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Peter Tofte 02/03/2017 08:39
    Terra de Vulcões - Lonquimay, Patagônia Chilena

    Terra de Vulcões - Lonquimay, Patagônia Chilena

    Circuito em torno do vulcão Lonquimay, na região da Araucania, Chile. Trekking com Ramon Quevedo e Paula Yamamura.

    Montanhismo Trekking

    Terra de vulcões - o circuito Lonquimay – Patagônia chilena.

    Lonquimay, “o ressucitado” ou “o aparecido”, em mapudungun, língua dos mapuches.

    Fui convidado por Ramon Quevedo para fazer um trekking na região da Araucanía no Chile, junto com Paula Yamamura, namorada do Ramon. Ele foi incentivado a fazer trekking na Patagônia por meus relatos no Mochileiros e hoje tem no seu curriculum trilhas difíceis na região, que ainda não fiz. Paula é também uma veterana trekker e guerreira.

    Ano passado não conseguimos conciliar a data e não pude acompanhá-los na travessia do Parque Patagônia, em Aysén. Eles viajaram no período do Carnaval e eu só poderia ir na Páscoa. Fiz trilhas também em Aysén, mas não no Parque Patagônia.

    Ramon fez o planejamento meticuloso deste roteiro, muito interessante, pois previa a passagem por mais de uma Reserva Natural. Muito bem elaborado. Apenas o tempo não colaborou muito.

    Dia 12/02/2017 – Domingo. Clandestinos.

    Descemos no ponto de ônibus em Malalcahuello (“curral de cavalos” na língua Mapuche) a beira da estrada ainda no escuro e no frio, pouco antes das sete horas. A viagem de busão de Santiago, de onde saímos as 22:10 do dia anterior, foi tranqüila.

    Arrumamos as mochilas e fomos para a Portaria CONAF. Não havia ninguém ainda, o expediente começava as 8:30 (que sorte!). Para nossa surpresa, um cartaz avisava: “prohibido pernote”. Isto inviabilizaria nosso circuito em torno do vulcão Lonquimay.

    Diante do portão da guarderia CONAF (foto de Paula Yamamura).

    Decidimos sair rapidamente iniciando a trilha clandestinamente. Vir do Brasil e ter a viagem tão planejada abortada logo no seu início! A proibição deve ser decorrente do risco de incêndios florestais. Um grande nº de florestas queimou nas ultimas 3 semanas no Chile, devido a seca prolongada. Brigadas voluntárias vieram até da Rússia combater os incêndios. Porém trekkers conscientes jamais causam incêndios. Nunca fizemos fogueira na Patagônia e temos o maior cuidado ao cozinhar com nossos fogareiros a gás.

    Nossa idéia era sairmos pela guarderia CONAF do rio Llolco dizendo que entramos no parque pela laguna Blanca (sem guarderia). Este trajeto percorre apenas parte da reserva natural.

    Subimos por uma bonita floresta contornando uma aresta da serra de Los Colorados. À medida que subíamos as araucárias começavam a aparecer em maior número entre coigues e nirres. Um belo mirante nos permitiu ver pela primeira vez a encosta Sul do imponente vulcão Lonquimay. Outro mirante mais adiante, já voltado para o Sul, permitiu ver a face Norte do belíssimo Llaima ainda bem recoberto pela Neve, a cerca de 80 a 100 km de distância. Dia ensolarado.

    Primeiro mirador - Lonquimay

    Subindo.

    Vulcão LLaima com a Serra Nevada a esquerda.

    Às 14 horas chegamos no local de acampada, um bonito pasto gramado cercado de floresta, com dois pequenos córregos. Decidimos ficar ali, apesar da hora, porque era um dos últimos pontos de água e estávamos cansados da viagem no ônibus. Assim lanchamos e tiramos uma soneca, deitados nos isolantes, antes mesmo de armar as barracas.

    Minha tenda.

    Mais tarde um banho de panela no córrego. Armamos as tendas e fizemos a janta. Ao final do dia eu e Ramon subimos uma colina de areia vulcânica para tirar fotos. O Llaima aparecia belo ao Sul, emoldurado por uma araucária. Ramon decidiu que deixaria a sofisticada câmera dele programada para fazer um time-lapse do céu estrelado acima do Llaima a partir das 10 da noite. Armou o tripé e programou a máquina. Deveria estar com quase 3 kg só de equipamento fotográfico. E eu contente por ter apenas a câmera do meu celular!

    LLaima ao anoitecer.

    Noite tranquila.

    13/02/2017 – Lunes. Sol e sede.

    Acordamos às 6 da manhã porque o dia seria longo. A travessia do escorial do Lonquimay é cansativa. Naquele momento não imaginávamos o quanto!

    LLaima ao amanhecer.

    O time-lapse do Ramon não deu certo. Houve algum problema na programação da câmera.

    Hoje foi o dia que saímos com as mochilas mais pesadas. Além de comida para 8 dias, mais três litros de água cada um. Eu deveria estar com aproximadamente 20 kg nas costas.

    Saindo da área de acampamento (pasto ao fundo). Ramon fazendo caras e bocas.

    Saímos às 8 horas. Com quinze minutos andando rumo Oeste passamos por um estero vizinho que possuía água (mas o terreno era acidentado para acampar). Com mais 30 minutos chegamos a uma planície que descia das encostas do Lonquimay. Ali fica o cruzamento da trilha que vem da estação de ski (Sendero Coloradito) com o caminho para Laguna Blanca/Vulcão Tolhuaca (que seguiríamos). No horizonte ao Sul dominava o Llaima.

    Cruzamento das trilhas (foto de Paula Yamamura).

    Uma araucária entre a Serra Nevada e o vulcão LLaima.

    Passamos por uma área de acampamento alternativa. Não havia água. O córrego só existe na primavera. Depende da neve derretida do Lonquimay.

    Subimos para o paso Guamachuco, direção NW, subida fácil. Caímos num vale pedregoso onde lanchamos e partimos para o paso Trancura, mantendo o mesmo rumo NW. Este passo é cansativo, passa por um escorial (campo de lava), um terreno pedregoso difícil. Após o Trancura, avistamos o vulcão Tolhuaca, que planejamos escalar no dia seguinte.

    Subindo o paso Guamachuco.

    Descida pelas bordas de um bosque até virarmos para N e NE, entrando num grande escorial que é a encosta Oeste-NO do Lonquimay. A trilha marcada seguia num zig-zag constante, subindo e descendo, às vezes até retrocedendo, para evitar um terreno mais difícil. Subimos bem a encosta até a cota 1650 metros. Sob um sol forte, num dia quente. Aquele escorial não possuía água.

    Solo do escorial.

    Vulcão Tolhuaca.

    Destaque para um condor curioso que nos sobrevoou. A ave de asas de grande envergadura tem uma característica inconfundível: um colar de penugem branca em volta do pescoço.

    Finalmente começamos a descida para o paso Lonquimay por um terreno de areia vulcânica bem mais fácil. Aliviados. Ali encontramos a estrada que passava pela laguna Blanca e seguia para a laguna Verde. Cedi parte da minha água para Ramon, que já esgotara a dele. Apenas Paula tinha ainda um pouco de água. E saímos do acampamento com três litros cada!

    Decidimos então que iríamos até o ponto de água mais próximo, 1,5 km adiante do paso, seguindo a estrada rumo a laguna Verde, segundo o GPS do Ramon. Descartamos a idéia de ir para o campo base do Tolhuaca porque era mais distante e estávamos sedentos.

    Ramon passando por um impressionante escorial (à direita dele) onde o fluxo de lava parou, petrificado, perto do paso Lonquimay.

    Chegamos felizes ao córrego de água gelada. Descanso e um “Tang” chileno de cor azul, de reposição hidrolítica, coisa estranha.

    Após meia hora seguimos para a área de acampamento no estero laguna Verde. O local não nos agradou muito. Acampamos numa estrada abandonada entre dois arroios. Mas o resto da tarde foi agradável.

    Deveríamos ter descido num ponto que parecia ter uma trilha batida para a laguna Verde, 20 minutos antes do estero. Mas o GPS indicava o acampamento no estero mais adiante, onde ficamos.

    O dia foi exaustivo. Cerca de 10 horas de caminhada, boa parte sob sol e calor, com sede!

    Noite quente, 18º C, temperatura alta para a Patagônia.

    14/02/2017 – Martes. Sol, chuva e granizo.

    O dia amanheceu lindo. Ainda deitado tirei uma foto do céu pegando copas de araucárias.

    Decidimos seguir adiante, e não ir para o campo base do Tolhuaca. Estávamos cansados e, possivelmente, ficaria difícil ir para o CB do Tolhuaca (regressando 8,5 quilômetros) e subir/descer o vulcão (2.806 m) no mesmo dia.

    Saímos tarde, por volta de 10 horas. Seguimos por uma antiga estrada 4X4, abandonada. Ramon comentou que mesmo com um 4x4 o motorista tinha que ser macho. Em determinado ponto avistamos a laguna Verde embaixo à direita, prensada entre o impressionante escorial e o sopé da encosta do Tolhuaca, onde estávamos. Linda vista. A lagoa estava reduzida devido à seca.

    Continuamos a descida pela estrada. Parece que apenas trekkers e motos passam por esta estrada agora. Vistas lindas para a face Leste do vulcão Tolhuaca que ficava para trás. Caminho fácil com diversos pontos de água. Descemos vendo ao fundo do vale o rio Nalcas, à esquerda. Contornávamos a encosta do cerro Volantin.

    Vulcão Tolhuaca visto do Leste.

    Deixamos a estrada (que continuava baixando para as lagunas Nalcas) e subimos um pouco por um sendero que depois baixou em direção a laguna Uribe. Laguna com pouca água, parecendo um brejo. Neste momento começaram trovoadas e nuvens negras baixas surgiram no horizonte, indicando chuva. Assim optamos por acampar no estero Uribe (desaguadouro da laguna Uribe). Chegamos lá por volta das 15 horas.

    Na escolha do local da barraca falei que deveríamos acampar do outro lado do curso d’água, onde a trilha continuava. Caso a chuva transbordasse o riacho não ficaríamos presos. Mas fui voto vencido. Ramon achou que aquela chuva seria pouca. Armamos rapidamente as barracas e logo depois grossas gotas começaram a cair. Eu e Ramon decidimos tomar um banho de rio para não entrarmos sujos na barraca. Ao final do banho vimos o céu clarear e pensamos: o tempo já vai melhorar, chuva passageira. Este pensamento alegre não durou um minuto. Voltou a chover forte e granizo caiu sobre nos. Sorte que as pedrinhas de gelo eram do tamanho de uma unha ou menores. De cuecas debaixo de granizo! Ao voltarmos para a barraca notamos que a chuva era tão grossa que fazia respingar lama na altura de nossos joelhos.

    Entrei na barraca onde fiquei jogando e escrevendo o diário. Às 18 horas a chuva terminou e jantamos ao ar livre.

    Ramon tinha razão, a chuva aumentou o nível do rio em apenas 10 cm. Nada preocupante. Mas gato escaldado tem medo de água fria…

    Completamos três dias sem ver gente na trilha

    15/02/2017 – Miércoles. Neblina, sol e uma estrada monótona.

    Hoje acordamos no meio de uma neblina. Nada do que lavamos ontem secou no varal.

    Conversando com Ramon no meio da névoa (foto de Paula Yamamura).

    Cruzamos o estero Uribe na passarela de troncos. Ramon observou que do outro lado do rio havia um ponto melhor para acampar porque tinha grama. Onde acampamos as grossas gotas de chuva jogavam terra nas barracas, sujando-as. A trilha seguiu pela margem direita verdadeira do estero.

    Passarela sobre o estero Uribe.

    Bosque bonito.

    Avistei pegadas de felino. Seguiam pela trilha onde andávamos, por centenas de metros. Pelo tamanho possivelmente eram de um gato montés ou de puma não adulto.

    A descida, rumo a guarderia CONAF, foi tranqüila. Um bosque bonito. Depois baixamos numa planície onde pastavam cavalos e ali ficava a guarderia. Ela estava vazia. Chegamos a ponte sobre o caudaloso rio Lloco onde fizemos uma parada rápida.

    Pegamos a estrada de rípio rumo Sul torcendo para conseguir uma carona. Mas todos os carros só vinham no sentido contrário. Quando paramos para um lanche a beira da estrada um professor aposentado chileno parou o carro para puxar conversa conosco, uma simpatia. Mas também viajava em sentido contrário.

    Jornada cansativa, subida quase constante. Fazia calor porque seguíamos numa estreita faixa emparedada entre o escorial de Lonquimay e montanhas a nossa esquerda, formando um corredor sem vento.

    Como destaque, a bonita laguna Escorial. O mar de lava que desceu na ultima erupção destruiu 200 hectares de bosque e alterou o curso do rio que antes corria no meio do vale, empurrando-o para Leste. Formou também a laguna Escorial, de cor verde. A água transparente permite ver o fundo coberto por algas verdes. Parte de um bosque foi inundado pela laguna. Troncos de árvores afogadas emergem do lago. Seus galhos secos e mortos parecem pedir socorro.

    Chegamos ao local de acampamento por volta de 17 horas. Pequeno vale lateral de onde descia um córrego. Este córrego desaparece debaixo do campo de lava que bloqueia o vale. A água sempre encontra o seu caminho.

    Finalmente colocamos as coisas para secar e montamos as barracas. Dormimos como nos demais dias, ao escurecer, por volta de 8:30 da noite.

    Foi a noite mais fria até o momento, chegando a 7ºC.

    16/02/2017 - Jueves. Vento e chuva. Solo marciano.

    Acordamos cedo, 6 da manhã, no escuro. A idéia era fugir do sol na subida que restava para contornar o Lonquimay. Queríamos visitar a cratera Navidad. A ultima erupção do Lonquimay ocorreu no Natal de 1988, através desta cratera, daí o nome. Subida gostosa, com um vento frio. A vista para o escorial do Lonquimay era cada vez mais espetacular.

    A estrada sinuosa subiu até um mirante. No caminho fomos abordados por guarda-parques em um carro da CONAF. Perguntaram de onde viemos. Fundo Llolco, respondeu Ramon. Ele puxou conversa, perguntando porque todos os carros vinham em sentido contrário ao nosso, desviando o assunto. Disseram que ontem um professor veio no sentido do Lonquimay (aquele que conversou conosco). Provavelmente já estávamos acampados quando ele passou de volta. O outro ranger insistiu no inquérito e perguntou se vimos balizas lilás (a marcação da trilha no trecho laguna Verde – Portaria CONAF no rio Llolco). Dissemos que não. Não queríamos complicação tão perto do final da trilha. Ofereceram carona acaso estivéssemos ainda na estrada quando eles retornassem da guarderia do rio Llolco.

    Seguimos até o mirador para fotos e um lanche. Depois descemos para o sopé da Navidad onde começava a trilha de subida até a cratera. Vários turistas pararam o carro no paso Llolco e desciam para visitar a cratera. Famílias inteiras, apenas de camiseta e bermuda e a gente com frio. Um vento forte, com rajadas, acompanhou a subida íngreme até a cratera. Tiramos fotos daquele local icônico para vulcanólogos, que acompanharam e estudaram exaustivamente a erupção de 1988.

    Paula olhando a cratera do Navidad.

    Descemos e rumamos para o paso Llolco. O vento forte fazia nuvens de areia vulcânica passarem rapidamente por nós e criava redemoinhos. O sol tímido projetava nas encostas nuas as sombras das nuvens que seguiam a grande velocidade. Este foi um dos momentos mais bonitos da trilha. Amigos que viram as fotos disseram que parecíamos astronautas andando num planeta árido, em Marte. Engraçado que foi justamente esta imagem que me passou pela cabeça enquanto caminhava ali. Disse a Ramon que um time-lapse naquele local seria lindíssimo. Porém não havia tempo. Ainda tínhamos que descer e percorrer uma boa distância até a estação de ski e até um local de acampamento, que não sabíamos onde seria.

    Solo marciano (foto de Paula Yamamura).

    Na descida fomos açoitados por ventos fortes e nuvens de areia. Descartamos subir o Lonquimay naquele dia pelo avançado da hora e devido a ventania.

    Ao passarmos pelo Hotel e SPA Coralco resolvi perguntar se o restaurante era aberto ao público. Sim, mas só tinha sanduíches naquela hora. Devoramos os sandubas e tomamos umas cervejas, primeiras após dias. Eu só desejava que o garçom não chegasse muito perto e percebesse o cheiro que saia da minha roupa após dois dias sem lavagem. Pela janela vimos uma grossa chuva desabar. Aproveitamos o WiFi para trocarmos notícias com nossos queridos.

    Quando saímos do hotel, as 18 horas, ainda chovia. A portaria da CONAF estava fechada quando passamos por ela. Queríamos saber se havia algum camping autorizado na região.

    Continuamos a descida debaixo de chuva. A maioria das cabañas de aluguel estava fechada porque o verão é baixíssima estação num local de ski. A única que encontramos aberta estava lotada. Não estávamos a fim de acampar debaixo de chuva.

    Tivemos de descer a pé a estrada que vai do centro de ski até a rodovia que liga Malalcahuello a Lonquimay. Chegando na rodovia dobramos à direita em direção a Malacahuello. Ramon ainda tentou escolher dois lugares a beira da estrada para acamparmos. Mas o terreno era irregular e o rio estava mais abaixo com um matagal difícil interposto entre nós.

    Prosseguimos cansados. A chuva não dava tréguas. Minhas pernas e pés já estavam molhados. A calça impermeável entregou os pontos depois de sete anos de uso (estava deslaminando o forro interior). E a água escorria para a meia.

    Uma pickup passou por nós e deu meia volta. O senhor parou e gentilmente nos ofereceu carona para Malalcahuello. Era Tio Pepe, figura conhecidíssima na região. Professor aposentado, ele vivia percorrendo a Patagônia. Tinha acabado de voltar de Coyhaique, em Aysén, onde pegara 20 dias de chuva.

    Nos estivemos lá ano passado e imaginamos o que seriam 20 dias de chuva sem trégua. Tivemos muita sorte. E agora reclamávamos de apenas uma tarde com chuva.

    Ele me disse que já havia passado antes por nós e que vira um senhor como ele, de barbas brancas com uma mochila (eu), e decidira voltar para dar uma carona. Cabelos e barbas brancos tem algumas vantagens.

    Teríamos ainda 7 a 8 km de caminhada para alcançar a pequena vila se não fosse a carona. Lá chegando Pepe ainda foi de cabaña a cabaña ver se tinha lugar, procurando do mais barato para o mais caro. Até que achamos lugar no Hostal Nahuelcura, simples, mas com banho privativo e o principal, ducha quente!

    Nos despedimos. O Tio Pepe simboliza o que há de melhor entre o povo chileno do interior. Simpatia, gentileza e hospitalidade. Somos muito gratos a ele. Sem sua ajuda chegaríamos a Malalcahuello, mas beeeem cansados e molhados até a alma.

    Antes mesmo de preenchermos a ficha de registro do hotel tomamos um delicioso banho quente.

    Fomos comer sanduíches num local com WiFi e aproveitamos o dia seguinte (nublado e parcialmente chuvoso) para lavar e secar as coisas, antes de iniciar a segunda etapa da viagem, a travessia da Serra Nevada.

    Encontrei uma baiana (de Stela Maris, em Salvador) que agora vive lá. E conhecia a brasileira de Campinas que tem um hotel em Pucón, onde fiquei hospedado em 2010. Disse-me que um número crescente de brasileiros tem se mudado para a Patagônia após se apaixonar pela região.

    DICAS

    Câmbio no aeroporto R$ 1 = 201 Pesos chilenos (fevereiro 2017). Leve Reais para fazer o câmbio, é melhor que levar dólares ou euros. Mas confira antes nos sites.

    Há um ônibus que leva do aeroporto ao Terminal da Turbus na Estación Alameda. E para justo ao lado de onde sai o ônibus para Lonquimay. Há uma estação de Metro no Terminal (Universidad de Santiago).

    Para ir para Malalcahuello há um ônibus diário para Lonquimay (32 km adiante de Malalcahuello) as 22:10. Verifique antes o horário no site da Turbus. Quanto mais cedo comprar a passagem mais barato. De última hora pagamos 33.000 pesos chilenos.

    Malalcahuello é uma pequena vila a 1000 metros de altitude, no lindo e encantador vale do rio Cautín. Tem pequenas mercearias onde é possível comprar os mantimentos de trilha. Entretanto não vimos gás para fogareiro. Compre em Santiago.

    Ficamos no Hotel Nahuelcura, bem simples, quartos com banheiro privativo. Sem Wifi e sem café da manhã. Solteiro 15.000 pesos, casal 25.000 pesos.

    Entre no site da Reserva Natural Malalcahuello – Las Nalcas, CONAF, para ver se há proibição de pernoite. Duas semanas antes entrei no site e não vi nada. A proibição deve ter ocorrido neste intervalo.

    No segundo dia de travessia leve bastante água se estiver seco. Tres litros é o mínimo.

    Não conte muito com carona na estrada de rípio no lado Leste do vulcão Lonquimay.

    Levei comida liofilizada do Brasil. A agricultura chilena na alfândega é rigorosa. Apenas comida industrializada pode entrar. Ramon já teve carne desidratada, feita por ele, apreendida pela agricultura.

    O Mountain Weather Forecast é muito bom. Previsões precisas, que ajudam no seu planejamento da trilha. O dia de descanso, por exemplo, pode coincidir com um dia chuvoso.

    O mapa topográfico “Malalcahuello” da Andes Profundo, é excelente. 1/50.000, abarca todo o circuito do Lonquimay. Através dele descobri depois que podíamos ter descido do paso Llolco por um sendero alternativo, evitando a estrada até o centro de ski, onde seria possível acampar. A trilha seguia pelo rio Cautín, quase desde a nascente.

    Possivelmente edito este relato para incluir as fotos de Ramon, com câmera profissional. As minhas foram tiradas de um iPhone.

    Peter Tofte
    Peter Tofte

    Publicado em 02/03/2017 08:39

    Realizada de 12/02/2017 até 16/02/2017

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    2 Comentários
    Ernani 07/03/2017 23:19

    Mais um relato fantástico! Parabéns Peter!

    Peter Tofte 08/03/2017 06:40

    Valeu Ernani! Temos que fazer um destes juntos.

    Peter Tofte

    Peter Tofte

    Salvador, Bahia

    Rox
    3833

    Carioca, baiano de criação, gosto de atividades ao ar livre, montanhismo e mergulho. A Chapada Diamantina, a Patagônia e o mar da Bahia são os meus destinos mais frequentes.

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    Mínimo Impacto
    Manifesto
    Rox

    Fabio Fliess, Renan Cavichi e mais 442 pessoas apoiam o manifesto.