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Marcelo Baptista 16/10/2015 17:53
    P. E. Carlos Botelho (SP) - Set/12

    P. E. Carlos Botelho (SP) - Set/12

    Um dos parques estaduais paulistas no Vale do Ribeira, entre as cidades de São Miguel Arcanjo e Sete Barras. Mata, cachoeira e aventura.

    Chegando ao Parque e descendo pela Estrada-Parque – (17/9)

    Com uma semana de férias já corrida, decidi conhecer uma região que há muito eu tinha deixado em segundo plano: o Vale do Ribeira. Com um mosaico de unidades de conservação (UC´s) se sobrepondo, me planejei para passar uma semana conhecendo esta região. Comecei a trip pelo Parque Estadual Carlos Botelho (PECB), cuja sede se encontra na simpática cidade de São Miguel Arcanjo (SP), e que abriga em seu interior uma estrada-parque muito interessante. Descendo pelo Vale do Ribeira, o PECB tem ainda outro núcleo, chamado Sete Barras.

    Em uma bela manhã de segunda-feira (17/9), às 6h19, comecei minha viagem. Havia alugado um carro para esse fim. Segundo informações colhidas, a melhor maneira de chegar seria pela rodovia Castello Branco (SP-280), saindo depois sentido Sorocaba. Mas eu preferi fazer um caminho diferente, ainda que mais longo: peguei a rodovia Raposo Tavares (SP-270), seguindo até Sorocaba, depois seguindo por Pilar do Sul (SP) até São Miguel Arcanjo. Sinceramente, curti cada curva linda e perigosa deste caminho.

    Cheguei em São Miguel Arcanjo por volta das 10h30. Cidadezinha realmente muito simpática, dei um tempo ali para me refazer um pouco e comer alguma coisa. Aproveitei e passei em um supermercado para me abastecer, caso eu acampasse (o que eu acabei fazendo mesmo). Acertei em cheio! De São Miguel Arcanjo segui para o parque. São 25 km por uma estradinha bucólica, cercada de muito verde e visuais muito interessantes. Quase uma hora depois (eram 12h21) cheguei à sede do PECB. De cara deu para perceber que é um parque bem estruturado. Fui recepcionado muito bem, os funcionários do parque são muito atenciosos.

    As trilhas, em sua maioria, são todas monitoradas. Conversando com o pessoal do parque, descobri que havia duas delas que estavam liberadas: Trilha das Bromélias, uma trilha totalmente adaptada para pessoas com necessidades especiais, com cerca de 300 m de comprimento; e a Trilha do Rio Taquaral, extensão de 1800 m, que margeia o rio de mesmo nome.

    A Trilha das Bromélias: estruturada como de passarela de madeira, esta trilha forma um circuito pequeno, que passa no meio de um bosque bonito. A trilha é curta, mas proporciona uma interação importante para os portadores de deficiência.

    A Trilha do Rio Taquaral: o rio Taquaral passa dentro do parque e pertence à bacia do rio Paranapanema. A trilha em questão é muito interessante, começa em uma cota alta e vai descendo forte, por volta de uns 20 minutos, até encontrar o Taquaral. Nesse ponto você escolhe seguir para a direita (até um deck à beira do rio), ou à esquerda (margeando o rio, até encontrar a estrada-parque e uma cachoeira gostosa para banho).

    Foi muito bom, aproveitei para me banhar um pouco, tanto na cachoeira quanto no próprio rio Taquaral, e espantar o calor. Voltei à sede por volta das 14h, coloquei as coisas no carro e comecei a descida pela estrada-parque, também conhecida como SP-139, até o núcleo Sete Barras. Do núcleo onde eu estava até o núcleo Sete Barras são 33 km descendo por esta estrada de terra bem batida, com vários pontos de parada com quiosques estratégicos, sempre a beira de algum ribeirão; cachoeiras, mirantes do Vale do Ribeira, vários avistamentos de animais e pássaros, dezenas deles. Alguns buracos em alguns trechos e os diversos atrativos me fizeram cobrir esses 33 km em cerca de duas boas horas, muito bem aproveitadas! Cheguei ao núcleo Sete Barras exatamente às 16h. Conversei com o pessoal do parque e perguntei onde eu podia andar sem precisar de um “guia” para me acompanhar. Me indicaram a Trilha da Figueira, com cerca de 2km ida e volta.

    A Trilha da Figueira: esta trilha nada mais é que um caminho que margeia o Ribeirão da Serra, de águas cristalinas e geladinha, até uma figueira-branca enorme que tem, segundo o levantamento dos especialistas, aproximadamente mil anos. No trajeto é possível observar alguns tipos de vegetação bem interessantes, Mata Atlântica secundária e várias árvores, todas identificadas com placas. Prato cheio para quem curte árvores! Nessa trilha eu avistei um macuco, pássaro bem difícil de avistar porque é muito arisco

    O pessoal que trabalha nesse parque merece destaque: Nil, o segurança boa praça; Sr. Tércio, que trabalha ali há cerca de 20 anos, conhece tudo de pássaros e do parque.

    A quantidade de pássaros que existe nessa região é impressionante!! Para quem curte birdwatching como eu, ali é um verdadeiro Paraíso: gaviões, saíras, jacutingas, papagaios, alma-de-gato, todo tipo de beija-flores e a eterna araponga com seu canto característico. Quando voltei da Trilha da Figueira, às 16h49, fiquei sabendo que poderia acampar no parque, e usufruir das instalações boas que o núcleo Sete Barras oferece: chuveiro quente, uma área coberta muito boa, banheiro com papel higiênico, filtro com água gelada. Ok!! Montei minha barraca (uma iglu para três pessoas, um verdadeiro latifúndio...kkkk) e preparei meu jantar naquela noite maravilhosa de céu estrelado e sons noturnos da fauna que desperta com o cair do Sol.

    Amanhã, sigo para a Cachoeira do Travessão.

    Em busca da cachu escondida – 2º dia (18/9)

    Acordei cedo depois de uma boa noite de sono. Como o Sr. Tércio havia me dito na noite anterior, pela manhã o responsável pelo parque, um cara simpático chamado Márcio, me preparou um mapa bem ilustrativo de como eu chegaria à Cachoeira do Travessão (também conhecida como Cachoeira Alta), uma queda que fica exatamente na divisa do parque com uma propriedade particular. Tomei um café rápido e saí do parque às 10h20 em direção ao bairro de Rio Preto (ou Nazaré), na zona rural da cidade de Sete Barras (SP). O trajeto total levou cerca de 18 km, em uma sequência de estradinhas de terra que vão se enfiando mais e mais para dentro de um gigantesco bananal, produto principal do glorioso Vale do Ribeira. Chega a confundir a quantidade de “ruas” de bananal que vão cruzando o caminho principal. Depois de alguma dificuldade e da ajuda de uma turma de agricultores que iam cuidar da plantação, cheguei ao que eles chamam de “rotatória”, que é uma clareira uma a estradinha acabava. Dali, eu deveria pegar uma trilha, que saía tímida de um ponto da “rotatória”. E segui pela trilha, que logo começou a margear o Rio Ipiranga e suas pedras.

    Caminhei pela trilha mais ou menos uns 15 minutos, eu já conseguia escutar a Travessão, mas não conseguia vê-la ainda. Quando o relógio marcava 11h10 finalmente a cachoeira se descortinou para mim: belíssima, encorpada, com um poço agitado e verde. A cachu se dividia em duas, e do seu lado direito uma segunda queda, menor, também me encantava. Não pensei duas vezes e entrei naquela água boa, e menos gelada do que eu esperava. Fiquei por ali até as 12h20, quando comecei a fazer a trilha de volta para o carro.

    No caminho de volta, descobri um poção de uns 5 metros de profundidade, e águas transparente. O calor já começa a dar mostras do que eu ia enfrentar durante o resto do dia. Mas eu estava feliz pela aventura, por ter conhecido uma cachoeira de difícil acesso, e sobretudo, por ter conhecido uma Unidade de Conservação onde realmente vale a pena pagar o ingresso. Segui caminho, minha aventura pelo Vale do Ribeira tinha muitos capítulos, mas esta história você vê aqui ou aqui.

    Marcelo Baptista
    Marcelo Baptista

    Publicado em 16/10/2015 17:53

    Realizada de 17/09/2012 até 18/09/2012

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    Marcelo Baptista

    Marcelo Baptista

    São Paulo

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    Montanhista, mochileiro, viajante, pai, conectado com as boas vibes do universo e com disposição ainda para descobrir os mistérios da vida.

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