A Travessia Rio do Nunes/Marco 22 foi uma expedição verdadeiramente desafiadora que nos levou a explorar os recantos mais remotos da natureza.

Durante a jornada, eu, Elcio, Fabiano e Israel, cobrimos uma distância impressionante de 22 km, iniciando nossa jornada às 07h da manhã do dia 16/09/2023 e finalizando no dia 17/09/2023 no Marco 22. O tempo total de percurso foi de 22 horas, testando nossos limites em todos os sentidos.

Em resumo: 22 km de caminhada com duração de 22 horas até o Marco 22 na Estrada da Graciosa.

A ideia inicial era apenas fazer um estudo sobre a região, seguindo alguns dos traçado que já conhecíamos de outras expedições e percorrer via rio a maior distância possível. Percorrendo subindo rio acima, logo nos deparamos com uma cascata majestosa, e seguimos sempre próximo daquelas águas límpidas e refrescantes, um bálsamo para nossos corpos e almas enquanto avançávamos.

No entanto, a certa altura, o trajeto não se mostrou a melhor opção. Neste instante, decidimos tentar ganhar terreno por outra rota. Como a vegetação se mostrou promissora, não criando dificuldades na caminhada, decidimos que pelo horário já não compensava voltar para o carro, resolvendo encarar a encosta do Morro Gralha Azul e, de quebra, se possível, realizar um ataque ao Agudo Catita.

Essa região nos proporcionou um desafio quase intransponível, especialmente próximo ao cume do Gralha Azul, onde enfrentamos uma barreira densa de macega que pareciam intermináveis, deixando nosso rendimento quase a zero, quase impossibilitando de avançar terreno acima.

Ao final da tarde, chegamos ao Morro Gralha Azul, cuja subida pela encosta íngreme testou nossa resistência e determinação. O esforço valeu a pena quando fomos presenteados com o final do pôr do sol. As cores quentes e o horizonte vasto nos lembraram por que amamos a natureza selvagem.

A noite caiu, mas nossa jornada estava longe de terminar, assim decidimos que não era viável ir ao Agudo Catita.

A trilha noturna seria desafiadora, onde a escuridão era profunda e impenetrável. Por momentos, conseguíamos vislumbrar o céu estrelado através das copas das árvores, mas quando apagávamos nossas lanternas, a escuridão era total e envolvente. Os sons da floresta à noite aumentavam nosso senso de inquietação, o farfalhar misterioso de folhas sob nossos pés ecoando no silêncio. Às vezes, sentíamos as teias de aranha delicadas e pegajosas cruzando nosso caminho, um lembrete da vida oculta na escuridão da floresta. Enquanto a exaustão começava a se acumular em nossos músculos e pernas, o cheiro da vegetação noturna enchia nossas narinas enquanto continuávamos, incertos do que nos esperava na escuridão impenetrável.

Nossos esforços foram coroados com uma surpresa final: ao chegarmos ao Marco 22, fomos recebidos por um vento gelado que cortava nossos rostos e nos fazia tremer. A intensidade do vento nos surpreendeu, mas também trouxe uma sensação de conquista.

Após uma espera gelada no meio do mato, aguardando o amanhecer, dirigimo-nos ao recanto Eng. Lacerda com o objetivo de encontrar turistas dispostos a nos oferecer uma carona até um local que nos permitisse retornar a Antonina e recuperar o carro que havia ficado lá.

Não demorou muito para que um senhor que estava fornecendo suporte para sua esposa, que descia de bike pela estrada, gentilmente cedesse até Porto de Cima em Morretes. A partir de lá, peguei um táxi com o famoso gaúcho, que outrora praticava montanhismo na região.

Com o carro resgatado e um bom banho gelado no Rio do Nunes, só restava retornar até o restante dos companheiros que aguardavam estirados à sombra no Eng. Lacerda.

Essas 22 horas de exploração e superação nos deixaram com memórias inestimáveis e um profundo respeito pela majestade da natureza e pela força do espírito humano. Foi uma experiência que jamais esqueceremos, marcando-nos para sempre com sua beleza e desafios inesquecíveis.