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Rafael Soares 22/06/2021 13:44
    Base Marins X Cume Marins X Cume Itaguaré X Base Marins 12hr

    Base Marins X Cume Marins X Cume Itaguaré X Base Marins 12hr

    Relato das doideras que André Goes e Fabio Niizoki nos colocam, juntamente com o bonde de loucos

    Trekking Montanhismo Trail Running

    Realizar a travessia Marins X Itaguaré em 1 dia sem pernoite já é coisa de doido, mas fazê-la e voltar correndo até ao acampamento base pelo estradão é coisa de maluco alucinado, foi o que pensei quando recebi o convite do André Goes @corregoes_trail e do Fábio @fabionzk . Mas como a gente nunca foge de uma loucura e um perrengue, lá estavamos nós rumo ao Pico dos Marins às 4 e 30 da matina pra cumprir esse desafio extremo, e mal sabia eu, que junto deles viria um bonde de malucos belezas sedentos por perrengues e aventuras.

    Bando de malucos sedentos por aventura:

    - 4 da manhã mano e esse bando de louco! Essa é a frase que ouvi logo no início, saindo lá base do Dito, e que resume bem toda travessia, todos com suas head lamps, emcapados com anoraks e corta vento, pois a essa hora a temperatura beirava os 10º. Começamos em ritmo bom, pernada forte rumo ao Morro do Careca, que alcançamos sem muitas dificuldades, mas havia aquele dilema - Atacaremos os cumes? Tudo dependeria do nosso rendimento durante o trekking, que até esse momento se resumia em caminhar em uma subida bem íngreme com aprox 15º graus de inclinação, em terreno pouco acidentado. Mas a brincadeira só estava começando...

    Após mais um tempo em ritmo forte, chegamos aos pés do Pico dos Marins, a famosa fenda. Agora sim vamos começar a brincar de verdade, pensei eu, pois começava o trecho de trepa pedras e escalaminhadas. Ainda escuro, por volta das 5h 30 da manhã, decidimos atacar o cume, em uma sonhadora tentativa de pegar o nascer do sol lá do topo

    A previsão do tempo dias anteriores era boa, sem chuva, clima propício e favorável para a travessia, e isso se confirmou quando chegamos ao cume dos Marins, após uma deliciosa escalaminhada no íngreme paredão de rocha separa a base do cume. Lá chegando, fomos presenteados com aquele astro rei astronômico em meio a tapetes de nuvens deformados e o fato da Ana estar presente também ajudou essa afirmativa, pois ela é considerada um amuleto do clima bom em travessia haha. Os primeiros raios tocaram nossa pele em gratidão a conquista, e em certo momento ouvi alguém gritando!

    - Ainda bem que subimos!

    É muito gratificante ver os sorrisos nas faces dos que ali estiveram pela primeira vez! Lembrei-me da minha primeira estadia ali no cume, e compartilhei essa felicidade em silêncio.

    Mas era hora de voltar, pois o caminho estava apenas começando, e mal sabíamos o que nos aguardaria nessa dura jornada. Ainda faltavam aprox 28 km.

    Começamos a descida no mesmo ritmo. Nem todos atacaram o cume e prosseguiram rumo ao Marinzinho, passagem obrigatória para quem vai realizar a travessia. Agora, estávamos na crista da montanha, ou na cumeira, como é popularmente dito em alguns lugares. Agora nosso trekking seria a mais de 2000 metros de altitude, em campo acidentado, em meio a macega da Serra da Mantiqueira com sua vegetação e geologia única. Acho que devido a isso, muitos consideram essa travessia mais técnica da Mantiqueira, pois em vários momentos é necessário uma certa "técnica e habilidade" pra vencer os inúmeros obstáculos que essa travessia nos proporciona. Porém, tudo que parecia flores no início do cume dos Marins se tornaram trevas, pois fomos pegos por uma neblina cegante e gelada que nos impedia de enxergar 5 metros a frente, com rajadas de ventos que congelava até a alma e que em muitos momentos chegavam a desequilibrar com tamanha força. Era a natureza se apresentando em sua forma mais fervorosa.

    Que frio é esse!! Pensava enquanto avançava ao aclive acentuado rumo ao Marinzinho. A ventania mal me deixava suar para esquentar. Em certo momento olhei para o companheiro ao lado e ví gotas de orvalho em seus cílios, para se ter uma ideia do meio da nuvem em que estávamos, e mesmo com a fleece dobrada na mochila decido prosseguir na resiliência e já parafraseando nosso membro Luiz Lira, que em seu relato mencionou "comprovar o poder da nossa mente", fortalecer a mente através do sofrimento, até que se crie "calos", como um trabalho duro físico e mental! Stay Hard! "David Goggins".

    E como sempre, #perrengue e lindas paisagens foi o que não faltou nessa #travessiaepica que acumulou 33 km e 2300+ com mais uma vez nos cumes do Marins e do #picodoitaguaré , concluidos em 12 horas, dentro de uma neblina cegante e muito vento.

    Rafael Soares
    Rafael Soares

    Publicado em 22/06/2021 13:44

    Realizada em 19/06/2021

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    1 Comentários

    Lindo relato!!! Não pude deixar de notar o frio sentido apesar dos “apenas” 10°C da madrugada. Frio molhado é um terror.

    Rafael Soares

    Rafael Soares

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