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Peter Tofte 16/04/2023 13:33
    Travessia Jacobina-Itaitu via Topo do Mundo

    Travessia Jacobina-Itaitu via Topo do Mundo

    Trilha de 2 dias pelas serras de Jacobina.

    Trekking Montanhismo

    Esta travessia estava algum tempo no meu radar, desde que conheci as serras de Jacobina em dezembro passado. Surgiu uma oportunidade na Páscoa e convidei amigos, meu filho e minha namorada para esta empresa.

    Saímos de Salvador as 4 da manhã da Sexta-Feira Santa. No carro, eu, Lucia (minha namorada), Theo (meu filho), Cris Macedo e Fábio Dal Gallo.

    Devido ao horário não pegamos engarrafamento até Feira de Santana, onde encontramos Samuel, Fabio Benevides e Diego.

    Rumamos então para Itaitu, no município de Jacobina, com rápida parada para um cafezinho em Capim Grosso.

    Em Itaitu fomos para a belo sítio de Marinalva, amiga de Lúcia, que aprontou uma bela mesa para nosso café da manhã.

    Fomos depois visitar cachoeiras numa área particular, numa garganta estreita envolvida por floresta. Uma sucessão de cachoeiras com alturas entre 5 e 7 metros. Marinalva, nossa guia, mostrou numa bifurcação o local do qual sairíamos da trilha da travessia Jacobina-Itaitu dali a dois dias.

    Cachoeirinha dos Amores, a primeira de uma sequência.

    Outra das cachoeiras. Mais acima, no vale estreito, teriam mais cinco.

    Eu e meu filho e eu e Lucia no caminho para as cachoeiras.

    Samuel e Fábio Benevides não puderam lançar os drones porque a mata não dava espaço para eles decolarem com segurança.

    Ao voltarmos a casa, o Jucivaldo, marido de Marinalva, já nos esperava com cervejas e churrasco.

    Após o almoço armamos as tendas no jardim e fomos visitar a cachoeira do Piancó. Samuel e Fabio Benevides fizeram um sobrevoo da cachoeira, cada qual com seu drone. Engraçado foi ver o gado se juntar atrás de nós para espiar o voo dos drones. Até que Samuel colocou o drone na altura da cabeça deles e voou na direção dos bois. Foi uma debandada geral. Saíram num carreiro só. Descobrimos que um drone pode fazer o papel de um vaqueiro tangendo o gado.

    Tomamos banho na cachoeira Piancó quase ao escurecer. Tivemos que voltar usando as luzes das headlamps.

    Filhão diante de uma das quedas da Piancó.

    Saímos para jantar na pequena vila de Itaitu. Tudo fechado! Sexta Feira Santa nada abre! Pouca gente nas ruas. Vai comparar isto com outros pontos turísticos da Chapada! Resultado: voltamos para casa e Marinalva/Jucivaldo fizeram uns hamburgueres e mini pizzas para a galera. O pessoal ficou de queixo caído com a hospitalidade e gentileza do casal que nunca haviam visto antes (os anfitriões só conheciam a Lucia e a mim). É a hospitalidade do sertão da Bahia.

    Dia seguinte saímos quase 9 horas na Pajero 4X4 do Samuel. Coubemos os 8 + mochilas dentro do carro. Nosso destino seria o Morro do Cruzeiro em Jacobina, início da trilha.

    Decidimos subir por uma estrada de ladeira íngreme para ganharmos tempo já que saímos atrasados, ao invés de subir uma extensa escadaria. No Cruzeiro, o Benevides lançou seu drone para umas filmagens aéreas da cidade.

    Um pouco acima do Cruzeiro e da capelinha. Jacobina ao fundo. Foto de Cris Macedo.

    Embarcamos no carro outra vez e subimos mais um pouco até a antena da Embratel onde saltamos todos e pegamos as mochilas. Lucia se despediu de nós e desceu com o carro.

    Pose clássica antes de qualquer trilha! Esquerda para a direita: Theo, eu, Diego, Fabio Ligeirinho Dal Gallo, Cris Cheetara Macedo, Fabio Benevides e Samuel. Foto da Lúcia.

    Iniciamos o trekking já com um bom ganho em altura. Mas havia ainda uma boa subida até o “Topo do Mundo” ponto mais alto da serra naquele trecho.

    Ao chegarmos neste topo, notamos que um veículo 4X4 consegue chegar ali. Lançamos a ideia de um dia voltarmos com o carro e armarmos as barracas para passar a noite lá em cima, com um cooler de cerveja e uma churrasqueira. Vista ampla e desimpedida.

    Logo depois do Topo do Mundo um descidão, ainda pela estrada, mas agora muito mal conservada. Em seguida uma subida cansativa e interminável por uma encosta entrando num vale. A chuva levou parte da estrada sendo muito difícil mesmo carro tracionado passar. Apenas motos conseguem.

    Subida interminável. Cris e Fábio Dal Gallo ao fundo. A tira azul é uma marcação para corrida de aventura ou de motocross.

    Babaçu. Esta palmácea é abundante na região mas não existe na Chapada Diamantina.

    No topo, uma floresta estacional semidecidual muito bonita. Estávamos a 1.000 metros de altitude. Paramos as 13 horas para fazer o lanche-almoço. Era constante o canto das arapongas. Só as ouvíamos e nunca avistavamos a ave, de um branco vistoso. São muito arredias. Acho que é por isto que na gíria espião é chamado de araponga. Sabemos que existe, mas nunca vemos.

    Cris e Fábio Benevides andando na floresta estacional.

    Prosseguimos por uma estrada dentro de um vale, onde apenas havia a marca do pneu de uma moto. Um pequeno casebre com um curral, ambos vazios, num pasto, foi a única habitação que avistamos.

    Bom trecho de estrada dentro de uma mata com um riacho a nossa direita. Dava para acampar no leito da estrada porque ali havia tráfego muito pequeno. Chutaria que apenas uma moto passa ali por semana.

    Ao deixarmos a mata andamos numa crista ascendente com bela vista. Ali a vegetação era baixa, de campo rupestre. No topo saímos da estrada e entramos finalmente numa trilha que descia por uma encosta voltada para o lado leste da serra. Dali em diante nada mais de estrada.

    Entramos noutro valezinho com mata, bem fechada, preservada. Mas a trilha dava para seguir com facilidade.

    Muitos cogumelos de tipos e tamanhos bem diferentes mostravam que a mata estava úmida. Foto de Cris.

    Um dos cogumelos tinha cor azul e chamou a atenção da galera.

    Num ponto paramos para pegar água no riacho. Um bicho-pau aproveitou para inspecionar uma mochila. Foto de Cris.

    Num trecho, logo antes de subir para outra crista, um local que dava para armar tendas no meio da mata, não longe da água. Mas uma caveira e ossada de jumento dava um ar lúgubre ao lugar. E o animal poderia ter morrido de morte matada pois existem suçuaranas na região (onças adoram jumentos).

    Percorremos um bom trecho numa encosta com vegetação rupestre. Ela era voltada para leste e avistamos os cânions de rios que desciam a serra daquele lado. Muita mata, a floresta entremeada com árvores floridas de roxo, as quaresmeiras. Muito belas as vistas.

    Notar pela sombra que o sol já estava baixo.

    Nesta encosta registrei a maior altitude no meu relógio/GPS: 1.075 metros.

    Pensamos em soltar os drones ali, mas pelo tardar da hora seguimos em frente.

    Ao descer da encosta chegamos numa casinha abandonada com um bom gramado. Seria ótimo local para acampar se houvesse água. Paramos para descansar. Foto de Cris.

    Prosseguimos após alguns minutos, em um sobe e desce constante, passando por uma sucessão de pequenos morros.

    Numa subida o Fabio Dal Gallo assumiu a dianteira e seguiu pelo tracklog do Wikiloc que ele possuía. Não era o mesmo que o meu e, não sabíamos naquele momento, que havia uma pequena variante em relação ao que eu seguia (no Wikiloc encontramos a mesma trilha em tracklogs feitos por pessoas distintas).

    Resultado, fomos pela crista numa trilha bem suja (provavelmente agora abandonada) ao invés de seguirmos pela encosta. Eu percebi isto no meu celular porque assinalava que estávamos bem a direita da minha trilha. Seguimos porque provavelmente ambas convergiriam. Apenas bem mais adiante a trilha do Fabio se encontrou com aquela que eu tinha. Nada demais, a não ser pelo fato de que provavelmente o único local de acampamento e minadouro de água ficava justamente neste trecho que desviamos.

    Ao encontramos a junção da trilha decidimos continuar a baixada para o vale devido ao adiantado da hora.

    O descenso com a vista para os paredões e cânions é linda. Mas a escuridão nos pegou no meio da descida. Com headlamps na cabeça continuamos. Alguns escorregões, devido as pedras soltas nas ladeiras.

    Chegamos na mata e o terreno deixou de ser íngreme e empedrado. Mas havia alguma descida ainda, agora com lama. Os escorregões agora enlameavam o fundilho das calças.

    Chegamos num trecho plano antes de um córrego a apenas meia hora – 45 minutos do nosso destino, a casa de Marinalva (a casa ficava coincidentemente no final da trilha).

    Decidimos acampar ali. Não só pelo cansaço, mas também pela vergonha de abusarmos mais uma noite da hospitalidade deles. Ela iria correr para a cozinha outra vez para fazer o jantar para 8 pessoas.

    Armamos a tenda, tomamos banho no córrego e fizemos a janta. Estava exausto, mas bem orgulhoso do Theo. Primeira trilha do meu filho e ele se deu bem, apesar de pesada. Antes disto ele só fazia hiking (bate e volta).

    Conversa agradável em volta dos fogareiros. Fabio trouxe um whisky que compartilhamos após a janta. Descobri que combinava maravilhosamente com pipoca doce kkkkkk. Deixei de lado, intocada, minha pobre cachaça.

    Depois de um banho frio no córrego eu fui para a tenda. Desmaiei de sono. Eu e meu filho compartilhávamos uma tenda Lanshan 2.

    Dia seguinte as 6 horas já tinha gente acordada. Queria até dormir mais. Mas acampamento é assim, devemos fazer as coisas juntos porque se não atrasa o grupo como um todo.

    Acampamento ao amanhecer. foto de Cris.

    Partimos e quarenta minutos depois chegamos na casa de Marinalva. A tempo se sermos servidos num churrasco pelo aniversário da irmã de Marinalva e do cunhado. É mole??

    O Samuel carregou uma maleta estanque com o drone e não o utilizou uma única vez na trilha. Levou o drone apenas para passear!

    Depois que saímos do Morro do Cruzeiro não avistamos viva alma durante todo o trajeto. Isto num feriado.

    Ainda quero repetir esta trilha, com a vantagem de agora conhece-la, o que facilita muito a jornada. Dá para fazer em um dia, se partir bem cedo de Jacobina.

    Nosso agradecimento a Marinalva e Jucivaldo, casal gentilíssimo, bonito e agradável. Um exemplo da hospitalidade do povo do sertão baiano.

    Jucivaldo e Marinalva, nossos anfitriões.


    Peter Tofte
    Peter Tofte

    Publicado em 16/04/2023 13:33

    Realizada de 08/04/2023 até 09/04/2023

    Visualizações

    1154

    10 Comentários
    Marinalva Reis 16/04/2023 15:27

    Lindo relato, para nós foi muito gracioso poder compartilhar dessa aventura, amamos conhecer todos vocês.ops que essa seja a primeira de muitas. Abraços!!!!

    1
    Jose Antonio Seng 16/04/2023 20:13

    Sempre os melhores relatos !

    1
    Jose Antonio Seng 16/04/2023 20:13

    A propósito, abandonou o tarpe ?

    Peter Tofte 17/04/2023 10:38

    Não Seng. Mas a Lanshan 1 ou 2 são tão práticas que tenho usado direto.

    1
    Peter Tofte 17/04/2023 10:39

    E com meu filho prefiro usar a tenda (Lanshan).

    1
    Diana Sanches 20/04/2023 15:52

    Muito massa, Peter… valeu pelo teu relato e imagens!! Estou me programando pra fazê-la tb! 🍃

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    Peter Tofte 24/04/2023 12:40

    Morando em Salvador fica fácil para vc.

    1
    George Macário 22/04/2023 12:51

    Muito top

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    Talii Nasi Safaris LTD 03/05/2023 23:10

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    VALTEMIR MATOS PAMPONET 08/06/2024 22:22

    Boa noite. Me chamo Valtemir e gostei muito da empreitada aí desta travessia. Se permitir eu gostaria de realizar esta travessia. Querendo podemos marcar.

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    Peter Tofte

    Peter Tofte

    Salvador, Bahia

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    Carioca, baiano de criação, gosto de atividades ao ar livre, montanhismo e mergulho. A Chapada Diamantina, a Patagônia e o mar da Bahia são os meus destinos mais frequentes.

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