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Peter Tofte 04/11/2024 10:55
    Andanças pelo Chile 5 - Enladrillado, aeroporto de OVNIs.

    Andanças pelo Chile 5 - Enladrillado, aeroporto de OVNIs.

    A bonita Reserva Nacional Altos de Lircay fica a 3 horas de Santiago e tem até pista para OVNIs!

    Trekking Mountaineering Camping

    Depois que saímos de Chillán (ver relato) o próximo destino foi a Reserva Nacional Altos de Lircay. Sempre rumo norte desde Pucón, onde começaram nossas andanças pelo Chile. Isto para fugir do frio e do tempo com chuva e neve, porque estavamos agora iniciando o outono. Soube por conhecidos e amigos brasileiros que estavam mais ao Sul que a decisão foi acertada. Estavam sofrendo com chuvas e neve. A Conaf inclusive tinha desabilitado algumas trilhas, prejudicando o roteiro de alguns trilheiros.

    Conheci este destino pelo guia "Trekking por Chile", da Editora Compass. Sua atração maior é um topo de montanha plano, cujo solo parece ser enladrilhado por rochas. Conta a lenda que é um campo de pouso para OVNIs.

    Pouco ao norte fica o PN Radal Siete Tazas. Há uma trilha que liga as duas áreas de preservação. Mas não daria para fazer desta vez. Nosso voo para o Brasil estava próximo.

    Um microônibus sai de Talca para Vilches Alto, a 69 km, onde fica Altos de Lircay. Finalmente na mesma estação de ônibus intermunicipais também tinhamos o terminal rural! Nas demais cidades que passamos os terminais ficavam em lugares distintos.

    Cedo partimos. O microônibus chegou 9:30 horas na portaria na estrada de acesso ao parque. Ali começava uma estrada de rípio que só podia ser transitada por carros 4X4 cujo destino era o camping.

    Cerca de 1 km mais acima ficava a portaria principal. Apresentei os ingressos e paguei dois dias (20.000 pesos) de camping para duas pessoas ao guarda parques Gonçalo.

    Aí foram mais 2 km de subida da infantaria até chegar a área de camping. Uma funcionária nos mostrou o lugar designado. O nosso ficava debaixo de um abrigo, com torneira e uma mesa com bancos. Bem legal. Banheiros bons, porém com água fria.

    Nosso cafofo.

    Queriamos ficar num lugar mais isolado e distante, conhecido como camping 6 (10 km mais, 3 a 4 horas de caminhada). Mas na portaria fui avisado que não estava habilitado (em Huerquehue também foi assim...).

    Armamos a tenda e saí 11 horas para o Enladrillado. Lucia preferiu ficar. Trilha de cerca de 4,5 horas em floresta de robles e coigues.

    Aranha bem no caminho.

    A placa indica o risco de avalanche de pedras. Totalmente desnecessária kkkkkk.

    O caminho começa acompanhando por cima o vale do rio Lircay. Perto do acampamento 6 descobri e tomei o que parecia ser um atalho, a direita, que não estava no Wikiloc. Mas o app mostrava que estava convergindo para a trilha exibida. Eu evitei uma "barriga" no sendero, desnecessária.

    Com um pouco sai da floresta. Ñirres arbustivos predominavam e, um pouco mais alto, saí da linha das árvores.

    Deixando as árvores para trás.

    Passei por um paso ao lado de uma curiosa formação chamada de "cabeza de conejo". De fato parecia um coelho sentado. Até as orelhinhas tinha.

    Cheguei finalmente no platô. Vesti um corta vento porque um vento frio batia forte. Pouco adiante um outro platô, um pouco mais alto, formando uma meseta. Subi até lá e vi aquele perfeito enladrilhado. Lendas a parte, a formação geológica foi devida a uma erupção ou do Descabezado Grande ou do Quizapú. Bonito lugar. Consegui chegar lá com 3,5 horas ao invés das 4,5 horas previstas

    No limite leste deste platô enladrilhado uma magnífica vista para os vulcões (Descabezado Grande, Quizapú e Cerro Azul) e, bem lá embaixo, o Valle del Venado, onde corre o rio Claro.

    Valle del Venado

    Este vale deve ser cruzado por quem faz a trilha para Radal Siete Tazas (ou vice versa). Me chamou a atenção de algo que parecia até neve, mas não era. Mais cinza, era uma boa extensão de areia vulcânica, deserto de vegetação, aos pés dos vulcões, que faz a travessia do Radal para Altos de Lircay bem difícil. Ver video anexo.

    Tirei fotos e lanchei atrás de uma pedra, protegido do vento.

    Será um ET que desembarcou aqui?

    Depois de meia hora resolvi descer.

    Pensei pegar um caminho alternativo, que passa pela Laguna del Alto. Mais isto significava kms a mais. Poderia ficar para o dia seguinte.

    Refiz o trajeto, porém dentro da floresta optei por seguir a trilha normal, do wikiloc, sem pegar o atalho, para ver o acampamento 6. Área com banheiro, mas sem graça. Onde ficamos é mais bonito. Aproveitei o WC limpo. Ali é passagem obrigatória para quem vai para o mirador Valle del Venado pelo sendero de mesmo nome, e para o PN Radal Siete Tazas.

    Ponte no caminho.

    Cheguei no acampamento as 17 horas. Eu e Lucia fomos tomar a ducha fria, menos dolorosa com o sol ainda alto.

    Depois jantamos na mesa e fomos tomar um vinho vendo o pôr do sol.

    Ao escurecer estavamos na tenda, para assistir um filminho na Netflix. Lar doce lar...

    .....

    Acordamos com preguiça no dia seguinte. Afinal, eram vinte e um dias andando. Decidimos não fazer a Laguna del Alto. Eu especialmente, porque teria de refazer parte do caminho, que percorri ontem. Resolvemos fazer trilhas fáceis, curtas.

    Descemos para o rio Lircay. Que lugar bonito! Aquilo parecia conto de fadas. Tomei coragem para um banho no rio, neste belo dia ensolarado. Mas não dava para ficar mais que 15 segundos mergulhado na água gélida.

    De outro ângulo.

    O rio marca o limite norte da reserva. Caminhei um pouco pela margem oposta, em terra particular, não resisti a beleza do bosque que margeava o rio.

    Após um lanche fomos para um sendero interpretativo, lindo. Não é a toa que Pablo Neruda cantava a beleza dos bosques chilenos. A trilha seguia até um mirante a partir do qual ela estava interrompida para manutenção.

    Árvores com troncos curvados.

    Voltamos ao acampamento para a ducha, jantar e ver o pôr do sol em outro bonito mirante.

    Tivemos muita sorte. Praticamente só pegamos dias lindos no Chile. Também porque adotamos a estratégia de subir para o norte a medida que o verão acabava. Estávamos neste momento no início do outono.

    Esta reserva me chamou a atenção pela diversidade de trilhas, levando a cenários diferentes: rio, floresta, montanha, lago, platôs, etc...Vale muito levar quem está iniciando no trekking e crianças.

    No dia seguinte acordamos no escuro, pouco antes das 7 horas, para desarmar a barraca. Teríamos que descer ainda até a estrada asfaltada para pegar o ônibus de 8:30.

    Ao chegar no terminal em Talca conseguimos um ônibus 12:30 para Santiago, a 3 horas de distância. Busão excelente da Altas Cumbres, com wifi, cortina separando os passageiros, em poltronas superconfortáveis e serviço de bordo.

    Teríamos ainda o sábado de tarde e o domingo na capital do Chile.

    Foram 23 dias de andanças. Nove dias acampados, 13 dias em hoteis, hostals e muquifos (8 ou 800 kkkk). Dois parques nacionais, um santuário, uma reserva nacional e o vale das Águas Calientes, que não está em nenhuma destas categorias. Embora tenha sido minha 8ª vez neste belíssimo País ainda há muito o que conhecer e trilhas a percorrer. Até a próxima Chile!

    Pretendo escrever uma materia no Aventure Box com dicas para quem quer fazer trilhas no Chile, alguns macetes que creio seriam úteis.

    Peter Tofte
    Peter Tofte

    Published on 04/11/2024 10:55

    Performed from 03/21/2024 to 03/23/2024

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    2 Comments
    Raffael 06/04/2024 14:59

    Sempre acompanho tuas aventuras neste portal, a ideia da matéria sobre as trilhas no Chile vai ser uma mão na roda, logo vou começar a explorar algumas regiões das tuas andanças. Vou ficar no aguardo pelos macetes . abraço

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    Peter Tofte 06/05/2024 09:53

    Valeu Raffael! O propósito  destes relatos é justamente divulgar estes lugares lindos e incentivar a prática de trekking.

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    Peter Tofte

    Peter Tofte

    Salvador, Bahia

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    Carioca, baiano de criação, gosto de atividades ao ar livre, montanhismo e mergulho. A Chapada Diamantina, a Patagônia e o mar da Bahia são os meus destinos mais frequentes.

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