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Você conhece o FEAL?

    Um pouco da minha visão sobre o curso de Fundamentos da Educação ao Ar Livre da Outward Bound Brasil (OBB).

    Introdução

    O FEAL é o curso de Fundamentos de Educação ao Ar Livre da Outward Bound Brasil (OBB). Trata-se de uma vivência de 14 dias em formato de expedição com o objetivo de desenvolver o autoconhecimento, as competências interpessoais, as habilidades socioemocionais e a resiliência, através do trabalho em equipe e da superação de desafios em lugares desconhecidos.

    A Outward Bound é uma instituição filantrópica presente em mais de 33 países que proporciona uma série de programas experienciais na natureza. Sua sede no Brasil (carinhosamente chamada de OBB) fica em Campos do Jordão e já conta com mais de 20 mil participantes, todos desafiados a saírem de suas zonas de conforto e vivenciarem uma jornada outdoor única e transformadora. Para saber mais, você pode acessar o site oficial da instituição: < https://www.outwardbound.org.br/>.

    Website da Outward Bound Brasil.

    O Meu FEAL

    Já estamos em maio de 2020, mais de um ano depois da experiência que mudou definitivamente a minha vida. Em abril de 2019 eu estava passando por um difícil momento na minha vida, seja profissionalmente ou na vida pessoal. Posso dizer com toda a certeza do mundo que não eram os melhores dias para me ausentar por tanto tempo, ainda mais permanecer totalmente offline. Mas quem me conhece sabe o quanto eu sou movido por grandes histórias e desafios. Foi então que eu resolvi jogar tudo pro alto (por algum tempo) e fugir para a Chapada dos Veadeiros para aprender, contemplar, refletir, trabalhar e viver com toda a intensidade possível.

    “Qual é o seu FEAL?” em diversos momentos perguntou o Humberto, um de nossos instrutores. Bom, meu FEAL foi emocionante e inesquecível. A aventura foi realizada durante quinze dias, entre os dias 26/04/2019 e 10/05/2019. Éramos seis participantes (eu, Renan Cavichi, Lígia, Sthéfane, Sheila e Cláudia) e 3 instrutores (Íon, Humberto e Karina). Aqui vai o meu muito obrigado a todos. Valeu, Txais.

    No programa, não existem roteiros definidos. A ideia é que alunos e instrutores superem os desafios juntos, convivendo e traçando os melhores caminhos e as melhores estratégias para a caminhada. É aí que a experiência se torna única. Cada edição tem as suas características próprias, seja por conta da rotina de convivência entre pessoas que não se conheciam, pelo trajeto realizado (que nunca será igual) ou pelos desafios próprios consequentes dos dois primeiros itens.

    A nossa edição foi composta por dez dias de trekking, partindo de Cavalcante (GO) e indo até Alto Paraíso (GO), atravessando o deslumbrante Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e três dias de práticas verticais em cânion (canionismo). Adicionados a estes, tivemos um dia de logística inicial e um dia de encerramento e cuidado com os equipamentos, totalizando quinze dias de pura experiência. Os relatos detalhados de toda essa aventura podem ser integralmente lidos no perfil do Renan Cavichi, conforme links abaixo.

    O meu FEAL

    A ideia desta matéria é abordar um pouco de todo o aprendizado obtido através de uma análise e reflexão totalmente pessoal, traçando diretamente um paralelo com a experiência vivida.

    Hard Skills

    Segundo a OBB, as Hard skills dizem respeito aos conhecimentos físicos e técnicos para a realização de atividades outdoor de maneira consciente e segura. São exemplos disso o bom preparo físico, as técnicas de caminhada, canionismo ou escalada, a aquisição, o uso e a e manutenção de equipamentos, orientação e navegação, cozinha outdoor, leitura do tempo e etc. Basicamente dizem respeito às habilidades individuais imprescindíveis para uma prática eficiente.

    Isso é muito bem explorado no FEAL. A começar pela arrumação das mochilas e o carregamento das mesmas pesadas no início da expedição. Saber usar bem os equipamentos disponíveis é a chave para um melhor desempenho. A habilidade de navegação e de percepção do tempo é explorada a todo o momento, afinal, não há um caminho certo a se seguir. Boas decisões podem te tirar de belas enrascadas.

    Mochila pesada e navegação.

    Está enganado quem pensa que o trabalho acaba por volta das 17:00 quando o acampamento é montado, é quando se inicia o ciclo noturno de cozinha e limpeza. Por fim, somos jogados em um mar de lembranças e reflexões ao fazermos a manutenção de todos os equipamentos utilizados. Afinal, como diz a expedição: aqueles itens que irão proporcionar as mesmas emoções para o número incontável de pessoas.

    Soft Skills

    Em complemento às habilidades individuais, aparecem as soft skills, relacionadas às características e habilidades sociais. Dizem respeito a como um dos participantes da atividade convivem com os demais e com os instrutores, participam dos processos decisórios e exercem suas funções dentro da equipe.

    Apesar da clara importância das hard skills, ao meu ver, é a aplicação e o desenvolvimento das habilidades sociais o ponto mais importante do programa. Aprender como lidar com todos a sua volta é a chave da evolução socioemocional, tão marcante ao final de tudo. Apesar das dificuldades inerentes, o objetivo é construir um sentimento de união e trabalho em equipe. Não se avança sozinho e todos precisam somar para que o grupo amadureça e desempenhe todo seu potencial.

    Trabalho em equipe.

    Algo marcante é a divisão e a alternância de responsabilidades. Cada dia você terá uma função diferente a desempenhar, seja de navegador, cozinheiro ou até mesmo de líder. Cada um é parte de um todo, mas atuando em todas as posições, isso gera empatia, companheirismo e compaixão. São recorrentes os momentos cruciais que exigem uma conjunta tomada de decisão frente às adversidades. Os instrutores promovem a todo o momento o estabelecimento de uma comunicação eficiente e clara. São trabalhadas inúmeras ferramentas relacionadas, com destaque para as práticas de feedback, que podem ser o ápice da construção do coletivo. Claro, algumas brigas também, mas aí entram as oportunidades de desenvolvimento e de resolução de conflitos.

    Liderança

    Um dos desenvolvimentos de soft skills merece destaque pela sua importância e pela total representação de uma quebra de paradigma, pelo menos pra mim. Não adianta eu trabalhar métodos sofisticados e formas razoáveis de lidar e liderar outros seres humanos se antes eu não liderar a mim mesmo. Minhas atitudes, a forma como encaro as situações e de como participo coletivamente em prol do time como um todo são primordiais, antes mesmo de pensar em qualquer tipo de relação com o outro. Como a própria OBB detalha em sua descrição do programa, é preciso manter-se envolvido e presente da melhor maneira em cada desafio proposto, mesmo quando o objetivo parece estar fora do seu alcance.

    Liderança.

    Só depois de absorvida e criada a relevância na autoliderança, pode-se então pensar em como agir com os outros. Como descrito, as responsabilidades são alternadas diariamente e todos passarão pelo papel de líder. Grandes responsabilidades estarão envolvidas a todo o momento. Aprendemos na prática as diferentes formas de desempenhar esse papel e as consequências inerentes de cada uma. Sabe toda aquela teoria cansativa e repetitiva de palestras de gestão? Então, no FEAL isso é pra valer e em campo. Você não fica com aquilo no imaginário. Cada decisão tem suas consequências imediatas ou a médio prazo. A experiência é o melhor ambiente de aprendizagem.

    Emoção

    Não posso falar do FEAL somente de forma técnica, tenho que falar um pouco de toda a emoção envolvida. Lembro bem da ansiedade inicial, dos medos enfrentados, da alegria de ver o grupo unido, de todas as risadas, das longas conversas sobre como tinha sido o dia, sempre embaixo das estrelas, do companheirismo, da pureza no sentimento em tomar um banho de rio e da contemplação em ver e sentir todas as cores à nossa vista.

    Emoção.

    Até hoje quando fecho os olhos, penso em tudo que foi vivido e nos impactos que o aprendizado tiveram na minha vida após o curso. Houve uma transformação interna muito profunda. Dentro de mim, aprendi a ser mais autoconfiante e a acreditar com todas as forças no meu talento. Lembro bem de como chorei no último dia ao receber a minha avaliação final e do forte sentimento de felicidade e empolgação para enfrentar qualquer pedrada que viria pela frente, seja esportivamente ou na minha vida pessoal. Eu fui em busca de desenvolver as minhas habilidades sociais como um todo e posso garantir que voltei inteiramente transformado, não só em como lidar com outros, mas em como lidar com meus sonhos, dragões e decisões.

    Ambiente

    Durante a caminhada, o respeito pelo ambiente é o mantra principal para a equipe, por isso, praticar o mínimo impacto é um gesto obrigatório de respeito e agradecimento por toda aquela verdade da natureza. Lembro bem que uma de nossas primeiras aulas de campo foi exatamente a prática consciente. Fora isso, o tema é recorrente desde as rodas de descanso até as conversas mais longas perto das barracas.

    Viver o ambiente.

    Nunca vou me esquecer de tudo que vi. Caminhar pelos jardins psicodélicos do cerrado, com toda a sua beleza nos mínimos detalhes e cores pelo caminho. Como escrito no relato oficial: “uma mistura de uma música do Pink Floyd com uma das melhores violas do centro-oeste brasileiro. Uma perfeição cênica que não consigo descrever.” Até hoje sinto a força de suas águas que correm e saltam em cachoeiras de seus céus estrelados. Hoje o FEAL acontece em vários lugares do Brasil. Um grande leque de paisagens e oportunidades para quem quer vivenciar isso de perto.

    Conclusão

    Esse é o FEAL: uma oportunidade única de autoconhecimento e desenvolvimento socioemocional. A ideia central do curso é a de viver a experiência com pessoas desconhecidas, em um local desconhecido e enfrentando desafios inesperados. Trata-se de todo um contexto que promovem vários ciclos de aprendizagem experiencial através da superação, visando a expansão da zona de conforto, o que trará consequências positivas para todos os aspectos de sua vida.

    A motivo pelo que eu escrevi essa matéria foi tentar passar um pouco do meu olhar sobre o programa e de toda a emoção envolvida, mas tenham certeza de algo: existem muitas outras experiências não citadas aqui propositalmente. Se eu contasse realmente tudo, não haveria o doce sentimento de surpresa por aqueles que o farão no futuro. E essas situações serão até mais marcantes do que tudo que aqui. Ficarão para o resto de sua vida. Desejo grandes experiências a todos vocês.

    Aqui gostaria de compartilhar uma oportunidade. Como essa matéria foi escrita e publicada durante o período de quarentena provocado pelo Covid-19, a OBB está proporcionando um voucher de desconto para a participação de qualquer edição que será realizada até dezembro de 2021. Pode ser uma grande oportunidade para aqueles que estão procurando algum tipo de viagem realmente desafiadora para após o fim desse difícil período. Saiba mais em https://outwardbound.org.br/vouchers/.

    Voucher promocional.

    Eu não tenho dúvidas em afirmar que, para aqueles que possuem a possibilidade e a disponibilidade, vale muito a penar ir para o FEAL como uma grande oportunidade de desenvolvimento técnico e social, para conhecer locais que poucas pessoas pisarão e, claro, de se divertir muito. Escolha uma das locações que mais lhe agrada e vai, só vai! Eu recomendaria a experiência pra qualquer ser humano na terra.

    Obrigado, FEAL.

    Texto: Bruno Negreiros
    Fotos: Renan Cavichi

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    Veja outras matérias:

    12 Comentários
    Bruno Negreiros 25/05/2020 11:31

    Fala, Renan. Saudade define!!!

    Bruno Negreiros 25/05/2020 11:31

    Opa, Gonçalves. Fico muito feliz de ter lhe apresentado essa grande oportunidade.

    Bruno Negreiros 25/05/2020 11:32

    Lígia, o que falar de você? Você foi incrível espetacular! Lembra daquela última caminhada? De todas as emoções? Nós fomos coração por inteiro...saudade de ver vc andando pelo cerrado com a camisa da Aventura do Rancho.

    Bruno Negreiros 25/05/2020 11:37

    Escreve tudo aqui depois!

    Rafael Damiati 25/05/2020 12:03

    O empurrãozinho que faltava. Valeu irmão!

    Bruno Negreiros 25/05/2020 12:27

    Tmj Rafael!

    Kelson Rodrigues 25/05/2020 22:10

    Nossa, deu vontade de fazer novamente...E se um tiver essa oportunidade, sim será em Veadeiros. Fiz no verão de 2014 no Papagaio, com o Humberto TB. Éramos 9 alunos

    Bruno Negreiros 25/05/2020 22:15

    Irado, Kelson. Eu tenho saudade e vontade de retornar toda temporada.

    Bruno Negreiros

    Bruno Negreiros

    Rio de Janeiro

    Rox
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    Engenheiro ambiental e montanhista com o sonho de contribuir para a disseminação dos esportes ao ar livre e de aumentar a conscientização ambiental e social no mundo outdoor.

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