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Marcelo A Ferreira 13/09/2019 12:47 com 1 participante
    Travessia dos Lençóis Maranhenses

    Travessia dos Lençóis Maranhenses

    Uma travessia bem diferente de tudo que eu já tinha feito. Lugar memorável e marcante.

    Trekking Hiking Off-Road

    Essa travessia geralmente se acorda de madrugada, por volta de umas 3 da manhã e se começa a caminhar. Isso para evitar de ficar andando no sol quente e a caminhada terminar por volta de meio dia. Desta forma, você vê o nascer do sol, curte o lugar depois de almoçar e ainda vê o por do sol em lugares incríveis.
    Nessa época foi boa porque o sol fica nas costas e o vento sopra a favor.
    Fiz a travessia toda de chinelos havaianas (momentos descalço e momentos calçado, dependendo da firmeza do solo/areia).

    Fomos com um guia local, chamado Galego. Tel (98) 8858-8396.

    Esse trekking parece que se está atravessando um deserto, porém um deserto cheio de água doce. As lagoas são de água doce. Água de chuva na verdade.
    Boa parte do caminho é plano mas, como é um longo caminho a se percorrer e como é na areia fofa; atravessando lagoas; subindo dunas e com sol forte, acaba desgastando bastante.

    Foi uma das travessias mais transformadoras que já fiz na vida. Ao meu ver, todo mundo deveria fazer essa travessia uma vez. É uma introspecção tão grande que é impossível você voltar a mesma pessoa.

    Dia 1, 20/06/2019 – Do aeroporto até Dona Luzia em Canto de Atins

    Chegamos no ponto de encontro no aeroporto de São Luís e pouco a pouco foi chegando todo mundo do grupo. Entramos na van saindo do aeroporto até a Pousada Riacho, na cidade de Barreirinhas. Umas 4h de estrada. Já dá para dizer que a aventura começou ali. Esse caminho feito pela van foi muito tenso! O motorista era um doido, hahaha. Andando a uns 100km/h numa van, cheia, à noite, numa estrada que o motorista não conhecia, cheia de buracos e de quebra-molas. Todo mundo dentro da van ficou tenso. Atropelou alguns quebra-molas a gente batia no teto, haha. Desviando em alta velocidade os buracos... ali eu achei que iria morrer, kkkkk.

    Chegou uma hora que ele atropelou um quebra-mola que eu senti a estrada bater no meu banco. Achei que teria quebrado o amortecedor ou alguma coisa do carro, mas graças a Deus não aconteceu nada. Nesse exato momento em que eu ia reclamar, até por que vi uma placa de animais na pista, Osório se manifestou falando justamente isso. Que estava perigoso, que tinha uma placa de animais na pista, que estava um pouco de neblina, buracos na pista, estava muito rápido e blábláblá. Depois disso o motorista tomou um pouco de jeito.

    Chegamos na pousada Riacho para tomar café e para pegar algumas pessoas que iriam com a gente para a travessia, mas que já estavam por ali curtindo Maranhão antes da gente.

    Pousada muito bonitinha. Adorei. Café da manhã maravilhoso. Muito farto. Deu vontade de ficar hospedado ali. Ficamos esperando o guia galego chegar junto com os 4x4. Chegaram, subimos nos carros, paramos num posto para abastecer na cidade de Atins e então começou o nosso caminho motorizado até o Parque Nacional de Lençóis Maranhenses.

    O dia de hoje era praticamente só o caminho até o canto de atins. Ficamos na pousada e restaurante da Luzia. Lá passamos o dia. Tinha uma máquina para puxar o sinal da vivo para poder pagar com cartão de crédito e débito. Assim, enquanto este aparelho estiver funcionando (o que não é o dia todo), pega sinal da vivo. Aproveitei falei com o povo pela internet. Dica: eles vendem uma cocada que é absurda de boa. É cara, mas vale a pena.

    Na Luzia tinha opção de dormir na rede por 40 reais, ou dormir na cama por 50 reais. Fui de cama. Aproveitar já que ali tinha essa opção já que nos próximos dias isso não seria possível. Deixei minhas coisas na cama e fui relaxar. Café da manhã já é incluso.

    Fomos na lagoa bonita.

    Depois de conhecer a lagoa e nadar um pouco, eu, Paloma, Karine, Raphael e Ana Paula resolvemos ir até a praia que tem ali “perto”. Caminho até lá é um pouco chatinho, já que se passa praticamente por um pântano... mas no final tínhamos praticamente um praia deserta só pra gente. Muito legal.

    Voltamos para o Rendário da Luzia e mais uma vez partimos para lagoa bonita. Desta vez, para ver o pôr do sol.

    Caiu a noite e voltamos para o rendário. Tomei meu banho, jantei (R$ 40), conversamos um pouco e fui logo dormir. Dormi cedo e assim não fui incomodado com o ronco de ninguém, haha. Acordamos por volta das 3 horas da manhã para começar a nossa caminhada.

    Dia 2, 21/06/2019 – De Dona Luzia em canto de Atins até Dona Maria em Baixa Grande

    Tomei o meu café da manhã, peguei minhas coisas e esperei o pessoal. Quem quis, tinha opção de ir de 4x4 até um determinado ponto e assim poupar aproximadamente uns 8km de caminhada e ainda poder dormir um pouco mais. Não lembro o quanto era, mas creio que uns 30 reais por esse serviço. Resolvi ir andando. Estava ali para isso. Comecei a gravar o caminho e pode ser visto clicando aqui.

    A noite estava linda. Uma lua cheia absurda iluminava toda a praia/deserto. Foi bem legal. Nem precisava de lanterna. Memorável.

    Fomos andando e o sol nascendo e vimos boi e cabras/cabritos pelo caminho. Depois de andar bastante, chegamos numa laguna que tinha tipo uma ilha no meio dela. Resolvemos parar e curtir ali. Descansar um pouco também.

    Depois de se banhar fomos andando até essa pequena ilha. Ali vários pássaros começaram a gritar denunciando nossa presença. Vimos alguns ninhos abandonados ali e depois um que tinha ovinhos. Não levamos câmera para registrar. Fomos embora para não estressar os bichos e não tocamos em nada.

    Voltamos para nossa caminhada e depois de algumas horas paramos numa laguna com uma cor bem azulada. Ficamos ali um tempinho.

    Voltamos a caminhada e até que cruzamos um “rio” (na verdade é uma lagoa só que tem uma aparência de rio e ainda tem uma profundidade até o peito). Passado o rio, chegamos no local do nosso segundo pernoite. A casa de dona Maria, em Baixa Grande.

    Assim que chegamos lá, a ideia era ir até uma duna ali próxima e ir ver o pôr do sol. Eu já estava cansando e teria que atravessar mais uma vez o rio, então nem quis ir e resolvi ver o pôr do sol dali mesmo.

    Na hora de comer, deu uma pequena treta já que éramos aproximadamente 20 pessoas e não fizeram comida o suficiente. O valor já era caro (R$ 40) e ainda falta comida? Reclamamos bastante. Faltou feijão e carnes. As carnes, tinha opção de cabrito (não curti), galinha (que só tinha osso) ou peixe (magro que só tinha osso). Abaixaram o preço de tanto que reclamamos.

    Tentei dormir durante a tarde, mas acordava com o calor dos Rendários. À noite, quando chegou a hora de dormir mesmo, peguei uma rede que estava distante em umas árvores isoladas e trouxe para dentro da casa (na sala) onde os moradores ficavam. Ali batia um ventinho. Muito bom. Vi também que ali tinha um aparelhinho que puxava sinal da vivo, mas quando vi já era bem tarde de noite e nem consegui falar com as pessoas pela internet.

    Neste dia dormi um pouco mais tarde e ajudei os fotógrafos Fábio, Rafael e Marco a tirarem fotos.

    Dia 3, 22/06/2019 – de Dona Maria em Baixa Grande até casa da Fernanda em Queimada dos Paulo

    Neste dia como seria menos de 10km poderíamos acordar mais tarde. Tomamos nosso café da manhã e começamos a caminhar por volta das 7 da manhã. Nossa caminhada já passava de cara atravessando um “rio” (na verdade é uma lagoa) com as mochilas na cabeça. Aproveitei que ele era um pouco mais fundo e enchi o meu cantil e coloquei clorin para tratar a água.

    Mais um pouco de caminhada e chegamos na segunda lagoa que achei a mais bonita durante todo o trekking. Lugar realmente muito bonito. Não poderia ter outro nome se não que “lagoa bonita” e a “lagoa azul”

    Ficamos um bom tempo ali na lagoa azul. Creio que uma hora e meia e valeu cada segundo. Lugar absurdo de lindo. Ela é profunda, mas no meio dela volta a ser rasa. Rafael Benfinca me chamou para ir até lá. Topei. Fui nadando devagar e ele foi pela beirada até que chegou onde eu estava. Bem legal. Eu, como sou baixinho, não deu pé exatamente. Raphael como é mais alto, deu pé de boas. Minutos depois chegou o Fábio. Ele cruzou a lagoa nadando de uma ponta a outra. Muito show.

    Depois de curtir bastante voltamos para a nossa caminhada. Chegamos na queimada dos Paulo e tem várias casas e moradores por ali. Um lugar menos isolado.

    Chegamos na casa da Fernanda e ali era o nosso destino de pernoite. A casa na verdade é da Dona Jesus se não me engano, mas a Fernanda que é a nora da Jesus, é que faz tudo. Faz a comida e cuida de tudo. Muito atenciosa. Dessa vez não passamos fome (hahaha) e o rendário era bem arejado. Muito bonitinho. Pena não ter sinal de telefone nem nada. Nem aceitar cartão. Mais uma vez tinha uma programação de ir até um determinado ponto para ver o pôr do sol, mas o tempo começou a ficar mais fechado com nuvens e resolvi não ir. Fiz bem já que não teve pôr do sol nenhum. Pessoal que foi não curtiu muito: só nuvem. Ficamos um bom tempo ali na mesa conversando, bebendo e curtindo o lugar. Fernanda até deixou um violão disponível para o pessoal, mas ninguém sabia tocar. Solução: músicas no celular. Fomos dormir cedo já que o dia seguinte era um bom chão para se caminhar, então programação era começar a andar as 3 da manhã.

    Dia 4, 23/06/2019 – Casa da Fernanda em Queimada dos Paulo até Lagoa das Andorinhas e Santo Amaro

    Acordamos umas 3 e pouca e começamos a nossa caminhada. Esse dia foi bem interessante. Subimos várias dunas e foi um bom teste físico. Mesmo um céu sem lua, dava para enxergar muita coisa. O contraste das dunas brancas e as silhuetas das pessoas ficava bem legal. Nem precisava de lanterna. O legal de caminhar a noite assim é que se consegue ver algumas lanternas bem ao longe. Ali identificamos um casal isolado que estava fazendo a travessia com a gente mas só nos encontrávamos nos pontos de pernoite. É bem interessante. Dava para ver o destino final com uma leve claridade no horizonte.

    Fomos caminhando até que o dia raiou. Passamos por uma laguna com água até o peito. Ali o guia resolveu parar um pouco para descansar e reagrupar. Nessa mesma lagoa, vi um filhote de ave. Parecia ter saído do ovo há pouco tempo. Vi um ovinho do lado também. Quando o povo descobriu, geral começou a querer filmar o bichinho. Enchi o saco para não tocar e deixar o bicho em paz.

    Continuamos nossa caminhada passando por várias lagoas (algumas secas) e várias dunas. Foi ficando bem cansativo e o grupo ia se dispersando um pouco. O bom é que o tempo estava um pouco fechado até determinada hora e o sol não foi tão castigante. Chegou um momento que parecia que estava caminhando sozinho. Tinha duas pessoas muito adiantadas na minha frente e o resto do pessoal bem atrás de mim... mas tinha contato visual com eles ao longe.

    Pelo caminho passamos por vários ninhos de aves. Não chegamos a ver, mas os pais e mães vivem voando meio que atacando a gente. Foi bem legal. Eles dão um rasante querendo nos acertar e depois sobem o voo. Foi legal a experiência já que ninguém se machucou e ficou só na ameaça.

    Chegamos numa duna bem alta, onde se via a lagoa da sonda (da petrobras). Ali ficamos um pouquinho para descansar e tirar fotos.

    A lagoa não é bonita, mas é interessante o lugar. Voltamos a caminhar e o tempo ia abrindo. O sol começando a castigar um pouco mais. Finalmente, chegamos na Lagoa das andorinhas. Ali terminaria o nosso trekking e iríamos de 4x4 até o centro da cidade de Santo Amaro para almoçar e tomar banho.

    No nosso trekking fomos por cima, não passando por Betânia mas ficando na lagoa das andorinhas que foi uma das mais bonitas que eu vi por ali.

    Essa lagoa é bem bonita. Tanto é, que depois que a gente chegou, vários carros de 4x4 apareceram por ali levando o pessoal turista para conhecer. Muito bonita mesmo. Ela é BEM profunda.

    Nosso resgate chegou e o caminho que o 4x4 fez é absurdo de lindo. Segue uma dica: se não quiser fazer o trekking que é bastante sofrido e quiser ir mais para curtir, vá para santo amaro. Ali as lagoas são LINDAS!!! Azul incrível e da para chegar ali de 4x4 ou de quadriciclo tranquilamente.

    Chegamos no restaurante e fui direto tomar um banho. Almoçamos e encontramos o Bruno Negreiros por ali. Ele fez a travessia solo. Show de bola.

    Voltamos para o 4x4 e nos deixaram na van que nos levaria de volta até o aeroporto. Nessa, o Marco esqueceu o chapéu de mais de 100 prata lá no restaurante. Depois o pessoal do 4x4 pegou a mochila dele e colocou na van. Quase que ele esquece a mochila também, hahaha.

    Acabou que a van nos levou de volta até o centro histórico de São Luis. Todos agradecemos por isso. Ah, trocaram o motorista também. Não era o mesmo que nos trouxe para o início do trekking, graças a Deus.

    Já no centro histórico de São Luis, procurei uma farmácia aberta, mas já estavam todas fechadas e mal era 19h. Fomos para um bar beber e comer. Comemorar nosso trekiing.

    Mais informações e fotos:

    https://procuradehorizontes.com.br/lencois-maranhenses/

    Marcelo A Ferreira
    Marcelo A Ferreira

    Publicado em 13/09/2019 12:47

    Realizada de 20/06/2019 até 23/06/2019

    1 Participante

    Caveiras da Montanha

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    5261

    10 Comentários
    Alberto Farber 16/09/2019 16:01

    de fatbike talvez, mas deve ser bemmm sofrido e empurra bike danado, IMAGINO eu pelas fotos

    Edson Maia 17/09/2019 09:00

    Alberto, tb penso o mesmo... pedalar em dunas não deve ser uma tarefa tranquila. Mas penso que talvez existam caminhos mais amistosos para bikes e próximos que levem para estes lugares bacanas.

    Marcelo A Ferreira 17/09/2019 09:15

    Valew Fabio. Cara, vale muito a pena. É surreal. Achei cansativo, mas valeu cada segundo.

    Marcelo A Ferreira 17/09/2019 09:17

    Edson, creio que não. Acho que nem de moto daria. Tem muita parte que é areia um pouco fofa. Dunas né... De quadriciclo e 4x4 da para ir de boas. Vai sofrer um pouco, mas da pra ir. Indo de bike, acho que você vai passar mais tempo carregando ela nas costas do que andando nela. Não vi nenhum caminho bom para isso. Quem sabe um dia...

    Marcelo A Ferreira 17/09/2019 09:18

    Valew Albeto. Creio que seja bem por ai hehe.

    Nicole Pierotti 18/04/2021 13:47

    Sensacional o seu relato. Como você se sentiu ao caminhar pela areia esses dias? Muita gente sente dores e dificuldade. É um lugar que eu quero muito conhecer e achei interessante a questão da caminhada iniciar tão cedo. Tenho sérios problemas de sensibilidade ao sole isso me deixa bastante receosa, mas seu relato da uma animada na gente hahaha

    Marcelo A Ferreira 18/04/2021 14:55

    Oi nicole. desculpa. só vi seu comentário agora. Tempo que não entro no aventurebox. Entao... andar pela areia foi bem interessante. eu fui só de chinela avaianas. As vezes eu andava descalso. Dependia muito da firmesa do solo/areia. Quando era mais dura, andava de chinela. Quando era areia fofa, ia descalso. O mesmo para atravessar as lagunas. É cansativo, mas vale cada gota de suor e cada centavo que gastar. Experiencia inesquecível. eu saí da la falando pra mim mesmo "nunca mais eu volto, porque é cansativo e já conheci". Hoje, já me pego pensando seriamente em voltar. hahaha.

    Nicole Pierotti 18/04/2021 14:58

    Hahahah imagina! Postei há pouco tempo o comentário. Legal saber, sempre bom ter novos lugares na bucket list

    Marcelo A Ferreira

    Marcelo A Ferreira

    Arraial do Cabo - RJ - Brasil

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    Economista, aventureiro, funcionário público. @mar_celoferreira

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