Vivo cada dia como se fosse cada dia.
Nem o último, nem o primeiro
- o único.

Pablo Neruda

O Parque Nacional do Itatiaia é um daqueles lugares que nunca mais saem da nossa memória. Com várias trilhas, pra todos os gostos e níveis de dificuldade, é um lugar democrático o suficiente para agradar gregos e troianos.

Em janeiro de 2017, foi a minha primeira visita ao parque. Por ser época de baixa temporada (em função das chuvas) conseguimos uma vaga no Abrigo Rebouças com relativa facilidade. É preciso pagar as taxas de entrada no parque, e da pernoite no abrigo no Posto Marcão, logo na entrada da parte alta do parque. A partir deste lugar, deixamos o carro no estacionamento próximo e seguimos a pé até o abrigo. São 3km de caminhada até lá. O acesso de carros estava proibido em função de ser a época de reprodução do sapo flamenguinho. O animal é o símbolo do parque e só existe nessa região. Nada mais justo que nós, humanos intrusos, respeitemos o habitat e as condições da natureza local.

Após chegarmos ao abrigo, deixamos as mochilas cargueiras e exploramos as imediações. Uma caminhada rápida, muitas paradas para fotos, e voltamos ao reduto, para descansar para o dia seguinte. O abrigo conta com uma infraestrutura bacana, várias beliches com colchão, fogão industrial, pia para preparar as refeições, e banheiros equipados (o banho é - bastante - gelado, mas aí já seria luxo demais rsrsrs).

Quem fica no Abrigo Rebouças, precisa retornar até o Posto Marcão até as 9h da manhã e devolver as chaves, caso contrario é cobrada outra diária. Por isso saímos cedo e cumprimos com nossas obrigações de hóspedes rsrsrs. De lá iniciamos a trilha dos 5 lagos. A trilha tem 11,3 km de extensão (com a Pedra do Altar), começa próxima ao posto e segue por um caminho bem demarcado em toda a sua extensão. O maior grau de dificuldade na minha opinião, é a parte onde a trilha segue por um trecho de pedra inclinada e escorregadia. Tivemos sorte de pegar um dia ensolarado, e com o chão seco. Porém mantivemos cuidado redobrado (ainda mais pela minha inexperiência de principiante rsrsrs).

Esta trilha tem diversos cenários de tirar o fôlego. Em algumas partes vê-se as montanhas da Serra da Mantiqueira a perder de vista, e em outras vê-se os lagos espelhando o céu azul. No meio do trajeto há a Cachoeira dos 5 lagos que também vale alguns minutinhos de pausa para ser contemplada.

Chegamos à bifurcação que dá acesso à cachoeira do Aiuroca, mas optamos por seguir no sentido oposto. Despois de mais um trecho de caminhada, chegamos à uma das trilhas que dá acesso à Pedra do Altar. Levamos 6h 30min pra fazer a trilha dos 5 lagos + Pedra do Altar e retornar até o estacionamento.

A Pedra do Altar tem 2.665m de altura, e a trilha que leva até o topo é bem demarcada e sem obstáculos. Quando chegamos ao cume, havia algumas pessoas fazendo oferendas e manifestações religiosas (acredito que isso seja que dê o nome ao lugar, me corrijam se estiver enganada) em umas rochas vizinhas. A vista do cume é simplesmente maravilhosa. É possível ter uma vista privilegiada do imponente pico das Agulhas Negras e da Asa de Hermes.

Esse foi meu primeiro cume acima dos 2.500m, e posso descrever essa sensação como uma “pequena grande realização”. Aventura é isso, é superar desafios e estar sempre disposto a ir um pouquinho mais longe. Talvez esse tenha sido só mais um degrau, mas celebrar cada conquista faz a gente sempre lembrar que a felicidade está no trajeto, e não no destino final :)