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Renata Balbino 24/08/2020 17:14
    Recorrendo a Patagônia Chilena e Argentina

    Recorrendo a Patagônia Chilena e Argentina

    Chile - Argentina 2002

    Acampamento Longa Distância

    Esta foi uma daquelas viagens que jamais serão esquecidas, e isso se deve a muitos motivos. Mas aqui vou contar um pouco desta aventura e pelos lugares por onde passei.

    A viagem começa em Concepcion (Região del Bio Bio). A viagem foi planejada e estudada, cada distância que deveria ser percorrida e onde iríamos parar. Como estávamos em seis pessoas, decidimos fazê-la de carro, alugamos um furgão (isso mesmo, alguém nos convenceu que o dinheiro economizado iria valer a pena, já que o furgão era de um amigo de um dos integrantes desta viagem). O dia tão esperado chegou e decidimos viajar a noite para cruzar a fronteira ainda durante o dia. Saímos de Conce para chegar até Panamericana Sur Ruta5, até Rio Bueno (513 km), cerca de Osorno. Como era noite, o copiloto desta aventura, o único nativo, errou uma entrada qualquer e fomos para numa carretera cheia de lebres pulando na frente do carro por conta do farol e ao darmos conta a Panamericana estava a muitos metros acima de nós, opsss era lá em cima que deveríamos estar... como chegar até lá? Mmmm vamos tentar descobrir, isso nos custou no mínimo uma hora do nosso super planejamento. Mas começo de viagem, todo mundo, ou quase, super animado, isso faz parte, só alegria. Depois deste pequeno desvio, encontramos a Panamericana que nos levou até Rio Bueno, onde devemos fazer um desvio e tomar outra carretera sentido Parque Nacional Puyehue, que nos levará até Bariloche (253 km). Depois de muitas horas de viagem, ainda no Chile paramos em uma destas localidades que estavam em nosso caminho para que pudessemos tomar o café da manhã e seguir viagem até Bariloche. Até aqui tudo foi tranquilo, carretera de ótima qualidade. Passaremos próximos aos Termas de Puyehue, local lindo com área de camping e infraestrutura e as piscinas de água calientes, anos antes já havia conhecido, desta vez não fez parte de nossa rota. Café tomado, corpo relaxado, é hora de seguir pela ruta 215 Puyehue - Neuquen vamos atravessar a Cordilheira dos Andes, destino a cidade de Bariloche na Argentina. Passar pelas aduanas foi tranquilo, pois estavámos com todos os documentos necessários para atravessarmos a fronteira. Essa região do Chile/ Argentina apresenta uma natureza exuberante, lagos, florestas, montanhas... Em solo Argentino descemos por uma linda carretera que margea o Parque Nacional Nahuel Huapi, nossa parada Vila la Angostura, um lindo e charmoso lugar para descansar um pouco, tomar um chocolate e relaxar um pouco. Ainda temos um bom caminho até nosso destino final. Seguimos, observando por todo o caminho a imensidão e a beleza do lago Nahuel Huapi, as montanhas com os picos nevados que o emolduram... Enfim Bariloche.

    Cidade muito conhecida por suas estações de esqui, se mostrou linda mesmo no verão, um lugar que vale a pena conhecer, mesmo com as temperaturas mais elevadas, o real era uma moeda forte e estava valendo mais que o peso argentino. Chegamos já era de tarde, como estávamos com fome, logo procuramos um lugar para comer, não demorou muito para encontrarmos um restaurante que vendia pizza quadrada, é aqui mesmo. Nesta região do globo o fim de tarde pode ser depois das 20h. Encontramos um chalé para passarmos a noite. Estávamos muito cansados. Amanhã vamos aproveitar para turistar pela cidades, conhecer seu centro turistico, sua linda catedral e continuarmos nossa viagem.

    Terceiro dia, café da manhã tomado, bagagem arrumada, decidimos passear um pouco mais por Bariloche e aproveitamos para conhecer o famoso chorizo argentino, o alfajor e turistar pela cidade. Nosso destino é a cidade de Ezquel, mais 284 km.

    Pé na estrada, uma carretera meio monótona, mas muito boa, o vento foi bem forte em quase todo o trajeto. Chegando a Ezquel, a impressão que tive é que a cidade está protegida por uma cadeia de montanhas, e que nós deveríamos rodeá-la para chegar, mas á medida que nos aproximávamos as montanhas iam se abrindo e as luzes da cidades foram se tornando cada vez mais presente. Neste momento eu estava sentada no banco da frente, por toda a viagem só tocava Joe Cocker (só havia está fita no toca fitas) e no momento que entramos em Ezquel estava tocando "With a Little Help from My Friends", era 09/01 ás 23h, o Sol acabara de se por, essa sensação talvez seja a que mais me marcou por toda essa viagem. A cada esquina há uma valeta, e claro que só percebemos quando caímos na primeira delas. Mais uma cidade linda para a nossa conta. Aconchegante, tranquila, um ar de cidade turistica e do interior. A esta hora não havia muitas opções de lugares para comermos, e o que encontramos foi uma pizzaria, foi alli mesmo o nosso jantar. Para dormir encontramos um servicentro para passarmos a noite. Tinhamos um furgão com colchão dentro e barracha de camping.

    Quarto dia, já havia sido uma viagem e tanto até esse momento, mas ainda não era hora de voltarmos, de Ezquel queríamos chegar até a Carretera Austral. Desde aí seguimos por Trevelin, atravessamos a fronteira em Futaleúfu, mais um daqueles caminhos que nos faz lembrar de uma estradinho do nosso interior. Natureza exuberante, pouco movimento. Em território chileno paramos para apreciar a beleza e as correderas do Rio Futeleúfu (considerado um dos mais selvagens do mundo, é muito utilizado para rafting), com suas águas em um tom que eu jamais havia visto. Ali ficamos pouco tempo, pois estávamos só começando aquele dia. Próxima parada Carretera Austral.

    Quando enfim chegamos ao nosso destino, foi hora de dar uma descansada rápida e encontrar um lugar para preparar nosso almoço. Pois ainda havia muitos quilômetros a serem percorridos. Daqui tentaremos conhecer a Laguna San Rafael, os barcos partem de Puerte Chacabuco. Essa foi a parte off road desta incrível viagem a bordo de um furgão com volante voltado para cima, cambio ao lado do volante e banco em uma única posição e até então, um único motorista. A Carretera Austral é magnífica, uma estrada de ripio, que nos levou muito longe, passando por lugares que não consigo descrever exuberante beleza e majestosa natureza, neste caminho fizemos muitas paradas para conhecermos um pouco do que estávamos a admirar. Passamos pelo Parque Nacional Queulat, paramos e por ali ficamos um pouco, mas conseguimos mirar el Ventisquero Colgante. Seguindo pela carretera chegamos ao Termas Puyuhuapi e depois paramos em Puerto Cisne. Era hora de comer e recarregar as energias, estavámos muito cansados. Um prato muito servido no Chile és el pollo cocido con arroz, o papas cozidas y ensalada de lechuga con tomates. Lá é inaceitável misturar batatas e arroz, dois carboidratos.

    Em grande parte deste caminho tinhamos de um lado montanha de flora exuberante, com folhagens grandes e bem verdes de região úmida (que lembrava a Mata Atlântica) e do outro lado penhasco que terminava nas águas gélidas do Pacífico, que nessa região do Chile formam seus famosos fiordes.

    A esta hora, faltava pouco para anoitecer e queríamos seguir viagem, no restaraute nos informamos sobre as condições do tempo e da carretera. Fomos orientados a seguir o mais rápido possível, pois caso houvesse chuva forte, poderia haver deslizamento de terra e fechar a estrada. Aí fomos nós. A partir daqui tivemos que subir montanha acima, muitas curvas, estrada de ripio e estreita, e a noite querendo dar suas caras. Houve momentos que parecia que estavámos dentro de um liquidificador, tanto que esse carro pulou e nos jogou dentro dele, afinal era preciso subir embalado, ou não iríamos conseguir. Quando pensamos que já havíamos passado por tudos, eis que nos encontramos em um ponto onde passava apenas um carro por vez e logo a frente máquinas gigantes arrumando a pista, a essa altura já era noite e chovia moderadamente. Alí trabalhando, quem iria nos enxergar? Ninguém. Foi nesta hora que o único chileno que estava conosco desceu do carro e foi até as máquinas pedir passagem. O medo era não não enxergá-lo e passar por cima dele. Mas deu certo, uffa... agora será preciso dar uma ré... putzz é noite, chovendo, estrada estreita, motanha de um lado, penhasco e água do outro e um furgão, restou a mim ajudar o motorista nesta hora. Conseguimos, passamos pelas máquinas e vamos seguir viagem, até onde? Já nem sabemos mais, o cansaço já tomou conta de todos a essa altura, mau humor e conflitos começam a aparecer. Precisamos urgente chegar a algum lugar e dormir. Vamos lá, tudo que sobe, desce e é hora de descer... Já se passaram algumas horas, parece uma cidade, vamos parar por aqui. Chegamos a Vila Amengual. Existe este lugar? A que distância estamos de Concepción e de Santiago? Afinal, onde de fato estamos depois de mais de 350 km e mais de 10h viajando? Já era de madrugada e o único que importa agora é cama, o banho fica para quando acordarmos. Encontramos uma pensão, havia quatro camas disponíveis e eramos em seis, ou seja dois (uma sou eu) vamos dormir no furgão.

    Quinto dia, que delicia poder acordar, tomar um banho gostoso e um café da manhã, ontem foi muito puxado. |Depois do café foram fazer uma vistória no carro, organizar as coisas de dentro para seguirmos viagem, eis que um dos pneus estava furado... Pior o macaco não funciona e o borracheiro ficavs do outro lado de uma vala de mais de um metro de largura. Bom melhor pular esta parte. Pneu trocado, seguimos. O tempo melhorou e não chove, seguimos até Puerto Aisén e depois fomos até Puerto Chacabuco, nosso desejo era conseguir um barco para irmos para Laguna San Rafael. Chegando em Puerto Chacabuco, aquela altura havia duas opções, uma mais enconta que nos levava até as geleiras, mas o passeio de ida e volta iria demorar uns cinco dias (um casal que estava conosco não tinham este tempo), a outra levava em um tempo muito menor, porém o valor era altíssimo. Foi realmente frustrante, a decepção ficou em todos nós, pois sabíamos que os dias perdidos em iniciarmos a viagem pesou e muito neste instante. Sendo assim, era hora de voltarmos, pense no longo caminho de volta. Decidimos descer mais no mapa para chegar a uma estrada de asfato/ cimento. Seguimos viagem até Coyhaique, paramos para almoçar, conhecer um pouco da cidade e de sua rica história. Das viagens que eram feitas até a argentina em cima do lombo de animais, por dias. Em uma região selvagem, muito frio e úmido, pois nesta região as chuvas são mais frequentes. Isso permite uma vegetação completamente diferente das regiões como a de Bio Bio, por exemplo. Saíndo de Coyhaique, cruzamos a fronteira para a Argentina, destino Rio Mayo (distância de 172 km). Esse trecho foi tranquilo, estrada pavimentada e bem cuidada, chegando a Rio Mayo, observamos que se trata de uma base militar, neste caso melhor encontrar um outro lugar para pernoitar, então seguimos viagem por mais algumas horq⁸as. Quando paramos, nem sei onde foi, só me lembro que era um servicentro, que fazia muito frio e ventava muito. Paramos ali para dormir, decidimos que quatro dormiriam no furgão e dois na barraca (e foi eu dormir na barraca). Foi uma noite dificil, pois o tempo judio bastante.

    Sexto e sétimo dia, só me lembro que viajamos muito, não me lembro do que ocorreu nestes dias, além de viajarmos muito. Tenho apenas uma vaga lembrança de um lugar que paramos, onde durmimos e comemos, minha memória apagou. No entanto, me lembro de termos avistado um salar em plena Patagônia Argentina, incrível, ver aquele lago de sal no meio do nada. Ventava muito e claro que paramos para ver essa maravilha mais de perto.

    Oitava dia, de onde partimos não me lembro. Mas sei que foi mais um dia de uma longa viagem, mais uma vez cruzamos a fronteira Chile/ Argentina, já ficamos craque em fazer a documentação para atravessar as aduanas .. Em.rsrsrsrs. Depois de mitas horas viajando, já de noite (lembre-se noite aqui no verão significa depois das 22h) o chileno sugeriu fazermos um pequeno desvio e passar a noite em Villarrica, oi... donde? Chegamos em Villarrica, já de madrugada, encontramos um camping na prainha do lago, era tão tarde... vamos armar a barracas e dormir.

    Nono dia, a viagem está chegando ao fim... acordar, tomar um banho e um café que merecemos. Me recordo alguém questionar sobre o que tinha ali de bonito, para justificar o desvio. Quando nos viramos e olhamos o que estava atrás de nós, era o Vulcão Villarrica, emoldurado por um lindo céu azul y despejado... dormimos em uma prainha do Lago Villarrica. Neste dia aproveitamos para passear pela cidade, conhecer um poco de seu artesanato, sua história y conhecemos até a llama. Mas ainda temos muitos quilômetros para chegarmos em casa e bom colocarmos o pé na estrada. Mas ainda havia mais uma atração turística para conhcermos nesta longa jornada... Saltos de Laja, já na Región de Bio Bio. Um paredão de muitos metros de onde despenca um grande volume de água que depois desagua no Rio Laja, muito frequentada e de fácil acesso. Ficamos ali por algumas horas, depois de tantos quilômetros percorridos, agora falta pouco.

    Nono dia a noite, enfim chegamos em Concepción.

    Renata Balbino
    Renata Balbino

    Publicado em 24/08/2020 17:14

    Realizada de 07/01/2002 até 15/01/2002

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    3 Comentários
    Renata Balbino 24/08/2020 17:42

    Foi uma aventura e um lugar lindo.

    David Sousa 05/01/2021 14:03

    um sonho! top

    Renata Balbino 06/01/2021 10:35

    Vale muito a pena... As paisagens são deslumbrantes.

    Renata Balbino

    Renata Balbino

    Bragança Paulista

    Rox
    45

    Uma ex turista que se permitiu viver algumas experiências fantásticas junta a natureza.

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