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Peter Tofte 04/11/2016 20:21
    Itaetê - O Lado B da Chapada Diamantina - 2ª Parte

    Itaetê - O Lado B da Chapada Diamantina - 2ª Parte

    Segundo dia de trilha, visitando a fantástica cachoeira do Herculano.

    Trekking Cachoeira


    2º dia – 29/10/2016

    "O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia..."

    Guimaraes Rosa - Grande Sertão Veredas

    Saímos do estacionamento, após voltarmos da Encantada, por volta do meio-dia. Passamos de volta pela ponte entala-carro e seguimos a moto do Orlando até o sítio do Seu Nelson, onde iniciaríamos o trekking para a cachoeira do Herculano, mais ao Norte. Estas cachoeiras desabam no lado Leste da Chapada. As nascentes dos seus rios estão nos Gerais do Machambongo ou na Chapadinha.

    Ao chegar ao sítio, decidi botar a barraca na minha mochila, porque o tempo parecia que ia virar.

    Após 25 minutos de caminhada chegamos no rio Samina e na saída do vale da cachoeira do Herculano. Local excelente para acampar, um arenoso debaixo de uma enorme gameleira. Um dos troncos ficava na horizontal e servia de banco. Havia lenha em abundância nas margens, carregadas pela enchente do rio.

    Atravessamos o rio um pouco adiante, passando para a margem direita verdadeira. Escondemos as mochilas numa pequena toca e improvisamos uma mochila de ataque com o lanche de trilha. A idéia era visitar a Herculano e voltar a gameleira antes do escurecer.

    O guia Orlando deixou-nos neste ponto. Iria novamente passar a noite no rancho, no Baixão. Não havia segredo para chegar a Herculano e ele já havia observado que éramos experientes.

    Logo depois da toca uma trilha subindo, para evitar o leito do rio num trecho muito acidentado. Passamos pela ruína da casa de farinha do Herculano, que deu nome a cachoeira. Depois uma descida até encontramos o rio novamente, na parte superior de uma cachoeira. Ali descansamos, bebemos água e molhamos os bonés. Estava muito quente.

    Seguimos agora pelo leito do rio. Não havia mais trilhas laterais. Em determinado ponto pegamos um braço seco do rio onde era difícil prosseguir. Voltamos e escolhemos outro braço de andada mais fácil.

    O vale da Herculano é mais largo e não tem paredões íngremes e altos como na Encantada. O cânion praticamente se forma perto da cachoeira. A vegetação também era menos viçosa.

    Após cerca de uma hora e cinqüenta minutos avistamos a cachoeira que ficava escondida numa curva à direita. Neste ponto surgiam os paredões formando um circo onde estava a queda d'água. Miguel gritou e apontou para cima. Uma revoada de aves pairando sobre a cachoeira: ele reconheceu urubus, urubus-rei e o que ele acreditava serem águias chilenas.

    Subimos por uma pedreira para alcançar o poção.

    Que surpresa! Chegamos numa plataforma de laje acima de um poção escuro e enorme, fantástico, bem maior que o da Encantada. Não estava mais batendo o sol. Provavelmente os raios solares só atingiam a água até as 13 horas.

    Outra vez uma boa câmera com uma grande angular fazia falta. Fotos de smart phone são muito pebas!

    Descemos ao poção para nadar e lanchar.

    Nadei um bocado naquela água. É divertido nadar de costas observando os enormes paredões a sua volta (alguns negativos) e as gotas de água caindo lá de cima. Era obrigado a fechar os olhos quando caíam no meu rosto, pela força dos pingos.

    Mas não caia muita água. Ficamos imaginando aquilo com muita chuva, despencando lá de cima.

    Saímos por volta de 16:30. A volta foi mais rápida e agradável porque o sol não castigava tanto.

    Retornamos ao local da acampada, chegando quando escurecia. Armamos as tendas debaixo da gameleira e fizemos a janta no escuro, com auxílio de head lamps e de uma fogueira.

    Ligia achou que estávamos de perseguição porque quando eu e Miguel alimentávamos a fogueira a fumaça só ia para cima dela, que estava sentada descascando alho. Isto é que é mulher cheirosa, cheirando a alho e a fumaça kkkkk! Mas estava sempre de bom humor, com tiradas espirituosas.

    Comemos e depois resolvemos montar outra fogueira num lajeado a beira do rio porque debaixo da gameleira não podíamos observar o céu estreladíssimo. Além disto queríamos tomar banho no poção do rio. Ligia tava precisada de um banho...

    Após o banho deitamos na laje e Miguel deu uma lição de astronomia, indicando as constelações no céu. Avistamos algumas estrelas cadentes. Noite super agradável. O que faltou ali era um vinho.

    A conversa estava muito boa, o tempo passou e fomos dormir lá pela meia noite. Combinamos com o Orlando que estaríamos de volta no sítio do seu Nelson cerca de 8 horas do dia seguinte. Teríamos de acordar cedo. De lá iríamos para a cachoeira do Bom Jardim (3º e último relato), que seria a última trilha, no último dia naquela região. Já sentíamos uma certa melancolia de saudade antecipada.

    Peter Tofte
    Peter Tofte

    Publicado em 04/11/2016 20:21

    Realizada de 28/11/2016 até 30/11/2016

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    Peter Tofte

    Peter Tofte

    Salvador, Bahia

    Rox
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    Carioca, baiano de criação, gosto de atividades ao ar livre, montanhismo e mergulho. A Chapada Diamantina, a Patagônia e o mar da Bahia são os meus destinos mais frequentes.

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