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Renata Balbino 23/07/2020 20:41
    Trekking - Parque Nacional Torre Del Paine

    Trekking - Parque Nacional Torre Del Paine

    Glacial Grey

    Trekking Acampamento

    Viagem incrível. Fiz o Circuito W invertido, começando o trekking em direção ao mirante Las Torres terminando no Glaciar Grey. Ótima estrutura de camping.

    Essa foi uma daquelas viagens mais sonhadas... Tinha sido um ano intenso, de mudanças profundas e eu havia decidido, finalmente, ser mãe. Essa seria uma viagem de despedida, pois ficaria um bom tempo sem aventuras.

    Estando em Concepción (Região de Bio Bio no Chile) a alguns dias, é desta cidade que a aventura se inicia em direção ao meu sonho. A viagem será por terra, será de ônibus até Punta Arenas (Região de Magalhães), a distância a ser percorrida será aproximadamente 2620 km, em 32 horas, metade do tempo que demorei a chegar ao Chile, das diversas vezes que fui de ônibus.

    Passagens compradas agora é hora de organizar todo o equipamento, mochila, roupa, saco de dormir, cozinha, alimento, e a barraca. O Chile é um país com ótima estrutura para camping e isso permite se aventurar por muitos lugares a um custo mais razoável. Além disso, os terminais de ônibus contam com várias empresas que realizam o mesmo trajeto, o que lhe permite buscar quem te oferece melhor custo benefício. Normalmente, viajo de Pullman Bus ou TurBus. Tudo organizado, agora é hora de colocar o pé na estrada. Uma vez que a viagem será por terra e de ônibus, uma boa parte do percurso será realizado em solo Argentino, e isso é tranquilo, o único inconveniente é ter que passar pelas aduanas Chile-Argentina e depois Argentina-Chile.

    Em solo Argentino, poder avistar o Atlântico no sul do continente, foi para mim uma sensação mágica, estar onde meus olhos só alcançara em um mapa, é uma sensação única, um desvio e poderia seguir para Ushuaia, mas esta será em uma outra aventura. Passando pelo marco fronteiriço, estou em solo chileno e a algumas centenas de quilômetros de Puntas Arenas, como será estar tão longe de casa? Enquanto o ônibus percorria o caminho, ao lado esquerdo estava o Estreito de Magalhães. Quem é apaixonada por mapas como eu, pode entender qual o sentimento de estar ali, e poder avistá-lo pela melhor lente que Deus poderia nos dar.

    Chagando a Punta Arenas, já era de tarde, bajando del bus están várias pessoas oferecendo um local para se hospedar. E foi assim que encontrei onde passar a noite. Um casal muito simpático nos ofereceu um quarto com baño e nos levou em seu carro. Depois de tantas horas em um ônibus, o único que queria era uma cama limpa e quentinha. Preço bom e quarto maravilhoso, um banho quente, comer alguma coisa e dormir. Amanhã será dia de conhecer um pouco a cidade e comprar a passagem para Puerto Natales.

    Sobre Punta Arenas y Puerto Natales, fica para um outro relato. Passagem comprada, amanhã cedinho rumo a última cidade antes de chegar ao Parque Nacional Torres del Paine, serão mais 3 horas de viagem, e estarei mais perto do meu sonho.

    Assim como em Punta Arenas, ao chegar em Puerto Natales, encontrar um lugar para passar a noite foi super tranquilo, na verdade, ele vem a nosso encontro. Aluguei um quarto confortável com café da manhã. Ali fiquei apenas um dia e uma noite. Amanhã tomar o ônibus para Torres del Paine.

    O tão esperado dia chegou, enfim Torres del Paine. O ônibus passou cedo e um par de horas mas e estarei pisando no parque. Nossa porta de entrada será pela Laguna Amarga, por indicação, para fazer o Circuito W invertido.

    1º dia. Entrando no parque, próximo a administração, está a primeira zona de camping Las Torres. Hora de arrumar a carpa, comer alguma coisa e começar o trekking rumo Mirador base de las Torres. Em um lugar como esse a diversidade de nacionalidades é, no mínimo, muito interessante, o que menos encontrei no parque foram turistas chilenos e brasileiros. As carpas ficam próximas umas das outras, e não há preocupação em relação se alguém irá mexer em suas coisas. Carpa armada, equipamento guardado e hora de caminhar, aproveitando que nesta posição do globo há sol até as 23h. A caminhada foi de mais de quatro horas para ir e outras tantas para voltar, local bem sinalizado, não é preciso guia para fazê-lo, além disso com a quantidade de turistas ali, você segue o fluxo. Dificuldade, média, pois o terreno é muito irregular, há locais em que o caminho fica muito estreito, e passa apenas uma pessoa por vez. Mas o mais difícil ainda estaria por vir. Na última parte a gente se depara com uma montanha de pedras grandes e soltas, e é por elas que se deve subir agora para ascender até o mirador. Uma subida cansativa, tendo que em alguns pontos usar as mãos também. Foi uma hora subindo aquele paredão e quando terminou o que eu vi foi espetacular. Diante de mim estavam os famosos maciços de pedra que dão nome ao parque... las Torres del Paine, e abaixo, nos separando, um lago cor de esmeralda, tão deslumbrante quanto. Só me resta sentar e contemplar tamanha grandeza e beleza. Ali fiquei por umas duas horas, os mais audaciosas encontraram como descer mais próximo ao lago. É hora de voltar, etapa inicial cumprida. Amanhã seguiremos.

    2º dia. Acordar cedo, tomar o café da amanhã, arrumar todo o equipamento para mais um dia de caminhada. No parque a indicação é, não saia dos sendeiros, não use fogo fora da área de camping, e quando sair de um zona de camping planeje para que você consiga chegar a próxima, não se pode acampar fora delas. Muito cuidado em seu trajeto, há locais que o socorro pode demorar mais de seis horas para chegar.

    Caminhada puxada seguindo lado a lado o Lago Nordenskjorld, foi um sobe e desce sem parar, terreno muito irregular e em alguns trechos bem estreitos, cabe um pé de cada vez, em alguns pontos estamos na borda de um precipício, lá embaixo, um lindo lago. Esse dia meus joelhos sentiram bastante, incharam e terminar o trajeto não foi fácil, ainda mais carregando a mochila. Claro que o tempo foi superior ao indicado no mapa que recebemos na entrada do parque. No entanto, a paisagem deslumbrante compensa tudo. Chegando ao Refúgio Francês, uma zona de refúgio mais simples, mas com o necessário para terminar o dia, hora de tomar aquele banho, tomar uma sopinha e descansar.

    3º dia. Corpo descansado, tomar aquele café da manhã básico, desarmar acampamento e seguir para mais um dia de caminhada. Percurso mais curto, os planos é chegar ao Mirador Britânico, ficar um pouco lá e despois descer e acampar no Refúgio Italiano. Essa trilha foi bem tranquila, o caminho era menos irregular, meus joelhos agradeceram. Quase chegando ao mirador, passei pelo que sobrou de um bosque, parecia ter ocorrido um incêndio ali. Nesta temporada, um turista europeu, resolveu usar uma cozinha e preparar o alimento em local proibido, resultado, o álcool se espalhou junto com ele o fogo provocando um incêndio no parque. Por ser uma região remota e alguns locais de difícil acesso, o fogo fez um grande estrago. A caminhada foi espetacular, pois ela nos põe ao lado do maciço conhecido como Los Cuernos, a paisagem que tanto me instigou a conhecer esse remoto lugar do planeta, Los Cuernos são espetacularmente deslumbrantes, parei em vários pontos para admirá-los. Por todo caminho cruzamos com cursos d`água, e sem dúvida foi em vários deles que enchia minha garrafa. Água gelada e direta da fonte, deliciosa. Bom, dia tranquilo, terminando no Refúgio Italiano, hora de recarregar as energia.

    4ª dia. Hoje o ponto de parada é a zona de camping Refúgio Paine Grande. O lugar é lindo, um campo aberto e grande, centenas de barracas ali, tanta gente de culturas diferentes dividindo o mesmo espaço. Aqui a infraestrutura é maior que as outras áreas de camping, há um hostel caso alguém deseje uma bela cama para descansar. Local com energia elétrica para carregar baterias, um mini mercado, nunca desejei tanto um ovo, tive que comprar. Uma área fechada para refeições com mesa e se não me engano, com lugar para preparar a comida. Los baños também são em maiores números, ajudada bastante na hora de tomar um banho. Sentada em minha barraca tirei a foto que resume esta viagem... A foto das barracas com Los Cuernos ao fundo. Se esta aventura terminasse aqui eu já estava mais que satisfeita. Mas os planos eram seguir um pouco mais e conhecer o Glaciar Grey. Amanhã, última etapa desta grande e maravilhosa aventura.

    5º dia. A maior parte da equipaje ficou em um guarda volumes, levando apenas o necessário para um dia e uma noite, e claro a barraca e o saco de dormir. Depois de quatro dias caminhando, o cansaço começa a pesar, embora não seja um caminho difícil, a subida judia um pouco, ao menos para mim que tenho zero preparo físico. Visita ao mirador Grey já nos dá uma amostra do que se espera a frente, ainda faltam alguns quilômetros, o corpo pesa, mas a vontade de chegar é o que me puxa a cada passo. Quando de repente avisto a ponta de uma geleira. O sentimento de gratidão, de pequinês, de alegria, se mistura a todas as demais sensações que senti em estes dias. Até então o que estava vendo diante dos meus olhos era até pouco tempo atrás apenas imagens vistas na internet, e informações em livros de ciências. Não há como explicar, como isso se traduz. A medida que se avança aquela colossal geleira vai se tornando cada vez mais parte de minha história, e de lembranças que estarão comigo por toda minha vida. Do caminho principal há uma saída que se leva a uma “prainha” de um lago a temperatura baixíssima e a sua frente um glacial. Cheguei já era fim de tarde, foi o local mais rústico para acampar. No entanto, diante deste lugar lindo, fiquei ali contemplando, me conectando com a natureza e agradecendo por estar ali. Hora de montar acampamento. Foi o primeiro dia que senti muito friooo.

    6º dia. A aventura chegou ao fim, é hora de se despedir deste lugar que me conectou mais fortemente com a mãe natureza. Cada bosque percorrido, cada vista deslumbrante, a água que me hidratava e era ofertada de forma abundante, cada por do sol as 23h, cada passo numa imensidão de cores, de vida, de energia... Sei que voltarei um dia.

    O Plano é descer até o Refúgio Paine Grande, pegar a mochila que ficou e correr pegar o catamarã que nos deixará em outra portaria do parque, Guarderia Pudeto, dalí pegar o ônibus para Puerto Natales.

    Quando se está no catamarã, e já em clima de despedida, pensando que sua incursão ao parque acabou, esse pequeno trecho, por um lago azul nunca visto, te reserva algumas surpresas como quedas d`água e uma vista linda de Los Cuernos, por mim ficaria alguns dias mais. Torres del Paine, até logo.

    Além do Circuito W, o parque também, oferece o Circuito Completo que passa por trás das Torres... quem já fez diz que leva ao todo uns 10 dias para completar.

    Sem dúvida minha melhor viagem de aventura. Vai demorar um tempo para me aventurar novamente.

    Renata Balbino
    Renata Balbino

    Publicado em 23/07/2020 20:41

    Realizada de 05/01/2007 até 11/01/2007

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    2 Comentários
    Marcelo Baptista 06/08/2020 01:23

    Caramba, Re...adorei o relato. Em que ano vc foi?

    Renata Balbino 06/08/2020 15:44

    Janeiro de 2007.

    Renata Balbino

    Renata Balbino

    Bragança Paulista

    Rox
    45

    Uma ex turista que se permitiu viver algumas experiências fantásticas junta a natureza.

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