Fomos convidados por um casal de amigos que nos acompanha sempre nestas aventuras e eles trouxeram mais um casal para esta viagem aos Três Picos. Saímos então, seis pessoas, no dia 04, de Belo Horizonte. Como era uma sexta feira com um feriado na segunda e ainda o primeiro fim de semana de reabertura de muitos lugares, após uma quarentena interminável, é claro que pegamos muito trânsito na saída da cidade, e em boa parte da BR-040, e só chegamos ao destino no início da madrugada. Ficamos no refúgio das águas, aos pés do parque. No dia 05 acordamos sem pressa e quando iniciamos a caminhada, já eram por volta das 10h. O objetivo era fazer o pico menor e no dia seguinte procurar outra um pouco mais leve, conforme orientações no local.

Imagem 01 - início de trilha

Como iniciamos pelo refúgio, pegamos um parte de estrada até um acesso secundário à trilha e seguimos até uma placa de entrada ao núcleo do parque. O sol estava muito forte e já iniciamos em um ritmo mais lento, pelo aclive e pelo desgaste da temperatura.

Imagem 02 - Portal de entrada no parque

Segundo informações de moradores locais, desde antes da pandemia, o uso da trilha já estava sendo desmotivado pela administração do parque, que se apoia na justificativa de falta de manutenção e consequente deterioração da mesma, à priori da segurança dos usuários.

A partir desta entrada, continuamos a subida até uma área com grandes araucárias. Observamos uma placa indicando uma trilha do eucalipto centenário. A partir dali, havia mais um totem de placas e continuamos à direita pensando que precisávamos chegar à área de camping, no vale dos Deuses, pelo que já havíamos estudado do roteiro... Foi um equívoco causado pela falta de placa que, soubemos através da guarda parque que nos recebeu no camping, foi retirada do totem nas araucárias, por motivos supracitados. Com isso, perdemos muito tempo e optamos, assim, por mudar o objetivo do dia.

Imagem 03 - Entrada para a área de camping

Ao chegarmos no camping, fomos recebidos pela guarda parque que nos orientou sobre os protocolos de pandemia e nos informou que a única trilha aberta no parque seria a cabeça de dragão. Assim, optamos por ela porque, a essa altura, qualquer coisa estava valendo.

O camping é gratuito e tem boa infraestrutura de banheiros, um bom gramado, mesas, e água boa nas torneiras. Trocamos e completamos nossos reservatórios de água e iniciamos a subida.

A trilha é puxada pelo aclive mas grande parte é feita na sombra e, por isso, muito agradável.

Imagem 04 - parte fácil

Já era tarde, por volta das 14h, quando resolvemos parar em um monte de blocos de pedra, já muito próximo ao cume, para almoçar. De lá, uma linda vista, paredões de bromélias...

Uma cachorra nos acompanhou desde o início, no dois dias de trilha. Companheira mesmo. E, por isso, foi muito bem alimentada.

Imagem 07 - o grupo, feliz com em alcançar o cume da cabeça de dragão

Imagem 08 - fim do primeiro dia de trilha

Imagem 09 - Tiazinha no aguardo para o segundo dia

No dia 06 acordamos às 6h e após preparativos, ficamos na estrada aguardando o casal que não estava hospedado no mesmo abrigo e às 8h iniciamos de fato, com todos reunidos. O caminho, igual até as araucárias. De lá, ao invés de pegar a trilha da direita (cabeça de dragão, caixa de fósforo, vale dos deuses, travessia Salinas X Frades) deve-se pegar a trilha à esquerda, para os três picos. Nesta ocasião, não encontramos a trilha muito fechada mas com evidente falta de manutenção. Boa parte da trilha é sombreada e com subidas bem puxadas, pelo meu julgamento. Fui com dois litros de água mas vacilei ao não reabastecer no caminho (vários pontos de coleta de água. Legal usar um clorim, só pra garantir) e acabamos com pouquíssima água na descida.

Imagem 10 - pausa para o refresco

Imagem 11 - seguir pela esquerda

Algumas placas descrevem a trilha como risco de morte com trechos em escalada de grau 2. Ouvimos relatos de que já haviam sido retiradas as cordas fixas dos trechos, o que foi comprovado. No ataque ao pico menor, foi conveniente usar a corda no trecho que fica à esquerda, após uma plaquinha menor reforçando a indicação de risco.

Imagem 12 - Aqui, a maioria preferiu usar a corda. Na subida e na descida. Essa foto foi tirada no retorno.

Imagem 13 - via ferrata

O outro trecho de trilha em que seria necessário o uso da corda, seria para descer o pico menor e atacar o pico médio. Da nossa turma, apenas Rodrigo quis ir até lá.

Imagem 14 - Rodrigo, no alto do pico médio, avistando a caixa de fósforo.

Imagem 15 - Descida do pico menor

As trilhas que fizemos, tanto a cabeça de dragão quanto a do pico menor, estavam bem limpas. Não me lembro de ter encontrado lixo no caminho. O parque nos surpreendeu muito, um saldo positivo numa temporada quase perdida!

O refúgio das Águas é administrado por Sérgio Tartári, um montanhista mundialmente famoso que faz uma deliciosa pizza com sua mulher Rosana, no forno de barro. Parece que o lúpulo com que fabricam suas cervejas artesanais também é produzido no local. Aprovada!

Imagem 16 - Um dos tipos de cerveja produzida no refúgio das águas. Além da red, serviam pale ale e stout.