente a todo momento no plano.

    Após cerca de 5 horas de caminhada a trilha começa a ficar gradativamente mais íngreme, até chegar ao topo, onde se pode avistar o belo Vale onde fica o Acampamento Chileno.

    Deste ponto em diante bastou descer até o acampamento, por uma trilha bem perigosa, que beirava precipícios, e com o vento muito forte querendo nos jogar montanha abaixo.

    Após vencermos essa etapa tensa do circuito, chegamos finalmente as 16:50, ao Acampamento Chileno, que, assim como o Los Cuernos, também é administrado pela empresa Fantástico Sur, custando CLP 6.000,00 a área de acampamento.

    Assim que chegamos, montamos acampamento (chão duro igual ao do Los Cuernos - também haviam aquelas estruturas de madeira para montar a barraca em cima) e fomos até a hosteria procurar algo mais apetitoso para comer. Não aguentávamos mais aqueles lanches de trilha. =P

    Chegando lá, nos deparamos com uma torta de doce de leite maravilhosa bem a nossa frente. Cara... que delícia de torta.

    Depois de apreciar o doce fizemos uma plaquinha com o nome da Mih (nossa amiga que abandonou a viagem lá em El Chaltén - relato aqui) para levar conosco junto as Torres, em homenagem a ela. Nessa hora haviam algumas pessoas lá jantando. Nossos olhos esbugalharam para o prato delas, como cães pidões famintos.... kkkkk. Decidimos então que jantaríamos lá esse dia. Foi carinho para o nosso orçamento apertado (CLP 26.000,00 por refeição), mas era o último dia. Nós merecíamos... rs. Antes, tomamos um bom banho.

    O camping Chileno possui uma estrutura bem parecida com a do Grey e do Los Cuernos. Possui uma área coberta onde existe uma mesa para se fazer as refeições, com uma pia (não tem fogão), e banheiros com água quentinha.

    Também é possível se hospedar na hosteria, ficando em um quarto, por um valor mais alto. No Chileno (assim como no Los Cuernos) não existe especificamente um mercadinho (como no Grey ou Paine), mas também é possível comprar alguma coisa, como chocolates, batata, refrigerante, etc.

    Bom... depois do jantar, nos recolhemos à nossa barraca e tivemos uma noite muito difícil. Ventou muito durante toda a noite, fazendo muito barulho na barraca.

    Nós colocávamos, entre a barraca e o sobreteto uma manta de alumínio, para ajudar a bloquear a entrada de vento e deixar o ambiente um pouco mais quente, já que a barraca que utilizávamos (Nepal, da Azeteq) era muito fria, por ser toda telada. Imagina isso se mexendo a noite inteira com o vento forte? Além do mais, como estávamos muito próximas a um barranco, fiquei o tempo todo receosa de rolar uma pedra lá de cima nas nossas cabeças. Consequência: noite em claro.

    Décimo dia: Camping Chileno - Mirador Las Torres - Hosteria Las Torres - Portaria Laguna Amarga - Puerto Natales (Oitavo dia em TDP)

    O último dia em TDP amanheceu meio acinzentado, mas no decorrer da trilha abriu por completo.

    Acordamos por volta 9:00, tomamos nosso café da manhã no restaurante da hosteria e as 10:45 já estávamos trilhando rumo ao Mirador Torres. Trilhinha fácil, e bem demarcada, em meio ao bosque, com leves subidas e leves descidas, até chegar a uma bifurcação, onde há uma placa indicando o caminho a seguir até o mirador, à esquerda.

    Deste ponto até o Mirador Torres, levamos 1 horas. Trecho de subida íngrime, por uma trilha que segue, praticamente toda, por entre um grande amontoado de pedras soltas (uns poucos trechos dentro do bosque ao lado).

    Esse foi o único local de TDP, por qual passamos, que sentimos uma exigência física maior.

    Chegamos ao mirador as 12:00. As Torres eram realmente impressionantes. A cor do lago abaixo delas então, nem se fala. Um lugar extraordinário, de uma energia incrível e de um frio de lascar.
    Ficamos ali por cerca de 1 hora e logo iniciamos a nossa rápida descida até o Acampamento Chileno, onde chegamos as 14:00.

    Lá, fomos ao restaurante da hosteria comer novamente aquela torta de doce de leite (nem pensávamos mais no orçamento a essa hora....kkkkkkk), desmontamos acampamento, e as 15:00 demos início a nossa caminhada rumo a Hosteria Las Torres.

    Foi bem tensa essa volta porque ventava muito. Demorei para conseguir atravessar a ponte para sair do acampamento. O vento era tanto que me empurrava para o lado o com suas rajadas, querendo me derrubar da ponte. Se eu não tivesse tomado cuidado teria caído de lá facinho facinho.

    Subindo a trilha, passamos ainda uns maus bocados com o vento. De um lado um paredão com pedras soltas, de outro um abismo, e no meio dos dois uma trilha de cerca de 1 metro de largura. E o vento lá, nos empurrando a todo momento, querendo nos lançar montanha abaixo. Foi muito tenso, mas ao final tudo deu certo.

    A trilha é a mesma por qual chegamos ao Chileno até o ponto em que há uma bifurcação, onde à direita leva ao Acampamento Los Cuernos e à esquerda leva a Hosteria las Torres.

    Seguimos pela constante descida da trilha à esquerda, muito bem demarcada, por um campo aberto, onde podia se enxergar longe. Ainda ventava muito, e ao atravessar a última ponte antes da chegada a Hosteria, um último susto. Tati foi brincar enquanto eu a filmava e no exato momento deu uma rajada forte de vento que a empurrou .

    Chegamos a hosteria as 16:30. Tivemos que aguardar a última van para a Laguna Amarga, que só partiria as 18:00 (custou aproximadamente 20,00 reais ). Enquanto esperávamos demos uma volta pelo local, vimos uma grande maquete do parque, com todas as trilhas que percorremos, e brindamos o final do nosso circuito com uma bela pizza.

    As 18:00, como previsto, partimos na van rumo a Laguna Amarga. Lá pegamos o ônibus para Puerto Natales, onde chegamos já no cair da noite.

    Fomos ao Hostel Lili Patagônico, mas como não deixamos nada reservado neste dia, acabamos ficando sem vaga. Entregamos as coisas que alugamos, pagamos e fomos para uma pensão próximo dali (Pensão Glória), que o Felipe do hostel nos indicou para passarmos a noite (um lugar simples, que mais parece uma casa de família, hospedando turistas, mas muito acolhedor).

    Décimo primeiro dia: Puerto Natales

    No dia seguinte voltamos ao Lili, onde tínhamos reservas pagas e passamos o dia de bobeira.

    Brincamos no muro de escalada do hostel, demos uma volta pela cidade, voltamos ao hostel, demos outra volta na cidade, fomos comer uma torta numa doceria chamada Amerinda (deliciosa por sinal), e quando estávamos voltando ao hostel, quem a gente vê andando na rua?? Quem?? Samuel e Rafael. Nossos amigos franceses, que conhecemos em Chaltén (relato aqui) e trilharam com a gente nos dois primeiros dias em TDP. Foi tão legal reencontrá-los. Achávamos que nunca mais nos veríamos.

    Fomos jantar juntos essa noite, naquele mesmo restaurante que jantamos no nosso primeiro dia em Puerto Natales (La Picada de Carlito). Enquanto os meninos mandaram ver uma bela refeição, eu e a Tati, que ainda estávamos entupidas das tortas que comemos à tarde, pedimos apenas um lanchinho para dividirmos entre nos duas. Não esperávamos que o lanchinho deles fosse assim... kkkkkkkkk.


    Se tem uma coisa que eu aprendi nessa viagem, é que o povo chileno é muito exagerado com as comidas. Sempre comida em excesso para uma pessoa só. Esse lanche aí foi só gargalhada quando vimos. Nunca tinha visto um lanche tão grande.

    Depois do jantar, nos despedimos dos meninos e retornamos para o nosso hostel. Eles estavam hospedados em outro hostel, pois o Lili Patagonico não tinha mais vagas quando chegaram de Torres del Paine.

    Décimo segundo dia - Puerto Natales - El Calafate

    Neste dia pegamos o ônibus de volta para El Calafate, na rodoviária e passamos longas 6 horas na estrada.

    De volta ao Hostel Del Glaciar Libertador, contratamos um passeio turístico que nos levaria até as passarelas do Glaciar Perito Moreno, no dia seguinte.

    O relato desse passeio ao Perito Moreno, finalizando a nossa viagem de 25 dias pela Patagônia, você vê em breve. Até lá ;)

    DADOS DO NOSSO CIRCUITO (km percorridos e tempo gasto)

    1° Dia - Sede Administrativa CONAF - Camping Paine Grande (17Km - 7h)
    2° Dia - Camping Paine Grande - Camping Grey (11Km - 5h) - Mirador Grey - Camping Grey (8Km - 3h)
    3° Dia - Tempo chuvoso = Descanso
    4° Dia - Camping Grey - Camping Paine Grande (11Km - 5h30min)
    5° Dia - Camping Paine Grande - Camping Italiano (7,5Km - 5h)
    6° Dia - Camping Italiano - Vale Frances - Camping Italiano (15Km - 7h) - Camping Los Cuernos (5,5Km - 2h)
    7° Dia - Camping Los Cuernos - Camping Chileno via atalho (14Km aproximadamente - 5h50min)
    8° Dia - Camping Chileno - Mirador Las Torres - Camping Chileno (12Km aproximadamente - 4h40min) - Hosteria las Torres (3Km aproximadamente - 1h30min) - Portaria Laguna Amarga - Puerto Natales

    ALGUMAS INFORMAÇÕES:

    -> O Parque TDP localiza-se à aproximadamente 150 km de Puerto Natales

    -> Hostel em El Calafate: Glaciar del Libertador

    -> Ônibus El Calafate - Puerto Natales: Fomos com a empresa Cootra, que tem saídas diárias as 8:30 (pagamos ARS 200,00), mas existem também outras empresas que não circulam todos os dias: Turismo Zaahj e Buses Pacheco. Dica: Compre a passagem da Cootra antecipadamente (não deixe para comprar no dia da viagem), pois pode acontecer de não haver mais vagas, como ocorreu conosco.

    -> Hostel em Puerto Natales: Ficamos no Hostel Lili Patagônicus. Um excelente Hostel; Limpinho, quentinho, de pessoas simpáticas e prestativas, e um café da manhã muito gostoso e farto (já incluído no valor da diária). Um hostel muito bonito também. Pagamos CLP 9.000, por uma cama em quarto compartilhado (cerca de R$ 40,00 na cotação da época)

    -> Ônibus Puerto Natales - Torres del Paine: Fomos com a empresa JBA Patagônia ( nosso hostel vendia passagens dessa empresa pelo valor de CLP 15.000 (ida e volta). Como achamos cômodo, fomos com essa mesmo. Porém,as mais utilizadas para ir ao parque TDP são Buses Gómez e Buses Pacheco. Tente reservar a sua passagem com antecedência. Não deixe para comprar em cima da hora na rodoviária, pois em alta temporada a saída é grande. Na alta temporada, os ônibus saem todos os dias às 7:30 hs e às 14:30 hs. Em baixa temporada, os horários devem ser consultados com antecedência. Na rodoviária também é possível deixar guardada a bagagem que será desnecessária durante a sua estadia no parque, por R$ 1000 pesos chilenos por dia. Basta procurar o balcão de “Custodia de Equipaje”, que fica ao lado do guichê de informações turísticas.

    -> Pagando o Ingresso do parque (CLP 18.000): todos os meios de transporte que chegam ao parque param na entrada principal do Parque, a Guardería (portaria) Laguna Amarga, onde fica o posto de registro obrigatório de visitantes, onde se faz o pagamento da taxa de entrada no parque. Se vc deseja fazer o circuito O ou W começando pelo sentido anti-horário, deverá seguir com seu ônibus por mais uns 30 minutos até a Hosteria Las Torres andando ou então pagar uma Van (cerca de CLP 2800). Se vc deseja fazer o circuito O ou W começando pelo sentido horário, você poderá fazer de 2 formas. A primeira é seguir com seu ônibus até a Portaria Pudeto, por mais 30 minutos e lá pegar um catamarã até o Paine Grande, que cruza o Lago Pehoe (passagens CLP 12000, ida, ou CLP 19000, ida e volta). A segunda forma de se chegar ao Paine Grande é como nós fizemos: descer na última parada do ônibus (Sede Administrativa CONAF) e ir andando até o Paine Grande.

    -> Van Hosteria Las Torres - Laguna Amarga: A van custa cerca de CLP 2800. Os ônibus, do último horário para Puerto Natales, só partem da Laguna Amarga quando a última van chega (o último horário da van para a Laguna Amarga é as 18:00).

    -> Empresas que Administram as Hosteria/campings: Vértice Patagônia e Fantastico Sur. Entre em contato com as empresas para saber os valores atuais dos campings, refeições, aluguel de equipamentos, etc.

    Keila Beckman
    Keila Beckman

    Publicado em 27/09/2015 01:10

    Realizada de 03/11/2014 até 11/11/2014

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    10 Comentários
    Alan Rodrigues Villarta 16/11/2015 19:51

    Lugar incrível...

    Maria Eugenia 16/07/2016 09:07

    Keila, amei seu relato... Estou indo em outubro fazer um trajeto quase igual ao seu, iniciando por El Chalten e indo para TDP. Tenho uma pergunta... Você levaria a barraca Nepal novamente, ou trocaria por uma mais pesada como a nova Himalaya? E quanto pesava sua mochila?

    Keila Beckman 20/07/2016 18:46

    Obrigada ;) Eu não gosto dessa barraca Nepal por ela ser muito fria. Mas se vc levar um boooom saco de dormir, vc vai ficar bem. O problema será quando vc estiver fora dele. Se vc reparar no vídeo nos colocamos entre o sobreteto e a barraca uma manta de alumínio, que ajudou a impedir um pouco a passagem do vento, mas fazia um barulho danado. Essa Himalaya é uma barraca quente, porém pesada. Se vc irá dividir com mais pessoas ok. Agora sozinha não acho legal. Tem que ver o volume dessa barraca Himalaya também. Geralmente essas barracas são muito volumosas e nem cabem dentro da mochila. E se cabem ocupam praticamente ela toda. Vc tem que ver o que é prioridade para vc, leveza ou conforto. Eu particularmente não levaria essa barraca Nepal novamente para local muito frio.

    Maria Eugenia 24/07/2016 23:26

    Oi Keila, Obrigada pela atenção... Infelizmente tive que optar por menos peso, e no Brasil a melhor opção foi a Nepal. Pelo menos o SD é o Deuter Exosphere -8 pois sou friorenta... Eu queria muito a barraca Himalaya, mas com quase 5 kg, mesmo em dois ela é pesada, e isto ia atrapalhar o trekking... Em El Chalten pelos seus relatos e do site mochileiros, é mais tranquilo, mas minha preocupação está em TDP é que onde frio pega e a Patagônia parece mais agressiva... Você lembra quanto tinha sua mochila carregada? A minha por enquanto está com 10 kg...

    Keila Beckman 29/07/2016 19:29

    Não me lembro Maria Eugênia. Mas geralmente eu carrego entre 14-17 kg.

    Maria Eugenia 03/08/2016 22:08

    Seguindo sua experiência devolvemos a barraca Nepal, pois a compra tinha sido pela internet e tinhamos 7 dia... Estou comprando a Himalaya... Apesar de pesada, em 2 será como carregar uma Nepal cada : ) Observamos que vários relatos do uso da Nepal na Patagônia se passaram no verão, onde as condições são diferentes... Obrigada mesmo pela ajuda!

    Diego Santos 31/05/2018 15:15

    As fotos ficaram incríveis! Parabéns pela conquista.

    Débora Aroche 07/12/2018 19:25

    Adorei seu relato e vídeo! Me inspiraram a fazer o circuito também! Estarei lá ano que vem.

    Keila Beckman

    Keila Beckman

    São Manuel - SP

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    Apaixonada por montanhas desde que estive pela primeira vez em uma delas, em 2011.

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