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Peter Tofte 13/11/2015 15:46
    Kungsleden, A Trilha do Rei - Parte 2

    Kungsleden, A Trilha do Rei - Parte 2

    Segunda parte (e final) do relato do trekking no norte da Suécia, acima do círculo polar Ártico.

    Trekking Montanhismo

    Continuação.

    09/09/2014

    O dia começou lindo. Arrependi-me de não ter tentado o Kebnekaise. Mas acordei tarde, arrumei as coisas e deixei secar bem a tenda, o saco de dormir e as meias. Só sai às 10 horas. Estava precisando daquele descanso.


    Dez minutos depois cheguei no grande refúgio de montanha. Três ou quatro prédios bem grandes com eletricidade. Tudo muito limpo e arrumado. Ali pegava sinal de celular. A loja dos guias de montanha estava fechada, provavelmente todos subindo a montanha.

    Fui para o restaurante tomar um café. Logo antes de chegar um forte fedor no ar. Um rapaz mexia dentro de um bueiro com uma tábua. Era o biodigestor de esgoto do refúgio, um tratamento biológico dos resíduos. Parecia que ele mexia um caldeirão de bosta com uma colher. Ao passar me deu bom dia como se ele estivesse fazendo a coisa mais natural do mundo.

    Todos confirmaram que a subida levava de 10,5 a 12 horas, dependendo da condição meteorológica e da preparação física. Já eram 11 horas, tarde demais.
    Comecei o caminho para Nikkaluokta, de onde pegaria o ônibus de volta para Kiruna. O vilarejo ficava a 19 km rumo Leste.

    Atravessei uma ponte e mais adiante, olhando para trás, vi pela primeira vez o Kebnekaise até então oculto por uma outra montanha e pelas nuvens. Era muito alta. Com certeza seriam 12 horas de caminhada. Meu arrependimento passou. Seria muito cansativo subir e depois correr para Nikkaluokta no dia seguinte. Deveria ter um dia a mais.


    O caminho era bem agradável. Um vento frio derrubava as folhas das bétulas (praticamente a árvore dominante na região) e provocava uma chuva amarela na trilha. Um ponto de meditação bonito ficava entre boulders arrastados pelos glaciares milhares de anos atrás.




    Como a linha para Kiruna tinha dois horários, 12 e 14 horas, apenas amanhã teria como pegar o ônibus. Decidi parar um pouco antes de Nikkaluokta para acampar e seguir para o vilarejo somente na manhã seguinte. Pelo mapa estimava que estava a cerca de uma hora de lá.

    Acampei numa península do lago, nas ruínas do que parecia um antigo estaleiro de barcos de madeira. Um barco estava emborcado, suspenso do chão por travessas de madeira. A técnica de fabricação do casco com madeira parecia ter saído dos antigos drakkars vikings. Entrei debaixo dele e vi iniciais gravadas num banco, provavelmente as do construtor e o ano de 1965. Aquele barco tinha dois anos menos que eu.


    Tomei um banho no lago e comi. Lugar bonito, com boa vista. Mais tarde vi duas tendas serem armadas noutro ponto um pouco mais distante. Acho que tiveram a mesma idéia de parar e seguir para o final da trilha no dia seguinte.


    No bosque perto da tenda havia cogumelos enormes. Se fossem comestíveis um era suficiente para uma refeição individual.


    Ao entardecer uns chuviscos e durante a noite algumas rajadas de vento. Meus melhores acampamentos foram os selvagens, longe dos refúgios.

    10/09/2014

    O relógio não conseguiu me despertar. Acordei apenas às 7 horas. Dia bonito, o sol batendo de frente na barraca. Saí as 8:30 e cheguei no vilarejo às 10 horas. Um portal indicava o final da trilha. Perto dali era a base dos helicópteros que vira nos dois dias anteriores.


    Nikkaluokta é composta por uma dúzia de casas. Vilarejo é elogio. Um pequeno mapa mostrava a localização das casas e o nome dos seus moradores. O restaurante e a loja de lembranças eram muito bonitos e arrumados. Tomei um café e comi uma deliciosa baguete de carne de rena defumada.

    A bandeira Saami em frente ao restaurante em Nikkaluokta.

    A comida sueca é deliciosa!
    Aproveitei e visitei o hangar dos helicópteros. Eles fazem passeios, além de trabalharem para os pastores Saamis. Também efetuam transporte de pessoas e evacuação, mediante pagamento.

    Às 12 horas em ponto o ônibus partiu, chegando na estação de ônibus de Kiruna 50 minutos depois. Logo antes de chegar na cidade um baita alce andando ao lado da estrada.

    Deveria passar uma noite lá para pegar o vôo para Stockholm 6:30 do dia seguinte. Entretanto descobri que o custo do hostel mais o táxi para o aeroporto (não há shuttle service tão cedo) iriam custar aproximadamente o mesmo que uma passagem de trem que saia 15:42 de Kiruna, o noturno para Stockholm, na 2ª classe. Só o táxi para o aeroporto custava SEK 350 (39 Euros).

    Assim comprei a passagem e embarquei no trem, descartando a passagem de volta de avião. Em vez de ficar em Kiruna curti o visual de uma viagem de trem pela bela Suécia. No dia seguinte, as 9 da manhã, desembarcava na estação de trem dentro do aeroporto de Arlanda, de onde partiria para o Brasil.

    Linda trilha, através da tundra, florestas temperadas, lagos, rios, montanhas imponentes, vales extensos e muita vida. Os suecos adoram a vida ao ar livre e realmente tem mil motivos para isto.

    O portal de madeira que marca o início da Kungsleden, em Abisko, está esperando por vocês!

    Abraços, Peter

    Peter Tofte
    Peter Tofte

    Publicado em 13/11/2015 15:46

    Realizada de 05/09/2014 até 10/09/2014

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    1965

    Peter Tofte

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    Salvador, Bahia

    Rox
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    Carioca, baiano de criação, gosto de atividades ao ar livre, montanhismo e mergulho. A Chapada Diamantina, a Patagônia e o mar da Bahia são os meus destinos mais frequentes.

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