No último sábado dia 24/07/2021 nos dispusemos a fazer a trilha do Pico dos Horizontes em Catas Altas - MG

Sempre foi um sonho para mim ir lá, desde que conheci a cidade em um passeio de bicicleta em que no trajeto, a todo tempo, mirávamos a serra. Devemos reconhecer a forma majestosa com que serra do caraça se impõe no caminho de Mariana a Barão de Cocais.

Certa vez marcamos de ir e não rolou devido ao clima. Outra vez fomos eu minha querida namorada, mas chegamos apenas até a caverna, você pode conferir o relato dela aqui https://aventurebox.com/caroline-jesus/pico-dos-horizontes-catas-altas/report

Desta vez estava certa que ia acontecer!

Como já tinha certo conhecimento do nível de dificuldade da trilha por já ter ido até a caverna e através de vídeos e através de relatos resolvemos, eu, Jeferson e Érica, sair bem cedo de Ouro Preto as 05 horas da manhã.

Encontramos com vários ônibus das mineradoras e chegamos um pouco depois do estimado às 07:00 da manhã, encontramos o Santo Cláudio, amigo de Jeff, que ficou com meu carro no final de semana e nos levou até o início da trilha.

Partimos da trilha que sai de uma fazenda de abelha, há também caminho que sai do morro da água quente e por catas altas também pode-se pegar o caminho via cachoeira da Santa e cachoeira de Maquiné.

Nosso objetivo

Passando por este caminho da fazenda, chega-se a um rio, daí parte-se para uma trilha de vegetação de samambaia com muita pedra sabão no chão. Depois tem-se partes de mata até chegar à cachoeira do Meio, que apesar do nome não marca o meio do caminho. Fisicamente estávamos super bem e batendo o maior papo.

Depois da cachoeira do meio o caminho começa com a subida em pedras. Não vou mentir, eu gosto disso! Da canseira e de passar nos trechos de escalaminhada.

Além da minha pré-disposição tínhamos outra motivação para subir rapidamente, os peidos de Jeferson! O lindo estava podre! O que fez com que eu e Érica tivéssemos que acelerar o máximo que dava.

A vantagem desse caminho é que por mais que seja muita pedra para subir elas não escorregam, a bota tem ótima aderência com o substrato (Gastei).

Chegamos até a caverna sem maiores problemas, até lá demoramos 3h em um ritmo tranquilo parando duas vezes para comer as castanhas de Érica e para admirar a vista.

Castanha de Érica

Chegando na caverna tínhamos que tomar uma decisão esconder as mochilas e fazer o ataque ao Pico dos horizontes ou ir para o acampamento da Mancha e deixar as coisas lá.

Decidimos montar acampamento por que estávamos com pouca água e queríamos tomar café no topo do pico, sim café é prioridade total!

Chegando na mancha para nosso espanto não tinha ninguém, chegamos a gritar, “É tudo nosso!”. #iníciodeumsonho.

Jef foi pegar água enquanto eu e Érica montamos a barraca, depois que ele chegou separamos o que íamos precisar para o café e nos encaminhamos de volta a caverna para pegar o caminho para o Pico.

Já era esperado que íamos encontrar um trecho bem exposto de pedras e quando chegamos lá havia uma corda para ajudar a escalada, foi fácil, mas o que não sabíamos é que havia outro trecho pior que aquele anteriormente mapeado. Érica chegou no limite dela e declinou, parou por lá mesmo. Eu e Jef a deixamos com um pão para comer e seguimos com a promessa de não nos demorarmos.

Pior parte que vimos em vídeos

O restante do caminho segue apenas com trechos em pedra, mas para quem passou pelos dois trechos piores é tudo melzinho na chupeta.

Encontramos com várias pessoas descendo, até parecia que tinha se aberto um portal, um buraco de minhoca de onde vinham as pessoas.

Enfim, depois de vários encontros e desencontros cheguei ao topo do Pico do Horizontes, que lugar lindo! Que céu azul louco, eu Jeff até nos abraçamos de emoção, a alegria das conquistas é ótima, mas o melhor mesmo é compartilhar com pessoas incríveis e tenho que agradecer a Jeff e Érica por isso!

Eu e Jeff no Pico dos Horizontes

Depois de tomar nosso café, admirar a paisagem e tirar fotos eu e Jeff descemos até chegar ao ponto onde tínhamos deixado Érica para depois rumar ao acampamento da Mancha novamente.

Parece-me que um buraco de minhoca ainda maior se abriu no acampamento da Mancha. Quando chegamos lá já haviam em torno de 12 barracas, o nosso da frase ficou bem mais abrangente. #deutudoerrado

Particularmente não gosto de muita gente, aliás vou para o mato para evitar os seres humanos.

Coincidentemente, ou não, encontramos nossa parceira de trilha Rita lá, ela nos abandonou para ir com uma outra galera para o Pico do Sol, bom isso é outra história. Foi muito bom ver ela lá! Estava com Saudade!

Encontro com Rita na Mancha

Fomos nos lavar (banho de caneca) e depois disso a barriga reclamou e fomos fazer um macarrão, enquanto cozinhamos muitas pessoas perguntavam como era a subida para o pico, relatávamos com a maior fidelidade possível, não dá para dizer que é fácil, né?!

Depois de comer ficamos de boa para ver a lua nascer, uma lua enorme e vermelha surgiu no horizonte, infelizmente meu Xaiomi não captou toda a beleza dela. Jogamos um jogo sobre matemática que Érica levou, não conhecíamos a maioria das personalidades matemáticas, mas foi divertido.

Como eu estava morta e meu nariz estava ruim fui dormir cedo. Mas foi um sono meio delirante, o povo levou uma caixa de som e ativaram a rádio Rita no AM e FM. Além de ter pessoas falando mais alto do que a música. Como disse, meu sono foi meio delirante acordando entre a música e as histórias sexuais de alguém. O papo do povo terminou quando começaram a ovacionar Bolsonaro (todo mundo é gente boa até a gente descobrir que é eleitor do Bolsonaro) e Jef veio dormir, nessa oportunidade falei com Érica para “passar para dentro” heheheheheheh

Acordamos bem cedo na manhã seguinte para ver o nascer do sol, porém a neblina veio. Fica aí a promessa de voltar para ver o nascer do sol. Tempos depois começamos a ouvir um homem falar ao telefone informações de onde ele estava, coordenadas e altitude. Érica que tinha amizade com uma das meninas do grupo perguntou a ela o que estava havendo e ela confirmou o que já desconfiávamos uma moça do grupo precisava de resgate!

Aparentemente ela torceu o pé na subida!

É claro que quem vai pro mato e principalmente quem gosta de aventura está sujeito a sinistros. No entanto, o que observei é que lá na Mancha em meio as 12 barracas haviam muitas pessoas despreparadas que não conheciam o local para onde estavam indo.

Além de iniciantes até pessoas com experiencia em trilha, mas que levadas pela mesma experiência não pesquisaram o local para onde iam.

Então pela primeira vez vi um helicóptero do corpo de bombeiros pousar no mato e fazer um resgate. Doido demais!

A lição que fica é planejamento! Sabendo onde se vai, sabe-se o calçado adequado, as roupas adequadas, se o físico está bem, se o psicológico está bem, é sobre isso e tá tudo bem hahahahaa

Para que o resgate acontecesse foi necessário que todos nós desmontássemos o acampamento e deixássemos qualquer coisa que pudesse voar escondido. #atrasouoalmoço

Depois do resgate fizemos um almoço para toda a galera remanescente e partimos em retirada, afinal ainda teria que pegar a estrada até Ouro Preto.

Descemos tranquilamente pelo mesmo caminho pelo qual viemos, o que durou cerca de 3h.

Para completar o rolê encontramos com uma cascavel linda e enorme, ela armou até o bote. Fica novamente o lembrete de um calçado adequado!

Lembra do Santo Claudio? Pois é. Ele nos buscou no início/final da trilha e pasmem, lavou meu carro. Não sei nem como agradecer. A ele, Jef, Érica, Rita e todos os que encontrei.

ps.: Esqueci de falar do lixo. Muito papel higiênico no acampamento da Mancha. Nojento. Inclusive encontrei com um cocozão quando fui fazer xixi na manhã de domingo!
TRAGA SEU LIXO DE VOLTA!