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Peter Tofte 03/05/2016 10:06
    Ushuaia - Trekkings e Perrengues no Fim do Mundo

    Ushuaia - Trekkings e Perrengues no Fim do Mundo

    Trekking solo de 5 dias realizado em 2011 na região de Ushuaia, Patagônia Argentina.

    Trekking Montanhismo

    Em fevereiro/março de 2011 fui para Ushuaia (pronuncia-se Ussuaia e não Uxuaia) fazer umas trilhas sugeridas pelo Lonely Planet – LP (Trekking in the Patagonian Andes). A intenção original era ir com o Edver Carraro, amigo e companheiro de trekkings, para a Isla Navarino, sul de Ushuaia, fazer os Dientes de Navarino. Infelizmente o Edver não pode ir por questões de trabalho e deixamos para fazer Dientes no próximo ano. Optei então pelas trilhas de Ushuaia.

    Aproveitei e fiz 3 trilhas: Laguna Esmeralda (1 dia), Circuito Sierra de Valdivieso (4 dias) e Paso de las Ovejas (3 dias). Muito bonitas. No caso deste relato, na Sierra Valdivieso, terreno variável e pesado, com boa parte do tempo sem uma trilha definida, exigindo paciência e algum vara mato, além de alguma navegação. Apenas vi gente no 1º e no último dia, de volta a estrada.

    Tive alguns contratempos, mas são os perrengues que fazem a trilha inesquecível!

    DESCENDO EM USHUAIA – 20/03/2011

    Tive muita sorte, pois cheguei em USH num dia de sol lindo, sem nuvens. Assim, da janela do avião, lado direito, pode observar parte do roteiro que iria seguir no Circuito Sierra de Valdivieso. Tenho o hábito de sempre estudar no mapa e no Google Earth o trajeto, antes da viagem. Foi fácil identificar da janela as referências geográficas. O avião passou praticamente por cima do Passo Bebán.

    Vi o Lago Fagnano com as baias Torito e de los Renos em sua margem sul. Eu caminharia pelos vales acima destas baías. O lago Fagnano é uma alternativa de rota em caso de emergência ou mau tempo (plano B).

    Depois avistei a laguna Azul e a menor, um pouco mais em cima, a laguna Superior. O Passo Mariposa fica acima (passaria por lá). No vale seguinte fica o Passo Valdivieso ou Passo das Cinco Lagunas.

    Laguna Azul na posição 10 horas em relação a turbina do avião.


    Antes de passar sobre Ushuaia a vista do Valle Carbajal. Em vermelho os campos de turfa. Teria que percorrer este vale no último dia de trekking, após descer do Passo Valdivieso.


    O avião sobrevoa Ushuaia e vai perdendo altura sobre o canal de Beagle, antes de dar meia-volta para o pouso. Assim pude ver a Isla Navarino, uma parte de Port Williams e os afiados Dientes de Navarino.

    1º DIA - LAGUNA ESMERALDA – 21/02/2011

    Parti apenas 16 horas na van, do ponto perto da praça de artesanato de Ushuaia. Era tarde, mas só recebi minha mochila meia hora antes (todos os passageiros do meu vôo chegaram em USH, vindo de BsAs, sem as malas. As malas só chegaram no dia seguinte). Porém o sol só se põe às 21 horas e o trajeto para a laguna, por trilha bem marcada, leva apenas 1,5 para 2 horas. A van custou 30 pesos, bem mais barato que táxi (ida e volta, na tabela das vans, são 50 pesos - dados de 2011). Taxi 70 a 90 pesos só ida, segundo um taxista.

    O motorista, cara legal, deixou a gente num começo de trilha alternativo, onde não se precisa pagar 10 pesos de entrada. Na mesma van iam Pablo e Diogo, uruguaios.

    Senti uma pequena dor no joelho direito no início da caminhada. Enferrujado!

    A senda é bem marcada, com spray vermelho em troncos de árvores e, numa bifurcação, pegando a trilha oficial, passa a ter placas de metal nas árvores. No caminho vi as primeiras represas de castores. Ao Norte se avistava o circo da laguna Esmeralda rodeado de montanhas, com o Dente de Cavalo bem visível, sobressaindo do cordão de montanhas.


    Depois de uma bonita mata de lengas se chega num platô onde tive o primeiro contato com a turfa (que eles chama de turbal). Creio que é um campo de musgo com pelo menos 30 a 50 cm de espessura. O musgo é coberto pela neve no inverno, mas não morre. Quando chega a primavera renasce e cresce mais um pouco formando aqueles colchões de cor avermelhada. Bonito de se ver e cansativo de andar. Parece que pisamos numa esponja. Pisa, afunda. Quando tira o pé ela volta para o lugar. Normalmente de cor vermelha, formando um campo avermelhado possível de se ver do avião ou mesmo nas fotos do Google Earth.

    A barriga é reserva calórica de emergência! Normalmente desaparece depois de alguns dias de trekking, kkkk.

    Mais uma pequena subida, sempre tendo a esquerda o desaguadouro da laguna Esmeralda (rio de mesmo nome) chegamos na bela laguna.

    Conversei mais um pouco com Diogo e Pablo e depois me despedi, pois era cerca de 18 horas e tinha de ir para a margem NE da laguna, ponto indicado para acampar. Ainda teria de montar a barraca e fazer a janta. Segui a margem da laguna pelo lado direito e cheguei no local onde armei minha tenda, no meio de uma mata de lengas.



    Comi a beira da laguna e apareceu um castor, possivelmente jovem. Nadava de um lado para a outro, paralelo à praia, me observando. Ou são animais curiosos ou os turistas atiram comida para eles (péssima prática), daí eles ficarem próximos. Saquei fotos. Mais tarde peguei um belo por do sol. A laguna Esmeralda nesta ocasião deveria se chamar laguna Rubi.


    Tomei um Ibuprofeno para aliviar a leve dor que sentia no joelho.

    Noite tranqüila, não senti frio dentro da barraca (10° C não é frio para o verão de lá). Por volta de 4:30 da madrugada ouvi um tooííííímm e a barraca tremeu. Acordei sabendo exatamente o que ocorreu. Algo tropeçou num dos cordoletes da barraca. A Ligthwave t0 trek tem 4 cordoletes para ancorá-la melhor em ventos fortes. Sempre os uso aqui na Patagônia. Gritei “Que pasa!” (se fosse bicho homem) e “xôoo” (se bicho de 4 patas). Coloquei a lanterna de cabeça e abri a tenda. Olhei em volta, mas não vi mais o que teria batido no cordolete tensionado.

    Fiquei imaginando o que seria: um castor curioso? Um guanaco? Uma raposa? Puma não era (não existem mais, ao menos nas proximidades de USH). Mais provável ser uma raposa já que castores e guanacos não têm, que eu saiba, hábitos noturnos. Dias depois, no último acampamento da viagem, eu descobriria.

    2º DIA– 22/02/2011- CIRCUITO SIERRA DE VALDIVIESO – REFÚGIO BONETE

    O dia amanheceu nublado. Não pude ver o topo das montanhas que formavam o circo da laguna. Parti apenas 10 horas para voltar a Ruta Nacional 3 e dali para o ponto onde deveria sair da estrada e pegar a trilha para o refúgio Bonete, primeiro pernoite sugerido pelo LP. Sabia que deveria haver uma trilha ligando diretamente os dois pontos para encurtar a distância (imagine um quadrado: indo pela Ruta Nacional 3 teria de percorrer 3 lados do quadrado ao invés de apenas 1. Mas não descobri a trilha. A dor no joelho direito que senti no início da caminhada do dia anterior desapareceu.

    Encontrei um grande grupo subindo para a laguna, com dois guias. Parecia um grupo japonês tal a quantidade de nipônicos. Só percebi que eram nisseis e sanseis brasileiros quando vi alguns com a mochila da Venturas e Aventuras. Os japoneses e seus descendentes têm uma atração especial por montanhas.

    Perguntei ao guia se tinha um caminho direto e onde começava. Ele disse-me que ficava perto da laguna, que já estava meia hora para trás, morro acima. Desisti de voltar para pegar uma trilha ruim. O guia disse que era “demasiado camiño” pela Ruta 3. Porém minha intuição dizia que com o joelho sob suspeita não era uma boa. Fora isto, como bom baiano, não queria voltar de novo subindo ladeira.

    Cheguei na Ruta 3 sem dificuldade e percorri aproximadamente 3-4 Km pelo acostamento. Vi uma raposa adiante fazendo zig-zag na rodovia, procurando por algo no asfalto, enquanto não passavam carros. Viu algo, abocanhou e subiu correndo o barranco ao lado da carretera antes que um carro surgisse na curva. As raposas são espertas: sabem que sempre tem um animal atropelado e morto de noite nas estradas. Café da manhã garantido.

    Pouco mais de meia hora cheguei no ponto que estava no GPS (km 3.041). Desci por uma estrada 4X4 e depois de 10 minutos cheguei no Rio Esmeralda (o mesmo da Laguna) e cruzei-o nos troncos. Havia uma ponte agora destruída. Do outro lado a estrada (mais parecia uma trilha) seguia. Após meia hora uma bifurcação. O guia do LP não dizia nada sobre esta bifurcação. Para a direita subia e parecia mais batido. Se fosse direto, ela descia. Achei que era à direita (ambas seguiam mais ou menos na mesma direção) e após 15 minutos sem encontrar um mallín (brejo - segundo o LP eu encontraria um brejo) com turfa, caiu a ficha: brejo fica morro abaixo e não morro acima. Voltei e peguei agora o caminho direto e após alguns minutos a mata dava lugar ao mallín.

    E que brejo. A trilha foi embora. Cruzeio-o no sentido indicado no guia, mas aonde recomeçava a trilha, na floresta de lenga do outro lado? O mallín era extenso. O circuito Valdivieso tem esta característica: em muitos momentos o terreno é difícil e sem trilha. Um aviso no LP alerta que os trekkers tentando este circuito devem ter bons conhecimentos de navegação.

    Uma alma caridosa amarrou um saco plástico branco num galho de árvore e marcou o ponto onde a trilha recomeçava.

    Uma senda lamacenta seguia morro acima. Havia marca de pneus de um veículo, um pequeno trator agrícola. Nem mesmo um Land Rover subia ali, nem a pau.

    A trilha fazia curvas a medida que subia, entre floresta e pequenas clareiras. À aproximadamente 1 km (em linha reta, segundo o GPS) estava o refúgio Bonete. Neste momento enfiei o pé na lama até a metade da canela. E adivinhem: sabem aquele efeito de sucção (desentupidor de pia) que a bota faz quando a tiramos do buraco na lama? A parte da sola traseira da minha bota Salomon esquerda se desprendeu do cabedal, parecendo uma língua solta. Soltei um sonoro MERDA! Justo no 1º dia da minha trilha mais difícil em USH!

    A culpa na verdade era minha. Comprei a bota em 2005, creio, e fazia parte de um lote defeituoso (ver tópico botas Salomon) e já tinha soltado a sola uma vez. Mas a Sapataria do Futuro em Salvador/BA tinha feito um bom trabalho de vulcanização e acreditei que agüentava. Só que tudo tem um prazo de validade, não é mesmo? O problema que sempre achei a bota muito confortável e relutei em aposentá-la. Mas uma bota sem sola é problema grave num trekking em área desabitada e montanhosa.

    Desenrolei um pouco de silver tape que sempre levo enrolado no bastão e tentei prender a sola de improviso para ver se chegava até o refúgio e lá pensava melhor no que fazer. Mas a bota molhada e enlameada não deixou a fita colar. Tive que ir até o refúgio com a sola solta, torcendo para que a parte da frente agüentasse, caso contrário a sola se desprenderia totalmente do calçado. Saí duma floresta e caí na bacia de um riacho com uma represa de castores a direita. Segui e me perdi por instantes. Onde recomeçava a trilha? Descobri após alguns minutos. Depois de alguma subida atravessei um pequeno córrego e mais 2 minutos lá estava o refúgio, uma pequena casinha de madeira.


    O refúgio era legal. Decidi ficar nele e não montar a barraca, apesar de não gostar muito de refúgios, pelo risco de hantavirus (pretensão achar que só teria eu lá. E os ratos e camundongos?). Estava cansado e não queria ter o trabalho de montar a barraca.


    Tinha mais ou menos 4 X 5 metros, uma cozinha, uma salamandra (como eles chamam um aquecedor cilíndrico de ambiente a lenha, ligada a uma chaminé) e um pequeno mezanino onde as pessoas subiam por uma escada rústica numa coluna, para dormir.

    Parei para pensar no que faria. Não dava para continuar com aquela bota. Mas regressar era penoso. Poderia até fazê-lo. Em USH compraria rapidamente outro calçado e ainda voltaria no mesmo dia ao refúgio, perto do anoitecer. Mas teria de comprar uma bota as pressas, e usá-la sem amaciar. Poderia me arrepender da compra e seria um transtorno cansativo esta ida-e-volta, fora os calos. Não estava a fim de perder um dia. Lembrei-me que tinha um cordolete extra de nylon nas minhas coisas e resolvi tentar improvisar um “conserto” da bota. Peguei meu lanche e as coisas necessárias para o conserto e fui para o córrego antes do refúgio. Tirei as botas, lanchei (passava das 12 horas) e pensei em como consertar.

    A parte traseira do solado estava solta. A da frente, que tinha se soltado 3-4 anos antes, estava vulcanizada e fizeram uma costura no bico para fixar bem. Achei que a frente agüentaria. Atrás resolvi fazer dois furos paralelos cortando a sola em diagonal, de baixo para cima, saído na traseira da bota. Passei um cordolete, com ajuda do canivete e prendi-o no loop que existe na parte traseira das botas (usamos quando penduramos o calçado). Passei outra cordinha por baixo do calçado no meio da sola prendendo em cima, de cada lado, num dos ilhoses do cardaço. Usei o silver tape para enrolar no cordolete que ficava embaixo do solado, para aumentar a resistência à abrasão. Parecia que funcionaria. Mas a trilha é dura, conhecida por sua variedade de terrenos (rocha na montanha, alagadiços e troncos caídos). Será que agüentaria? Beleza se arrebentasse de vez bem no topo de um passo nas montanhas.


    Para completar o azar: usei um mini-canivete para furar o solado e cortar a cordinha. Como a lamina não tinha trava de segurança, na tentativa de furar a sola, ela voltou de vez e cortou a ponta de meu dedo indicador direito, abaixo da unha, num movimento forte de guilhotina. O sangue arterial vermelho jorrou forte, para meu espanto. Comecei a chupar o dedo achando que ajudaria a coagular e fecharia a bebida, digo, a ferida. Não adiantou. Ia chupar todo meu sangue num auto-vampirismo sem resolver. Voltei rápido para o refúgio e peguei meus primeiros socorros, um spray de anti-séptico e gaze. Pressionei o corte com a gaze. Como demorou parar de sangrar! Tive de manter minha mão suspensa no ar por bom tempo para diminuir o fluxo sanguíneo para as mãos. McGyver frustado!

    Após, peguei panela e o cantil para encher de água no riacho e aproveitei o sol para tomar um banho de panela. Um choque no início, uma delícia no final. Ficamos mais frios que o ar a nossa volta e dá uma sensação de calor quando acabamos o banho.

    O refúgio ficou só para mim. Não vi ninguém depois que saí da Ruta 3. Fiz a refeição na cozinha do abrigo e comi fora, com a belíssima vista de uma tarde ensolarada para o início do vale Bebán e para o cerro Bonete, bela montanha que dava nome ao refúgio. O lugar todo que escolheram para o refúgio era belíssimo, e grátis! Hostal 5 estrelas.

    Numa árvore próxima vi o pão de índio, cogumelos redondos de cor amarela, pálida, que nascem nos galhos das árvores, provocando uma intumescência no galho. São parasitas. Os índios os usavam como alimento.


    Perto do anoitecer catei alguma lenha seca, musgo seco e gravetos. Com ajuda de uma vela consegui acender o fogo na salamandra e fervi água para um chá verde. Fiquei orgulhoso por ter acertado de primeira acender o fogo naquele troço que nunca tinha usado antes. Pouco antes de dormir apaguei o fogo para não ser asfixiado de noite. Em TDP mãe e filha morreram assim, num refúgio, anos atrás.


    Subi para o mezanino e fui dormir torcendo que os ratos não soubessem subir (por isso acho que o dormitório fica no mezanino). Cortei no meio o resto de uma garrafa de PET para ser meu urinol durante a noite. Descer lá de cima, no meio da noite, naquela escada não seria fácil. Noite muito tranqüila.

    3º DIA – 23/03/2011 – PASSOS BEBÁN, VALE DO RIO TORITO

    O dia amanheceu lindo. Depois do ovomaltine e do mingau arrumei a mochila. Como não precisava desarmar a barraca foi rápido recolocar as coisas na mochila. Saí 09:45 horas.

    Parti direção NO para a boca do vale do rio Bebán, seguindo uma trilha muito tênue, com o maior cuidado com a bota esquerda, olhando onde pisava. A bota estava ainda em fase de test drive. Vería se o armengue funcionaria.


    A trilha logo desapareceu. Mas o caminho é intuitivo. Teria de contornar para a esquerda um contraforte rochoso e escarpado do Bonete e subir contornando, ladeando o contraforte. O rio Bebán passava no fundo do vale bem mais abaixo. Volta e meia as marcas de desgaste numa pedra indicavam que pessoas passaram por lá.

    Quando estava ao lado do cerro Bonete, comecei a descer rumo ao fundo do vale. Do alto avistei um tronco de árvore atravessado no rio, que poderia servir para a travessia do Bebán sem tirar as botas. O rio é raso.

    Passei para a margem direita (verdadeira) e rumei para uma floresta de lengas. Ao atravessá-la procure ficar mais próximo ao rio e não da encosta do vale a esquerda. Não há trilha, mas sabemos qual a direção geral a seguir. Rumar para o fundo do vale, dobrando a esquerda para um vale lateral, onde o Bebán encontra-se com outro rio.

    Observei no alto, a direita, a montanha que chamam de Ojos del Albino. No topo, coberta de neve, tem um pedaço que parecem dois olhos.

    Não pude ver o Cerro Bebán, pois o topo das montanhas estava encoberto pelas nuvens. Subi para o vale lateral. Enfiei a bota direita num buraco escondido cheio de lama até quase o joelho. Sorte que foi a bota direita. A lama não fez sujeira maior porque a polaina ajudou muito. Estas polainas são altamente recomendáveis aqui.

    Depois de 30-40 minutos cheguei num bosque de lengas isolado no meio do vale. Várias clareiras eram utilizadas para acampar. O LP sugere que este seja o primeiro pernoite para quem não deseja ficar no refúgio Bonete, a apenas 1,5 – 2 horas do início do trekking. Bonito lugar. Não fosse o problema ontem com as botas teria tentado chegar aqui para pernoitar.

    Segui em frente para o fundo do vale rumo ao passo Bebán. Dia nublado e frio. Não sei se isto ou a visão do Passo Bebán Leste, à frente, me deram um arrepio na coluna. Passo íngreme, mais parecia coisa de escalador. Me sentia cansado só de pensar em subir aquilo com uma mochila de 18 kgs!


    No fundo do vale, antes do passo, o riozinho se espraia numa praia ampla, segue pela esquerda, rumo ao passo. Lá chegando parei para avaliar a subida. Logo abaixo do passo parecia ser mais íngreme e terra solta, ou seja, um suplício. Resolvi consultar minha fotocópia do guia LP e li que o caminho era um corredor de pedras descendo a montanha, mais a esquerda do passe. De fato havia uma pirca naquela direção.

    Bebi água no córrego, comi algo (energia para subir) e botei meu agasalho de Goretex para a subida, devido ao vento. A depender do lugar prefiro usá-lo apenas na descida porque o Goretex não dá conta de todo o suor que evapora numa subida. Mas o dia estava frio. A idéia de usar um agasalho vermelho também me agradava, pois em caso de acidente seria mais fácil me achar.

    A cascata de pedras não era assim inclinada, diria 40 a 45º. É interessante como de longe as coisas parecem mais feias do que realmente são. Subida tranqüila. Pouco antes de chegar ao topo virei a direita me encaminhando para o verdadeiro passo, de acesso fácil.

    A vista para o vale que deixava era muito bonita. Um cordão de montanhas de picos pontiagudos ladeava o vale. Entrei em seguida no circo da Lagunita Bebán, que se estendia a partir dali para o Sul, em direção ao Valle Carbajal. Não precisei baixar para atingir o Passe Bebán Oeste porque uma trilha fraldeava a montanha à direita. Estava acima da linha das árvores.


    Antes de atingir o topo do Bebán Oeste tive de atravessar com cuidado um manchão de neve. Aproveitei para tirar foto com a neve (afinal não vejo isto na Bahia!). No passo uma pedra com spray grafite, um deles dizia “Inglês Puto”. Um argentino muito puto, com o resultado da guerra das Malvinas, escreveu aquilo. Escolheu muito mal o lugar para um protesto.


    Desci para o vale do rio Torito. Descida pedregosa. Acompanhei dois riachos que se encontram mais abaixo onde a vegetação recomeça. Caminho chato na margem direita (verdadeira) do córrego, algumas vezes pulando para a outra margem. O pessoal da região cortou alguns galhos de arbustos para facilitar a passagem.

    Em um ponto surge uma represa de castores num lugar improvável, bem num trecho enladeirado. Achei incrível eles construírem aquilo, parecia uma piscina suspensa na encosta. Continua-se a descer até chegar num platô gramado, entre dois riachos. Parei para descansar e almoçar sanduíches. A direita um pequeno dique de castores com dois grandes castores nadando. À esquerda, outra represa deles lá embaixo, represando água cristal. Dava para ver o fundo. De frente tinha uma ampla vista do vale do Rio Torito, mais abaixo.


    Barriga cheia, segui em frente, uma descida íngreme e uma travessia do rio que estava à esquerda, justo por cima da represa de castores, que fazia o papel de ponte. No barranco do outro lado uma trilha subia e passei a ir pelas encostas ondulantes a margem esquerda do rio Torito, baixando mais devagar. Neste trecho havia uma trilha razoável, pelos padrões da Sierra Valldevieso!

    Quando atingi um ponto onde o vale nivelava, surgiu uma grande área de destruição, onde previamente havia um grande dique de castores. Parecia uma área bombardeada: lama e árvores mortas e derrubadas. Os castores além de roerem troncos e derrubarem árvores alagam extensas áreas com seus diques e as árvores morrem afogadas (não foram feitas para viver dentro d’água).


    Os castores são animais introduzidos pelo homem na Terra do fogo, para comercializar suas peles. Ocorre que descobriram tarde demais que, como lá o inverno não é muito rigoroso, seus pelos não cresciam muito, não tendo valor comercial. Pior, deixaram-nos soltos e sem inimigos naturais. Aumentaram sua população exponencialmente devastando áreas de lindas florestas de lengas. Tornaram-se uma praga. Agora autorizaram a caça destes animais antes que a situação fique pior.

    O mesmo tipo de erro que os australianos cometeram ao introduzir o coelho na Austrália e nós, o teiú em Fernando de Noronha e as cabras na ilha de Trindade.

    Segui por uma crista de uns morretes pelo meio do vale, contornado pela esquerda os diques de pastores, onde fosse necessário, até chegar as 06:35 horas na cascata do Arroyo Azul, lindo local de acampamento para o 2º dia.


    Armei a barraca atrás de umas árvores. Sempre deixo o fundo da tenda tipo túnel para oeste, a jusante de pedras ou árvores, pois dali vem os ventos mais fortes.


    Tomei um banho de panela com a água do Arroyo Azul, sem sabonete. Sempre que possível procuro dormir limpo (ou melhor, um pouco menos sujo). Tive um dia bom. Começou nublado e ventoso, porém pela tarde o sol deu as caras. Sem chuvas.

    A bota deu conta do recado. Jantei e dormi cedo. Desde que saí da Ruta Nacional 3, ontem, não avistei ninguém.

    4º DIA – 24/02/2011 - PASSO MARIPOSA – PASSO VALDIVIESO

    Outra noite bem dormida, tranquila, sem vento ou chuva. Muita sorte.

    Depois de desfeito o acampamento segui meia hora pela mergem esquerda do Torito. Num ponto a trilha começa a se afastar do rio. Uma trilha tenue indicava o caminho. Liguei o GPS para checar o ponto onde começaria a subida para o passo Mariposa. Relatos de outras pessoas diziam que era o trecho de navegação mais difícil.

    Logo antes do rio Torito fazer uma curva virando para o Norte, rumo ao lago Fagnano, ficava o ponto do GPS. Mas cadê a trilha? Um pequeno paredão de pedra dificultava a subida. Como a trilha ia em frente supus que a subida deveria ser mais adiante. Entrei numa floresta de lenga onde vi que costumavam acampar. A trilha desaparecia, mas dentro da floresta era mais descampado e dobrei a esquerda começando a subir por entre as árvores espaçadas. Logo começou a dificuldade com subida íngremes, apenas indícios indicavam que gente passou ali.

    Num ponto surgiu um paredão de pedra. Contorneio-o pela esquerda saindo da mata e entrando nos arbustos. Subi um pouco mais, porém onde eles fechavam entrei novamente na mata e subi por ela até que outra vez fui obrigado a passar para os arbustos e encontrei um córrego descendo. Subi pela sua margem. Em trechos havia um gramado muito rente, tão rente que parecia de um campo de golfe bonito, composto por azorelas (algo que não havia visto antes).

    Cheguei cansado num platô gramado de azorelas. Para trás uma bonita vista do lago Fagnano. Descansei e procurei ao longo do platô indício de trilha. Olhando para baixo reparei que havia um boulder com uma pedra em cima, exatamente a indicação que o guia LP dava para o começo da trilha lá embaixo. Ao lado, de fato, tinha uma trilha subindo. Se ao invés de ter seguido para a mata houvesse lido o roteiro e procurado o boulder, possivelmente gastava metade do tempo que gastei. Dali subi, subi e subi até atingir a laguna Azul, já acima da linha das árvores.


    Não achei o lago bonito. E o lugar era bem exposto aos ventos fortes. Não me sentiria nada tranquilo em montar uma tenda ali. Segui para a margem SO onde um riacho indicava por onde deveria começar a subir para o passo Mariposa. Vi um passo com um manchão de neve e rumei para lá. Pegadas confirmavam o rumo. Beleza, não era tão alto assim.

    Quando cheguei no “passo”descobri que ele não era o Mariposa. Apenas dava acesso a um circo alto, todo empedrado, por onde deveria caminhar para atingir o verdadeiro passo 1,5 km adiante, segundo o GPS! Andei com cautela para não torcer o pé nas pedras nem acabar com o solado “especial” da minha bota.


    Logo antes de chegar ao passe verdadeiro contornei um esporão de pedra. Numa parede pintaram um círculo com spray amarelo indicando que era por ali. No passe, uma pirca grande resistia aos ventos fortes que sopravam. Para trás deixava o vale do rio Torito, as lagunas Azul e Superior. À frente o vale com as lagunas Mariposa e Capulo. Tirei fotos mas não me demorei apesar da vista bonita. O vento era cortante e o tempo parecia que iria mudar.


    Uma descida íngreme que depois atenuava, quebrando para a esquerda rumo a extremidade sudeste da laguna Capulo.

    Parei para comer uns sanduíches num gramado a beira da laguna. Acabei com o jamón crudo que estava na minha mochila fazia 4 dias (antes que ele acabasse comigo!). Num clima frio o jamón conserva bem. No Brasil possivelmente durava só dois dias.

    A laguna Capulo tem lugares abrigados para acampar, podendo servir de pernoite para quem não quer seguir no mesmo dia para o vale Carbajal.

    Descansei um pouco olhando para as montanhas que acabara de descer. Após, segui pelo riacho que alimentava a laguna, subi um trecho sem arbustos. Havia uma faixa de cima a baixo de gramado (azorelas) que faziam a subida perfeita. Melhor só escada rolante. Desde o alto, no passe Mariposa, havia observado qual deveria ser a continuação da laguna Capulo para subir ao passe Valdivieso (também é conhecido por passe Cinco Lagunas, pois o vale tem 5 grandes lagunas e várias menores).

    Chegando no topo vi o vale do outro lado, abaixo, a direita. Não precisava mais descer. Segui por um platô ondulado do lado esquerdo do vale. Duas pequenas lagunas profundas ficam encostadas na encosta da montanha. Na segunda basta seguir o seu desaguadouro para descer para outro plato onde há mais 3 ou 4 lagunas e o passo Valdivieso, marcado por uma pirca. Olhando para o sul, a grande laguna Valdivieso e, além dela, o vale Carbajal e o cordón Vicinguera.


    A trilha aparece seguindo pelo lado esquerdo da laguna. Parei para tirar uma fotos na sua margem e, de repente, um tchibum. Um castor, que não havia notado, estava tomando sol em cima de uma pedra ali pertinho. Ficou incomodado com a minha proximidade.

    A descida para o vale Carbajal é muito chata. O 1º trecho ainda vai. Sem trilha segui por tentativa e erro. O erro é chegar num penhasco e ter de dar meia volta para contorná-lo descendo.

    O segundo, mais abaixo do vale, é um entra e sai cansativo da mata e dos arbustos pela margem esquerda (verdadeira) do riacho que sai da laguna. Sempre fiquei na margem esquerda, mas acho que ali é melhor passar para a outra margem. Parecia ter mais clareiras e gramados. O autor do guia LP sugere isto.

    Cheguei bem cansado no fundo do vale. Para variar, sem trilha em vários trechos. Passei por um lugar bonito no meio da mata de lengas, com um abrigo de pescadores/caçadores, feito por troncos de árvores encostados numa árvore formando uma oca em formato de cone. Os índios Onas utilizavam este estilo de habitação. Enrolavam peles para vedar os espaços entre os troncos. Pensei em parar ali mas ainda era cedo. Dava para continuar mais um pouco.


    A boa trilha no meio da floresta acabava num alagado de uma represa de castores. É engraçado observar as outras pegadas também dando meia volta, o mesmo engano. O negócio é sempre que avistar ao longe, em frente, árvores mortas, correr para a encosta, subindo-a para ver se acha uma trilha. Perder não se perde, porque a direção é uma só, para a boca do vale, na margem esquerda do rio. Os alagadiços são rasos mas intransponíveis tal a quantidade delama e troncos caídos, cruzados.

    Neste 1º desvio tive que passar equilibrando sobre vários troncos caídos num pequeno trecho alagadiço, para não ter de voltar muito. Os bastões de trekking são de grande valia nesta hora. Depois subi um barranco chato. Acabei tendo que fazer um vara mato para voltar para a margem do rio. Desci outro um barranco para voltar ao terreno plano as margens do rio Olivia.

    Na descida do barranco avistei várias pegadas e uma pazinha caída (para cavar buracos de gato) que um trekker perdeu. Era uma pá de jardinagem de plástico da Tramontina. Será que eram brasileiros que passaram por ali? Provavelmente argentinos, porque a Tramontina brasileira vende muita coisa na Argentina (os talheres dos restaurantes muitas vezes eram desta marca). Ganhei uma pazinha.

    Cheguei exausto a margem do rio. Embora não fosse um local bonito decidi ficar ali mesmo. Armei a barraca atentando para ver se não tinha uma árvore podre ou galho morto em cima da tenda. Fiz minha sopa e chá, tomei um banho no rio Olivia e voltei para fazer a janta. Muito práticas as comidas liofilizadas da Liofoods. Rapidamente, sem muito trabalho, temos uma refeição. Algumas são saborosas.

    Antes de escurecer estava dormindo. Possivelmente este é o dia mais longo e puxado do trekking (7 a 8 horas caminhando).

    5º DIA – 25/03/2011 – VALLE CARBAJAL – RUTA NACIONAL 3

    Outra noite tranquila sem chuva ou vento. Coisa rara na Patagônia, ainda mais no paralelo 54º S. Vários dias seguidos de sol.

    Levantei 07 horas e 08:30 parti. Passei por um local lindo para acampar, apenas 5 minutos de onde estava. Logo depois um córrego, o primeiro dos quatro que despencam dos vales a esquerda do Carbajal, alimentando o rio Olivia.

    Quatro vales laterais caem no lado esquerdo do vale Carbajal. Chamam de vales prateleira ou suspensos pois ficam bem acima do nível do vale principal. Os riachos que saem destes vales caem em cachoeira ou cascata. Belo espetáculo.

    Na medida do possível segui pela encosta acima, afastado do rio, para evitar as áreas inundadas pelos castores. Haviam trilhas bem apagadas. Parece que há várias trilhas paralelas (cada um por si). Dificil seguí-las. Desaparecem. Uma vez descobri que a trilha continuava por cima de um tronco caído encoberto por arbustos. Vai adivinhar!

    Começa uma área de turbal (turfa). Campos extensos. Em várias ocasiões o melhor caminho é pelo turbal. Entretanto o turbal do vale Carbajal parece um pouco mais cansativo porque ele afunda mais exigindo mais esforço a cada pisada. Alguns trechos são tão batidos que formam uma trilha: uma canaleta mais baixa em relação ao turbal em volta. Por vezes espantava alguns gansos de cor branca e negra (queuquenes?).

    Em alguns lugares há uma pequena crista com árvores, vestígios de uma morena lateral no meio do vale, entre os campos de turfa. As vezes a trilha seguia por ali. Perto do final do vale a laguna Arco Iris. Nada de excepcional. Alguns patos e gansos pousados na água. Este último trecho é cheio de alagadiços e cansativo.

    Pouco depois o ponto que o Lonely Planet indicava para a travessia do rio. Entretanto arbustos extremamente espinhosos dificultavam chegar na margem do rio Olívia. Eram calafates com suas frutinhas de cor idêntica a da uva.

    Na margem tirei as botas e as calças e fiquei só de calção de banho. A travessia foi fácil, a água chegou apenas no meio da canela. O rio Olívia entretanto enche muito nas chuvas podendo ilhar trekkers por dois ou mais dias. Daí o guia recomendar levar ao menos mais 2 dias de comida.

    Falando em comida, almoçei na outra margem do rio, comendo um excelente salame argentino. Ao vestir a calça descobri que os dois botões dela foram arrancados pelos espinhos do calafate. Além do ziper e do cinto usei um pedaço de cordolete para segurar a calça. Chegar em Ushuaia de cueca não chego não! Nunca mais deixo de colocar um cordolete na minha mochila. Salvou o trekking e minhas calças.

    Pouco distante da margem direita do rio há uma trilha excelente,a melhor de todo o circuito. Segue ondulando pelas encostas. Possivelmente esta trilha segue mais para dentro do vale. Provável que fosse melhor atravessar o rio Olívia bem antes, alcançando esta trilha ótima e poupando o desgaste nos alagadiços do último trecho antes da laguna Arco Iris. Acho que o Lonely Planet apenas não sugeriu a travessia antes do rio para que os trekkers pudessem ver a laguna Arco Iris que, na minha opinião, não vale o esforço.

    Com mais uma hora cheguei a um curral e a turbalera, local onde retiram turba (não sei para que serviria). Cachorros brabos neste local, mas presos. O último portão antes da Ruta Nacional 3 estava trancado e tive de pular a cerca. Na estrada a sede do Círculo de Oficiais da Polícia Provincial de Ushuaia (era anteriormente a Posada del Peregriono). Havia vários carros estacionados no acostamento. Era uma galera treinando bouldering num boulder bem em frente ao círculo, do outro lado da pista. Parei, larguei a mochila, vesti um abrigo e acenei para os ônibus/vans que seguiam sentido Ushuaia. Nenhum parou. Embora fossem apenas cerca de 2 a 3 horas (13 km) andando até a cidade não tava com saco de ir caminhando. Perguntei ao pessoal se as vans não paravam, eles disseram não ter certeza.

    Pouco depois terminaram o treino de bouldering e dois deles, acompanhados de um bonito cão labrador, me ofereceram carona para a cidade. Economizei 30 pesos!

    Cheguei 16 horas em Ushuaia. Entrei na primeira fiambreria que encontrei, comprei um baita sanduíche e água mineral e fui para o meu cafofo, hotel de 150 pesos a diária, no centro da cidade. Quem dorme em barraca não é muito exigente com hotel. De noite iria dar um prejuízo num tenedor libre (churrascaria rodízio).

    Assim terminei dois trekkings seguidos em cinco dias. O primeiro, fácil, laguna Esmeralda, emendado com o segundo, Circuito Valdivieso, difícil. Não diria que a navegação é difícil, mas o terreno e a falta de trilha cria a dificuldade e torna-o cansativo.

    Apesar dos perengues fui presenteado com tempo bom todos os cinco dias! Como isto é raro na Patagônia!

    Depois posto o trekking do Paso de las Ovejas, que fiz após um dia de descanso em Ushuaia.

    Abs, peter

    Peter Tofte
    Peter Tofte

    Publicado em 03/05/2016 10:06

    Realizada de 21/02/2011 até 25/02/2011

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    4 Comentários
    Bruna Fávaro 06/05/2016 11:23

    Peter, excelente relato! Fiquei com água na boca... há tempos venho namorando esses circuitos do Lonely Planet. Vontade que dá é tirar um ano sabático e percorrê-los todos!

    Peter Tofte 06/05/2016 12:51

    Bruna, eu também adoraria tirar um ano e fazer tudo de uma só vez. Porém mais difícil que percorrer estas trilhas é conseguir um ano sabático!

    Alberto 07/06/2016 14:09

    Excelente relato como sempre Peter. Espero q vc continue sempre fazendo a nossa alegria de poder viajar virtualmente com vc. Abracos!

    Peter Tofte 08/06/2016 15:07

    Valeu Alberto! Na próxima viagem para a Patagônia vamos juntos. Aí é vc que vai fazer o relato. Eu e um amigo pretendemos ir no início de 2017 para Dientes de Navarino. Fique a vontade se quiser se juntar a nós.

    Peter Tofte

    Peter Tofte

    Salvador, Bahia

    Rox
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    Carioca, baiano de criação, gosto de atividades ao ar livre, montanhismo e mergulho. A Chapada Diamantina, a Patagônia e o mar da Bahia são os meus destinos mais frequentes.

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