Saindo de Banff na região das montanhas, na província de Alberta, peguei o vôo de Calgary para Toronto, onde iria apresentar pela primeira vez um artigo em um congresso internacional. Minha apresentação seria em inglês e minha ansiedade estava a mil, precisava de um lugar tranquilo para caminhar.

Toronto é a capital da província de Ontário no Canadá, uma das principais cidades canadenses ao longo da costa noroeste do Lago Ontário. Uma metrópole marcada pela CN Tower e uma série de espaços verdes, desde o Queen's Park até o High Park, com trilhas, instalações esportivas e zoológico.

Pesquisando algumas trilhas perto do hostel onde fiquei instalado eu encontrei a Beltline Trail. A trilha com cerca de 9 km no total é bem frequentada por ciclistas e caminhantes. Beltline Trail consiste em três seções, a York Beltline Trail a oeste de Allen Road, o Kay Gardner Beltline Park de Allen a Mount Pleasant Road, e a Ravine Beltline Trail ao sul do Mount Pleasant Cemetery através do Moore Park Ravine.

Beltline é linha férrea que circunda Toronto, foi inaugurada em 1892 como uma linha de trem suburbano para servir novos bairros ao norte da cidade. A ferrovia consistia em dois loops separados, ambos começando e terminando na Union Station.

Iniciei a trilha no Craigleigh Garden um jardim memorial em um bairro nobre da cidade, segui pela trilha até uma bifurcação onde consultei o mapa percebi que tinha entrado na trilha próximo de sua metade, por isso resolvi explorar os dois lados até o final. Comecei então seguindo pela direita até encontrar um local chamado Don Valley Brick Works Park. A trilha em sua maioria é bastante larga, quase uma estrada, e em muitos trechos cercada pelas árvores Maple Tree cujas folhas que são a marca registrada do Canadá e orgulho do povo canadense.

A história da folha da Maple Tree é antiga e, até onde pesquisei, descobri que começou com os assentamentos da chamada Nova França, no século XVIII em território canadense, ao longo do rio Saint Lawrence. O primeiro prefeito (Jacques Viger) de Montreal, uma outra importante cidade canadense, descreveu a folha como “O rei das nossas florestas... símbolo do povo canadense”. Desde então, a imagem e importância da folha para o país ganhou força. Alexander Muir, em 1867 compôs a música “The Maple Leaf Forever" (A Folha de Maple Para Sempre), que se tornou um hino não oficial do Canadá.

A trilha apesar de todo seu entorno verde é cercada pela grande metrópole e os sons da cidade tiram um pouco do seu encanto e tranquilidade. Pequenos riachos e bosques compoem a sua paisagem.

Depois de caminhar algum tempo comecei a ver algumas placas sobre o Brick Works Park, não sabia o que era esse lugar até o momento, desviando um pouco a direita da trilha cheguei em sua instalação. Uma antiga fábrica de tijolos, explorei um pouco o lago e as trilhas ao seu redor com sua vegetação marcada pelos "pés de salsichas" rsrs.

Não havia ninguém por lá no dia, vi algumas instalações artísticas e cartazes de eventos e percebi que o lugar não era na verdade uma fábrica de tijolos. Fiquei intrigado e pesquisando depois na internet descobri um projeto fantástico de sustentabilidade.

A Evergreen Bricks Works é um projeto sociocultural que promove uma série de atividades como: instalações artisticas, eventos, workshops, oficinas de bike, aulas de Mountain Bike e muitas outras ações. Segundo eles "Um lugar onde o mundo pode experimentar práticas sustentáveis que permitem desenvolver cidades prósperas. Conectar os cidadãos, as empresas, a academia e o governo para desenvolver ações que moldarão nossas cidades para um futuro melhor". Um projeto inspirador em que poderíamos nos espelhar aqui no Brasil.

Foto do Site Oficial por Morgan Yew

Retomando a trilha segui mais um algum tempo até encontrar o final desse trecho, retornei até a bifurcação onde iniciei a trilha e agora segui para a direita. Nessa região encontrei novamente a parte mais frequentada da trilha, com áreas largas e bem cuidadas. O riacho infelizmente estava bem poluído. Em vários trechos era possível ver casas nobres com seus quintais com fundo para a área verde da trilha.

Segui por alguns quilômetros até chegar ao final da trilha, um lugar muito tranquilo e silencioso... Um cemitério! Nessa trilha você tem que tomar cuidado em dizer que chegou morto no final rsrsrs

Não retornei pela trilha, decidi conhecer um pouco o bairro e a arquitetura das casas da região. Não se pode negar que eles tem muito bom gosto para casas de tijolos à vistas e jardins. Esta é uma opção legal para quem busca uma trilha em Toronto, pois em plena metrópole é possível ter um pouco mais de contato com a natureza e desbravar a cidade.

Valeu pessoal, até a próxima!