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Trekking Pico dos Marins
Pernoite no pico dos Marins durante o feriado da páscoa.
Trekking Mountaineering HikingPreparação
Eu e meu irmão começamos a nos interessar por montanhismo há uns três anos, depois de uma subida à Pedra do Baú. Desde então, sempre que chega a temporada de montanha, a gente tenta se organizar pra alguma atividade. Foi nesse ritmo que decidimos encarar o Pico dos Marins, uma das montanhas mais conhecidas da Serra da Mantiqueira e praticamente uma parada obrigatória pra quem curte esse tipo de aventura.
Na véspera, organizei tudo com base no que a previsão indicava. O céu já estava carregado, com muitas nuvens, e havia chance de chuva durante a noite, então montei a mochila pensando nesse cenário. Também reservamos uma diária no Refúgio dos Marins, um hostel que fica bem na entrada da trilha e facilita bastante a logística, já que dormimos exatamente no ponto de partida.
Caminho até o hostel – primeiros perrengues
O Pico dos Marins e o Refúgio ficam em Piquete-SP, então colocamos a localização no mapa e seguimos rumo ao ponto de partida. Antes de escolher passar a noite no hostel, assistimos a alguns vídeos sobre a trilha e sobre o acesso até lá. Parecia tranquilo, mas, na prática, foi bem diferente.
A estrada estava em péssimas condições e, em determinado ponto, o carro simplesmente não conseguiu mais subir. Tentamos de tudo: empurrar, descer pra pegar embalo, manobrar, mas nada funcionou. No fim, tivemos que aceitar a situação, deixar o carro no meio do caminho e seguir a pé, já com a cargueira nas costas e tudo o que precisaríamos para passar a noite no hostel.
Foi assim que, sem querer, nosso rolê começou antes da hora. E com um pouco mais de esforço do que a gente tinha planejado.
Relato da trilha
No dia seguinte, acordamos bem cedo, tomamos o café da manhã oferecido no hostel e finalizamos a montagem das mochilas. Com tudo pronto, começamos a caminhada.
Como eu tinha comentado antes, o tempo estava bem fechado, mas com aquela aparência de que poderia abrir, mas eu me iludi.
Passamos pelo primeiro trecho de mata, mais fechado, e aos poucos a vegetação foi mudando. Quando chegamos no Morro do Careca, fizemos uma pausa rápida, mas logo seguimos. A neblina era densa, e não tinha nenhuma vista pra aproveitar ali.
O vento estava bem forte, e de vez em quando ele empurrava as nuvens o suficiente pra gente conseguir enxergar alguma coisa, como dá pra ver na foto. Mas em nenhum momento o Pico chegou a aparecer de verdade.
Seguimos em frente e passamos pela Pedra Partida. Um pouco mais adiante, fizemos uma nova parada, dessa vez pra comer alguma coisa e recuperar um pouco de energia. O cenário continuava praticamente o mesmo o tempo todo: muito vento, muita neblina e, de vez em quando, uma brecha nas nuvens que deixava a paisagem aparecer por alguns segundos.
Pra quem já conhece o Pico dos Marins, sabe que há alguns trechos de escalaminhada no caminho até o cume. Mas, pra mim, tudo isso era novidade. Esse foi um dos desafios da trilha: encarar as subidas técnicas enquanto tentava manter o equilíbrio com uma mochila de 15 kg nas costas. Apesar do esforço, deu tudo certo.
Mais adiante, chegamos ao famoso trecho do "elevador". Nas fotos, ele parecia menor e até um pouco mais tranquilo. Ao vivo, impõe mais respeito, mas a verdade é que não foi tão complicado quanto eu esperava. Conseguimos passar por ali com certa facilidade.
Passado o elevador, caminhamos mais um pouco e chegamos à base do cume, onde planejava montar a barraca para passar a noite. O engraçado é que o lugar estava bem cheio, todos os espaços “conhecidos” para armar a barraca já estavam ocupados. Então tivemos que procurar um cantinho livre para montar nosso acampamento.
Depois de encontrar um canto, montamos a barraca e aproveitamos para fazer uma pausa e comer alguma coisa (já eram por volta das 15h). Em seguida, decidimos fazer um ataque ao cume para ver se, lá de cima, conseguiríamos aproveitar um pouco da vista.
O caminho até o topo ainda tinha alguns trechos de escalaminhada, como no trecho até a base, mas dessa vez estava um pouco mais tranquilo, já que eu não estava mais carregando a mochila nas costas.
Chegando ao cume, assinamos o livro e, mesmo com o céu completamente nublado, aproveitamos o momento. Afinal, não é todo dia que a gente chega ao topo do Pico dos Marins pela primeira vez.
Embora não tenhamos conseguido apreciar a vista, que deve ser incrível, o lugar ainda tinha sua beleza própria. Tenho certeza de que vou voltar um dia para ver o nascer do sol dali.
Depois da subida ao cume, voltamos para a área de acampamento. No meio do caminho, a chuva começou a cair e, a partir dali, fomos obrigados a ficar dentro da barraca até o dia seguinte.
No meio da madrugada, acordei com bastante fome e resolvi fazer um miojo. O problema foi que meu fogareiro não queria acender e eu não tinha levado isqueiro. O jeito foi bater na barraca dos colegas fumantes que estavam ao lado e pedir um isqueiro emprestado. Por sorte, eles estavam acordados e salvaram minha refeição da madrugada.
Depois disso, dormimos e acordamos no dia seguinte com um clima ainda pior. O vento estava muito forte, a neblina bem densa, fazia bastante frio e começavam a cair algumas gotas de chuva. Então fizemos um café da manhã rápido, desmontamos a barraca e começamos a descida.
Com a visibilidade baixa, acabou ficando difícil encontrar o caminho certo, e em certo ponto nos "perdemos" um pouco. Por sorte, avistamos um grupo que também estava descendo e seguimos com eles até reencontrar o caminho.
Na volta, enfrentamos os mesmos obstáculos do dia anterior. Descemos o elevador, agora molhado e escorregadio, e passamos novamente pelos trechos de escalaminhada, que, dessa vez, exigiam cuidado redobrado com o vento empurrando a gente.
Mas, conforme fomos perdendo altitude, o tempo começou a abrir. E foi só então, já na descida, que conseguimos ver o cume pela primeira vez.
Chegamos de volta ao hostel por volta das 13h. A primeira coisa que fiz foi tomar uma Coca-Cola, que, pra mim, é a melhor coisa depois de uma trilha. Nos despedimos dos amigos que fizemos pelo caminho e logo voltamos a caminhar… afinal, o carro ainda estava lá, parado no meio da estrada.
Andamos por mais uns 30 minutos até que, enfim, avistamos o nosso carro. E quem diria que essa seria a melhor vista de toda a trilha, hein?
No fim das contas, foi uma experiência completa: divertida, cansativa (mas nem tanto quanto eu imaginava) e muito marcante. Subir o Pico dos Marins pela primeira vez foi mais tranquilo fisicamente do que eu esperava, mas ainda assim desafiador na medida certa.
Com certeza vou voltar — tanto pra ver o nascer do sol lá de cima, quanto pra encarar a travessia Marins-Itaguaré, que já está na lista.
