A marcha das caranhas
Mergulho nas Pedras Altas com um incrível e grande desfile de caranhas. Com László Mocsári, Fagner e Roberto Costa Pinto.
BuceoComo rotina pré-mergulho baixei a escada na plataforma de popa da lancha Blue e entrei na água com a roupa de neoprene 5 mm com o zíper aberto nas costas. Assim molho o corpo e impeço o calorão enquanto me equipo completamente. E surpresa! Praticamente não havia correnteza. Duas semanas antes abortamos um mergulho neste mesmo lugar devido a fortíssima correnteza. Mistérios do mar!
Comigo e com László, ambos de rebreather (circuito fechado) estavam Fagner e Roberto, de sidemount (circuito aberto).
Fui o primeiro a cair e esperei László a 5 metros. Ao chegar ele tentou ligar a gopro mas não funcionou. Voltou para o barco e entregou a câmera. Não valia a pena descer com um equipamento falho.
Na descida notamos uma termoclina a 25 metros e outra a 30. Se na superfície a temperatura da água era 28°C no fundo estava 23°C.
Chegamos aos 45 m. e checamos se a âncora estava bem unhada. Exploramos um pouco os arredores. A 40 metros horizontais vimos vultos de grandes peixes.
Vinte minutos depois chegaram Roberto e Fagner, como planejado, pois tinham autonomia menor.
László em ação, clicado por Roberto.
Soltei a carretilha e percorremos pequena parte dos corredores das Pedras Altas (daí nosso nome de batismo). Não nos afastamos muito da âncora pensando na nossa dupla de scuba.
Fagner com sidemount.
Outra foto do Fagner, agora atrás de uma linda gorgônia.
Fomos em direção aos vultos de peixes. Caranhas enormes, de 3 kilos para cima (boa parte acima de 5 kg) formando um grande cardume a nossa frente, pareciam que estavam desfilando, marchando em exibição. Laszlo lamentou não estar com a gopro funcionando. Pior, o Roberto, com excelente câmera numa caixa estanque e ele excelente fotógrafo sub (as fotos deste relato são dele) não conseguiu se aproximar o suficiente porque as bolhas espantavam as caranhas (equipamento scuba solta bolhas). Enquanto isto eu e László assistíamos de camarote, silenciosos, sem bolhas. Teve um momento em que eu tossi e elas fugiram (para logo voltar, curiosas). Mas o scuba solta bolhas em grande quantidade e aí não tem jeito.
Inacreditável tanta caranha junta, passando sem parar na nossa frente. Eu olhei para trás para ver se elas estavam fazendo um círculo ao nosso redor. Mas não!
O fundo marinho das Pedras Altas é muito bonito e com bastante vida marinha.
Na foto logo acima se nota, além da gorgônia, corais negros ( espiralados).
O enorme cardume era provavelmente um agregamento reprodutivo, pois só havia adultos. Caranhas vivem solitárias ou em pequenos grupos. Estimamos que ali havia centenas!
Imagem da sonda. O vermelho são as rochas. A nuvem verde acima é o enorme cardume de caranhas!
Deu o tempo de Roberto e Fagner, e eles iniciaram a subida com paradas de descompressão. Alguns minutos depois também subimos. Encontramos eles no cabo de deco (cabo da âncora). Eu e László tivemos uma hora e quinze de deco antes de chegarmos a superfície.
A alegria do László.
O mar estava espelhado, uma piscina, quando subimos no barco.
Depois Roberto confidenciou a bordo que ficou com inveja de nosso tempo a mais no fundo.
Breve ele e Fagner irão para o lado negro da força (mergulharão de rebreather).
Olha a cara da felicidade: Roberto, László e Fagner na volta para Salvador.